PENSAMENTOS DA ÉPOCA
Iluminismo: O uso da razão como meio para satisfazer as
necessidades do homem. Os movimentos pela
independência do Brasil, como a Inconfidência Mineira, por
exemplo, inspiraram-nas nas idéias iluministas.
Liberalismo: ideologia política que defende os sistemas
representativos, os direitos civis e a igualdade de
oportunidades para os cidadãos.
CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTO
EXPRESSÃO ARTÍSTICA DA BURGUESIA
Idealização da vida natural, em oposição à vida urbana; a
humildade, em oposição aos gastos exorbitantes da
nobreza; o racionalismo, em oposição à fé; a linguagem
simples e direta, em oposição à linguagem rebuscada do
Barroco.
O Arcadismo pode ser visto, sob o ponto de vista
ideológico, como um arte revolucionária. Contudo, do ponto
de vista estético, é uma arte conservadora, pois ainda se
liga à tradição clássica, tanto tempo cultivada pelas cortes
aristocráticas.
CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTO
CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTO LITERÁRIO
- Arte ligada ao Iluminismo. Oposição ao absolutismo
despótico e ao poder (barroco) da Igreja.
- Afirmação orgulhosa da racionalidade. Razão = Verdade
= Simplicidade e clareza.
- Culto da simplicidade. Como se atinge a mesma? Através
da imitação (não no sentido de cópia, mas no de seguir
modelos já estabelecidos).
- Imitação dos clássicos gregos. Em especial, Virgílio e
Teócrito, clássicos pastoris.
CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTO
- Imitação da natureza campestre, isto é, da ordem e do
equilíbrio que essa natureza apresenta, o que dá a mesma
um caráter de paraíso perdido. Dois elementos decorrem da
aproximação do árcade da natureza campestre:
- Bucolismo: adequação do homem à harmonia e
serenidade da natureza.
- Pastoralismo: celebração da vida pastoril, vista como
um eterno idílio entre pastores e pastoras.
- Ausência de subjetividade. O autor não expressa o seu
próprio eu, adota uma forma pastoril (era comum os
escritores usarem pseudônimos em seus poemas,sonetos e
obras, como exemplo: Cláudio Manuel da Costa é
Glauceste Satúrnio, Tomás Antônio Gonzaga é Dirceu,
Basílio da Gama é Termindo Sipílio)
CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTO
Fugere urbem (fuga da cidade): Os árcades defendiam
o bucolismo como ideal de vida, isto é, uma vida simples e
natural, junto ao campo, distante dos centros urbanos. Tal
princípio era reforçado pelo pensamento do filósofo francês
Jean Jacques Rousseau – “a civilização corrompe os
costumes do homem, que nasce naturalmente bom.”
Aurea mediocritas (vida medíocre materialmente
mais rica em realizações espirituais): A idealização de
uma vida pobre e feliz no campo, em oposição à vida
luxuosa e triste na cidade.
Carpe diem: o desejo de aproveitar o dia e a vida
enquanto é possível. Essa idéia é retomada pelos árcades e
faz parte do convite amoroso.
CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTO
Convencionalismo amoroso: na poesia árcade, as
situações são artificiais; não é o próprio poeta quem fala de
si e de seus reais sentimentos. No plano amoroso, por
exemplo, quase sempre é um pastor que confessa o seu
amor por uma pastora e a convida para aproveitar a vida
junto à natureza. Porém, ao se lerem vários poemas, de
poetas árcades diferentes, tem-se a impressão de que se
trata sempre de um mesmo homem, de uma mesma
mulher e de um mesmo tipo de amor. Não há variações
emocionais. Isso ocorre devido ao convencionalismo
amoroso, que impede a livre expressão dos sentimentos. O
que mais importava ao poeta árcade era seguir a
convenção, fazer poemas de amor como faziam os poetas
clássicos, e não expressar os sentimentos. A mulher é vista
como um ser superior, inalcançável e imaterial.
QUADRO DE CARACTERÍSTICAS
QUANTO À FORMA QUANTO AO CONTEÚDO
Vocabulário simples Pastoralismo
Frases em ordem direta Bucolismo
Ausência quase total de figuras de
linguagem
Fugere urbem
(fugir da cidade)
Manutenção do verso decassílabo, do
soneto e de outras formas clássicas
Aurea mediocritas
(vida simples)
Elementos da cultura greco-latina
(deuses pagãos)
Convencionalismo amoroso
(pseudônimos)
Inutilia Truncat
Racionalismo
Ideias iluministas
Carpe diem
(viver o presente)
Locus Amenus
ARCADISMO NO BRASIL
CONTEXTO HISTÓRICO
Minas Gerais como centro econômico e político;
A descoberta do ouro, na região de Minas Gerais, forma
cidades ao redor;
Vila Rica (atual Ouro Preto) se consolida como espaço
cultural desde o Barroco (Aleijadinho);
A corrida pelo ouro se intensifica;
Conflitos com o Império (Inconfidência Mineira);
O ciclo da mineração;
A expulsão dos jesuítas do Brasil - (1759);
ARCADISMO NO BRASIL
MARCO INICIAL DO ARCADISMO NO BRASIL
Publicação das Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa
(1768);
Fundação da Arcádia Ultramarina em Vila Rica (atual Ouro
Preto, MG).
CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO NO BRASIL
História colonial muito valorizada;
Início do nacionalismo;
ARCADISMO NO BRASIL
Início da luta pela independência - Tomás Antônio
Gonzaga("primeira cabeça da inconfidência" segundo
Joaquim Silvério, delator da Inconfidência Mineira);
A colônia é colocada como centro das atenções.
ARCADISMO NO BRASIL
Cláudio Manuel da Costa
Pseudônimo: Glauceste Satúrnio-Doroteu
Nasceu nas proximidades da Vila do Ribeirão do Carmo,hoje
cidade de Mariana (MG), em 1729 e faleceu em 1789, em Vila
Rica, onde se encontrava preso por sua participação na
Inconfidência Mineira. Escreveu poesia lírica (Obras Poéticas,
1768, com a qual inicia o Arcadismo no Brasil) e épica (Vila Rica,
1837). Sofreu influência do Barroco, como ele próprio afirma no
prólogo das Obras, mas abraçou a causa árcade, ainda que em
suas poesias os aspectos ligados à natureza fujam ao padrão
europeu.
Liderou grupo de poetas árcades brasileiros. Seus sonetos
apresentavam notável afinidade com a lírica de Camões.
Obras Poéticas (1768) – Marco inicial do Arcadismo –
poesia lírica
Vila Rica (composto por volta de 1773) – poema épico
falando sobre a história da cidade de Vila Rica.
ARCADISMO NO BRASIL
Tomás Antônio Gonzaga
Pseudônimo: Dirceu-Critilo
Nascido no Porto, em Portugal, de pai brasileiro, estudou na Bahia
e formou-se em Coimbra. Jurista de rara habilidade, já em 1782
era designado Ouvidor de Vila Rica. Envolvido no processo da
Inconfidência, é preso em 1789 e, em, 1792, condenado ao
degredo em Moçambique, onde logo se casa com a rica herdeira
Juliana Mascarenhas. Foi durante o curto período vivido em Minas
Gerais que Gonzaga produziu alguns dos mais significativos
poemas do arcadismo luso-brasileiro. Apaixonado pela jovem
Maria Joaquina Dorotéia de Seixas, Gonzaga dedicou-lhe os
poemas líricos de Marília de Dirceu, em que se retrata como
Dirceu e à amada como Marília. O estudioso Rodrigues Lapa
provou serem dele também as Cartas Chilenas, conjunto de
poemas anônimos que satirizavam o governador Luís da Cunha
Menezes, seu desafeto.
Obra lírica: Marília de Dirceu
A obra se divide em duas partes
ARCADISMO NO BRASIL
1ª parte: contém os poemas escritos na época anterior
à prisão de Gonzaga. Nela predominam as composições
convencionais: o pastor Dirceu celebra a beleza de Marília.
Em algumas liras, entretanto, as convenções mal disfarçam
a confissão amorosa do amor: a ansiedade de um
quarentão apaixonado por uma adolescente; a necessidade
de mostrar que não é um qualquer e que merece sua
amada; os projetos de uma sossegada vida futura, rodeado
de filhos e bem cuidado por suas mulher etc.
2ª parte: escrita na prisão da ilha das Cobras. Os
poemas exprimem a solidão de Dirceu, saudoso de Marília.
Nesta segunda parte, encontramos a melhor poesia de
Gonzaga. As convenções, embora ainda presentes, não
sustentam o equilíbrio neoclássico. O tom confessional e o
pessimismo prenunciam o emocionalismo romântico.
Marília de Dirceu...
“Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, d’ expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Eu vi o meu semblante numa fonte,
Dos anos inda não está cortado:
Os pastores, que habitam este
monte,
Com tal destreza toco a sanfoninha,
Que inveja até me tem o próprio
Alceste:
Ao som dela concerto a voz celeste;
Nem canto letra, que não seja
minha,
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!”
Eu, Marília, não fui nenhum Vaqueiro,
Fui honrado Pastor da tua aldeia;
Vestia finas lãs, e tinha sempre
A minha choça do preciso cheia.
Tiraram-me o casal, e o manso gado,
Nem tenho, a que me encoste, um só cajado.
Para ter que te dar, é que eu queria
De mor rebanho ainda ser o dono;
Prezava o teu semblante, os teus cabelos
Ainda muito mais que um grande Trono.
Agora que te oferte já não vejo
Além de um puro amor, de um são desejo.
Se o rio levantado me causava,
Levando a sementeira, prejuízo,
Eu alegre ficava apenas via
Na tua breve boca um ar de riso.
Tudo agora perdi; nem tenho o gosto
De ver-te aos menos compassivo o rosto.
ARCADISMO NO BRASIL
Obra satírica: Cartas Chilenas (principal obra satírica
do século XVIII, atribuída a Gonzaga)
Cartas Chilenas são poemas satíricos, em versos
decassílabos brancos, que circularam em Vila Rica poucos
anos antes da Inconfidência Mineira, em 1789. Revelando
seu lado satírico, num tom mordaz, agressivo, jocoso,
pleno de alusões e máscaras, o poeta satiriza ferinamente a
mediocridade administrativa, os desmandos dos
componentes do governo, o governador de Minas Gerais.
São uma coleção de treze cartas, assinadas por Critilo
(Tomás Antônio Gonzaga) e endereçadas a Doroteu
(Cláudio Manuel da Costa), residente em Madri.
Critilo é um habitante de Santiago do Chile (na verdade Vila
Rica), narra os desmandos despóticos e narcisistas do
governador chileno Fanfarrão Minésio (na realidade, Luís da
Cunha Menezes, governador de Minas até a Inconfidência
Mineira).
ARCADISMO NO BRASIL
Obras épicas
O Uraguai (1769) – José Basílio da Gama.
Melhor realização no gênero épico no Arcadismo Brasileiro.
Temática: Luta dos portugueses e espanhóis contra índios
e jesuítas que, instalados nas missões jesuíticas do atual
Rio Grande do Sul, não queriam aceitar as decisões do
Tratado de Madri.
Caramuru (1781) – Frei José de Santa Rita Durão.
É considerado um poema inferior a O Uraguai e, de certa
forma, um retrocesso do ponto de vista temático e
estilístico.
Temática: Poema narra as aventuras, em parte históricas,
em parte lendárias, do náufrago português Diogo Álvares
Correia, o Caramuru. Em meio às aventuras do
protagonista, o autor aproveita para fazer uma longa
descrição das qualidades da terra.