1) Maria Peres Balteira foi uma soldadeira galega que serviu nas cortes de Fernando III e Afonso X de Castela. Ela provavelmente nasceu em uma família da pequena nobreza na Galiza.
2) Afonso X ataca jocosamente um deão de Cádis por seu gosto por livros eróticos e feitiçaria, sugerindo que ele usava ensinamentos desses livros para seduzir mulheres.
3) Uma cantiga satiriza o deão de Cádis, sugerindo que ele usava livros á
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Cantigas profanas medievais
1. Cantigas Profanas Medievais
Maria Peres Balteira
Famosa soldadeira galega, ativa nas cortes castelhanas de Fernando III e Afonso X. Provavelmente
originária da povoação de Armea (Betanzos, A Coruña), na Galiza, Maria Peres terá nascido numa família
da pequena nobreza, de quem vai herdar algumas propriedades. Do documento de venda de uma dessa
suas herdades ao mosteiro galego de Sobrado, datado de 1257, se depreende que deve ter acabado
confortavelmente os seus dias como familiar deste mosteiro, e isto atendendo aos termos em que é feito o
acordo, e que indiciam um certo desafogo económico. De resto, e embora no referido documento não
conste o nome Balteira, como nele se refere explicitamente que a transação é feita com vista a uma
cruzada a realizar por Maria Peres, e a cruzada da Balteira é um dos motivos das cantigas que os
trovadores afonsinos lhe dirigem, os investigadores, desde Martínez Salazar1, têm identificado a referida
dona com a soldadeira. Já sobre o percurso posterior de Maria Balteira não há certezas, mas é possível
que ainda fosse viva no início da década de oitenta do século XIII.
Joao Vasques de Talaveira
Maria Leve, u se maenfestava,
direi-vos ora o que confessava:
- Sõo velh', ai capelam!
Nom sei hoj'eu mais pecado[r] burguesa
de mim; mais vede-lo que mi mais pesa:
sõo velh', ai capelam!
Sempr[e] eu pequei, des que fui foduda,
pero direi-vos per que [som] perduda:
sõo velh', ai capelam!
Afonso X, o Sábio
Afonso X ataca jocosamente o deão de Cádis a propósito do seu gosto pelos livros eróticos,
aliado ao seu pendor para a feitiçaria. Tratar-se-ia de livros árabes, como as referências às
mouras parecem fazer entender? De qualquer forma, e numa linguagem bastante crua
(embora transposta para a boca do criado que lhe levaria os ditos livros), o que Afonso X
2. pretende dizer é que, com o pretexto de fazer curas milagrosas, ele punha em prática os
ensinamentos desses livros com todas as mulheres que lhe passavam perto.
Não havendo dados concretos que nos permitam datar com segurança a cantiga, é possível,
como sugere Márquez Villanueva1, que ela tenha sido composta por volta de 1267, ano em
que o rei se ocupou, junto do bispo de Sevilha, de alguns problemas fiscais do cabido de Cádiz.
Acrescente-se que o deão de Cádiz Rui Dias foi um dos encarregados reais do Repartimento de
Jerez, efetuado em 1264 (González Jimenez, 1999:310, nota 112). A tratar-se da mesma
personagem, é possível que algum desentendimento posterior com o monarca tenha servido
de contexto à sua cantiga.
Ao daian de Cález eu achei
livros que lhe levarian da benzer,
e o que os tragia preguntei
por eles, e respondeu-m' el: -Senher,
con estesl i vros que vós veedes dous
e conos outros que el ten dos sous,
fod' el per eles quanto foder quer.
E ainda vos end' eu mais direi:
macar vel el muit' aja de leer,
por quanto eu de sa fazenda sei,
conosli v ro s que ten non á molher
a que non faça que semelhen grous
os corvos, e as anguias babous
Per força de foder, se x'el quiser
Ca non á mais, na arte do foder,
do que enosl i vros que el ten jaz;
e el á tal sabor de os leer,
3. que nunca noite nen dia al faz;
e sabe d' arte do foder tan ben,
que cõnos seusl i vros d' artes, que el ten,
fod' el as mouras cada que lhi praz.