Este documento discute a importância da informação prestada aos pacientes de forma adequada pelos profissionais de saúde. Aborda a evolução histórica da informação ao paciente e os princípios éticos envolvidos no processo, como o direito do paciente à verdade e ao consentimento informado. Também fornece recomendações sobre como, quando e por quem deve ser transmitida a informação de modo a minimizar o sofrimento do paciente.
2. INFORMAR INFORMANDO
OBJECTIVO :
-Que a informação transmitida ao doente, pelo
profissional de saúde, seja feita da forma mais
adequada e menos dolorosa.
-Que a relação enfermeiro/doente tenda a
horizontalizar-se.
3. INFORMAR INFORMANDO
a.....
nad
oe r
Com a operação resolve-se...
id
o va
Nã
Vai ficar como novo...
Passa depressa....
Não custa nada...
Depois já não tem dores...
É um novo medicamento...
É um médico muito experiente...
5. INFORMAR INFORMANDO
♠ A partilha do acto de enfermagem no sec.
XVI não era autorizada. Sendo mais tarde
delegada essa capacidade de informar o
doente, ao Enfermeiro-Mor.
♠ A Postilla religiosa e a Arte de Enfermeiros
é o primeiro manual de formação em
cuidados de enfermagem de que há noticia
em Portugal.
6. INFORMAR INFORMANDO
♠ Até ao inicio do sec. XX não era
reconhecida a especificidade dos cuidados
de enfermagem. O conteúdo funcional da
enfermagem resumia-se aos cuidados
básicos a ministrar aos doentes, não
cabendo aos enfermeiros prestar quaisquer
informações aos mesmos.
7. INFORMAR INFORMANDO
A INFORMAÇÃO PRESTADA
♠ É do conhecimento geral que há um
déficit de informação prestada aos doentes
por parte do pessoal técnico da saúde.
8. INFORMAR INFORMANDO
♠ Por um conjunto de razões que se calhar a
razão desconhece, uma pessoa na situação de
doente geralmente está muito mal informada
acerca daquilo que a mais preocupa.
9. INFORMAR INFORMANDO
♠ Na transmissão de informações ao
doente, o Enfermeiro, pode e deve ter em
conta alguns aspectos para que estas deixem
de ensombrar a sua actuação e
possam ser recebidas pelo doente da forma
mais adequada e menos dolorosa.
10. INFORMAR INFORMANDO
“A verdade constitui a forma mais perfeita,
natural e objectiva de estabelecer relações
entre as pessoas, contribuindo para criar um
clima de confiança, enquanto que a mentira e
as meias verdades fazem perder a confiança e
geram angústia”
SANTOS cit. OLIVEIRA, 1998.
11. INFORMAR INFORMANDO
Mas dizer a verdade não significa dizer
toda a verdade,mas sim aquela que o
doente, no momento é capaz de receber e
suportar.
13. INFORMAR INFORMANDO
Nunca se poderá mentir, embora em algumas
situações possa ser necessário ocultar-lhe a
verdade..
Todavia, Nunca se deve tirar a Esperança ao
doente!!!!
14. INFORMAR INFORMANDO
INFORMAÇÃO NO CONTEXTO
HOSPITALAR:
Informação funcional – horários e número de
visitas, horários das refeições, etc.
Informação técnica – diagnósticos,
prognósticos, intervenções , etc.
Informação técnica não dolorosa.
Informação técnica potencialmente dolorosa .
PARENTE, 1998
15. INFORMAR INFORMANDO
MODELO DE INFORMAÇÃO:
♠QUE informação se deve transmitir;
♠QUEM a deve transmitir;
♠ QUANDO deve ser transmitida;
♠ COMO deve ser transmitida a informação.
MURAD E KATZ, 1996
16. INFORMAR INFORMANDO
QUANDO DEVE SER TRANSMITIDA
A INFORMAÇÃO?
♠ Deve haver um momento concreto e
especifico de cada situação, e efectuado por
fases. Ir introduzindo a informação, tendo
em vista a verdadeira compreensão dos
conteúdos.
DURÁ, 1997
17. INFORMAR INFORMANDO
“não há regra sem excepção”, é este o Dever
prima facie é uma obrigação que se deve
cumprir, a menos que ela entre em conflito,
numa situação particular, com um outro
dever de igual ou maior porte.
18. INFORMAR INFORMANDO
A Declaração Universal dos Direitos do
Homem, garantida entre nós, desde 1976, pela
Constituição da República Portuguesa, veio
salientar o sentido do valor e dignidade
humana, e introduzir o conceito de pessoa
como ser livre e autónomo.
19. INFORMAR INFORMANDO
Nesta perspectiva, o doente passou a ser
encarado como tal, deixando de ter que se
submeter ao médico, passando a poder
participar nas decisões que lhe eram
propostas, podendo aceitar ou recusar as
mesmas, depois de devidamente esclarecido.
20. INFORMAR INFORMANDO
Contudo, o poder do médico virtuoso,
resultante da sua dedicação, bondade,
generosidade e desinteresse, podem
condicionar a liberdade de escolha da pessoa
doente, impelindo-a a
“...aceitar a proposta do médico”.
SERRÃO, 1996
21. INFORMAR INFORMANDO
Do ponto de vista jurídico, existe a obrigação
de informar o cliente. A Lei 48/90 (Lei de Bases
da Saúde), na sua Base XIV, diz que os clientes
têm direito a ser informados sobre “...a sua
situação, as alternativas de tratamento e
evolução provável do seu estado”.
22. INFORMAR INFORMANDO
O direito do doente à verdade assume uma
importância ainda maior nos casos de doenças
terminais, ou ainda no caso do doente possuir
deveres a cumprir, nomeadamente de ordem
religiosa, profissional, social, ou de justiça.
PINTO, 1990
23. INFORMAR INFORMANDO
Algumas regras básicas a que os
profissionais de saúde devem atender, ao
revelarem a verdade ao cliente:
♣ O doente deve ter expresso o desejo de
conhecer a verdade, na sua totalidade;
♣ O profissional deve ser conhecedor da
informação que o doente consegue suportar,
com base em entrevistas previamente
efectuadas;
24. INFORMAR INFORMANDO
♣ A equipe de saúde, deve ser dotada de
infra-estruturas que lhe permitam
acompanhar o doente, após a revelação da
informação;
♣ A informação a transmitir deve ser
realmente verdadeira.
25. INFORMAR INFORMANDO
Constata-se que os enfermeiros executam
frequentemente actividades relativas ao
cumprimento de prescrições médicas. Por
outro lado parece que os enfermeiros sãos os
principais responsáveis pela disciplina dos
serviços e pelo respeito á autoridade médica.
CARAPINHEIRO,1993
26. INFORMAR INFORMANDO
Deste modo, parece ser delegado para segundo
plano o seu papel junto dos doentes e
familiares, no que diz respeito a informar,
sobre o estado de saúde e sobre os cuidados de
enfermagem, uma vez que falar com os
pacientes não será considerado trabalho real.
GÂNDARA,1994
28. INFORMAR INFORMANDO
♦ Escolher um momento em que o doente e
o médico estejam descansados e tenham um
tempo adequado;
♦ Avaliar o estado emocional e psicológico
do doente, no presente;
♦ Preparar o doente dizendo que tem um
assunto difícil para discutir com ele;
30. INFORMAR INFORMANDO
♦ Dar informação de forma gradual e
programar outro encontro com o doente,
mais tarde;
♦ Ser realista evitando a tentação de
minimizar o problema, mas não tirar todas
as esperanças
31. INFORMAR INFORMANDO
♦ Verificar como o doente se sente depois
de receber as noticias;
♦ Assegurar a continuidade dos cuidados;
♦ Assegurar que o doente tenha suporte
emocional dos familiares.
32. INFORMAR INFORMANDO
Apesar de vivermos hoje a era da
informação... achamos necessária uma
definição efectiva do acto de enfermagem.
A partilha da informação é um assunto
ainda por assumir provavelmente por nós
Enfermeiros.
33. INFORMAR INFORMANDO
Consciente ou inconscientemente todos (?) os
Enfermeiros utilizam estratégias de poder na
relação com os seus doentes.
34. INFORMAR INFORMANDO
E assim .........
Pensamos que se trata de gerir um processo
em que os actores se reclamam mutuamente
das condições para um desempenho eficaz dos
papéis; ao Enfermeiro, detentor do saberpoder , cabe a definição e condução desse
processo ( relação de ajuda).
36. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Andrade, N. Q. (1998) – Código deontológico do enfermeiro. Servir. Lisboa. ISSN
0871-2370. Vol. 46, Nº 2
Colomer, M. F. (1997) – La verdad ante el enfermo. Madrid: Mosby. ISBN: 848174-190-6.
Decreto-Lei nº 104/98.Diário da Republica I Série-A 93 (98-04-21) 1739-1757.
Decreto-Lei nº 437/91.Diário da República I Série-A 257 (91-11-08) 5723-5741.
Durá, E. (1998) – Aspectos psicosociales de la informacion al pacient com cancer.
Enfermagem Oncológica. Porto. ISSN 0873- 5689. Ano 2, nº 5.
Gândera, M. & Lopes, M. A. (1994) – Cuidar em Enfermagem. Enfermagem em
Foco. (116): 40-46.
Meneses, R. (1996) – Consentimento informado e verdade em ética médica.
Enfermagem Oncológica. Porto. ISSN 0873-5689. Ano1, nº 0
Parente, P. (1998) – Que informação dar ao cliente/família?. In: Ética nos
cuidados de saúde – Dossier sinais vitais 3. Coimbra: Farmasau.
Serrão, D. (1996) – Relações entre os profissionais de saúde e o paciente. In:
Comissões de Ética: das bases teóricas á actividade quotidiana. Região Autónoma
dos Açores: Centro de estudos de Bioética.