O documento discute a natureza do instante e da mudança. Aponta que tudo na natureza está em constante transformação e metamorfose. Argumenta que os momentos de mudança, apesar de breves, são fundamentais e definem os caminhos da evolução.
2. “Há constantes no fluxo das metamorfoses. Descobrir
essas constantes é o supremo dever do intelecto.
Entreler metamorfoses: o ser de Parmênides (constantes,
tendências, estabilidades) no ígneo turbilhão de Heráclito
(o fogo, a guerra, a transformação, a mudança). Essências,
metamorfoses: essas as matérias-primas com que trabalha
o tão estável e instável espírito humano”.
Paulo Leminski
No Universo, na Natureza, tudo existe. O Universo se expan-
de, estrelas e galáxias se organizam e desorganizam num
movimento contínuo; os corpos celestes percorrem órbitas,
movimentam-se por si só. Neste exato instante este planeta
está em movimento, assim como os quase-infinitos astros que
gravitam no universo físico. As biologias e os ecossistemas
nascem, transformam-se e morrem. Tudo está pulsando e
tudo está em eterna mutação.
Lavoisier: “na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo
se transforma”.
A Natureza exige de todo organismo vivo um fim. O nascer
implica necessariamente uma direção para a morte; o viver, o
processo, exige transformações, metamorfoses. Neste percur-
so existe o instante em que algo se percebe outro. É o ponto
de mutação: são as Morfoses – membranas em estado poten-
cial que dividem ou conectam pontos de passagem. São limi-
tes do devir – instantes que moldam o todo. Como a gota que
transborda o copo, este instante é também o longo processo
que o gerou.
Este “momento indefinível” é como o instante do nascimento
ou da morte. É o ponto de mutação que separa a evolução de
cada espécie. É o Início e o Fim; É o Nada e o Tudo.
Na natureza essencial da constituição da matéria, as relações de
limite e continuidade são como uma ilusão para a cognição hu-
mana. No mundo (subatômico) não existe separação como ve-
mos. As pessoas, paredes, terra, vácuo, luz - tudo o que compõe
o Universo é um único bloco infinito onde estamos todos imer-
sos. Há uma força que gravita em tudo, como uma universal
Teoria de Gaia, onde todos os corpos afetam todos os outros.
Este infinito de potência não é um ente inteiramente à parte da
nossa existência. Somos fragmentos do Todo e como tal ema-
namos um tipo de gravidade. Há um conluio entre o mundo e
as profundezas do nosso ser.
Nesta pespectiva, as Morfoses são janelas dos instantes em
que o Destino se transforma. O movimento de vida de cada
qual. As formas e possibilidades que o nosso espírito pode
ser moldado. A semente da Árvore dos possíveis. O longo per-
curso e a trajetória de uma existência. Aquilo que verdadeira-
mente somos: nossos desejos, mitos, sonhos e ilusões. A linha
tênue que divide estes mundos.
Os seres que principiaram todo tipo de vida neste planeta e
os rumos que tomaram estas biologias. Toda a multiplicidade
de cores, formas, texturas, tudo: a biodiversidade da evolução
das espécies descrita por Darwin. Os nós, os pontos de
mutação de cada passagem: As Morfoses.
Morfose: o molde de um espírito, o perfil de uma essência.
Há em nós, em nossa intimidade, as questões fundamen-
tais que pairam sob nossas cabeças sem nem percebermos.
O inconsciente é ainda um vasto universo desconhecido.
As questões existenciais permeiam nosso cotidiano - são
Morfoses que acompanham nosso Destino e estarão sem-
pre lá. O cotidiano, o nosso ir e vir é uma superfície. A pas-
sagem do tempo e o desenrolar do destino não são fatores,
capazes por si só de romper um estado. A rotura de dimen-
são é sempre um abalo, uma tomada de consciência, uma
catarse. Quando ocorre a metamorfose, os valores mudam
e o mundo torna-se outro. Transportamo-nos para outro
mundo. Rompemos a membrana da Morfose, passamos
para o outro lado. A dificuldade, a força para se superar,
para se metamorfosear:
Para se conseguir superar a matéria
é preciso dar asas ao pensamento,
é preciso voar mais que as próprias asas
Manoel de Barros
Limite e Devir
3. 1
Kairós, Deus grego do Instante, Aquele que atua no momento
preciso, nos pontos cardeais que definem os caminhos, nas Decisões
que moldam o Destino.
2
Local sagrado, usado pelos generais antes da guerra, para definição
do momento exato para agir. Hesíodo o define como uma serpente
alada de muitas cabeças.
3
Instante da conexão entre a consciência e o Absoluto. É o Illuminatio
de Santo Agostinho.
4
O Eterno encapsulado no Instante. A eternidade só é possível no
agora. O Eterno está e é cada instante, como um Big Bang às avessas.
5
O Real, o aqui e agora - o instante que separa ou conecta o passado do
futuro. O Real é uma operação temporal - o que se passou não é mais
o Real, nem tão pouco o que virá. O presente é, paradoxalmente, uma
membrana de tempo nulo.
6
O fio condutor que cria o Real - a Árvore dos Possíveis, que conecta
o solo ao cosmos, a terra ao céu, o Eu ao inconsciente, a consciência
ao Paraíso Perdido.
7
O elo perdido entre os Homens e os Deuses.
*Guarani = o Guerreiro de Si
* Tribo indígena fundamental na formação do povo brasileiro
A grande tarefa existencial de todo Guarani é conseguir vencer Ara
pyaú - tempo material. Espírito de 4 cabeças que habita os pontos
cardeais. É uma divindade canibal que rege o mundo do meio, o mundo
da matéria. Alimenta-se das roupas das almas, deixando apenas os
ossos dos seres (morte). Nos rituais Ele é a própria dança dos mundos,
das estrelas.
Mas só se consegue vencê-lo, compreendendo como Ele se movimenta,
para conseguir dançar com Ele a Dança da Vida - e tornar-se novamente
Diaguapenundé - os adornados primeiros e voltar para Ara yma - tempo
imemorial onde eram seres-pássaros, alma-pássaros.
Este, o motivo pelo qual os Guaranis usam os cocares em suas cabeças,
para nunca se esquecerem do Tempo Verdadeiro de onde vieram.
Cosmogonia Guarani por Kaká Werá Jacupé
*Simbologia africana que significa Força, Terra,
Caminhos, Arbítrio, Escolha.
*Simbologia indígena Guarani que significa O Grande Mistério,
O Imanifestado, Infinito, Eterno
4. Fé x Medo
Diálogo no século XVI entre um cacique Tupinambá e
um capitão francês, em Paranapuã, atual Rio de Janeiro
Por que vindes vós outros, Maírs e Perôs (franceses e portugueses), buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não
tendes madeira em vossa terra? ...E por que fazeis tantas fogueiras?
- Não são para fogueiras. São para tingir tecidos como vosso povo faz. De onde viemos uma nau carregada de pau-
-brasil faz rico um homem de tal forma que sua riqueza se estende por mais de 3 gerações.
Forma estranha de viver essa de vocês. Usam a Natureza com medo do amanhã. Vejo agora que vós Maírs sois
grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais
tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem. Nós aqui pensamos somente
no agora. Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também? Temos pais, mães e filhos a quem
amamos, mas estamos certos de que depois de nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso
descansamos sem maiores cuidados (...)”.
“A fé é, definitivamente, um modo de existir. E esse
modo me põe imediatamente em relação com o absurdo
e o paradoxo.
A fé reúne a reflexão e o êxtase, a procura infindável e a
visão instantânea da Verdade; as decisões humanas não
se ordenam por conceitos, mas por alternativas e saltos.”
Kierkegaard
Árvore dos Possíveis
5. O Arbítrio do Livre-Espírito
“No momento em que realmente
nos decidimos, então o universo
começa a agir também.
Todo tipo de coisa começa
a ocorrer, coisas que não
ocorreriam normalmente, mas
que acontecem porque você
tomou a decisão (...).
Coragem tem dentro de si
inteligência, poder e magia.
Então comece agora”
Goethe
“Torna-te Quem És”
Zaratustra, NietzscheXamã Yaqui em Viagem a Ixtlan, C. Castañeda
Fio Condutor do Destino
“Os Atos têm Poder”
6. Alugam-Se Nomes Para Travessias Terrestes • Homem de Neanderthal no Jardim das Delícias • A Morte Pediu Passagem, mas o Acaso não Cedeu •
Picasso Refletindo e Cagando Na ‘Privada’ de Duchamp • Excesso de Gravidade no Grande Sonho da Humanidade • Penélope Entrando no Lexotan
• Peões da Luxúria no Tabuleiro das Coisas Vivas • Frutos de Vertigem na Árvore dos Possíveis • Siga-Se • Afeto Profundo no Horizonte de
Horror • Perto do Mar, Longe da Cruz • Os Inocentes São os Incendiários! • Desvio para o Vazio • Jerusalém 3 X 0 Babilônia • Rituais Sagrados
no Matadouro Mecanizado • O Fragmento Gaia • O Funeral dos Deuses sob a tua Testa, Infeliz! • Laboratório de Sentimentos nos Dias que se
Vão • A Vitória do Homem Sobre a Crueldade do Mundo • Arquitetura Futurista de Dédalo • Rimbaud Engravatado Sabotando a Rainha das
Corporações • Minotauro na Fila do Inss • Petróleo Compondo Natureza Morta • A Função do Orgasmo dos Sacerdotes • Combustível Fóssil
para Outra Dimensão • Chronos Devorando o Mundo e Cagando a Pedra Filosofal • Tabela Periódica Psíquica • Sinapses Futuristas no Olhar
de Che • Excomunhão dos Cristos na Terra dos Infiéis • Realidade Ancorada no Sonho • O Instante do Crepúsculo • Vã Filosofia • O Libertino
Pregador • O Rio Heráclito • Retocando o Real na Sala de Espelhos Cubista • Transcendendo a Evidência • Darwin Desvendando a Macieira
• Ponto Zero do Círculo • Genealogia do Paraíso • Borges Passeando no Labirinto Mental de Sua Biblioteca • Serpente Devorando sua Cauda
no Eterno Retorno • O Funeral da Última Esperança* • Santo Nietzsche • Protagonista do Absurdo na Cena Principal • Entre o Rochedo e o
Mar • Hibernação de Cianureto para Sonhos Arianos • Signo Conhecido Hasteado na Terra-Com-Males • Objetos Imemoriais • Cartas Anônimas
Navegando nos Oceanos da Linguagem • Reveillon de Puritanos Na Noite De Cristais • Bússula do Além • Adubo do Pó-Eterno Erguendo a Árvore
dos Possíveis • Separando o Trigo e o Ouro no Profundo Consciente • Herói Domesticado na Catacumba da Velha Psicanalítica • Ex-Revoltado
Pilotando o Império dos Conformados • Descontrole Entre o Carbono e o Desejo • La Ternura Endurecida • O Inferno Visível de Adam Smith •
A Consciência Zeitgeist • O Matemático Reverendo • O Paraíso se Perdeu • O Olho que Tudo Vê Encarando Medusa • Acaso, o Ventre Divino •
Consciência de Sofia na Cova dos Leões • Ruflar de Asas dos Sonhos que Virão • A Gênese do Infinito • Um Pouco Além do Limite do Fim • Sob
o Signo do Carcará • Revoada de Colibris Sobre a Floresta das Ervas Daninhas • O Óbvio Buñuel • O Fim do Mundo, ao Fim de sua Vida • A
Verdade Irrefutável na Atmosfera do Impossível • Entorpecente atemporal indicado para Utópicos • Imperial Devir • O Eterno Embalsamado no
Real • Favor devorar a Esfinge com a Boca Fechada!
Temas
7. Rogério Reis
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roger.melo.reis@gmail.com
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