O documento resume o romance "Triste Fim de Policarpo Quaresma" de Lima Barreto. A obra é dividida em três partes e se passa no Rio de Janeiro da época da República Velha. O protagonista Policarpo Quaresma representa o Romantismo e o livro critica aspectos políticos e sociais do período por meio de sua visão excêntrica.
9. • Triste fim de Policarpo Quaresma é um
romance pré-modernista de Lima
Barreto.
• Publicado em 1915, é dividido em três
partes. Cada uma delas possui cinco
capítulos. A obra ironiza o Romantismo,
representado pelo excêntrico
protagonista do livro.
• A narrativa se passa no Rio de Janeiro,
nos primeiros anos da República.
• O livro evidencia os costumes e os
elementos políticos da época.
• Suas principais características são:
nacionalismo crítico e antirromantismo
30. Primeira parte - A lição de violão
• “Como de hábito, Policarpo Quaresma, mais conhecido por Major
Quaresma, bateu em casa às quatro e quinze da tarde. Havia mais de
vinte anos que isso acontecia. Saindo do Arsenal de Guerra, onde era
subsecretário, bongava pelas confeitarias algumas frutas, comprava
um queijo, às vezes, e sempre o pão da padaria francesa.
• Não gastava nesses passos nem mesmo uma hora, de forma que, às
três e quarenta, por aí assim, tomava o bonde, sem erro de um
minuto, ia pisar a soleira da porta de sua casa, numa rua afastada de
São Januário, bem exatamente às quatro e quinze, como se fosse a
aparição de um astro, um eclipse, enfim um fenômeno
matematicamente determinado, previsto e predito.
31. Segunda parte - No “Sossego”
• A casa erguia-se sobre um socalco, uma espécie de degrau, formando a
subida para a maior altura de uma pequena colina que lhe corria nos
fundos. Em frente, por entre os bambus da cerca, olhava uma planície a
morrer nas montanhas que se viam ao longe; um regato de águas paradas
e sujas cortava-a paralelamente à testada da casa; mais adiante, o trem
passava vincando a planície com a fita clara de sua linha capinada; um
carreiro, com casas, de um e de outro lado, saía da esquerda e ia ter à
estação, atravessando o regato e serpeando pelo plaino. A habitação de
Quaresma tinha assim um amplo horizonte, olhando para o levante, a
“noruega”, e era também risonha e graciosa nos seus caiados. Edificada
com a desoladora indigência arquitetônica das nossas casas de campo,
possuía, porém, vastas salas, amplos quartos, todos com janelas, e uma
varanda com uma colunata heterodoxa. Além desta principal, o sítio do
“Sossego”, como se chamava, tinha outras construções: a velha casa da
farinha, que ainda tinha o forno intacto e a roda desmontada, e uma
estrebaria coberta de sapê.”
32. Terceira parte - Patriotas
• O palácio tinha um ar de intimidade, de quase relaxamento, representativo
e eloquente. Não era raro ver-se pelos divãs, em outras salas, ajudantes-
de-ordens, ordenanças, contínuos, cochilando, meio deitados e
desabotoados. Tudo nele era desleixo e moleza. Os cantos dos tetos tinham
teias de aranha; dos tapetes, quando pisados com mais força, subia uma
poeira de rua mal varrida. Quaresma não pudera vir logo, como anunciara
no telegrama. Fora preciso pôr em ordem os seus negócios, arranjar quem
fizesse companhia à irmã. Fizera Dona Adelaide mil objeções à sua partida;
mostrara-lhe os riscos da luta, da guerra, incompatíveis com a sua idade e
superiores à sua força; ele, porém, não se deixara abater, fizera pé firme,
pois sentia, indispensável, necessário que toda a sua vontade, que toda a
sua inteligência, que tudo o que ele tinha de vida e atividade fosse posto à
disposição do governo, para então!... oh!”