SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 10
Cesário Verde
Biografia
➔ José Joaquim Cesário Verde,nasceu a 25 de fevereiro de 1855. Morreu a 19 de julho de 1886, vítima de
tuberculose.
➔ Em 1873 matriculou-se no curso superior de letras que abandonou passado alguns meses. No mesmo
ano começou a publicar os seus primeiros poemas.
➔ Em 1884 desenvolveu os negócios da família e começou a frequentar os meios literários e reuniões
(tertúlias) intelectuais. Fez parte de um grupo que se reunia no Café Martinho da Arcada, em Lisboa,
que era composto por estudiosos portugueses como Guerra Junqueiro (jornalista e poeta), Gomes Leal
(poeta e crítico), João de Deus (poeta lírico), Fialho de Almeida (jornalista e escritor).
➔ Em 1887, um ano após a sua morte, o seu amigo Silva Pinto publicou em livro uma compilação dos
seus poemas. Cesário acreditava que o campo era fonte de alegria, amor e vida enquanto a cidade para
ele era símbolo de melancolia, doentia e tristeza. A sua inteligência, imaginação e escrita, levavam-no a
passar para o papel o que via enquanto passeava pela cidade. Na sua escrita deixava várias críticas
sociais.
“De Tarde”
Naquele pic-nique de burguesas, (A)
Houve uma cousa simplesmente bela, (B)
E que, sem ter história nem grandezas, (A)
Em todo o caso dava uma aguarela. (B)
Foi quando tu, descendo do burrico, (C)
Foste colher, sem imposturas tolas, (D)
A um granzoal azul de grão-de-bico (C)
Um ramalhete rubro de papoulas. (D)
AÇÃO
PERSONAGENS (poeta e uma mulher)
ESPAÇO (campo)
“De Tarde”
Pouco depois, em cima duns penhascos, (E)
Nós acampámos, inda o Sol se via, (F)
E houve talhadas de melão, damascos, (E)
E pão-de-ló molhado em malvasia. (F)
Mas, todo púrpuro a sair da renda (G)
Dos teus dois seios como duas rolas, (H)
Era o supremo encanto da merenda (G)
O ramalhete rubro das papoulas! (H)
AÇÃO
PERSONAGENS (poeta e uma mulher)
ESPAÇO (campo)
TEMPO (fim de tarde)
Este poema é composto por: quatro estrofes e cada estrofe é composta por quatro
versos (quadras).
Os versos são decassilábicos: Na|que|le pi|que-ni|que| de| bur|gue|sas (10
silabas)
As rimas são cruzadas: (ABAB); (CDCD); (EFEF); (GHGH)
As estrofes são: estrofes ricas (três primeiras estrofes) e uma pobre (última estrofe)
O poema pode ser dividido em três partes:
1ª parte: 1ª estrofe - Apresentação do acontecimento que dá lugar ao quadro
(aguarela)
2ª parte: 2ª e 3ª estrofe - Descrição dinâmica dos elementos do quadro,
observados no geral
3ª parte: 4ªestrofe - Direcionamento da atenção para o primeiro plano da
“pintura”
1ª e 2ª Estrofe
O sujeito poético tem capacidade descritiva, demonstra gosto pela natureza e
pelas coisas simples. O valor real das coisas para o poeta está na simplicidade.
Cesário Verde demonstra gosto pela mulher simples que não se dá a luxos e
que gosta da natureza e do campo como ele.
O poeta descreve o local onde a burguesa fora colher as papoulas, o que
demonstra a capacidade que ele tem de descrever o que observa. Quando a sua
poesia é lida, o leitor consegue imaginar com facilidade a cena. No 4º verso da
primeira estrofe o sujeito assume-se como um pintor. Podemos dizer que Cesário
Verde é um poeta-pintor porque ele pinta com as palavras os pormenores dos seus
poemas. (ex: sugestões de cor: “azul”, “rubro”, “púrpuro”)
3ª e 4ª Estrofe
Através de alguns substantivos e de enumerações ele descreve os elementos que compõem a merenda. Ele
menciona os frutos e o resto da comida, através de sensações visuais (sugestão visual: “inda o sol se via”) e gustativas.
(sugestões gustativas: “talhadas de melão, damascos/ e pão-de-ló molhado em malvasia”)
O sujeito poético apresenta vários elementos narrativos como uma ação. Apresenta acontecimentos no tempo e no
espaço, apresenta uma personagem principal e figurantes, narração e descrição.
A última quadra é iniciada por uma conjunção coordenativa adversativa (relação de oposição, contraste ou
compensação pela conjunção adversativa mas) que confere a ideia de que o poeta esqueceu o pic-nique por um instante e
concentra-se na mulher que lhe provoca sentimentos e que é portadora de uma grande sensualidade “Mas, todo o púrpuro
a sair da renda dos teus seios como duas rolas”, usando aqui uma comparação. Os dois seios remetem para a
sensualidade da mulher, destaca-se muito a cor vermelha “rubro” que nos leva para a vida sanguínea mas também para o
calor dos seios da figura feminina, criando uma relação de proximidade com as papoulas.
O poema termina com uma frase de exclamação que pretende transpor-nos aquilo que o poeta reteve no pic-nique,
ou seja, essencialmente a beleza daquela figura feminina que vai provocando um turbilhão de ideias na cabeça do poeta.
Figuras de Estilo
Aliteração: A aliteração é uma figura de linguagem que consiste na repetição de
fonemas de consoantes ou sílabas.
“A um granzoal azul de grão-de-bico”
“Um ramalhete rubro de papoulas”
“E pão-de-ló molhado em malvasia”
Anáfora: É a repetição da mesma palavra ou grupo de palavras no princípio de
frases ou versos consecutivos.
“E houve talhadas de melão, damascos
E pão-de-ló molhado em malvasia”
Figuras de Estilo
Sinestesia: É uma figura de linguagem que consiste na união de termos que
expressam diferentes percepções sensoriais.
Sensação visual - cores, elementos do cenário (melão, damascos), “inda o sol se
via”;
Sensação gustativa - referência aos alimentos (“E pão-de-ló molhado em malvasia”)
Comparação: Consiste na ideia de relacionar dois termos diferentes numa mesma
oração, com o intuito de reforçar ou enfatizar a mensagem a ser transmitida.
“Dos teus dois seios como duas rolas”

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

A representação na amada na lírica de Camões
A representação na amada na lírica de CamõesA representação na amada na lírica de Camões
A representação na amada na lírica de CamõesCristina Martins
 
Valor modal das frases
Valor modal das frasesValor modal das frases
Valor modal das frasesnando_reis
 
Análise de Os Lusíadas
Análise de Os Lusíadas Análise de Os Lusíadas
Análise de Os Lusíadas Lurdes Augusto
 
Modalidade do verbo
Modalidade do verboModalidade do verbo
Modalidade do verboAna Martins
 
Cesário Verde-Sistematização
Cesário Verde-SistematizaçãoCesário Verde-Sistematização
Cesário Verde-SistematizaçãoDina Baptista
 
Modificador restritivo e apositivo do nome
Modificador restritivo e apositivo do nomeModificador restritivo e apositivo do nome
Modificador restritivo e apositivo do nomeAntónio Fernandes
 
Alberto caeiro eu nunca guardei rebanhos- análise
Alberto caeiro   eu nunca guardei rebanhos- análiseAlberto caeiro   eu nunca guardei rebanhos- análise
Alberto caeiro eu nunca guardei rebanhos- análiseAnabela Fernandes
 
Esquema rimatico e versos
Esquema rimatico e versosEsquema rimatico e versos
Esquema rimatico e versosdomplex123
 
Síntese fernando pessoa
Síntese fernando pessoaSíntese fernando pessoa
Síntese fernando pessoalenaeira
 
Erros meus, má fortuna, amor ardente
Erros  meus, má fortuna, amor ardenteErros  meus, má fortuna, amor ardente
Erros meus, má fortuna, amor ardenteHelena Coutinho
 
Modificadores
ModificadoresModificadores
Modificadoresgracacruz
 
Alberto caeiro biografia e caracteristicas
Alberto caeiro biografia e caracteristicasAlberto caeiro biografia e caracteristicas
Alberto caeiro biografia e caracteristicasAnabela Fernandes
 
Cesario Verde Ave Marias Ana Catarina E Ana Sofia
Cesario Verde   Ave Marias   Ana Catarina E Ana SofiaCesario Verde   Ave Marias   Ana Catarina E Ana Sofia
Cesario Verde Ave Marias Ana Catarina E Ana SofiaJoana Azevedo
 

La actualidad más candente (20)

A representação na amada na lírica de Camões
A representação na amada na lírica de CamõesA representação na amada na lírica de Camões
A representação na amada na lírica de Camões
 
Valor modal das frases
Valor modal das frasesValor modal das frases
Valor modal das frases
 
Análise de Os Lusíadas
Análise de Os Lusíadas Análise de Os Lusíadas
Análise de Os Lusíadas
 
Modalidade do verbo
Modalidade do verboModalidade do verbo
Modalidade do verbo
 
Cesário Verde-Sistematização
Cesário Verde-SistematizaçãoCesário Verde-Sistematização
Cesário Verde-Sistematização
 
A fragmentação do eu
A fragmentação do euA fragmentação do eu
A fragmentação do eu
 
Modificador restritivo e apositivo do nome
Modificador restritivo e apositivo do nomeModificador restritivo e apositivo do nome
Modificador restritivo e apositivo do nome
 
Atos de fala
Atos de falaAtos de fala
Atos de fala
 
Alberto caeiro eu nunca guardei rebanhos- análise
Alberto caeiro   eu nunca guardei rebanhos- análiseAlberto caeiro   eu nunca guardei rebanhos- análise
Alberto caeiro eu nunca guardei rebanhos- análise
 
Esquema rimatico e versos
Esquema rimatico e versosEsquema rimatico e versos
Esquema rimatico e versos
 
Horizonte
HorizonteHorizonte
Horizonte
 
Síntese fernando pessoa
Síntese fernando pessoaSíntese fernando pessoa
Síntese fernando pessoa
 
Erros meus, má fortuna, amor ardente
Erros  meus, má fortuna, amor ardenteErros  meus, má fortuna, amor ardente
Erros meus, má fortuna, amor ardente
 
As cantigas de amigo
As cantigas de amigoAs cantigas de amigo
As cantigas de amigo
 
A métrica e a rima
A métrica e a rimaA métrica e a rima
A métrica e a rima
 
Modificadores
ModificadoresModificadores
Modificadores
 
Deíticos
DeíticosDeíticos
Deíticos
 
Alberto caeiro biografia e caracteristicas
Alberto caeiro biografia e caracteristicasAlberto caeiro biografia e caracteristicas
Alberto caeiro biografia e caracteristicas
 
Cesario Verde Ave Marias Ana Catarina E Ana Sofia
Cesario Verde   Ave Marias   Ana Catarina E Ana SofiaCesario Verde   Ave Marias   Ana Catarina E Ana Sofia
Cesario Verde Ave Marias Ana Catarina E Ana Sofia
 
Recursos expressivos
Recursos expressivosRecursos expressivos
Recursos expressivos
 

Similar a Cesário Verde, o poeta-pintor

Similar a Cesário Verde, o poeta-pintor (20)

Lira dos vinte anos andré,douglas, luis augusto
Lira dos vinte anos  andré,douglas, luis augustoLira dos vinte anos  andré,douglas, luis augusto
Lira dos vinte anos andré,douglas, luis augusto
 
Língua Portuguesa - O que é literatura
Língua Portuguesa - O que é literaturaLíngua Portuguesa - O que é literatura
Língua Portuguesa - O que é literatura
 
Simbolismo[1]
Simbolismo[1]Simbolismo[1]
Simbolismo[1]
 
Herança portuguesa - resumo dos movimentos portugueses
Herança portuguesa - resumo dos movimentos portuguesesHerança portuguesa - resumo dos movimentos portugueses
Herança portuguesa - resumo dos movimentos portugueses
 
Teoria LiteráRia Ensino MéDio
Teoria LiteráRia Ensino MéDioTeoria LiteráRia Ensino MéDio
Teoria LiteráRia Ensino MéDio
 
Espumas flutuantes
Espumas flutuantesEspumas flutuantes
Espumas flutuantes
 
Regresso, Alda Lara
Regresso, Alda LaraRegresso, Alda Lara
Regresso, Alda Lara
 
Nós, de Cesário Verde
Nós, de Cesário VerdeNós, de Cesário Verde
Nós, de Cesário Verde
 
Navio Negreiro Castro Alves
Navio Negreiro   Castro AlvesNavio Negreiro   Castro Alves
Navio Negreiro Castro Alves
 
Literatura-Poesia-Concreta.pdf
Literatura-Poesia-Concreta.pdfLiteratura-Poesia-Concreta.pdf
Literatura-Poesia-Concreta.pdf
 
Cesário Verde
Cesário VerdeCesário Verde
Cesário Verde
 
Tipos De Poesias
Tipos De PoesiasTipos De Poesias
Tipos De Poesias
 
Enem literatura
Enem  literaturaEnem  literatura
Enem literatura
 
Romantismo slide
Romantismo   slideRomantismo   slide
Romantismo slide
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Apresentação para décimo segundo ano, aula 6
Apresentação para décimo segundo ano, aula 6Apresentação para décimo segundo ano, aula 6
Apresentação para décimo segundo ano, aula 6
 
Tudo Sobre Poetas
Tudo Sobre PoetasTudo Sobre Poetas
Tudo Sobre Poetas
 
Dos Engenhos Da Poesia Edson Soares Martins
Dos Engenhos Da Poesia Edson Soares MartinsDos Engenhos Da Poesia Edson Soares Martins
Dos Engenhos Da Poesia Edson Soares Martins
 
questoes-romantismo-enem.pdf
questoes-romantismo-enem.pdfquestoes-romantismo-enem.pdf
questoes-romantismo-enem.pdf
 
Tipos De Poesias
Tipos De PoesiasTipos De Poesias
Tipos De Poesias
 

Más de Silvia Raquel Freitas Vieira

Instrumentos de Regulamentação Coletiva de Trabalho negociais
Instrumentos de Regulamentação  Coletiva de Trabalho negociaisInstrumentos de Regulamentação  Coletiva de Trabalho negociais
Instrumentos de Regulamentação Coletiva de Trabalho negociaisSilvia Raquel Freitas Vieira
 
Template apresentacao powerpoint garh-3 modificado
Template apresentacao powerpoint garh-3 modificadoTemplate apresentacao powerpoint garh-3 modificado
Template apresentacao powerpoint garh-3 modificadoSilvia Raquel Freitas Vieira
 

Más de Silvia Raquel Freitas Vieira (19)

Velhice atualmente - português 10 ano ff
Velhice atualmente - português 10 ano ffVelhice atualmente - português 10 ano ff
Velhice atualmente - português 10 ano ff
 
UM POETA LÍRICO EÇA DE QUEIRÓS
UM POETA LÍRICO EÇA DE QUEIRÓSUM POETA LÍRICO EÇA DE QUEIRÓS
UM POETA LÍRICO EÇA DE QUEIRÓS
 
the lovers - René
the lovers - Renéthe lovers - René
the lovers - René
 
um poeta lírico - Eça de Queirós
um poeta lírico - Eça de Queirósum poeta lírico - Eça de Queirós
um poeta lírico - Eça de Queirós
 
Turismo em massa
Turismo em massaTurismo em massa
Turismo em massa
 
The silver moon
The silver moonThe silver moon
The silver moon
 
The snows of kilimanjaro sir ernerst
The snows of kilimanjaro sir ernerstThe snows of kilimanjaro sir ernerst
The snows of kilimanjaro sir ernerst
 
The Remarkable rocket
The Remarkable rocketThe Remarkable rocket
The Remarkable rocket
 
Alemanha – nuremberga (nürnberg)
Alemanha – nuremberga (nürnberg)Alemanha – nuremberga (nürnberg)
Alemanha – nuremberga (nürnberg)
 
Avaliação de desempenho
Avaliação de desempenho Avaliação de desempenho
Avaliação de desempenho
 
Tipos de Protecção Colectiva
Tipos de Protecção Colectiva Tipos de Protecção Colectiva
Tipos de Protecção Colectiva
 
Influência Social Minoritária
Influência Social Minoritária Influência Social Minoritária
Influência Social Minoritária
 
Instrumentos de Regulamentação Coletiva de Trabalho negociais
Instrumentos de Regulamentação  Coletiva de Trabalho negociaisInstrumentos de Regulamentação  Coletiva de Trabalho negociais
Instrumentos de Regulamentação Coletiva de Trabalho negociais
 
Leonardo da Vinci
Leonardo da Vinci  Leonardo da Vinci
Leonardo da Vinci
 
Teorias gerais da administração
Teorias gerais da administraçãoTeorias gerais da administração
Teorias gerais da administração
 
Insular
InsularInsular
Insular
 
Divórcio
DivórcioDivórcio
Divórcio
 
Vinho do Porto
Vinho do PortoVinho do Porto
Vinho do Porto
 
Template apresentacao powerpoint garh-3 modificado
Template apresentacao powerpoint garh-3 modificadoTemplate apresentacao powerpoint garh-3 modificado
Template apresentacao powerpoint garh-3 modificado
 

Último

A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesMary Alvarenga
 
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdfJorge Andrade
 
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfEditoraEnovus
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinhaMary Alvarenga
 
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasCassio Meira Jr.
 
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxOsnilReis1
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADOcarolinacespedes23
 
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfBRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfHenrique Pontes
 
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimirFCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimirIedaGoethe
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniCassio Meira Jr.
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Mary Alvarenga
 
Educação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPEducação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPanandatss1
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfAdrianaCunha84
 
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024Sandra Pratas
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduraAdryan Luiz
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.keislayyovera123
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfManuais Formação
 

Último (20)

A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
 
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
 
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
 
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinha
 
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
 
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
 
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
 
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfBRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
 
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimirFCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
 
Educação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPEducação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SP
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
 
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditadura
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
 

Cesário Verde, o poeta-pintor

  • 2. Biografia ➔ José Joaquim Cesário Verde,nasceu a 25 de fevereiro de 1855. Morreu a 19 de julho de 1886, vítima de tuberculose. ➔ Em 1873 matriculou-se no curso superior de letras que abandonou passado alguns meses. No mesmo ano começou a publicar os seus primeiros poemas. ➔ Em 1884 desenvolveu os negócios da família e começou a frequentar os meios literários e reuniões (tertúlias) intelectuais. Fez parte de um grupo que se reunia no Café Martinho da Arcada, em Lisboa, que era composto por estudiosos portugueses como Guerra Junqueiro (jornalista e poeta), Gomes Leal (poeta e crítico), João de Deus (poeta lírico), Fialho de Almeida (jornalista e escritor). ➔ Em 1887, um ano após a sua morte, o seu amigo Silva Pinto publicou em livro uma compilação dos seus poemas. Cesário acreditava que o campo era fonte de alegria, amor e vida enquanto a cidade para ele era símbolo de melancolia, doentia e tristeza. A sua inteligência, imaginação e escrita, levavam-no a passar para o papel o que via enquanto passeava pela cidade. Na sua escrita deixava várias críticas sociais.
  • 3.
  • 4. “De Tarde” Naquele pic-nique de burguesas, (A) Houve uma cousa simplesmente bela, (B) E que, sem ter história nem grandezas, (A) Em todo o caso dava uma aguarela. (B) Foi quando tu, descendo do burrico, (C) Foste colher, sem imposturas tolas, (D) A um granzoal azul de grão-de-bico (C) Um ramalhete rubro de papoulas. (D) AÇÃO PERSONAGENS (poeta e uma mulher) ESPAÇO (campo)
  • 5. “De Tarde” Pouco depois, em cima duns penhascos, (E) Nós acampámos, inda o Sol se via, (F) E houve talhadas de melão, damascos, (E) E pão-de-ló molhado em malvasia. (F) Mas, todo púrpuro a sair da renda (G) Dos teus dois seios como duas rolas, (H) Era o supremo encanto da merenda (G) O ramalhete rubro das papoulas! (H) AÇÃO PERSONAGENS (poeta e uma mulher) ESPAÇO (campo) TEMPO (fim de tarde)
  • 6. Este poema é composto por: quatro estrofes e cada estrofe é composta por quatro versos (quadras). Os versos são decassilábicos: Na|que|le pi|que-ni|que| de| bur|gue|sas (10 silabas) As rimas são cruzadas: (ABAB); (CDCD); (EFEF); (GHGH) As estrofes são: estrofes ricas (três primeiras estrofes) e uma pobre (última estrofe) O poema pode ser dividido em três partes: 1ª parte: 1ª estrofe - Apresentação do acontecimento que dá lugar ao quadro (aguarela) 2ª parte: 2ª e 3ª estrofe - Descrição dinâmica dos elementos do quadro, observados no geral 3ª parte: 4ªestrofe - Direcionamento da atenção para o primeiro plano da “pintura”
  • 7. 1ª e 2ª Estrofe O sujeito poético tem capacidade descritiva, demonstra gosto pela natureza e pelas coisas simples. O valor real das coisas para o poeta está na simplicidade. Cesário Verde demonstra gosto pela mulher simples que não se dá a luxos e que gosta da natureza e do campo como ele. O poeta descreve o local onde a burguesa fora colher as papoulas, o que demonstra a capacidade que ele tem de descrever o que observa. Quando a sua poesia é lida, o leitor consegue imaginar com facilidade a cena. No 4º verso da primeira estrofe o sujeito assume-se como um pintor. Podemos dizer que Cesário Verde é um poeta-pintor porque ele pinta com as palavras os pormenores dos seus poemas. (ex: sugestões de cor: “azul”, “rubro”, “púrpuro”)
  • 8. 3ª e 4ª Estrofe Através de alguns substantivos e de enumerações ele descreve os elementos que compõem a merenda. Ele menciona os frutos e o resto da comida, através de sensações visuais (sugestão visual: “inda o sol se via”) e gustativas. (sugestões gustativas: “talhadas de melão, damascos/ e pão-de-ló molhado em malvasia”) O sujeito poético apresenta vários elementos narrativos como uma ação. Apresenta acontecimentos no tempo e no espaço, apresenta uma personagem principal e figurantes, narração e descrição. A última quadra é iniciada por uma conjunção coordenativa adversativa (relação de oposição, contraste ou compensação pela conjunção adversativa mas) que confere a ideia de que o poeta esqueceu o pic-nique por um instante e concentra-se na mulher que lhe provoca sentimentos e que é portadora de uma grande sensualidade “Mas, todo o púrpuro a sair da renda dos teus seios como duas rolas”, usando aqui uma comparação. Os dois seios remetem para a sensualidade da mulher, destaca-se muito a cor vermelha “rubro” que nos leva para a vida sanguínea mas também para o calor dos seios da figura feminina, criando uma relação de proximidade com as papoulas. O poema termina com uma frase de exclamação que pretende transpor-nos aquilo que o poeta reteve no pic-nique, ou seja, essencialmente a beleza daquela figura feminina que vai provocando um turbilhão de ideias na cabeça do poeta.
  • 9. Figuras de Estilo Aliteração: A aliteração é uma figura de linguagem que consiste na repetição de fonemas de consoantes ou sílabas. “A um granzoal azul de grão-de-bico” “Um ramalhete rubro de papoulas” “E pão-de-ló molhado em malvasia” Anáfora: É a repetição da mesma palavra ou grupo de palavras no princípio de frases ou versos consecutivos. “E houve talhadas de melão, damascos E pão-de-ló molhado em malvasia”
  • 10. Figuras de Estilo Sinestesia: É uma figura de linguagem que consiste na união de termos que expressam diferentes percepções sensoriais. Sensação visual - cores, elementos do cenário (melão, damascos), “inda o sol se via”; Sensação gustativa - referência aos alimentos (“E pão-de-ló molhado em malvasia”) Comparação: Consiste na ideia de relacionar dois termos diferentes numa mesma oração, com o intuito de reforçar ou enfatizar a mensagem a ser transmitida. “Dos teus dois seios como duas rolas”