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Édipo Rei




       Cálice ático de figuras vermelhas do Pintor de Édipo
       Data: 470 a. C.
       Roma, Musei Vaticani
Onde já encontramos referência ao mito de Édipo?



    Odisséia


                Canto XI – Cena da Catábase
O Mito e Sófocles

Sófocles altera o mito

 Muda o nome da “mãe-esposa” do tirano;
 Esfinge;
 Peste;
 O juiz é réu;
 Autopunição voluntária;
 Exílio.
Prólogo (vv. 1 – 215)
Personagens: Édipo, Sacerdote, Creonte + Coro

 Diálogo: Édipo e Sacerdote – Cidade aflita;
 Creonte chega do Oráculo de Delfos;
 Diálogo: Édipo e Creonte;
 Oráculo: Uma peste assola a cidade devido ao crime
  não-punido;
 Édipo decide-se pela investigação;
 “As decisões e ações de Édipo são o fator causal no
  enredo da tragédia e constituem a expressão do seu
  caráter.” (Knox, 2002, p.10)
 Coro: Exprime dor e pede o fim desse situação em que
  a cidade se encontra;
Primeiro Episódio (vv. 216 – 512)

Personagens: Édipo, Tirésias + Corifeu, Coro

 Estabelecimento do Tribunal (v. 221);
 Diálogo: Édipo e Corifeu;
 Tirésias – Primeira Cena de Agón – Portador da
  verdade inata;
 “Tu és a imundície que emporcalha esta cidade.”
  (v. 353)
 Édipo não aceita a verdade inata;
 Primeiro Estásimo
Segundo Episódio (vv. 513 – 909)
Personagens: Creonte, Édipo, Jocasta + Coro

 Creonte – Segunda Cena de Agón – Poder
  Político;
 Jocasta – representa o pensamento daquele tempo
  (v.708);
 v. 729 – Édipo questiona a morte de Laio;
 Édipo conta sua história para Jocasta;
 Figura do Pastor;
 Segundo Estásimo: Coro – Lamenta que os
  valores tradicionais não sejam mais acreditados.
Terceiro Episódio (vv. 910 – 1109)

Personagens: Jocasta, Mensageiro, Édipo +
 Corifeu, Coro

 Chegada do Mensageiro de Corinto;
 Jocasta: Percebe os fatos;
 Édipo, mais uma vez, quer conhecer sua
  origem;
 Terceiro Estásimo: Coro – Afirma a verdade
  oracular.
Quarto Episódio (vv. 1110 – 1221)
Personagens: Édipo, Mensageiro, Pastor + Coro

 Diálogo: Mensageiro e Pastor;
 Revelação do verdadeiro assassino (vv. 1182 –
  1185);
 Reconhecimento – “a passagem do ignorar ao
  conhecer.” (Poét. XI, 1452a31);
 Peripécia – “mutação dos sucessos no contrário.”
  (Poét. XI);
 Quarto Estásimo: Coro – Destino „executado‟
Êxodo (vv. 1223 – 1533)

 Arauto: anuncia a morte de Jocasta;
 Édipo se cega;
 Patético: Édipo pede para abraçar suas
  filhas;
 Coro: “... Quem ainda não viu aquele último
  dia não poderá ser considerado feliz antes de
  transpor o termo da vida sem ter padecido
  nenhuma dor.”
“A ambiguidade de suas palavras não traduz a duplicidade de seu
caráter, que é feito de uma só peça, mas, mais profundamente, a
dualidade de seu ser. Édipo é duplo. Ele constitui por si mesmo
um enigma, cujo sentido só adivinhará quando se descobrir, em
tudo, o contrário do que ele acreditava e parecia ser.”
(VERNANT; VIDAL-NAQUET, 1999, p.77)

“o sentido trágico da responsabilidade surge quando a ação
humana dá lugar ao debate interior do sujeito, à intenção, à
premeditação, mas não adquiriu consistência e autonomia
suficientes para bastar-se integralmente a si mesma.”
(VERNANT; VIDAL-NAQUET, 1999, p.23)

“...chama-se normalmente de ironia trágica o fato de um
personagem utilizar-se de fórmulas de duplo sentido, que o seu
interlocutor não está em condições de compreender, mas que
podem ser percebidas pelo espectador.” (ROMILLY, 1998, p.92)
Bibliografia
ARISTÓTELES. Poética. Trad. Eudoro de Sousa Lisboa: Imprensa
  Nacional/ Casa da Moeda, 2002.
LESKY, A. A Tragédia Grega. Tradução de J. Guinsburg; Geraldo Gerson
  de Souza; Alberto Gulzik. São Paulo: Perspectiva, 1992. [col. Debates]
MALHADAS, Daisi. Tragédia Grega: o mito em cena. São Paulo: Ateliê
  Editorial, 2003.
PEREIRA, Maria H. da Rocha. Estudos de História da Cultura Clássica:
  Cultura Grega. 7ª ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993.
ROMILLY, Jacqueline de. A Tragédia Grega. Tradução de Ivo Martinazzo.
  Brasília: Universidade de Brasília, 1998 [1970].
SÓFOCLES. Édipo Rei. Tradução e estudo de Donaldo Schüler. Rio de
  Janeiro: Lamparina, 2004.
VERNANT, Jean-Pierre; VIDAL-NAQUET, Pierre. Mito e Tragédia na
  Grécia Antiga. SãoPaulo: Perspectiva, 1999.

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Édipo Rei - Leitura

  • 1. Édipo Rei Cálice ático de figuras vermelhas do Pintor de Édipo Data: 470 a. C. Roma, Musei Vaticani
  • 2. Onde já encontramos referência ao mito de Édipo?  Odisséia Canto XI – Cena da Catábase
  • 3. O Mito e Sófocles Sófocles altera o mito  Muda o nome da “mãe-esposa” do tirano;  Esfinge;  Peste;  O juiz é réu;  Autopunição voluntária;  Exílio.
  • 4. Prólogo (vv. 1 – 215) Personagens: Édipo, Sacerdote, Creonte + Coro  Diálogo: Édipo e Sacerdote – Cidade aflita;  Creonte chega do Oráculo de Delfos;  Diálogo: Édipo e Creonte;  Oráculo: Uma peste assola a cidade devido ao crime não-punido;  Édipo decide-se pela investigação;  “As decisões e ações de Édipo são o fator causal no enredo da tragédia e constituem a expressão do seu caráter.” (Knox, 2002, p.10)  Coro: Exprime dor e pede o fim desse situação em que a cidade se encontra;
  • 5. Primeiro Episódio (vv. 216 – 512) Personagens: Édipo, Tirésias + Corifeu, Coro  Estabelecimento do Tribunal (v. 221);  Diálogo: Édipo e Corifeu;  Tirésias – Primeira Cena de Agón – Portador da verdade inata;  “Tu és a imundície que emporcalha esta cidade.” (v. 353)  Édipo não aceita a verdade inata;  Primeiro Estásimo
  • 6. Segundo Episódio (vv. 513 – 909) Personagens: Creonte, Édipo, Jocasta + Coro  Creonte – Segunda Cena de Agón – Poder Político;  Jocasta – representa o pensamento daquele tempo (v.708);  v. 729 – Édipo questiona a morte de Laio;  Édipo conta sua história para Jocasta;  Figura do Pastor;  Segundo Estásimo: Coro – Lamenta que os valores tradicionais não sejam mais acreditados.
  • 7. Terceiro Episódio (vv. 910 – 1109) Personagens: Jocasta, Mensageiro, Édipo + Corifeu, Coro  Chegada do Mensageiro de Corinto;  Jocasta: Percebe os fatos;  Édipo, mais uma vez, quer conhecer sua origem;  Terceiro Estásimo: Coro – Afirma a verdade oracular.
  • 8. Quarto Episódio (vv. 1110 – 1221) Personagens: Édipo, Mensageiro, Pastor + Coro  Diálogo: Mensageiro e Pastor;  Revelação do verdadeiro assassino (vv. 1182 – 1185);  Reconhecimento – “a passagem do ignorar ao conhecer.” (Poét. XI, 1452a31);  Peripécia – “mutação dos sucessos no contrário.” (Poét. XI);  Quarto Estásimo: Coro – Destino „executado‟
  • 9. Êxodo (vv. 1223 – 1533)  Arauto: anuncia a morte de Jocasta;  Édipo se cega;  Patético: Édipo pede para abraçar suas filhas;  Coro: “... Quem ainda não viu aquele último dia não poderá ser considerado feliz antes de transpor o termo da vida sem ter padecido nenhuma dor.”
  • 10. “A ambiguidade de suas palavras não traduz a duplicidade de seu caráter, que é feito de uma só peça, mas, mais profundamente, a dualidade de seu ser. Édipo é duplo. Ele constitui por si mesmo um enigma, cujo sentido só adivinhará quando se descobrir, em tudo, o contrário do que ele acreditava e parecia ser.” (VERNANT; VIDAL-NAQUET, 1999, p.77) “o sentido trágico da responsabilidade surge quando a ação humana dá lugar ao debate interior do sujeito, à intenção, à premeditação, mas não adquiriu consistência e autonomia suficientes para bastar-se integralmente a si mesma.” (VERNANT; VIDAL-NAQUET, 1999, p.23) “...chama-se normalmente de ironia trágica o fato de um personagem utilizar-se de fórmulas de duplo sentido, que o seu interlocutor não está em condições de compreender, mas que podem ser percebidas pelo espectador.” (ROMILLY, 1998, p.92)
  • 11. Bibliografia ARISTÓTELES. Poética. Trad. Eudoro de Sousa Lisboa: Imprensa Nacional/ Casa da Moeda, 2002. LESKY, A. A Tragédia Grega. Tradução de J. Guinsburg; Geraldo Gerson de Souza; Alberto Gulzik. São Paulo: Perspectiva, 1992. [col. Debates] MALHADAS, Daisi. Tragédia Grega: o mito em cena. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. PEREIRA, Maria H. da Rocha. Estudos de História da Cultura Clássica: Cultura Grega. 7ª ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993. ROMILLY, Jacqueline de. A Tragédia Grega. Tradução de Ivo Martinazzo. Brasília: Universidade de Brasília, 1998 [1970]. SÓFOCLES. Édipo Rei. Tradução e estudo de Donaldo Schüler. Rio de Janeiro: Lamparina, 2004. VERNANT, Jean-Pierre; VIDAL-NAQUET, Pierre. Mito e Tragédia na Grécia Antiga. SãoPaulo: Perspectiva, 1999.