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[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],“ Memórias de um sargento de milícias”,  de Manuel A. de Almeida
“ Tratava-se de uma cigana; o Leonardo a vira pouco tempo depois da fuga da Maria, e das cinzas ainda quentes de um amor mal pago nascera outro que também não foi a este respeito melhor aquinhoado; mas o homem era romântico, como se diz hoje, e babão, como se dizia naquele tempo; não podia passar sem uma paixãozinha.” “ Dizem todos, e os poetas juram e trejuram, que o verdadeiro amor é o primeiro: temos estudado a matéria, e acreditamos hoje que não há que fiar em poetas: chegamos por nossas investigações à conclusão de  que o verdadeiro amor, ou são todos ou é um só, e neste caso não é o primeiro, é o último. O último é que é o verdadeiro, porque é o único que não muda. As leitoras que não concordarem com esta doutrina convençam-me do contrário, se são disso capazes.”
[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],“ Memórias de um sargento de milícias”,  de Manuel A. de Almeida
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Leonardo Pataca  –  Cigana, Chiquinha Maria da Hortaliça  – Capitão Leonardo , filho duma pisadela e de um beliscão – tem “maus bofes”  Compadre  (o padrinho) e o seu “arranjei-me” Comadre  ( a madrinha), sempre em defesa da “peste” D ª. Maria  (Tutora de Luisinha) e suas demandas  Luisinha , feia, sem vivacidade, sem graça  José Manuel,  cuja língua para a maledicência não tem descanso   Vidinha,  com seus primos e primas, mais seus amores Major Vidigal –  mestre-decerimônia, mestre-de-reza ,  toma-largura Personagens: “ Memórias de um sargento de milícias”,  de Manuel A. de Almeida
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PERSONAGENS LEONARDO PATACA Imigrante português  aventureiro e mulherengo Pai de Leonardinho MARIA HORTALIÇA Imigrante portuguesa sensual e volúvel Mãe de Leonardinho  COMADRE Parteira, madrinha de Leonardinho COMPADRE Barbeiro, padrinho de Leonardinho VIDINHA Mulata sensual  que seduz  Leonardinho LUISINHA Primeiro amor de Leonardinho Moça tímida e sem graça Anti-heroína romântica DONA MARIA Tia de Luisinha Mulher rica, amante de demandas Amiga do Padrinho JOSÉ MANOEL Aproveitador e interesseiro casa-se com Luisinha CIGANA Amante de L. Pataca e do Padre MARIA REGALADA Amante do Vidigal MESTRE DE CERIMÔNIAS Padre da cidade, santo na aparência e lascivo na essência LEONARDINHO Anti-herói malandro, Herói pícaro Preguiçoso e esperto vive ao sabor dos acontecimentos sem grandes  preocupações ou valores morais CHIQUINHA Filha da Comadre Futura esposa de Leonardo Pataca MAJOR VIDIGAL Representante máximo da lei na época. Homem honesto que prende e castiga “ Os Leonardos” e transforma o  Leonardinho em Sgto de Milícia “ Memórias de um sargento de milícias”,  de Manuel A. de Almeida
-  Leonardo-Pataca e Maria-da-Hortaliça encontram-se numa viagem de navio rumo ao Brasil. Iniciam o namoro que culminara com o nascimento do herói do romance, Leonardo; -  Leonardo tem como padrinho um barbeiro (o compadre) e uma parteira (a comadre) que o protegerão, já que Maria-da-Hortaliça trai muitas vezes o companheiro e acaba fugindo com o capitão do navio; -  Pataca acaba expulsando de casa o menino Leonardo com um vigoroso pontapé; -  Leonardo é adotado pelo padrinho, o compadre, que sonha com uma carreira sacerdotal para o afilhado; “ Memórias de um sargento de milícias”,  de Manuel A. de Almeida ENREDO
-  À medida que vai crescendo, Leonardo torna - se mais abusado, briguento e pouco dado ao estudo. Torna - se um vadio, de vida desregrada, mas extremamente simpático, obtendo sempre a proteção de alguém; -  Apaixona - se por Luisinha, que é sobrinha de D ª. Maria, uma vizinha mais ou menos rica; -  Surge um concorrente mais velho e mais interesseiro, José Manuel, que se casará com Luisinha; -  Leonardo nada sofre, porque gosta de Vidinha, mulata sensual, porém, como ela tem muitos pretendentes, armaram-se várias confusões; “ Memórias de um sargento de milícias”,  de Manuel A. de Almeida
“ Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel A. de Almeida -  Leonardo é preso, por uma espécie de Chefe de Polícia da época,  o Major Vidigal; -  A comadre forma uma comissão de senhoras para interceder pelo sobrinho. Além dela, vão D ª. Maria e Maria Regalada, que na juventude levara uma relação ardente com Vidigal; -  O major as recebe. Maria Regalada o chama num canto e lhe faz uma promessa (a de reatarem o antigo amor), caso ele solte Leonardo, o major cede; -  Leonardo é libertado e até promovido a sargento;
-  No mesmo dia, José Manuel, que se revelara um péssimo marido, tem uma apoplexia e morre; -  Luisinha fica viúva e livre para casar-se com Leonardo, agora Sargento de Milícias. “ Memórias de um sargento de milícias”,  de Manuel A. de Almeida
Major Vidigal:   a gente principal da  o rdem ,   o qual persegue os vadios, os bêbados, os briguentos e os festeiros. Leonardo:   a gente principal da  d esordem Compadre: l ícito x  i lícito Análise da moral social “ Memórias de um sargento de milícias”,  de Manuel A. de Almeida
Personagens ligadas ao plano da ordem: Dona Maria, o Compadre barbeiro e a Comadre parteira  respeitam a ordem vigente, isto é, possuem alguma ocupação e, de modo geral, respeitam a lei. A personagem mais expressiva desse plano é o  Major Vidigal , que persegue os vadios, os bêbados, os briguentos e os festeiros, ou seja, faz valer a ordem. NOTE BEM: classificação imperfeita, pois o  Barbeiro , por exemplo, conquistou pequeno cabedal tomando posse de uma fortuna que não era sua, ainda jovem; o  Padre da Sé , embora fosse um representante da Igreja, tinha um caso amoroso com a cigana; o  Major Vidigal , mesmo perseguindo todos os vadios do plano da desordem, concedeu facilmente a liberdade a Leonardo em troca dos afetos de Maria Regalada. “ Memórias de um sargento de milícias”,  de Manuel A. de Almeida
Elos entre os dois planos Leonardo-Pataca  — meirinho, representante da justiça,  acaba  preso por prática de fortuna  Maria da Hortaliça   — uma adúltera, que abandona o filho  pequeno para fugir com o amante; Leonardo, o filho  —  trabalha na ucharia-real, depois se torna  granadeiro de Vidigal, mas perde os dois  empregos por irresponsabilidade e diversão Ordem  Desordem “ Memórias de um sargento de milícias”,  de Manuel A. de Almeida
Personagens ligadas ao plano da desordem  : a cigana, o Chico Juca, todos os que fazem parte do ritual da fortuna, o Teotônio, piadista perseguido por Major Vidigal, que acaba se safando com a ajuda de Leonardo, e outros que de alguma forma estão à margem da ordem.  “ Memórias de um sargento de milícias”,  de Manuel A. de Almeida
O que nos resta no romance de Manuel Antônio de Almeida é a ambigüidade moral — o trânsito entre o plano da ordem e da desordem — que é representação da ambigüidade da classe social em que se inseriam suas personagens: nem proprietários, nem proletários, dependiam da prática do favor – que superava qualquer espécie de valor moral — para sobreviver. Estabelece-se, pois, o mundo sem culpa que pudemos observar. “ Memórias de um sargento de milícias”,  de Manuel A. de Almeida
Salvo Dona Maria, velha abastada, todas elas precisam trabalhar para a sobrevivência — Leonardo-Pataca é meirinho, Major Vidigal é policial, a comadre é parteira, o compadre é barbeiro, os primos de Vidinha são membros do exército etc. — o que demonstra que estamos no “mundo” dos brancos livres; simultaneamente, não há, no romance, personagens da classe social dos senhores ou da classe dos escravos, de modo que não podemos notar a violenta relação de força que se estabelecia entre senhores e negros, nem a de favor entre brancos livres e senhores. “ Memórias de um sargento de milícias”,  de Manuel A. de Almeida
ANÁLISE DE UM FRAGMENTO:   “A Comadre” “ Era a comadre uma mulher baixa, excessivamente gorda, bonachona, ingênua ou tola até um certo ponto, e finória até outro; vivia do oficio de parteira, que adotara por curiosidade, e benzia de quebranto; todos a conheciam por muito beata e pela mais desabrida papa-missas da cidade. Era a folhinha mais exata de todas as festas religiosas que aqui se faziam; sabia de cor os dias em que se dizia missa em tal ou tal igreja, como a hora e até o nome do padre; era pontual à ladainha, ao terço, à novena, ao setenário; não lhe escapava via-sacra, procissão, nem sermão; trazia o tempo habilmente distribuído e as horas combinadas, de maneira que nunca lhe aconteceu chegar à igreja e achar já a missa no altar. De madrugada começava pela missa da Lapa; apenas acabava ia à das 8 na Sé, e daí saindo pilhava ainda a das 9 em Santo Antônio.” dinâmica da ordem / desordem:   ingênua e ao mesmo tempo finória, ou seja, esperta. caracterização e caráter ambíguos:   por ter grande carinho ao Leonardo, comete um ato moralmente condenável (mente para Dona Maria para tentar garantir o casamento do afilhado com Luisinha); ela é a mais desabrida papa-missas da cidade, ou seja, freqüentadora assídua das missas. Esta é a porta de entrada para a descrição de alguns costumes típicos dessa cidade no século XIX.  “ Memórias de um sargento de milícias”,  de Manuel A. de Almeida
“ Memórias de um sargento de milícias”,  de Manuel A. de Almeida “ Diversamente de quase todos os romances brasileiros do século XIX, mesmo os que formam a pequena minoria dos romances cômicos, as  ‘ Memórias de um sargento de milícias’  criam um universo que parece liberto do erro e do pecado. Um universo sem culpabilidade e mesmo sem repressão, a não ser a repressão que pesa o tempo todo por meio do Vidigal e cujo desfecho já vimos. O sentimento do homem aparece nele como uma espécie de curiosidade superficial, que põe em movimento o interesse dos personagens uns pelos outros e do autor pelos personagens, formando a trama de relações vividas e descritas. A esta curiosidade corresponde uma visão muito tolerante, quase amena. As pessoas fazem coisas que poderiam ser qualificadas como reprováveis, mas também fazem outras dignas de louvor, que as compensam. E como todos têm defeitos, ninguém merece censura.”     (Antônio Cândido)
ANTOLOGIA + SINOPSE
Os pais de Leonardo, imigrantes portugueses, conheceram-se a bordo do barco que os trouxe ao Brasil, depois de uma pisadela no pé direito e de um beliscão: Ao sair do Tejo, estando Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e deu-lhe também em ar de disfarce um tremendo beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o resto do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela e beliscão, com a diferença de serem desta vez um pouco mais fortes; e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos e familiares, que pareciam sê-lo de muitos anos.
O nascimento de Leonardo foi inevitável sete meses depois; sua caracterização é marcante: ... sete meses depois teve a Maria um filho, formidável menino de quase três palmos de comprido, gordo e vermelho, cabeludo, esperneador e chorão; o qual, logo depois que nasceu, mamou duas horas seguidas sem largar o peito. E este nascimento é certamente de tudo o que temos dito o que mais nos interessa, porque o menino de quem falamos é o herói desta história.  Aos sete anos, “... quebrava e rasgava tudo que lhe vinha à mão. Tinha uma paixão decidida pelo chapéu armado do Leonardo; se este o deixava por esquecimento em algum lugar ao seu alcance, tomava-o imediatamente, espanava com ele todos os móveis, punha-lhe dentro tudo que encontrava, esfregava-o em uma parede, e acabava por varrer com ele a casa...”.
Maria da Hortaliça não era fiel a seu companheiro. Depois de flagrá-la com alguém que escapa pela janela, Leonardo Pataca, num assomo de raiva, chuta o pequeno Leonardo para fora de casa e perde Maria, que foge.   Apesar de abandonado pelos pais, Leonardinho — como chamaremos a Leonardo filho neste texto — conta — não só nesse momento, mas ao longo de toda a vida —com a proteção e o afeto de várias personagens: expulso de casa, passa a viver com o padrinho, que era barbeiro e que cuida dele durante anos. Sua madrinha, parteira e “papa-missas”, também o ajudará. Afeiçoado pelo menino, o barbeiro fazia vistas grossas às suas malandragens. O plano do padrinho era que Leonardo fosse clérigo. Porém, na escola, ele era o gazeteador-mor de sua sala — o aluno que mais “matava” aulas —, que diariamente tomava bolos do professor; na Igreja, como coroinha, com um outro pequeno sacristão, fazia todo o tipo de travessuras: vingou-se de uma vizinha que não gostava dele e expôs publicamente o caso do reverendo com uma cigana.
Na primeira parte do livro, também as trapalhadas de Leonardo, o pai, são relatadas. Metido em problemas amorosos com a cigana, que também tinha um caso com o reverendo da Sé, Pataca é preso em um ritual de fortuna — macumba — pelo Major Vidigal, temida autoridade policial: “ Nesse tempo ainda não estava organizada a polícia da cidade, ou antes estava-o de um modo em harmonia com as tendências e idéias da época. O major Vidigal era o rei absoluto, o árbitro supremo de tudo que dizia respeito a esse ramo de administração; era o juiz que julgava e distribuía a pena, e ao mesmo tempo o guarda que dava caça aos criminosos; nas causas da sua imensa alçada não havia testemunhas, nem provas, nem razões, nem processo; ele resumia tudo em si; a sua justiça era infalível; não havia apelação para as sentenças que dava, fazia o que queria, e ninguém lhe tomava contas. Exercia enfim uma espécie de inquirição policial.”
Para conseguir a soltura depois de ser preso por Vidigal, Leonardo Pataca é ajudado por um tenente-coronel que lhe devia um favor. Fora da prisão, envia a uma festa na casa da cigana um valentão que batia por dinheiro, o Chico Juca, para arrumar uma briga. É nessa confusão que o caso da cigana com o reverendo acaba revelado de fato: “ No mesmo instante viu aparecer o granadeiro trazendo pelo braço o Rev. mestre de cerimônias em ceroulas curtas e largas, de meias pretas, sapatos de fivela, e solidéu à cabeça. Apesar dos apuros em que se achavam, todos desataram a rir: só ele e a cigana choravam de envergonhados.”
As aventuras de Leonardinho tornar-se-ão, nesse momento, o único núcleo das  Memórias  e uma importante personagem surgirá:  Dona Maria, velha rica que também protegerá o protagonista! “ D. Maria tinha bom coração, era benfazeja, devota e amiga dos pobres, porém em compensação dessas virtudes tinha um dos piores vícios daquele tempo e daqueles costumes: era a mania de demandas. Como era rica, D. Maria alimentava esse vício largamente; as suas demandas eram o alimento da sua vida; acordada pensava nelas, dormindo sonhava com elas...” É na casa de D. Maria que Leonardo, já jovem e ainda absolutamente desocupado, se encantará por Luisinha, sobrinha abastada da velha das demandas. No entanto, há um entrave para a paixão de Leonardo: é José Manuel, rival que usará de todos os artifícios para conquistar Luisinha.
Depois da morte do barbeiro, o herói da narrativa será obrigado a ir morar com seu pai, Chiquinha, uma meia-irmã já nascida e a parteira. O convívio com a madrasta é insuportável, e Leonardinho abandona a casa. Enquanto os desentendimentos ocorriam, a parteira havia tentado afastar José Manuel de Luisinha para favorecer o afilhado, mas a distância de Leonardinho dá espaço ao rival, que acaba conseguindo casar-se com a jovem graças à influência, junto à Dona Maria, de um mestre-de-reza — espécie de “professor de oração”, velho e cego, que ensinava a rezar a criadagem da velha. Longe de casa, Leonardo reencontra seu velho amigo de travessuras da igreja. É esse rapaz que lhe fará conhecer um novo amor, Vidinha, moça bonita de voz encantadora, de uma família composta de duas viúvas — a mãe de Vidinha e sua irmã — e seis jovens, três filhos de uma, empregados no exército e três filhas de outra. Apaixonado, Leonardo agrega-se a essa família para conquistar a mais bela das irmãs, mas encontra a resistência de dois dos primos, que tinham a mesma finalidade. Prestes a abandonar a casa, depara-se com a madrinha, que o havia localizado. Rapidamente ela ganha a amizade e a simpatia das viúvas.  Em uma  patuscada(festa familiar), os rivais do memorando arranjam que ele seja preso pelo Vidigal, por vadiação, porém ele escapa das garras do policial e retorna ao convívio da casa. Para livrá-lo da acusação dos dois irmãos e da perseguição de Vidigal, que jurava vingança por ter perdido uma presa, a comadre lhe arruma emprego na ucharia-real, o depósito de mantimentos do rei, perdido à custa de um flerte com a mulher do toma-largura, apelido que se dava a criados do rei.
Enciumada por causa desse episódio, Vidinha vai à ucharia fazer escândalo; acompanhando-a para persuadi-la do contrário, Leonardinho acaba finalmente preso pelo Vidigal, que fará dele um granadeiro de sua patrulha. Aliviada, Vidinha retorna a casa, não sem encantar o toma-largura que, espertalhão e conquistador, se aproxima da família das duas viúvas. Em uma patuscada, o don juan é preso por beber demais: é Leonardo quem se encarrega dessa tarefa. Mesmo ligado à tropa de Vidigal, Leonardo não deixa de ser malandro e prega peças em seu superior — livra da perseguição o Teotônio, um piadista —, o que lhe rende a prisão definitiva, da qual só sairá depois da intervenção de Dona Maria, da comadre e de Maria Regalada, amor antigo de Vidigal, que intercede junto a ele em nome do herói. Em troca da liberdade de Leonardo, Maria Regalada cede ao desejo de Vidigal e mora em sua companhia. Livre e com o cargo de sargento da companhia de granadeiros, Leonardo casa-se com Luisinha após a morte de José Manuel. Como sargentos da ativa não podiam casar-se, ganha o título de sargento de milícias, que dá título ao texto.
“ Memórias de um sargento de milícias”,  de Manuel A. de Almeida fim

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As Memórias de Leonardo Pataca

  • 1.
  • 2. “ Tratava-se de uma cigana; o Leonardo a vira pouco tempo depois da fuga da Maria, e das cinzas ainda quentes de um amor mal pago nascera outro que também não foi a este respeito melhor aquinhoado; mas o homem era romântico, como se diz hoje, e babão, como se dizia naquele tempo; não podia passar sem uma paixãozinha.” “ Dizem todos, e os poetas juram e trejuram, que o verdadeiro amor é o primeiro: temos estudado a matéria, e acreditamos hoje que não há que fiar em poetas: chegamos por nossas investigações à conclusão de que o verdadeiro amor, ou são todos ou é um só, e neste caso não é o primeiro, é o último. O último é que é o verdadeiro, porque é o único que não muda. As leitoras que não concordarem com esta doutrina convençam-me do contrário, se são disso capazes.”
  • 3.
  • 4.
  • 5. Leonardo Pataca – Cigana, Chiquinha Maria da Hortaliça – Capitão Leonardo , filho duma pisadela e de um beliscão – tem “maus bofes” Compadre (o padrinho) e o seu “arranjei-me” Comadre ( a madrinha), sempre em defesa da “peste” D ª. Maria (Tutora de Luisinha) e suas demandas Luisinha , feia, sem vivacidade, sem graça José Manuel, cuja língua para a maledicência não tem descanso Vidinha, com seus primos e primas, mais seus amores Major Vidigal – mestre-decerimônia, mestre-de-reza , toma-largura Personagens: “ Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel A. de Almeida
  • 6.
  • 7. PERSONAGENS LEONARDO PATACA Imigrante português aventureiro e mulherengo Pai de Leonardinho MARIA HORTALIÇA Imigrante portuguesa sensual e volúvel Mãe de Leonardinho COMADRE Parteira, madrinha de Leonardinho COMPADRE Barbeiro, padrinho de Leonardinho VIDINHA Mulata sensual que seduz Leonardinho LUISINHA Primeiro amor de Leonardinho Moça tímida e sem graça Anti-heroína romântica DONA MARIA Tia de Luisinha Mulher rica, amante de demandas Amiga do Padrinho JOSÉ MANOEL Aproveitador e interesseiro casa-se com Luisinha CIGANA Amante de L. Pataca e do Padre MARIA REGALADA Amante do Vidigal MESTRE DE CERIMÔNIAS Padre da cidade, santo na aparência e lascivo na essência LEONARDINHO Anti-herói malandro, Herói pícaro Preguiçoso e esperto vive ao sabor dos acontecimentos sem grandes preocupações ou valores morais CHIQUINHA Filha da Comadre Futura esposa de Leonardo Pataca MAJOR VIDIGAL Representante máximo da lei na época. Homem honesto que prende e castiga “ Os Leonardos” e transforma o Leonardinho em Sgto de Milícia “ Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel A. de Almeida
  • 8. - Leonardo-Pataca e Maria-da-Hortaliça encontram-se numa viagem de navio rumo ao Brasil. Iniciam o namoro que culminara com o nascimento do herói do romance, Leonardo; - Leonardo tem como padrinho um barbeiro (o compadre) e uma parteira (a comadre) que o protegerão, já que Maria-da-Hortaliça trai muitas vezes o companheiro e acaba fugindo com o capitão do navio; - Pataca acaba expulsando de casa o menino Leonardo com um vigoroso pontapé; - Leonardo é adotado pelo padrinho, o compadre, que sonha com uma carreira sacerdotal para o afilhado; “ Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel A. de Almeida ENREDO
  • 9. - À medida que vai crescendo, Leonardo torna - se mais abusado, briguento e pouco dado ao estudo. Torna - se um vadio, de vida desregrada, mas extremamente simpático, obtendo sempre a proteção de alguém; - Apaixona - se por Luisinha, que é sobrinha de D ª. Maria, uma vizinha mais ou menos rica; - Surge um concorrente mais velho e mais interesseiro, José Manuel, que se casará com Luisinha; - Leonardo nada sofre, porque gosta de Vidinha, mulata sensual, porém, como ela tem muitos pretendentes, armaram-se várias confusões; “ Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel A. de Almeida
  • 10. “ Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel A. de Almeida - Leonardo é preso, por uma espécie de Chefe de Polícia da época, o Major Vidigal; - A comadre forma uma comissão de senhoras para interceder pelo sobrinho. Além dela, vão D ª. Maria e Maria Regalada, que na juventude levara uma relação ardente com Vidigal; - O major as recebe. Maria Regalada o chama num canto e lhe faz uma promessa (a de reatarem o antigo amor), caso ele solte Leonardo, o major cede; - Leonardo é libertado e até promovido a sargento;
  • 11. - No mesmo dia, José Manuel, que se revelara um péssimo marido, tem uma apoplexia e morre; - Luisinha fica viúva e livre para casar-se com Leonardo, agora Sargento de Milícias. “ Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel A. de Almeida
  • 12. Major Vidigal: a gente principal da o rdem , o qual persegue os vadios, os bêbados, os briguentos e os festeiros. Leonardo: a gente principal da d esordem Compadre: l ícito x i lícito Análise da moral social “ Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel A. de Almeida
  • 13. Personagens ligadas ao plano da ordem: Dona Maria, o Compadre barbeiro e a Comadre parteira respeitam a ordem vigente, isto é, possuem alguma ocupação e, de modo geral, respeitam a lei. A personagem mais expressiva desse plano é o Major Vidigal , que persegue os vadios, os bêbados, os briguentos e os festeiros, ou seja, faz valer a ordem. NOTE BEM: classificação imperfeita, pois o Barbeiro , por exemplo, conquistou pequeno cabedal tomando posse de uma fortuna que não era sua, ainda jovem; o Padre da Sé , embora fosse um representante da Igreja, tinha um caso amoroso com a cigana; o Major Vidigal , mesmo perseguindo todos os vadios do plano da desordem, concedeu facilmente a liberdade a Leonardo em troca dos afetos de Maria Regalada. “ Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel A. de Almeida
  • 14. Elos entre os dois planos Leonardo-Pataca — meirinho, representante da justiça, acaba preso por prática de fortuna Maria da Hortaliça — uma adúltera, que abandona o filho pequeno para fugir com o amante; Leonardo, o filho — trabalha na ucharia-real, depois se torna granadeiro de Vidigal, mas perde os dois empregos por irresponsabilidade e diversão Ordem Desordem “ Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel A. de Almeida
  • 15. Personagens ligadas ao plano da desordem : a cigana, o Chico Juca, todos os que fazem parte do ritual da fortuna, o Teotônio, piadista perseguido por Major Vidigal, que acaba se safando com a ajuda de Leonardo, e outros que de alguma forma estão à margem da ordem. “ Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel A. de Almeida
  • 16. O que nos resta no romance de Manuel Antônio de Almeida é a ambigüidade moral — o trânsito entre o plano da ordem e da desordem — que é representação da ambigüidade da classe social em que se inseriam suas personagens: nem proprietários, nem proletários, dependiam da prática do favor – que superava qualquer espécie de valor moral — para sobreviver. Estabelece-se, pois, o mundo sem culpa que pudemos observar. “ Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel A. de Almeida
  • 17. Salvo Dona Maria, velha abastada, todas elas precisam trabalhar para a sobrevivência — Leonardo-Pataca é meirinho, Major Vidigal é policial, a comadre é parteira, o compadre é barbeiro, os primos de Vidinha são membros do exército etc. — o que demonstra que estamos no “mundo” dos brancos livres; simultaneamente, não há, no romance, personagens da classe social dos senhores ou da classe dos escravos, de modo que não podemos notar a violenta relação de força que se estabelecia entre senhores e negros, nem a de favor entre brancos livres e senhores. “ Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel A. de Almeida
  • 18. ANÁLISE DE UM FRAGMENTO: “A Comadre” “ Era a comadre uma mulher baixa, excessivamente gorda, bonachona, ingênua ou tola até um certo ponto, e finória até outro; vivia do oficio de parteira, que adotara por curiosidade, e benzia de quebranto; todos a conheciam por muito beata e pela mais desabrida papa-missas da cidade. Era a folhinha mais exata de todas as festas religiosas que aqui se faziam; sabia de cor os dias em que se dizia missa em tal ou tal igreja, como a hora e até o nome do padre; era pontual à ladainha, ao terço, à novena, ao setenário; não lhe escapava via-sacra, procissão, nem sermão; trazia o tempo habilmente distribuído e as horas combinadas, de maneira que nunca lhe aconteceu chegar à igreja e achar já a missa no altar. De madrugada começava pela missa da Lapa; apenas acabava ia à das 8 na Sé, e daí saindo pilhava ainda a das 9 em Santo Antônio.” dinâmica da ordem / desordem: ingênua e ao mesmo tempo finória, ou seja, esperta. caracterização e caráter ambíguos: por ter grande carinho ao Leonardo, comete um ato moralmente condenável (mente para Dona Maria para tentar garantir o casamento do afilhado com Luisinha); ela é a mais desabrida papa-missas da cidade, ou seja, freqüentadora assídua das missas. Esta é a porta de entrada para a descrição de alguns costumes típicos dessa cidade no século XIX. “ Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel A. de Almeida
  • 19. “ Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel A. de Almeida “ Diversamente de quase todos os romances brasileiros do século XIX, mesmo os que formam a pequena minoria dos romances cômicos, as ‘ Memórias de um sargento de milícias’ criam um universo que parece liberto do erro e do pecado. Um universo sem culpabilidade e mesmo sem repressão, a não ser a repressão que pesa o tempo todo por meio do Vidigal e cujo desfecho já vimos. O sentimento do homem aparece nele como uma espécie de curiosidade superficial, que põe em movimento o interesse dos personagens uns pelos outros e do autor pelos personagens, formando a trama de relações vividas e descritas. A esta curiosidade corresponde uma visão muito tolerante, quase amena. As pessoas fazem coisas que poderiam ser qualificadas como reprováveis, mas também fazem outras dignas de louvor, que as compensam. E como todos têm defeitos, ninguém merece censura.” (Antônio Cândido)
  • 21. Os pais de Leonardo, imigrantes portugueses, conheceram-se a bordo do barco que os trouxe ao Brasil, depois de uma pisadela no pé direito e de um beliscão: Ao sair do Tejo, estando Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e deu-lhe também em ar de disfarce um tremendo beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o resto do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela e beliscão, com a diferença de serem desta vez um pouco mais fortes; e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos e familiares, que pareciam sê-lo de muitos anos.
  • 22. O nascimento de Leonardo foi inevitável sete meses depois; sua caracterização é marcante: ... sete meses depois teve a Maria um filho, formidável menino de quase três palmos de comprido, gordo e vermelho, cabeludo, esperneador e chorão; o qual, logo depois que nasceu, mamou duas horas seguidas sem largar o peito. E este nascimento é certamente de tudo o que temos dito o que mais nos interessa, porque o menino de quem falamos é o herói desta história. Aos sete anos, “... quebrava e rasgava tudo que lhe vinha à mão. Tinha uma paixão decidida pelo chapéu armado do Leonardo; se este o deixava por esquecimento em algum lugar ao seu alcance, tomava-o imediatamente, espanava com ele todos os móveis, punha-lhe dentro tudo que encontrava, esfregava-o em uma parede, e acabava por varrer com ele a casa...”.
  • 23. Maria da Hortaliça não era fiel a seu companheiro. Depois de flagrá-la com alguém que escapa pela janela, Leonardo Pataca, num assomo de raiva, chuta o pequeno Leonardo para fora de casa e perde Maria, que foge. Apesar de abandonado pelos pais, Leonardinho — como chamaremos a Leonardo filho neste texto — conta — não só nesse momento, mas ao longo de toda a vida —com a proteção e o afeto de várias personagens: expulso de casa, passa a viver com o padrinho, que era barbeiro e que cuida dele durante anos. Sua madrinha, parteira e “papa-missas”, também o ajudará. Afeiçoado pelo menino, o barbeiro fazia vistas grossas às suas malandragens. O plano do padrinho era que Leonardo fosse clérigo. Porém, na escola, ele era o gazeteador-mor de sua sala — o aluno que mais “matava” aulas —, que diariamente tomava bolos do professor; na Igreja, como coroinha, com um outro pequeno sacristão, fazia todo o tipo de travessuras: vingou-se de uma vizinha que não gostava dele e expôs publicamente o caso do reverendo com uma cigana.
  • 24. Na primeira parte do livro, também as trapalhadas de Leonardo, o pai, são relatadas. Metido em problemas amorosos com a cigana, que também tinha um caso com o reverendo da Sé, Pataca é preso em um ritual de fortuna — macumba — pelo Major Vidigal, temida autoridade policial: “ Nesse tempo ainda não estava organizada a polícia da cidade, ou antes estava-o de um modo em harmonia com as tendências e idéias da época. O major Vidigal era o rei absoluto, o árbitro supremo de tudo que dizia respeito a esse ramo de administração; era o juiz que julgava e distribuía a pena, e ao mesmo tempo o guarda que dava caça aos criminosos; nas causas da sua imensa alçada não havia testemunhas, nem provas, nem razões, nem processo; ele resumia tudo em si; a sua justiça era infalível; não havia apelação para as sentenças que dava, fazia o que queria, e ninguém lhe tomava contas. Exercia enfim uma espécie de inquirição policial.”
  • 25. Para conseguir a soltura depois de ser preso por Vidigal, Leonardo Pataca é ajudado por um tenente-coronel que lhe devia um favor. Fora da prisão, envia a uma festa na casa da cigana um valentão que batia por dinheiro, o Chico Juca, para arrumar uma briga. É nessa confusão que o caso da cigana com o reverendo acaba revelado de fato: “ No mesmo instante viu aparecer o granadeiro trazendo pelo braço o Rev. mestre de cerimônias em ceroulas curtas e largas, de meias pretas, sapatos de fivela, e solidéu à cabeça. Apesar dos apuros em que se achavam, todos desataram a rir: só ele e a cigana choravam de envergonhados.”
  • 26. As aventuras de Leonardinho tornar-se-ão, nesse momento, o único núcleo das Memórias e uma importante personagem surgirá: Dona Maria, velha rica que também protegerá o protagonista! “ D. Maria tinha bom coração, era benfazeja, devota e amiga dos pobres, porém em compensação dessas virtudes tinha um dos piores vícios daquele tempo e daqueles costumes: era a mania de demandas. Como era rica, D. Maria alimentava esse vício largamente; as suas demandas eram o alimento da sua vida; acordada pensava nelas, dormindo sonhava com elas...” É na casa de D. Maria que Leonardo, já jovem e ainda absolutamente desocupado, se encantará por Luisinha, sobrinha abastada da velha das demandas. No entanto, há um entrave para a paixão de Leonardo: é José Manuel, rival que usará de todos os artifícios para conquistar Luisinha.
  • 27. Depois da morte do barbeiro, o herói da narrativa será obrigado a ir morar com seu pai, Chiquinha, uma meia-irmã já nascida e a parteira. O convívio com a madrasta é insuportável, e Leonardinho abandona a casa. Enquanto os desentendimentos ocorriam, a parteira havia tentado afastar José Manuel de Luisinha para favorecer o afilhado, mas a distância de Leonardinho dá espaço ao rival, que acaba conseguindo casar-se com a jovem graças à influência, junto à Dona Maria, de um mestre-de-reza — espécie de “professor de oração”, velho e cego, que ensinava a rezar a criadagem da velha. Longe de casa, Leonardo reencontra seu velho amigo de travessuras da igreja. É esse rapaz que lhe fará conhecer um novo amor, Vidinha, moça bonita de voz encantadora, de uma família composta de duas viúvas — a mãe de Vidinha e sua irmã — e seis jovens, três filhos de uma, empregados no exército e três filhas de outra. Apaixonado, Leonardo agrega-se a essa família para conquistar a mais bela das irmãs, mas encontra a resistência de dois dos primos, que tinham a mesma finalidade. Prestes a abandonar a casa, depara-se com a madrinha, que o havia localizado. Rapidamente ela ganha a amizade e a simpatia das viúvas. Em uma patuscada(festa familiar), os rivais do memorando arranjam que ele seja preso pelo Vidigal, por vadiação, porém ele escapa das garras do policial e retorna ao convívio da casa. Para livrá-lo da acusação dos dois irmãos e da perseguição de Vidigal, que jurava vingança por ter perdido uma presa, a comadre lhe arruma emprego na ucharia-real, o depósito de mantimentos do rei, perdido à custa de um flerte com a mulher do toma-largura, apelido que se dava a criados do rei.
  • 28. Enciumada por causa desse episódio, Vidinha vai à ucharia fazer escândalo; acompanhando-a para persuadi-la do contrário, Leonardinho acaba finalmente preso pelo Vidigal, que fará dele um granadeiro de sua patrulha. Aliviada, Vidinha retorna a casa, não sem encantar o toma-largura que, espertalhão e conquistador, se aproxima da família das duas viúvas. Em uma patuscada, o don juan é preso por beber demais: é Leonardo quem se encarrega dessa tarefa. Mesmo ligado à tropa de Vidigal, Leonardo não deixa de ser malandro e prega peças em seu superior — livra da perseguição o Teotônio, um piadista —, o que lhe rende a prisão definitiva, da qual só sairá depois da intervenção de Dona Maria, da comadre e de Maria Regalada, amor antigo de Vidigal, que intercede junto a ele em nome do herói. Em troca da liberdade de Leonardo, Maria Regalada cede ao desejo de Vidigal e mora em sua companhia. Livre e com o cargo de sargento da companhia de granadeiros, Leonardo casa-se com Luisinha após a morte de José Manuel. Como sargentos da ativa não podiam casar-se, ganha o título de sargento de milícias, que dá título ao texto.
  • 29. “ Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel A. de Almeida fim