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-1. Capítulo 5 TçxrO o 5
Afilosofia e seus modos defensar
Vimos anteriormente que o coúecimento humano decorre de um im-
pulso espontâneo e natural do homem e que se vincula ao mesmo impulso
que o Ieva a agir. A atividade da consciência se inaugura e se constitui
como impulso vital originário, fazendo co{po com o agir do homem. A
partil dessa base, a atividade da consciência se expand" .ãdu vez mais, não -
apenas atuando como um instrumental de otimização das respostas às ne-
cessidades imediatas da ação mas sobretudo como mediação prr,
"
elabo-
ração de uma "explicação" dos vários aspectos da realidade enfrentada pelo
homem. Trata-se do desenvolvimento e da autonomização de uma fãrça
explicativa que buscaestabelecernexos e relações entre os objetos e situaçõás
de sua realidade, sendo que tais nexos têm para a consciência subjetiva
ymaforço compreensiva, gerando-Ihe um sentído. por isso, o conhecimento,
lem linhas gerais, e nas suas mais variadas formas de expressão, pode ser
Jdefrnido como o esforço do espírito humono paro compreender i reatidode,
!dando-the um sentido, uma signíficação, media*, , ,iroirtrrlimrrto d,
'nexos aptos a satisfazerem as exigências intrínsecas de sua subjetividade.
É como forma peculiar desse esforço do espÍrito humano para com-
preender os vários aspectos da realidade com a qual o homem ie envolve
que podemos considerar a filosofia_
Mas tal esforço de compreensão da realidade em geral e da existência
humana em particular não nasce assim de repente, dá forma já plena de
logicidade. Não há dúvida de que a explicação das coisas, na Lultura oci- .,
dental, tem sempre a ver com o logos dos gregos! Mas essa explicaçãe.'
j?:...{
pelo /ogos não surge na Grécia asiln plênamentc amadurecida. EIa também
possui uma gênese e passa por uma longa evolução, cujas raízes mergulham
6',1
no próprio processo de constituição da consciência humana, no prolonga-
mehto do impulso vital, como vimos nos capírulos I e 2.
Mas a partir desse prQcesso de expressão da consciência que a vai
levando a buscar cada vez inais o sentido das coisas e, portanto, a desenvolver
um pensamenlo que jâtraz implícito em si um sentidó-árnbrionário, é-nos
possível resgataÍ algumas raízes profundas.
Do que as pesquisas antroporógicas nos revelam, podemos saber que
a forma mais ancestral de os homens buscarem com alguma sistematicidade
a explicação, o sentido das coisas, foi o mia o mito não é algo absurdo,
irracional, pré-lógico, como se diz muitas vezes! Ao contrário, ele é a
expressão de uma primeira tentativa da consciência humana
-
qrãenao
se libertar cada vez mais das incumbências quase que instintivas de manu-
tenção da vida
-
püa "colocar ordem no mundJ'. Afinal, o mundo lhe
parecia um tanto quanto caótico, sufocando os homens com sua magnitude,
com sua bruta objetividade. Era preciso que tanta heterogeneidade, tanta
multiplicidade, tanra "desordem" tivessern alguma ordenaf,ão! o mito é a
I
prim;ir1 construção reórico-subjetiva do homem para pôr ordem nessa si-
í tuaçao de aparente desordem.
o mito assume a forma de uma narrativa imaginária pera qual as várias
culturas procuram explicar a origem do universo, ,",, irrr"ionamento, a
origem dos homens, o fundamento de seus costumes, aperandoparaentidades
s.obrenaturais, superiores aos homens, a forças e poderes misteriosos que
definiram o seu destino.
. Hoje, para nós,.os mitos dos povos arcaicos nos parecem, à primeira
vista, estórias lendárias e fantasioias, sem muito nexo! Mas, na verdade,
para aqueles povos, eles representavaÍn uma explicação valiosa e satisfatória;
satisfaziam a exigência que começêvarn a t"rã" .ó-prender o sentido de
sua própria exisrência.
vejamos, a título de exemplo, uma narrativa mítica, extraída daTeo-
gonia, de Hesíodo, poeta grcgo:
"Os deuses prímordíais
Sim bem prirneiro nasceu Caos, depois ramMm
Terra de amplo seio, de todos sede irreivalável sempre,
dos.imortais que têm a cabeça do Olimpo nevado,
e Tártaro nev@nto no fundo do chão dà amplas vias;
e Eros: o mais belo entre deuses imortais, IZO
solta-membros, dos deuses todos e dos homens todos
ela doma no peito o espÍrito e a prudente vontade.
Do Caos Érebo e Noite negra nasceram.
Da Noite aliás Éter e Dia nasceram,
gerou-os fecundada unida a Érebo em amor.
Terra primeiro pariu igual a si mesma
Céu constelado, para cercá-la Íoda ao redor
e ser aos deuses ventuÍosos sede irresvalável sempre.
Pariu altas Montanhas, belos abrigos das deusas
ninfas que moram nas montanhas frondosas.
E pariu a infecunda planície impetuosa de ondas
o Mar, sem o desejoso amor. Depois pariu
do coito com Céu: Oceano de fundos remoirüos
e Coios e Crios e Hipérion e Jápeto
e Téia e Réia e Têmis e Memória
e Febe de áurea coroâ e Tétis amorosa.
E após com ótimas armas Cronos de curvo pensar,
filho o mais terrível: detestou o florescente pai.
Pariu ainda os Ciclopes de soberbo coração:
Trovão, Relâmpago e Arges de violento ânimo l4O
que a Zeus deram o bovão e forjaram o raio.
Eles no mais eram compuáveis aos deuses,
único olho bem no meio repousava na fronte.
Ciclopes denominava-os o nome, porque neles
circular olho sozinho repousava na fronte. 145
Vigor, violência e engeúo possuíam na ação.
Outros ainda da Terra e do Céu nascerâm,
três filhos enorÍnes, violentos, não nomeáveis.
Cotos, Briareu e Gigos, assombrosos filhos.
Deles, eram cem braços que saltavam dos ombros, 150
improximáveis; cabeças de cada um cinqüenta
brotavam dos ombros, sobre os grossos membros.
Vigor sem limite, poderoso na enorÍne forma."
Hesiodo. Origem dos deuses: teogonia. Stu Paulo, Rosütha Kempf Editores , ]Jlta, p. 132-113. (frad.
Jaa Torrano.)
7 Por outro lado, os antropólogos de hoje são mais cautelosos em con-
/ siderar como ilógicas, primitivas, as expressões do pensamento mítico. lévi-
strauss tem demonstrado com suas pesquisas c estudos anhopológicos que
a humanidade sempre necessitou dessas modalidades expücativas e que não
há difercnças de natureza o grau enüe o pensamento "§ÊlvagÊm" dos povos
t25
130
135
que cnarí]Ín o mrto e o pensamento "domesticado" da cultura modema.
Apenas, a "lógica" do primeio é uma "lógica do sensível,, da qual foi se
afastando o segundo, operaxdo uma separação indevida.
No prolongamento do mito, varros assistir, ainda na história de nossa
cultura, ao surgimen to dafoyng_Tzligiasa de explicar a existência da nafureza
e da humanidade. sempre na mesma linha de trazer uma expricação, de
dar um sentido às coisas e ao agir dos homens, a relígioo introduz mais
nitidez, mais compreensibilidade, ao atribuir a um Deus pessoal e inteligente
a criação e o governo do universo. A criação, pela subjetividade humana,
de uma divindade inteligente e poderosa é um recurso da ascendente cons-
cjência para ampliar sua capacidade de explicação e de compreensão da
realidade natural e hum;rna.
considera-se que as fases das consciências mítica e religiosa são ainda
pré-filosóficas e que, jusramenre, afilosofia surgiu na Grécia antiga, quando
a consciência humana pretendeu explicar as coisas sem recorrer a entidades
sobrenarurais, a forças superiores e personalizadas, A tentaÍiva agora era a
de conrinuar procurando a explicação e o sentido das coisas mas sem sair
de seu próprio interior. Trarava,se de dar conta da natoteza, de um funda-
nrento que a ordena,sse, rnas sern duplicá-la, crizrndo-se um mundo de ordem
sar:ral. E o momento enrão que a con.sciência se assume plenamente como
razão lógica, se identifica como logos epassa a entender que toda a realidade
r: pos.suída e ordenatJa por esse mesmo /ogos.
[r ,esse ambiente que nasce na Grécia a Íilosofia ocidenta], como a
.rrrt rrrlt'rrr.s até hoje err nossa cultura. Essa nova abolQqce.T Ç4reali.dadç,
ri. rr.i'crsr) e da vida humana tem suas primenas fórmÀ dã óxpressão no
:'t;trrl. vl íules de nossa era, com os chamados filósofos pré-iocrátícos-
('rrr e Ícit., o que esses pensadores fizeram, após renegar as explicações
rrrítica.sereligiosasvigentesnacultura gega,foibuscarumelementonatural,
Írrndante, ordenador, unificatjor, que desse conta da ordem do mundo. Ten-
taÍam mostrar que o cosmos rjeixara de ser caas em decorrência dapresença
e da atuação de um princípio fundador, a arqué, feita da mesma natureza
e que nada tinha a ver com qudqrrer entidade humana ou divina-
Desde então a cultura ociciental nunca mais abandonou a busca inces-
sante por urn princípio lógico que desse conta do modo de scr da rcali<la<lc
e, quanto a isso, a hi.çtririo de no.çsa culturo se confunrlt: (.otlt il históritt ilrt
.filosoJio..,
Nt':rlt' t'll1ríltrltt, r'ort cxplit iÍirr ;rs griur<lt:s ;rrlit rrlltçtir:s rl;r lrlospli;r rr;r
llt'ltrtt,t rlt' tt0';';;t t rrllttrrt, lrrrt rrr:rrrtlo n)ol;trilr tortto Íoriun li(, (.()1:ilrÍytrtrll
rratlíiÊÊÇ
e se desenvolvendo os vários modos pelos quais essa nova forma de Pensar
o mundo foi se expressando no seu espaço/tempo- |
Estarei mostrando que a visão de conjunto da história da culh11a e da
fi-losofia nos levam a constataÍ que, tendo aprendido a?ensar com os gfegos,
I os filósofos do Ocidente vão desenvolver três formas, três perspectivas
/ O.f.1.r,t"r de ap_ücaqsua_atividade racional. São três graridé§ figulõ§j.Ôb
/ or quui, t" brsãr- aprcõniGiõientiao das coisas: e-P9§P94rv3-4etafísica,,r
i , p"rspectiva científica e a perspectiva dialética-
ffi ,upffiica e retigiosa, a cons-
ciência filosófica se constifui inicialmente coÍno Pensatnenlo metafisico. É.
o modo metafrsico de pensor que nos ensinam, logo de início, Parmênides,
Sócrates, Plutao e Aristóteles... Mas o que quel dizet pensar metafisica-
menle?
I A palavra metofisica significa simplesmente "aquilo que vem depois
f d" fíri.u" e foi usada, na origem, apenas para designar as obras de Aristóteles
I qu" r" seguiram a sua obra sobre a Física, que era o estudo que Aristóteles
! fr.rru da natureza! Mas logo o sentido se adensou e pͧsou a exPressar
I aouele conhecimento diferente do coúecimento da física, aquele tipo de
 .ánn..i-ento que se sifuaria para além do conhecimento fomecido pela
' fíri.". Ou, falando contemporaneamenle, além do conhecimento fomecido
) pela ciência.
Essas referências nos ajudam a entender melhor a questão, mas não
a esgoÍalx, porque o principal mesmo é ver como procede e o que pretende,
posilivamente, essa forma de conhecimento.
Não é o caso de responder agora a essa questão, uma vez que ela será
. retomada e desenvolvida no capírulo 6. Por enquanto, digo apenas que, do
lronro de vista rnetafísico, pretende-se alcançar atÍavés do conhecimento a
I oror;u essência das coisas, astuffidGse a põ§iíão de quta razão-Eumàa
I ;ffi de todos os objetos, de saber o que de fato cles
 sao êm si mesmos. Dessa forma, poderíamos construiÍ um sistema de con-
ceitos que representaria o mundo tal qual ele é'
Mas ocorre uma revolução epistemológíca e surge
am novo modo de pensar no Ocidente-,.
Sti t1ue, I:i por volta rlc 14ffi, o trtotlo tnctafísico dc peniar começa a
:.(.r :;(.r ilgrrt'lrlt: «lrrcstiorr;r<l«1.-. pt'lrr nr('t;rtrít t'oltsciôlt«:i;t rilt:itlnal que até então
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Mas os confliros se expressarn dngu nqplgr.o*Íllosófico. E começa a
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para encontrar novas formas
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pela nova postuÍa de ouho
representação do ."ra".-arr;,';J;
apÍesenlavam uma nova forma de
nascimento da ciêr
, a m bém . - ; ffi iff;:Í : I **"r ::ü:#iltr : :"-T" fr:::H:e se conduzir a reflexão Íi]osófica.
A postura dos frrósofos modemos parte de um questionamento do
flffi*tfi:;,fi1- "'"o' " I;;;;édi^ ;,pé,i"rà,]r" à grande
:: i i*ü j
:"#f :X,ffi TJffi:'Ê'*i..* ;.;;;^ ,- i,i* *
"",o, ".oreocentrism,""r.,ropol,ã*"iüfl::'r:t""tr"1:T,1:"fl:lffiT:
i,l'""'f"HffiT:;-'r"-'iã',ã#u,i"*,;ffiIãuíi*i.ocorridas,,,,"rãi.ã.,ilr;
"r;;,P^r"va
a ocupar o cenrro ao *ir...ol do sisrema
;:*l*ilf ;*:i::,ff:.1trtr#H,,x*tri*,,rí;,ilI:corno uma."ulidrd.oro
em relação ao mundo qu. p*ruuu"a considera,
:T?:il,:T,;l;l'tr'efl i#:tfl ;Xl*:X*,#""##;rI (t es v an r as e n's : rre- u m ma n, n i n ri. ri ffiff JITf,'"T# ; Ji:,TLilil
i::,Í,.,';'Ilri'h: Yfl:'^:::,Í^"-:i:: de ordem econômica, porítica ef cutturar .ria a-ir." il;:;;::,i""rffi,de ordem econômica, porítica e
romara_se insatisfaró;â nârâ ô ^^_^-:4 .
,.j ql. a explicaçâo metafísicatomara_Se insatiSfatór. j y"" a ç,rprrcaçao metafísica
início da era modemali;fl: j,::l:.,êi"il Íirosófi ca q,,s n ui ã.rgindo no
ffi: "..,T::.T llT : Il . J,ã
"J ",
ãffi#J:i,i::,T::l
::1Tx:Tl;ilff ::,":"_,1,*,::i*::ffi""i[ü'i#:ifi 'Ãffiii;dos homens muitos outros instrumento, at
uu rtlÍopa, coloca à disposição
além das concJusõe.s merafícia^. recursos que lhes permitem iralém das conclusões metafísicas.
:;,;;;::r:r"n';-'":""'^"::,:^y:T.ntarmenteumarevorução
TOistenológrea. Tudo começa com a irnsatisfação de novos pensadores con
n:-pl.ições trazidas p"l"--.trfíri;;';'"uo' oe noYos pensadores com
bom a teolàgiu
".lrtat
c"- p.q õ õ^ lsa altura ainda compromissadabo", á t.oúgi ; ;;, r,?#;*: Tjll"},,Xfi li 1].{"
aind a c ompromissad a
sobre a filosofia . ^
,nrr, Á- ^..^
u a tutela que a teologia exercia
;;i:ffi í1,:*::';:.':Í:?:F"'j!";;u:i:f i:5:[:1"*'rl,:l'J::dependência.da. graça divina
";;;^;i
l'n,.'t dos homens ficava na
claro que ruao isfoiintr^, vcr,â,*';- ^-
nentad-a e corrigida pela fé. É
;l?:§ T*,::"^,gl ;
i.;,"_#Lf f:il:""J:lf ,
l,Lí1ff?,',,T": :::lT,o; ;"'#,;lJ :Tftilr:: H,l}::' T:Estados, quetambém então começavam a se constitufu!
1f a natureza e a enfrentar os seus probremas com mais objetividade e menosjl
fantasias. veja-se que essa postura era imprescindíver, para citar apenasdois.exempros, para o desenvorvimenro da iécnica
"
ar'.i"ai.ina. Na cos_movisão cristã medieval nem o mundo materiar iJ;."r?;i"rr*o pooi*sermanipulados porque eles eram considerador
"oro
r*iiia"rfo, de Deus,merecendo assim absoruto respeito. As desvantag.n, ;iÁ;; no plano daprópria consciência ng*in"d;-pgle fé, a,glqQo rnqdiell tinha muita segu_
/
ranea e tranqüiridade, poisiiiãiióerra de qr" poããriã-ümp.e conhecer aI verdade, uma ve-, qu. ti-,rhu sempre à sua disposição o aurflio esclarecedorda revelaÇão divin-a, mediada p^"ro. t"rto, bíblicos e pero magistério da.Igreja. Agora a rrz.ão naturar eia autônomâ, ,âs também estava sozinha-..Não tinha mais ãqüãmTêõõ-rrer no caso de suas arivioas e inseguranças.Ela contava apenas com seus próprios ,;;.;;;;;;.^ " '
, r Os filósofos modemos, apoiando-se apenâs na razÁonatural, logo per-
/ ceberam que os metafísicos
".r* *ui,o pretensiosos ô que, de fato, não/ .r: t"r*ir:l ,pr.me1 rp -e_ssQnçias ãrs coisas pelo. conhecjmentot Nãíexistia nenhuma h^.moniá-à"à" nors, iri"rigerãi;""ã,lr.L.ia ão rearcomo acreditavam os metafísicos. Era uma ilusão p.r., *ri., nada au_torizava os metafísicos a darem esse passo!
, E ao exarninarem o efetivo poder do. s.ujeito, enquânto razão natural,
ios filósofos vão se dar conta a" ôr" á ,r;.itá qu"
"oJ"." áirpo" apenas
I *^'::
caminhos p.ara a consrrução de seu saber. E esses dois camiúos é
1
que vão definir as duas novas orientações que a filosofia modema assumiu{ ao criticar e tentar superar a metafísica.
' Em sÍrtese, o racionarismo na Idade Modema, ao conrrário do quefizera na Idade Médiu: 11 Antiguid;; se desenvolv.u rnort *ao que osujeito não consegue, de fato,
{r"l99f "_"-qiqg_g!L§!q--eyelltual essen-cialidade. com efeito, ou ere i; -rmrtu
. coúecer-se u *i ,ffi"rtJ,ôõiffiecer ap enas o mundo fenomenal. No primeiro caso, ;;;", a pers-r pectiva do subjetivísmo idiatistar, e, no segundo, , p"rrp"oi.i^ ao ,rrni|i-1 cismo positivista. Assim, a Idade iúoa.*^, fazendo ciência ou fazendoi firosoÍia, desenvolveu, num crima iruministo,um projeto de coúecimentodiferente' sem dúvida, seu produto prir.ipa foi mesmo u
"ier.iu,
a granderesponsável pela novaperspectiva episternológica da modemidade , uma vez
;"*,J*;::l"tivismo
idealista aindi recaía, o-mais il-;;'Ã."a posrrr'a
/
Também a respeito da ciência, voltarei
-a.
falar nos capítulos 7 e g,o:1 rj,
:ir.-, Trryc1 n o^ celeri o h istórico_cur rurar e n r osófi co d o
r
l
t
':
i,
lciofte, fo .-o-,,"nro cabe adiantar que a ciência reinou soberana nos
urtrm's dors sécuros, irrcrusive em se tratando do homem. As ciências hu_
manas se desenvorveram de maneira impressionante, trazendo grande con-
tribuição para a consriruição do senrido da existência a, r,"-J"-
Os modos de expressão da filosofia no Ocidente
Pode-se representar, pelo quadro acima" a evolução do pensamento
fllosófico tal qua.l ela se deu na cultura ocidental, configurando três grandes
movimentos. A fanosofia se desenvolveu inicialmente sob o modo metafisico
de pensar, que atinge seu apogeu no século XIII; em seguid4 instaura-se
sob o modo científico de pensar, que predomina hegemônico alé o século
XD(; a partir de então, tem início o modo dialético de pensar.
o quadro procura mostrar a predominância de cada modo de pcnsar
nos vários momentos históricos. Isso, no entanto, não quer dizer que cada
um é substituído pelo outro, vindo o anterior a desaparecer. Na realidade,
esses vários modos de pensar coexistem, apenas um predominando num
período, enquanto os outros sohrevivem com menor impacto cultural.
Assim, aind a hoje se encontram difusas nas várias exprcssões da cultura
contemporânea formas metafísicas de pensar (no neotomismo, por exemplo),
do mesmo mod«> que já na Antiguidade havia manisfestações avulsas da
postura dialética, como foi o cÍlso no pensamento de Herácüto. Também
es posturas científicas sempre se fizeram presentes em todos os momentos
da história da cultura ocidental.
Mas também a visão científica da rearidade foi
questionada...
A busca do sentido das coisas, o esforço de compreensão da rearidade
não terminou com a ciência, apesaÍ o. toaá a contrib'uiçil;;"
"
conheci-
menro científico trouxe para a culrura humana! Assim, â"soe a metade do
século passado, uma nova perspectiva filosóÍica vem se constituindo como
uma renlativa de reromada, de negação e de superação t*to i, p".rpectiva
metafísica como da perspectiva científica: era está tenrando fiuti.- ,.,nova forma de abordagem das coisas, adotando uma nova perspectiua quevamc;S chamar de diolérica.
D^e-um certo ponto d-e vjsra, a perspectiva diarética consorida a críticaque a filosofia modema fez à metãfísica, mas também submete à cíticaalgumas pretensões da firosofia modema, tanto do subjetivismo ;;r;;como do cientificismo positivisra. Mas, ao mesmo tempo que critica essas
posiçôes, rel.ma' de o.ulro.determinado ponro cle visra, ouúos pontos que
considera conguistas definitivas dessa fase; mas é preciso ir arém, acres-r'9ltq'' num estágio de síntese, novos eremenros que não tinham sido con_
siderados até então.
. A filosofia, tar quar era vem se expressando desde então, está adotando
cacJa're,z mais uma postura diarética: não constrói mais nem uma imagem
rnetafísica do mundo, seja ela reari§ta ou idearisra, nem uma imagem ex-clusivamente científico-naturalista do mundo: quer criar uma nova imagem,
sintetizadora, integradora dos aspecros váridos que essas tradições anterioresjá explicitara',, mas numa sínróse que avança, enriquecendo ainda mais a
compreensão da realidade.
A perspectiva <Jí^rérica priviregiou a «Jimensão histórica de todos os
objetos.e da própria exisrênciá do su]eito! Mas as suas posições específicas
serão abordadas no capítulo 9.
73
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Antônio joaquim severino a filosofia e seus modos de pensar

  • 1. No, 4q?9"* '/ -1. Capítulo 5 TçxrO o 5 Afilosofia e seus modos defensar Vimos anteriormente que o coúecimento humano decorre de um im- pulso espontâneo e natural do homem e que se vincula ao mesmo impulso que o Ieva a agir. A atividade da consciência se inaugura e se constitui como impulso vital originário, fazendo co{po com o agir do homem. A partil dessa base, a atividade da consciência se expand" .ãdu vez mais, não - apenas atuando como um instrumental de otimização das respostas às ne- cessidades imediatas da ação mas sobretudo como mediação prr, " elabo- ração de uma "explicação" dos vários aspectos da realidade enfrentada pelo homem. Trata-se do desenvolvimento e da autonomização de uma fãrça explicativa que buscaestabelecernexos e relações entre os objetos e situaçõás de sua realidade, sendo que tais nexos têm para a consciência subjetiva ymaforço compreensiva, gerando-Ihe um sentído. por isso, o conhecimento, lem linhas gerais, e nas suas mais variadas formas de expressão, pode ser Jdefrnido como o esforço do espírito humono paro compreender i reatidode, !dando-the um sentido, uma signíficação, media*, , ,iroirtrrlimrrto d, 'nexos aptos a satisfazerem as exigências intrínsecas de sua subjetividade. É como forma peculiar desse esforço do espÍrito humano para com- preender os vários aspectos da realidade com a qual o homem ie envolve que podemos considerar a filosofia_ Mas tal esforço de compreensão da realidade em geral e da existência humana em particular não nasce assim de repente, dá forma já plena de logicidade. Não há dúvida de que a explicação das coisas, na Lultura oci- ., dental, tem sempre a ver com o logos dos gregos! Mas essa explicaçãe.' j?:...{ pelo /ogos não surge na Grécia asiln plênamentc amadurecida. EIa também possui uma gênese e passa por uma longa evolução, cujas raízes mergulham 6',1
  • 2. no próprio processo de constituição da consciência humana, no prolonga- mehto do impulso vital, como vimos nos capírulos I e 2. Mas a partir desse prQcesso de expressão da consciência que a vai levando a buscar cada vez inais o sentido das coisas e, portanto, a desenvolver um pensamenlo que jâtraz implícito em si um sentidó-árnbrionário, é-nos possível resgataÍ algumas raízes profundas. Do que as pesquisas antroporógicas nos revelam, podemos saber que a forma mais ancestral de os homens buscarem com alguma sistematicidade a explicação, o sentido das coisas, foi o mia o mito não é algo absurdo, irracional, pré-lógico, como se diz muitas vezes! Ao contrário, ele é a expressão de uma primeira tentativa da consciência humana - qrãenao se libertar cada vez mais das incumbências quase que instintivas de manu- tenção da vida - püa "colocar ordem no mundJ'. Afinal, o mundo lhe parecia um tanto quanto caótico, sufocando os homens com sua magnitude, com sua bruta objetividade. Era preciso que tanta heterogeneidade, tanta multiplicidade, tanra "desordem" tivessern alguma ordenaf,ão! o mito é a I prim;ir1 construção reórico-subjetiva do homem para pôr ordem nessa si- í tuaçao de aparente desordem. o mito assume a forma de uma narrativa imaginária pera qual as várias culturas procuram explicar a origem do universo, ,",, irrr"ionamento, a origem dos homens, o fundamento de seus costumes, aperandoparaentidades s.obrenaturais, superiores aos homens, a forças e poderes misteriosos que definiram o seu destino. . Hoje, para nós,.os mitos dos povos arcaicos nos parecem, à primeira vista, estórias lendárias e fantasioias, sem muito nexo! Mas, na verdade, para aqueles povos, eles representavaÍn uma explicação valiosa e satisfatória; satisfaziam a exigência que começêvarn a t"rã" .ó-prender o sentido de sua própria exisrência. vejamos, a título de exemplo, uma narrativa mítica, extraída daTeo- gonia, de Hesíodo, poeta grcgo: "Os deuses prímordíais Sim bem prirneiro nasceu Caos, depois ramMm Terra de amplo seio, de todos sede irreivalável sempre, dos.imortais que têm a cabeça do Olimpo nevado, e Tártaro nev@nto no fundo do chão dà amplas vias; e Eros: o mais belo entre deuses imortais, IZO solta-membros, dos deuses todos e dos homens todos ela doma no peito o espÍrito e a prudente vontade. Do Caos Érebo e Noite negra nasceram. Da Noite aliás Éter e Dia nasceram, gerou-os fecundada unida a Érebo em amor. Terra primeiro pariu igual a si mesma Céu constelado, para cercá-la Íoda ao redor e ser aos deuses ventuÍosos sede irresvalável sempre. Pariu altas Montanhas, belos abrigos das deusas ninfas que moram nas montanhas frondosas. E pariu a infecunda planície impetuosa de ondas o Mar, sem o desejoso amor. Depois pariu do coito com Céu: Oceano de fundos remoirüos e Coios e Crios e Hipérion e Jápeto e Téia e Réia e Têmis e Memória e Febe de áurea coroâ e Tétis amorosa. E após com ótimas armas Cronos de curvo pensar, filho o mais terrível: detestou o florescente pai. Pariu ainda os Ciclopes de soberbo coração: Trovão, Relâmpago e Arges de violento ânimo l4O que a Zeus deram o bovão e forjaram o raio. Eles no mais eram compuáveis aos deuses, único olho bem no meio repousava na fronte. Ciclopes denominava-os o nome, porque neles circular olho sozinho repousava na fronte. 145 Vigor, violência e engeúo possuíam na ação. Outros ainda da Terra e do Céu nascerâm, três filhos enorÍnes, violentos, não nomeáveis. Cotos, Briareu e Gigos, assombrosos filhos. Deles, eram cem braços que saltavam dos ombros, 150 improximáveis; cabeças de cada um cinqüenta brotavam dos ombros, sobre os grossos membros. Vigor sem limite, poderoso na enorÍne forma." Hesiodo. Origem dos deuses: teogonia. Stu Paulo, Rosütha Kempf Editores , ]Jlta, p. 132-113. (frad. Jaa Torrano.) 7 Por outro lado, os antropólogos de hoje são mais cautelosos em con- / siderar como ilógicas, primitivas, as expressões do pensamento mítico. lévi- strauss tem demonstrado com suas pesquisas c estudos anhopológicos que a humanidade sempre necessitou dessas modalidades expücativas e que não há difercnças de natureza o grau enüe o pensamento "§ÊlvagÊm" dos povos t25 130 135
  • 3. que cnarí]Ín o mrto e o pensamento "domesticado" da cultura modema. Apenas, a "lógica" do primeio é uma "lógica do sensível,, da qual foi se afastando o segundo, operaxdo uma separação indevida. No prolongamento do mito, varros assistir, ainda na história de nossa cultura, ao surgimen to dafoyng_Tzligiasa de explicar a existência da nafureza e da humanidade. sempre na mesma linha de trazer uma expricação, de dar um sentido às coisas e ao agir dos homens, a relígioo introduz mais nitidez, mais compreensibilidade, ao atribuir a um Deus pessoal e inteligente a criação e o governo do universo. A criação, pela subjetividade humana, de uma divindade inteligente e poderosa é um recurso da ascendente cons- cjência para ampliar sua capacidade de explicação e de compreensão da realidade natural e hum;rna. considera-se que as fases das consciências mítica e religiosa são ainda pré-filosóficas e que, jusramenre, afilosofia surgiu na Grécia antiga, quando a consciência humana pretendeu explicar as coisas sem recorrer a entidades sobrenarurais, a forças superiores e personalizadas, A tentaÍiva agora era a de conrinuar procurando a explicação e o sentido das coisas mas sem sair de seu próprio interior. Trarava,se de dar conta da natoteza, de um funda- nrento que a ordena,sse, rnas sern duplicá-la, crizrndo-se um mundo de ordem sar:ral. E o momento enrão que a con.sciência se assume plenamente como razão lógica, se identifica como logos epassa a entender que toda a realidade r: pos.suída e ordenatJa por esse mesmo /ogos. [r ,esse ambiente que nasce na Grécia a Íilosofia ocidenta], como a .rrrt rrrlt'rrr.s até hoje err nossa cultura. Essa nova abolQqce.T Ç4reali.dadç, ri. rr.i'crsr) e da vida humana tem suas primenas fórmÀ dã óxpressão no :'t;trrl. vl íules de nossa era, com os chamados filósofos pré-iocrátícos- ('rrr e Ícit., o que esses pensadores fizeram, após renegar as explicações rrrítica.sereligiosasvigentesnacultura gega,foibuscarumelementonatural, Írrndante, ordenador, unificatjor, que desse conta da ordem do mundo. Ten- taÍam mostrar que o cosmos rjeixara de ser caas em decorrência dapresença e da atuação de um princípio fundador, a arqué, feita da mesma natureza e que nada tinha a ver com qudqrrer entidade humana ou divina- Desde então a cultura ociciental nunca mais abandonou a busca inces- sante por urn princípio lógico que desse conta do modo de scr da rcali<la<lc e, quanto a isso, a hi.çtririo de no.çsa culturo se confunrlt: (.otlt il históritt ilrt .filosoJio.., Nt':rlt' t'll1ríltrltt, r'ort cxplit iÍirr ;rs griur<lt:s ;rrlit rrlltçtir:s rl;r lrlospli;r rr;r llt'ltrtt,t rlt' tt0';';;t t rrllttrrt, lrrrt rrr:rrrtlo n)ol;trilr tortto Íoriun li(, (.()1:ilrÍytrtrll rratlíiÊÊÇ e se desenvolvendo os vários modos pelos quais essa nova forma de Pensar o mundo foi se expressando no seu espaço/tempo- | Estarei mostrando que a visão de conjunto da história da culh11a e da fi-losofia nos levam a constataÍ que, tendo aprendido a?ensar com os gfegos, I os filósofos do Ocidente vão desenvolver três formas, três perspectivas / O.f.1.r,t"r de ap_ücaqsua_atividade racional. São três graridé§ figulõ§j.Ôb / or quui, t" brsãr- aprcõniGiõientiao das coisas: e-P9§P94rv3-4etafísica,,r i , p"rspectiva científica e a perspectiva dialética- ffi ,upffiica e retigiosa, a cons- ciência filosófica se constifui inicialmente coÍno Pensatnenlo metafisico. É. o modo metafrsico de pensor que nos ensinam, logo de início, Parmênides, Sócrates, Plutao e Aristóteles... Mas o que quel dizet pensar metafisica- menle? I A palavra metofisica significa simplesmente "aquilo que vem depois f d" fíri.u" e foi usada, na origem, apenas para designar as obras de Aristóteles I qu" r" seguiram a sua obra sobre a Física, que era o estudo que Aristóteles ! fr.rru da natureza! Mas logo o sentido se adensou e pͧsou a exPressar I aouele conhecimento diferente do coúecimento da física, aquele tipo de .ánn..i-ento que se sifuaria para além do conhecimento fomecido pela ' fíri.". Ou, falando contemporaneamenle, além do conhecimento fomecido ) pela ciência. Essas referências nos ajudam a entender melhor a questão, mas não a esgoÍalx, porque o principal mesmo é ver como procede e o que pretende, posilivamente, essa forma de conhecimento. Não é o caso de responder agora a essa questão, uma vez que ela será . retomada e desenvolvida no capírulo 6. Por enquanto, digo apenas que, do lronro de vista rnetafísico, pretende-se alcançar atÍavés do conhecimento a I oror;u essência das coisas, astuffidGse a põ§iíão de quta razão-Eumàa I ;ffi de todos os objetos, de saber o que de fato cles sao êm si mesmos. Dessa forma, poderíamos construiÍ um sistema de con- ceitos que representaria o mundo tal qual ele é' Mas ocorre uma revolução epistemológíca e surge am novo modo de pensar no Ocidente-,. Sti t1ue, I:i por volta rlc 14ffi, o trtotlo tnctafísico dc peniar começa a :.(.r :;(.r ilgrrt'lrlt: «lrrcstiorr;r<l«1.-. pt'lrr nr('t;rtrít t'oltsciôlt«:i;t rilt:itlnal que até então íi âêôôFÊÇq,ál1rt q'Q'GÇr tit, tiliírrl G )r Çfifqq:ínqq| âââ''trÊ ,Ç)êâ êp e,
  • 4. l I I Mas os confliros se expressarn dngu nqplgr.o*Íllosófico. E começa a I?ff :3:i#ffi :ffi ;'Hi**":r^À&-i;ôõmál.adapurame_de exercer a reflexão nl"*án"r,""rurçâtT_Se para encontrar novas formas grupo de pensadores, os cienristas, ou.']Iot pela nova postuÍa de ouho representação do ."ra".-arr;,';J; apÍesenlavam uma nova forma de nascimento da ciêr , a m bém . - ; ffi iff;:Í : I **"r ::ü:#iltr : :"-T" fr:::H:e se conduzir a reflexão Íi]osófica. A postura dos frrósofos modemos parte de um questionamento do flffi*tfi:;,fi1- "'"o' " I;;;;édi^ ;,pé,i"rà,]r" à grande :: i i*ü j :"#f :X,ffi TJffi:'Ê'*i..* ;.;;;^ ,- i,i* * "",o, ".oreocentrism,""r.,ropol,ã*"iüfl::'r:t""tr"1:T,1:"fl:lffiT: i,l'""'f"HffiT:;-'r"-'iã',ã#u,i"*,;ffiIãuíi*i.ocorridas,,,,"rãi.ã.,ilr; "r;;,P^r"va a ocupar o cenrro ao *ir...ol do sisrema ;:*l*ilf ;*:i::,ff:.1trtr#H,,x*tri*,,rí;,ilI:corno uma."ulidrd.oro em relação ao mundo qu. p*ruuu"a considera, :T?:il,:T,;l;l'tr'efl i#:tfl ;Xl*:X*,#""##;rI (t es v an r as e n's : rre- u m ma n, n i n ri. ri ffiff JITf,'"T# ; Ji:,TLilil i::,Í,.,';'Ilri'h: Yfl:'^:::,Í^"-:i:: de ordem econômica, porítica ef cutturar .ria a-ir." il;:;;::,i""rffi,de ordem econômica, porítica e romara_se insatisfaró;â nârâ ô ^^_^-:4 . ,.j ql. a explicaçâo metafísicatomara_Se insatiSfatór. j y"" a ç,rprrcaçao metafísica início da era modemali;fl: j,::l:.,êi"il Íirosófi ca q,,s n ui ã.rgindo no ffi: "..,T::.T llT : Il . J,ã "J ", ãffi#J:i,i::,T::l ::1Tx:Tl;ilff ::,":"_,1,*,::i*::ffi""i[ü'i#:ifi 'Ãffiii;dos homens muitos outros instrumento, at uu rtlÍopa, coloca à disposição além das concJusõe.s merafícia^. recursos que lhes permitem iralém das conclusões metafísicas. :;,;;;::r:r"n';-'":""'^"::,:^y:T.ntarmenteumarevorução TOistenológrea. Tudo começa com a irnsatisfação de novos pensadores con n:-pl.ições trazidas p"l"--.trfíri;;';'"uo' oe noYos pensadores com bom a teolàgiu ".lrtat c"- p.q õ õ^ lsa altura ainda compromissadabo", á t.oúgi ; ;;, r,?#;*: Tjll"},,Xfi li 1].{" aind a c ompromissad a sobre a filosofia . ^ ,nrr, Á- ^..^ u a tutela que a teologia exercia ;;i:ffi í1,:*::';:.':Í:?:F"'j!";;u:i:f i:5:[:1"*'rl,:l'J::dependência.da. graça divina ";;;^;i l'n,.'t dos homens ficava na claro que ruao isfoiintr^, vcr,â,*';- ^- nentad-a e corrigida pela fé. É ;l?:§ T*,::"^,gl ; i.;,"_#Lf f:il:""J:lf , l,Lí1ff?,',,T": :::lT,o; ;"'#,;lJ :Tftilr:: H,l}::' T:Estados, quetambém então começavam a se constitufu! 1f a natureza e a enfrentar os seus probremas com mais objetividade e menosjl fantasias. veja-se que essa postura era imprescindíver, para citar apenasdois.exempros, para o desenvorvimenro da iécnica " ar'.i"ai.ina. Na cos_movisão cristã medieval nem o mundo materiar iJ;."r?;i"rr*o pooi*sermanipulados porque eles eram considerador "oro r*iiia"rfo, de Deus,merecendo assim absoruto respeito. As desvantag.n, ;iÁ;; no plano daprópria consciência ng*in"d;-pgle fé, a,glqQo rnqdiell tinha muita segu_ / ranea e tranqüiridade, poisiiiãiióerra de qr" poããriã-ümp.e conhecer aI verdade, uma ve-, qu. ti-,rhu sempre à sua disposição o aurflio esclarecedorda revelaÇão divin-a, mediada p^"ro. t"rto, bíblicos e pero magistério da.Igreja. Agora a rrz.ão naturar eia autônomâ, ,âs também estava sozinha-..Não tinha mais ãqüãmTêõõ-rrer no caso de suas arivioas e inseguranças.Ela contava apenas com seus próprios ,;;.;;;;;;.^ " ' , r Os filósofos modemos, apoiando-se apenâs na razÁonatural, logo per- / ceberam que os metafísicos ".r* *ui,o pretensiosos ô que, de fato, não/ .r: t"r*ir:l ,pr.me1 rp -e_ssQnçias ãrs coisas pelo. conhecjmentot Nãíexistia nenhuma h^.moniá-à"à" nors, iri"rigerãi;""ã,lr.L.ia ão rearcomo acreditavam os metafísicos. Era uma ilusão p.r., *ri., nada au_torizava os metafísicos a darem esse passo! , E ao exarninarem o efetivo poder do. s.ujeito, enquânto razão natural, ios filósofos vão se dar conta a" ôr" á ,r;.itá qu" "oJ"." áirpo" apenas I *^':: caminhos p.ara a consrrução de seu saber. E esses dois camiúos é 1 que vão definir as duas novas orientações que a filosofia modema assumiu{ ao criticar e tentar superar a metafísica. ' Em sÍrtese, o racionarismo na Idade Modema, ao conrrário do quefizera na Idade Médiu: 11 Antiguid;; se desenvolv.u rnort *ao que osujeito não consegue, de fato, {r"l99f "_"-qiqg_g!L§!q--eyelltual essen-cialidade. com efeito, ou ere i; -rmrtu . coúecer-se u *i ,ffi"rtJ,ôõiffiecer ap enas o mundo fenomenal. No primeiro caso, ;;;", a pers-r pectiva do subjetivísmo idiatistar, e, no segundo, , p"rrp"oi.i^ ao ,rrni|i-1 cismo positivista. Assim, a Idade iúoa.*^, fazendo ciência ou fazendoi firosoÍia, desenvolveu, num crima iruministo,um projeto de coúecimentodiferente' sem dúvida, seu produto prir.ipa foi mesmo u "ier.iu, a granderesponsável pela novaperspectiva episternológica da modemidade , uma vez ;"*,J*;::l"tivismo idealista aindi recaía, o-mais il-;;'Ã."a posrrr'a / Também a respeito da ciência, voltarei -a. falar nos capítulos 7 e g,o:1 rj, :ir.-, Trryc1 n o^ celeri o h istórico_cur rurar e n r osófi co d o
  • 5. r l t ': i, lciofte, fo .-o-,,"nro cabe adiantar que a ciência reinou soberana nos urtrm's dors sécuros, irrcrusive em se tratando do homem. As ciências hu_ manas se desenvorveram de maneira impressionante, trazendo grande con- tribuição para a consriruição do senrido da existência a, r,"-J"- Os modos de expressão da filosofia no Ocidente Pode-se representar, pelo quadro acima" a evolução do pensamento fllosófico tal qua.l ela se deu na cultura ocidental, configurando três grandes movimentos. A fanosofia se desenvolveu inicialmente sob o modo metafisico de pensar, que atinge seu apogeu no século XIII; em seguid4 instaura-se sob o modo científico de pensar, que predomina hegemônico alé o século XD(; a partir de então, tem início o modo dialético de pensar. o quadro procura mostrar a predominância de cada modo de pcnsar nos vários momentos históricos. Isso, no entanto, não quer dizer que cada um é substituído pelo outro, vindo o anterior a desaparecer. Na realidade, esses vários modos de pensar coexistem, apenas um predominando num período, enquanto os outros sohrevivem com menor impacto cultural. Assim, aind a hoje se encontram difusas nas várias exprcssões da cultura contemporânea formas metafísicas de pensar (no neotomismo, por exemplo), do mesmo mod«> que já na Antiguidade havia manisfestações avulsas da postura dialética, como foi o cÍlso no pensamento de Herácüto. Também es posturas científicas sempre se fizeram presentes em todos os momentos da história da cultura ocidental. Mas também a visão científica da rearidade foi questionada... A busca do sentido das coisas, o esforço de compreensão da rearidade não terminou com a ciência, apesaÍ o. toaá a contrib'uiçil;;" " conheci- menro científico trouxe para a culrura humana! Assim, â"soe a metade do século passado, uma nova perspectiva filosóÍica vem se constituindo como uma renlativa de reromada, de negação e de superação t*to i, p".rpectiva metafísica como da perspectiva científica: era está tenrando fiuti.- ,.,nova forma de abordagem das coisas, adotando uma nova perspectiua quevamc;S chamar de diolérica. D^e-um certo ponto d-e vjsra, a perspectiva diarética consorida a críticaque a filosofia modema fez à metãfísica, mas também submete à cíticaalgumas pretensões da firosofia modema, tanto do subjetivismo ;;r;;como do cientificismo positivisra. Mas, ao mesmo tempo que critica essas posiçôes, rel.ma' de o.ulro.determinado ponro cle visra, ouúos pontos que considera conguistas definitivas dessa fase; mas é preciso ir arém, acres-r'9ltq'' num estágio de síntese, novos eremenros que não tinham sido con_ siderados até então. . A filosofia, tar quar era vem se expressando desde então, está adotando cacJa're,z mais uma postura diarética: não constrói mais nem uma imagem rnetafísica do mundo, seja ela reari§ta ou idearisra, nem uma imagem ex-clusivamente científico-naturalista do mundo: quer criar uma nova imagem, sintetizadora, integradora dos aspecros váridos que essas tradições anterioresjá explicitara',, mas numa sínróse que avança, enriquecendo ainda mais a compreensão da realidade. A perspectiva <Jí^rérica priviregiou a «Jimensão histórica de todos os objetos.e da própria exisrênciá do su]eito! Mas as suas posições específicas serão abordadas no capítulo 9. 73 cIDvCtt mto.i*rFbúrt. 0 objro r süocr p niiq lreuliaaio do oodo c r EiE liâçio do Ej.taa o loTr I iBriEiü.METAFISIC* E@@ G!dó!i@id.rt. -O lujcib r stock eo oLito; etologôÉo iio !e& c t dilDiÉo do rujcibt o ,qga iübE. DrAIÍncJr: M@lúró.i>FÍr;o, Sujcir c óieo * ceq ci F@. À hirrciürÉo ô Ejci- t111111t'1Íl11Í t t tttsl