2. 1. O Homem da democracia de Atenas
Mapa da civilização grega
O território grego, montanhoso e disperso por inúmeras ilhas, favoreceu a formação de diversas colónias,
que se converteram em pequenas cidades-estado independentes, que viriam a formar a pólis grega.
3. 1.1. As origens da civilização grega
As origens da civilização helénica encontram-se na cultura minoica e na
cultura micénica, que entre 3000 e 110 a.C., registaram um considerável
desenvolvimento cultural e artístico.
Em Creta, desenvolveu-se a cultura minoica, devido a Minos, o rei de Creta
que, segundo a mitologia mandou construir um labirinto para albergar o
Minotauro, uma criatura com cabeça de touro e corpo de homem.
Esta civilização teve uma grande prosperidade económica e cultural, sendo a
responsável pela criação dos primeiros sistemas de escrita.
4. Entre 1600 e 1100 a. C., os Aqueus (povo indo-europeu)
apoderaram-se dos palácios e das riquezas de Creta e fundaram
uma outra cultura, em Micenas.
Incorporando muitas características das culturas antecessoras, a
cultura micénica afirmou-se em toda a Grécia continental como
uma continuidade da cultura minoica e construiu as raízes da
civilização grega.
5. Com o declínio de Micenas (c.110 a.C.), outras tribos vindas do Norte _ os Helenos –
ocuparam toda a península , as ilhas e a costa da Ásia Ocidental. A estes povos devemos
a criação das bases da civilização grega que se desenvolveu em três períodos distintos:
Período arcaico – (c 700-450 a.C.) caracterizado pela:
Consolidação política das cidades-estado;
Prosperidade económica;
Proliferação de centros de atividade artística
Na arquitetura são criadas as ordens arquitetónicas – a dórica e a jónica – e adotadas as
noções de simetria e proporção introduzidas por Pitágoras (filósofo e matemático)
6. Período clássico (c. 450-300 a.C), marcado:
Pelo apogeu económico, político e cultural das cidades gregas, Atenas;
Pela introdução do racionalismo no ordenamento da cidade;
Pela afirmação do ideal clássico de beleza e perfeição;
Na arquitetura é criada a ordem coríntia.
7. O Helenismo, da morte de Alexandre Magno (323 a. C) até às
conquistas romanas do seculo II a.C.; marcado pela fusão de
várias culturas, corresponde à gradual dissolução da cultura
grega.
A partir daí, os Romanos foram os responsáveis pela
da cultura grega por todo o espaço do Mediterrâneo.
8. 1.2. Atenas: a pólis como expressão da razão
A evolução política da Grécia concluiu-se durante o século VI a.C. com a
consolidação do regime político centrado na pólis, cidade-estado.
Neste período duas cidades afirmam o seu poder, disputando a hegemonia:
Esparta – oligarquia (governo do mais rico);
Atenas – democracia (poder do povo)
9. Exprimindo os princípios da racionalidade e inspirada nos ideais
democráticos, Atenas irá a partir do século V a.C., definir na sua
pólis o modelo do urbanismo ocidental.
A cidade irá orientar-se pelo:
Princípio da funcionalidade – segundo uma organização urbana que
privilegia o equilíbrio entre a estrutura física (os espaços e as
construções) e a estrutura funcional ( as várias funções que se
desenvolvem na cidade)
10. A cidade compreende três grandes áreas:
A área sagrada – constituída pelos principais templos e santuários e
integrado na acrópole, um recinto sagrado, muralhado, situado num
local elevado que dominava a cidade;
A área pública – uma zona determinada pela ágora que constitui o
centro da vida da pólis é a verdadeira praça pública onde se
realizavam as atividades políticas e económicas, o mercado e as
assembleias dos cidadãos, integrando teatros, estádios e a stoa
(pórtico)
11. A área privada – formada pelos bairros residenciais,
organizados sem distinção de classes sociais. As casas eram
bastante modestas, construídas com materiais pobres e os
compartimentos tinham pouco mobiliário, em volta de um
porticado onde se situava um poço (cisterna) que recolhia a
água da chuva.
13. 1.3. O século de Péricles (século V a.C.)
O século V a.C. ficou ligado ao nome de Péricles, por ter sido o
responsável pela consolidação do sistema democrático ateniense,
instituiu salários para todos os cargos do Estado (mistoforia), o que
permitiu a todos os cidadãos acederem a essas representações
independentemente da sua fortuna pessoal.
Atenas saiu vitoriosa das guerras Médicas pelo capacidade da
união das várias cidades gregas em torno da defesa do território
contra as várias tentativas de invasão persa.
14. Péricles desencadeou uma série de reformas políticas e administrativas e
implementou um amplo programa de desenvolvimento cultural e artístico,
protagonizando o período mais próspero da história de Atenas.
Destruída pelos Persas durante a guerra, a cidade sofreu um programa de
reconstrução que contribuiu para elevar a cidade de Atenas a centro politico e
cultural do mundo antigo.
A governação conhecida como a Idade de Ouro da Grécia Antiga ficou
marcada pela reconstrução da Acrópole de Atenas.
15. Acrópole estava situada no promontório mais elevado de Atenas, e Péricles ao
reconstruí-la tornou-a num conjunto artístico monumental e adquiriu um significado
muito profundo para a cidade, aproximando-se do monumento politico.
16. A ágora: um espaço público da cidade
Ágora:
era o coração da cidade
Era o centro da vida política, económica, social e cultural da pólis – a
cidade-estado grega.
Na Ágora:
aconteceram os principais episódios da vida social e politica;
Decorreram reuniões de cidadãos e assembleias populares, sucederam
festividades, cerimónias religiosas;
Tiveram lugar os mercados e as feiras;
Discutir assuntos que dizem respeito à vida da cidade.
18. A palavra “ágora” tem origem no grego agorien, significando
“discutir, deliberar, decidir”
O seu significado vai evoluindo e passa a referir-se a “comprar”
O comércio foi uma das principais atividades dos povos antigos e
que estimulou as relações entre os povos, implicando a
comunicação, a discussão de interesses, a troca de ideias e a
tomada de decisões.
19. A ágora de Atenas foi modelo para as outras cidades e desempenhou um
papel fundamental na consolidação da democracia e da política da
cidade.
Era neste espaço público que as pessoas se encontravam, reuniam e
discutiam sobre os assuntos de interesse comum, debatiam e decidiam
sobre temas ligados à justiça, à guerra, às leis, às obras públicas, à cultura,
aos jogos.
Dominando a oratória, a arte de convencer, os cidadãos votavam e
decidiam, sobre os destinos da cidade através do voto direto de braço no
ar.
A ágora era lugar do exercício da cidadania, da liberdade e da democracia.
20. À volta da ágora situavam-se os edifícios mais importantes da
cidade, destinados às funções administrativas, judiciais, legislativas,
comerciais e religiosas da pólis:
O areópago – conselho judicial e político que julgava os crimes
públicos;
O buleutério – um edifício em anfiteatro onde se reunia a assembleia
de cidadãos (a bulé) que debatia os assuntos políticos da cidade;
A stoa – destinado a várias funções e aberto ao público;
Os templos, altares e santuários dedicados a deuses e heróis
21. No tempo de Péricles, a sociedade ateniense era formada por três
grupos sociais distintos:
Cidadãos:
eram homens livres, maiores de 18 anos, filhos de pai e mãe ateniense;
Tinham plenos direitos, podiam ser proprietários de terras e participar
na vida política da cidade
22. Metecos:
Eram estrangeiros provenientes de outras cidades gregas com
autorização para viverem e exercerem atividades na cidade.
Dedicavam-se ao comércio e ao artesanato, eram homens livres, mas
não podiam ser proprietários de terras nem participar nas instituições
políticas da cidade.
Eram os únicos a pagar impostos e eram obrigados a cumprir serviço
miltar
23. Escravos:
Eram estrangeiros, geralmente prisioneiros de guerra ou
comprados fora da Grécia.
Eram utilizados nos trabalhos mais pesados, nos campos, nas
oficinas, nas minas ou nos trabalhos domésticos
24. Mulheres:
Tinham um papel muito restrito na sociedade grega, limitando-
se à esfera privada.
Era educadas para serem mães e gerir as lides domésticas, não
podendo participar na vida pública (politica e administrativa)
25. A mitologia: deuses e heróis
A mitologia é a história fabulosa dos deuses e heróis da Antiguidade.
O mito é o relato das proezas extraordinárias dos deuses e heróis, é
um modo de expressão simbólica com que as civilizações antigas
explicaram os factos históricos e os fenómenos naturais.
A imaginação fértil do povo grego criou figuras mitológicas,
personagens fantásticas e seres extraordinários que habitavam o
mundo físico dos homens, influenciando as suas vidas e determinado
os seus destinos.
26. Os deuses eram semelhantes aos Homens na forma e nos
sentimentos – virtudes, defeitos e vícios – mas distinguem-se pela
imortalidade e pelas superiores qualidades, sempre jovens. Fortes,
belos e inteligentes.
27. A organização do pensamento
A necessidade de saber e de encontrar explicações para tudo
deu origem à filosofia, uma atividade intelectual que resultava da
reflexão, da indagação e da especulação racional sobre o
mundo, sobre as coisas e sobre o Homem, com o propósito de
aspirar ao conhecimento.
O objetivo da filosofia é estudar os problemas fundamentais
relacionados com a existência, com o conhecimento, com a
verdade, com a ética e com os valores morais e estéticos.
28. No período arcaico, os filósofos pré-socráticos seguiram uma via
de estudo cosmológica, estabelecendo que todas as coisas no
mundo e na natureza descendiam dos elementos básicos (água,
terra, fogo e ar).
No século V a.C. , surgem os sofistas, mestres da retórica, da arte
de argumentar e de “bem falar”, defendem “o homem como
medida de todas as coisas”, colocando as questões antropológicas
no centro do debate filosófico.
29. Sócrates valorizou esta abordagem antropológica
estabelecendo que só “o conhecimento de si próprio” pode
conduzir o Homem à virtude, à verdade, ao bem e ao belo.
Platão, seu discípulo, defendeu a distinção entre o mundo das
ideias e o mundo físico e material, enquanto Aristóteles, que
personificou o espírito filosófico moderno, privilegiou a
e a análise empírica das coisas, em detrimento das ideias e das
sensações.
30. O grego Péricles
Estadista, orador e strategos militar de Atenas entre 443 e 429 a.C. ,
Péricles desencadeou um conjunto de medidas reformistas e uma
ação cultural e artística na cidade que constituiu a Idade de Ouro
da Grécia Antiga.
Péricles dirigiu a política da cidade e foi responsável por uma
intensa atividade cultural e artística e pela consolidação da
democracia
31. A batalha de Salamina
As guerras greco-pérsicas ficaram conhecidas por Guerras Médicas.
Após vários confrontos, as cidades gregas uniram-se contra uma
poderosa armada persa, que foi derrotada no estreito de Salamina.
A Batalha de Salamina, em 480 a.C. , constituiu uma significativa
vitória militar dos Gregos, comandados pelos Atenienses, contra os
Persas, ficando associada ao despertar do orgulho grego e a vitória
da “razão” contra a “bárbarie”.
32. A arquitetura: em busca da harmonia e
da proporção
As origens da arte e da arquitetura grega encontram-se em
Creta e em Micenas.
Da cultura minoica, temos evidências do Palácio de Minos, em
Cnossos, cuja arquitetura apresenta uma escala humanizada e
uma organização espacial que privilegia as atmosferas íntimas e
os interiores requintados e a preocupação pela composição
arquitetónica.
33. Coluna do Palácio de Minos,
Cnossos, c. 1500 a.C.
Um dos elementos mais
característicos do Palácio de Minos
é esta coluna de forma
troncocónica, pintada de vermelho,
inspirada na arquitetura egípcia e
que antecede a coluna grega
dórica.
A coluna possui um elevado valor
simbólico, associado a valores
como o poder, a autoridade e a
soberania.
34. Herdado de Micenas, o espaço mais característico dos palácios dos
reis aqueus – o mégaron - estaria na origem dos templos gregos.
35. A principal expressão da arquitetura grega foi o templo e as ordens
arquitetónicas.
Numa fusão do racionalismo, do idealismo e do antropocentrismo
que determinava “o Homem como medida de todas as coisas”, o
templo é um objeto arquitetónico com um forte carácter estético.
Concebido como a morada dos deuses e “abrigo” da imagem da
divindade, o templo destina-se a ser contemplado do exterior,
assumindo, um sentido escultórico.
36. No templo concentra-se a procura da racionalidade, da harmonia e
do belo como objetivo final de todas as suas pesquisas.
A coluna é o elemento primordial de todo o sistema de ordens
arquitetónicas, que define as proporções ideias para todos os
componentes do templo de acordo com as proporções matemáticas
pré-estabelecidas.
Estas constituíram normas e regras construtivas (ou cânones),
modelo e valores estéticos aos quais todos os elementos se deviam
submeter de modo a participarem na harmonia de conjunto.
37. A organização do templo derivou do mégaron micénico, com três espaços:
O naos ou cella, o habitáculo da divindade;
O pronaos, um pórtico que precedia o naos;
O opistódomos, com a função de câmara do tesouro da cidade, constituído
pelas oferendas aos deuses.
Os templos são designados consoante o número de colunas das fachadas, os
mais comuns são:
Tetrástilo (4 colunas);
Pentástilo (5 colunas);
Hexástilo (6 colunas);
octástilo
39. A estrutura assenta sobre o estilóbata, a superfície de uma
plataforma escalonada designada estereóbata;
O peristilo consiste no perímetro de colunas em série que circunda
circunda todo o todo o edifício e suporta o entablamento;
O entablamento é formado pela sobreposição da arquitrave, do
friso e da cornija; esta última enquadra as duas águas da cobertura
cobertura que forma os frontões.
No interior dos frontões, os tímpanos, destinavam-se à
representação de baixos-relevos com temas mitológicos.
42. Ordem dórica
Nasceu na Grécia continental, por volta de 600 a.C,;
Possui formas geométricas e a sua decoração é quase
inexistente;
Não tem qualquer tipo de base, assenta diretamente
no estilóbato (último degrau no nível inferior onde
assenta o edifício);
43. Apresenta um aspeto sóbrio, pesado e maciço
traduzindo assim a forma do Homem;
O fuste é robusto e com caneluras em aresta viva e
capitel formado pelo ábaco e equino ou coxim,
extremamente simples e geométrico, com forma de
almofada;
Simboliza a imponência e a solidez.
45. Ordem Jónica
Templo de Atena Niké, Atenas
A coluna jónica é decorada com volutas, tem base e o
fuste é mais fino e elegante.
46. Ordem Jónica
Nasceu na Jónia no séc. VI a.C.;
Difere da ordem anterior nas proporções de todos os
elementos e na decoração mais abundante da coluna e
do entablamento e pela coluna assentar numa base;
Pelas suas dimensões e formas mais esbeltas, traduz a
forma da mulher;
47. Possui um fuste mais longo e delgado, com
caneluras semicilíndricas, sem arestas vivas, e em
maior número que na ordem dórica;
O capitel possuía um ábaco simples e o equino
em forma de volutas enroladas em espiral
48. Nalguns casos, as colunas jónicas podem ser substituídas por
cariátides, como no Erecteion (421-406 a.C.), na acrópole de
Atenas.
50. Ordem coríntia
Apareceu no final do séc. V a.C. e é uma derivação da
ordem jónica;
Possuía um capitel em forma de sino invertido, decorado
com folhas de acanto, coroadas com volutas jónicas;
A sua base era mais trabalhada e o fuste mais delgado;
Simboliza a ambição, a riqueza, o poder, o luxo e a
ostentação.
51. A arquitetura:
o templo era o monumento por excelência e representava o
orgulho da cidade;
Materializava a relação que existia entre os homens e os
Na acrópole reconstruída, o Pártenon, o templo de Atena Niké
o Erecteion eram o símbolo da nova magnificência desta
de Ouro ou Século de Péricles (século V a.C.)
52. A arquitetura baseava-se no sistema trilítico:
caracterizava-se pela horizontalidade e pelo uso das
ordens arquitetónicas.
Tri (três) + lítica (do grego lithos pedra)
era um sistema que consistia numa
estrutura formada por três pedras: uma
horizontal (arquitrave) assente em duas
verticais (colunas)
53. A coluna tinha um papel determinante na
arquitetura grega. Através dela os edifícios
ganharam maior elegância e harmonia.
57. A herança pré-helénica e a escultura arcaica
O período arcaico da cultura grega constitui uma época de grande
prosperidade económica, política e artística.
A escultura na cultura grega assume funções:
Políticas
Honoríficas
Funerárias
Ornamentais
58. Os artistas gregos vão aplicar à morfologia do corpo humano a
proporção, a harmonia e o ideal de beleza.
Nas primeiras formas escultóricas são evidentes diversas influências
de outras culturas, desde as estátuas do Próximo Oriente às
estátuas egípcias.
Os artistas gregos privilegiaram a representação da figura humana
em detrimento da natureza.
59. A escultura arcaica sofreu uma influência do estilo hierático
(rigidez), sóbrio e frontal da estatuária egípcia.
A sua sobriedade, o volume maciço e “cúbico”, a silhueta de ombros
largos, a perna esquerda adiantada e punhos cerrados, são
elementos que sugerem algum primitivismo, rigidez e pouca
espontaneidade por parte do artista
60. Faraó Miquerinos e a Rainha, Gizé,
Egito, c. 2470 a.C
Este conjunto escultórico
evidencia as rígidas regras da
estatuária egípcia:
- A posição estática e formal
da figuras;
- Os corpos robustos
avançando ligeiramente a
perna esquerda sem
sugestão de movimento;
- A grande sensualidade do
corpo feminino denotando
as suas formas suaves sob a
túnica de linho fina e
cingida
61. As esculturas mais antigas deste período tem um significado
distinto:
Os kouroi (homem novo representado nu) são representações
heroicas;
As Korai (mulher jovem representada vestida), são imagens destinadas
a serem colocadas nos santuários ou túmulos, em comprimento de um
voto ou promessa.
62. Kouros de Anavysos, Atenas, (altura1,94), c. 525 a.C.
Os Kouroi eram seres intermédios entre homens e deuses,
vivendo entre a história e a mitologia.
Eram representados nas figuras de jovens plenos de
confiança e como modelos de vitalidade e de perfeição
física.
Esta monumental escultura foi encontrada junto à sepultura
deste herói de guerra, que terá tombado no campo de
batalha.
65. No início do século V a.C. surgiram algumas obras que
evidenciavam um interesse pelo escorço (representação dos
objetos em perspetiva e com proporções menores) e pelo
movimento.
66. Auriga de Delfos, Pitágoras de Régio, c. 470 a.C.
É uma estátua de bronze em tamanho natural,
executada para o Santuário de Apolo em Delfos.
Apesar da sua aparente rigidez, a figura exprime
uma enorme vitalidade interior convidando-nos a
participar do seu movimento.
67. A obra Auriga de Delfos, denota rasgos de mobilidade e o domínio
das proporções, bem como o abandono do estatismo e da rigidez
do corpo que caracterizava os Kourai.
Esta nova expressão, séria, austera e contemplativa, foi designada
por estilo severo. Apresenta como principais características:
A firmeza na expressão
A sobriedade no tratamento do corpo
68. O domínio da fundição do bronze também favoreceu a
representação de figuras de atletas e divindades de acordo com o
novo gosto e o propósito deste estilo, exemplo disso temos
Posídon
69. A transição para o estilo clássico verificou-se com a introdução de
um novo conceito – o contraposto – trata-se de uma postura em
que o corpo se apoia sobre uma perna, enquanto a outra flete
ligeiramente.
Os corpos passam a exprimir-se através deste delicado movimento
de cabeça e ligeira flexão do corpo, aproximando-se do
naturalismo.
70. Discóbolo, Míron, c.450 a.C.
O lançador do disco encontra-se no
momento imediatamente anterior ao
lançamento – o corpo curva-se como
um arco – e é a ação percetiva do
espetador que imagina todo o
movimento até que o corpo volte à
natural posição de repouso
71. O final do século V a.C., foi dominado por Fídias e pela obra que
executou no Pártenon:
Nos relevos das métopas, dos frisos e dos frontões
O movimento e o valor expressivo das figuras atingem o naturalismo, o
equilíbrio e a serenidade
72. As Parcas, frontão oriental do Pártenon, Fídias, c. 447-432 a.C.
Esta obra é a combinação da Afrodite de Praxíteles, da Afrodite de Alcâmenes e
da Atena de Lemnos, de Fídias
74. Cerca de 440 a.C. , Policleto criou o Doríforo, que se converteu na
norma do ideal clássico da figura humana – o cânone – uma regra
de proporções que visava dotar o corpo humano de um equilíbrio
entre os seguintes elementos:
A harmonia das partes anatómicas;
Um ligeiro movimento de ombros e quadris, o contraposto;
A altura do corpo igual a sete vezes a altura da cabeça
75. Doríforo, Policleto, c. 440 a.C.
Policleto elevou a arte a uma categoria superior da
atividade humana. Para eles a escultura deveria
glorificar o Homem, em resultado de uma reflexão
filosófica e estética e fundada num padrão
idealizado de beleza
77. A Guerra do Peloponeso (guerra entre Atenas e Esparta), trouxe a queda de
Atenas e acabou com o otimismo e o positivismo da cultura grega.
Seguiu-se um período de desencanto e frustração, que trouxe uma
mudança de mentalidade.
A arte da primeira metade d século IV a.C. dá lugar a uma segunda fase do
classicismo, caracterizado pela utilização dos recursos técnicos da época
anterior, mas num sentido mais descontraído, ligeiro e hedonista (A palavra
hedonismo vem do grego hedonikos, que significa "prazeroso", já que
hedon significa prazer)
78. Praxíteles, escultor, representa nas suas obras outro tipo de
sentimentos, como a ternura, o humor ou o erotismo.
Sátiro em descanso, Praxíteles
Este jovem em posição ociosa, muito diferente do Doríforo
de Policleto.
Os músculos não são acentuados, o tronco flete
indolentemente e os olhos perderam lucidez para ganhar
malícia.
79. Hermes com Dioniso,
Praxíteles
Praxíteles veio enriquecer o contraposto (o corpo apoia-se
sobre uma perna, enquanto a outra flete ligeiramente) com
uma nova torção do eixo do corpo gerando um movimento
ondulante que ficou conhecido como a curva praxiteliana.
Hermes é um dos 12 deuses gregos. Filho de Zeus e da ninfa Maia, é
deus do comércio, dos atletas, das artes liberais e das belas-artes. De
acordo com a mitologia, Hermes é jovem, sedutor astuto. Foi
incumbido de proteger Dioniso (filha de Zeus e Sémele) da ira de Hera
(esposa de Zeus) e de entregá-los às ninfas de Nisa para que o
educassem. No braço direito, mutilado, Hermes seguraria um cacho de
uvas numa alusão à futura vocação de Dioniso: a cultura da vinha e o
fabrico do vinho.
80. A cultura clássica produziu a imagem do Homem como cidadão
perfeito através da representação da beleza física e do carácter – o
ethos (carácter) – depois da crise da pólis, o seu interesse passou a
a dirigir-se à expressão da paixão, do sentimento e do afeto – o
pathos (emoção) .
81. O último período da escultura grega chamou-se de Helenismo.
A escultura helenística abandonou valores clássicos tais como a
harmonia, a serenidade ou o belo ideal. Em vez disso deram
preferência a temáticas com um acentuado pathos, onde se
manifesta sofrimento, drama ou tragédia, em composições
complexas, assimétricas e desequilibradas.
82. O Gálata Suicida
É uma obra de grande complexidade estrutural
e de uma forte intensidade patética, após ter
sido derrotado, este gálata (bárbaro gaulês)
suicida-se, depois de matar a mulher para a
poupar à escravidão.
Suportando o peso do cadáver, o homem torce
o corpo por instantes, num movimento
ascendente, olhando desafiadoramente os seus
inimigos, enquanto que desfere o golpe fatal
sobre si próprio.
83. Laocoonte e os seus filhos, Atenodoros
e Polidoros de Rodes
A composição de efeito dramático e manifestando
um pathos muito pronunciado, encarna a tragédia a
partir de um episódio mitológica da “Guerra de
Troia”, relatada na Ilíada de Homero: Posídon exerce
punição divina sobre o sacerdote troiano Laocoonte,
enviando enormes serpentes sobre os seus filhos, que
ele tenta salvar da morte.
Esta obra representa uma conceção inquietante e
agonizante da existência – a luta contra o destino –
através de uma série de recursos expressivos, tais
como, a expressão de dor física e de impotência
carregada no rosto de Laocoonte e a musculatura
exagerada.
85. A cerâmica pintada: o estilo geométrico
Características:
Para utilização no quotidiano;
Objetos práticos;
Proliferação de oficinas por todo o mundo grego;
Centros principais de produção:
Coríntia;
Ática (oficinas de Atenas)
87. Hidra:
(água) tinha três asas, uma vertical para segurar enquanto corria a água e
duas para levantar
88. Cratera:
Tinha a boca bastante larga com o corpo em forma de um sino
invertido
Servia para misturar água com o vinho
89. Períodos:
Estilo geométrico – séc. IX a VIII a.C
Estilo arcaico – séc. VIII a.C V a.C:
duas fases:
Fase orientalizante até 650 a.C
Figuras negras/fundo vermelho – séc. VII a.C. a V a.C
Estilo clássico:
Figuras vermelhas/fundo negro – séc. V a.C. a IV a.C
90. Estilo geométrico:
Utilização de ânforas e crateras funerárias;
Pintura a negro sobre fundo rosáceo;
Combinação de motivos geométricos (zigue-zague, suásticas) com
referências ao defunto;
Organizado em registos paralelos;
Figuras humanas/animais representadas em silhuetas – estrutura
esquemática e geometrizante.
92. Ânfora funerária
Esta ânfora funerária apresenta uma cena em que
o defunto repousa no leito fúnebre rodeado de
carpideiras que lhe prestam as últimas
homenagens.
O tema surge inserido no esquema geométrico
geral, organizado em bandas horizontais. Sobre
um fundo rosado, as figuras, muito
esquematizadas e em silhueta, destacam-se a
negro sugerindo uma intenção meramente
decorativa.
93. DO ESTILO ARCAICO À GRANDE
PRODUÇÃO CLÁSSICA: A CERÂMICA DE
“VERMELHAS” FIGURAS NEGRAS” E A DE
“FIGURAS
94. Fase orientalizante:
Temas:
Cenas do quotidiano;
Cenas de carácter mitológico
Figuras:
Animais míticos ou lendários;
Figuras híbridas como os grifos, as esfinges e as górgonas.
96. Fase arcaica – estilo figuras negras:
Decorado com elementos figurativos pintados a negro sobre o fundo
avermelhado do barro.
As figuras eram traçadas numa silhueta estilizada, pela técnica da
incisão com um estilete, definindo os seus pormenores internos,
como os músculos e outros detalhes anatómicos, cabelos ou
elementos de vestuário.
De seguida eram preenchidas a negro, aparecendo por vezes o
branco e o roxo para realçar certas zonas.
97. O Dionísio num Barco
Neste prato, o pintor Exéquias representa
Dionísio, reclinado no seu barco, navegando em
aparente tranquilidade, sugestão que é
reforçada pelo alegre movimento dos golfinhos.
De acordo com os poemas homéricos, Dionísio
– o deus do vinho – fora capturado por piratas,
mas ao fazer crescer estas videiras no seu
barco, intimidou-os de tal forma que aqueles
que se atiraram ao mar e forma transformados
em golfinhos.
Nesta cena, Exéquias representa o regresso de
Dionísio acompanhado de sete golfinhos e com
sete cachos de uvas, em sinal de sorte
98. Estilo clássico:
Corresponde ao apogeu cultural e artístico da Grécia.
Salienta-se a criação do estilo de figuras vermelhas, atribuída a
Andócides.
A superfície e coberta a negro, enquanto as figuras e restante
decoração mantém o tom avermelhado do barro cozido, com os
pormenores traçados a negro.
101. A pintura foi utilizada em diversos suportes e teve várias funções:
Decoração interior de casas;
Espaços funerários;
A pintura mural a fresco (aplicação dos pigmentos sobre o
estuque ainda fresco) é a técnica mais utilizada, grande parte
desapareceu.
102. No período arcaico a pintura mural observou um processo
evolutivo muito semelhante ao da cerâmica:
Desenho bidimensional e recurso a uma restrita gama cromática
103. A pintura clássica desenvolveu-se no século IV a.C. e distingue-
se pelas cores brilhantes, a elegância das composições e o
equilibrado domínio da luz.
Aquiles e Briseide, Pompeia