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:: artigo
Wilson Stefano Júnior
Principal da OliverWight desde 1998. Possui 33 anos de experiência em empresas manufatureiras, suportando-as na implantação de melhores práticas de Gestão
Integrada por meio de projetos globais e locais. Formado em Administração. Mestrando na Unicamp/FEM.Autor de artigos como: O Impacto do S&OP/IBP na Gestão
Integrada do Negócio (Batocchio, Stefano, 2009), publicado na edição 13 da revista MundoLogística; Como Direcionar as Organizações Rumo ao Alto Desempenho
Sustentável com Lucratividade (Stefano, 2010), publicado na edição 17 da revista MundoLogística; SustainableHigh Performance andProfitability (Stefano, 2008),
publicado no site da OliverWight (www.oliverwight.com).
wstefano@oliverwight.com
Integrated Supply Chain
Management (ISCM):
A Arte Perdida
O futuro é claro e já chegou para muitas empresas. Cadeias
de Abastecimento (SupplyChains) estão sendo estendidas
de forma global com múltiplos parceiros, e nenhuma empresa
pode esperar sobreviver a este futuro próximo como sendo o
“elo mais fraco” (Weakest Link) dessas cadeias de abastecimento.
Sendo assim é essencial gerenciar de forma integrada a cadeia de
abastecimento (ISCM – IntegratedSupply Chain Management), evitando sintomas
como, por exemplo: perda de credibilidade com os clientes/consumidores; excesso de
agilizações para mover os processos; altos custos na cadeia de abastecimento, altos custos
logísticos; excesso de horas extras; altos custos nos transportes; elevados montantes em
estoques não contribuindo para o aumento do nível de serviço; atrasos em lançamentos
de produtos; carência na gestão de portfólio adequado; redução do desempenho financeiro
e operacional; surpresas financeiras, entre outros sintomas experimentados nas últimas
décadas pelas empresas. Gerenciar a cadeia de abastecimento de forma integrada, eficiente
e efetiva, no curto, médio e longo prazo passa a ser um fator crítico de sucesso para
essas empresas.A integração e a coordenação de todas as atividades associadas com o
planejamento e o movimento de produtos deste os estágios iniciais (matérias-primas), até o
consumidor final (produto acabado), passam a ser um objetivo que dever ser almejado pelas
empresas para poderem entrar na competição por uma vantagem competitiva sustentada.
Esse sucesso será garantido quando a sua empresa e os seus parceiros na cadeia de
abastecimento conseguir executar três coisas pelo menos:
a. Manter a sua casa em ordem primeiro.
b. Seus parceiros estarem prontos, ou seja, com a casa em ordem também.
c. Elevar o relacionamento de colaboração na cadeia de abastecimento.
Este artigo tem por objetivo dar uma visão geral do exposto acima sem, no entanto, entrar
nos detalhes profundos dos temas relacionados aos processos da Gestão Integrada da
Cadeira de Abastecimento (ISCM – Integrated Supply Chain Management).
19
Considere os seguintes ce-
nários: três orquestras iniciam a sua apresentação
tocando a “Quinta Sinfonia de Beethoven” (Beetho-
ven’sFifth Symphony).
A primeira orquestra trabalha como uma máquina
perfeita,bem engraxada e com engrenagens conectadas
perfeitamente. Todas as seções (funções) unem-se em
perfeita harmonia à medida que o maestro as conduz.
O resultado é uma música maravilhosa, impressionante.
Em uma cidade vizinha,a segunda orquestra não está indo
muito bem.Os instrumentos musicais de sopro feitos de
madeira e os instrumentos de corda não estão total-
mente em harmonia. Embora a desarmonia mantenha-
se leve, e não percebida, mesmo assim,isso é um pouco
aborrecedor. O maestro gostaria de parar a apresenta-
ção e iniciar novamente, mas infelizmente, isso não é um
ensaio. O maestro pensa: como isso pode acontecer?
E em outra cidade vizinha, a terceira orquestra está
passando por uma terrível noite de apresentação. Os
instrumentos musicais de sopro feitos de madeira, os
instrumentos de metais e os instrumentos de corda es-
tão guerreando, lutando uns com os outros. O maestro
se complica naquela guerra cruzada de barulhos, ruídos
e as pessoas começam a deixar a sala de audiência.
Essas três orquestras podem representar as empre-
sas.Algumas empresas estão como a primeira orquestra,
bem sincronizadas, as funções estratégicas, de produtos,
de vendas, de marketing, de operações, da cadeia de
abastecimento, de finanças, de recursos humanos, de
pesquisa e desenvolvimento, todas trabalhando em har-
monia, em conjunto e compartilhando informações, as-
sim elas podem facilmente atender as demandas reque-
ridas pelos clientes, consumidores e mercados em que
atuam. Essas empresas podem alcançar impressionante
nível de serviço e gozam de um belo crescimento e
lucratividade mesmo em tempos difíceis na economia.
Elas tipicamente executam a liderança na sua indústria
criando mercados e ditando os padrões de competição
mundialmente.
Outras empresas se encontram como a segunda
orquestra, elas experimentam uma falta de harmo-
nia entre as funções que acaba rendendo um menor
grau de competitividade. Marketing, vendas acaba ten-
do uma percepção errônea sobre as competências de
operações, cadeia de abastecimento, enquanto ope-
rações, cadeia de abastecimento deixam de acreditar
no plano de demanda desenvolvido por marketing
e vendas. Isso pode ser acentuado por uma barrei-
ra de linguagem. Vendas, Marketing tipicamente falam
em valor monetário, enquanto operações, cadeia de
abastecimento necessitam planejar capacidade e mão-
de-obra. Se isso não for gerenciado apropriadamente,
essa discrepância pode causar problema de comuni-
cação e comprometer o desempenho da empresa.
Finalmente, existem as empresas que se assemelham a
terceira orquestra, elas são literalmente despedaçadas
pelo processo interno de acusações mútuas. Suas várias
funções possuem uma carência na comunicação, como
se estivessem competindo entre elas. Quando isso
acontece o desempenho da empresa carece acentuada-
mente. Promessas feitas acabam não sendo cumpridas
e entregas atrasadas passam a fazer parte do dia-a-dia
da empresa. Um esforço extra acaba sendo necessário
para mantê-las funcionando. A lucratividade evapora à
medida que a empresa passa a pagar preço-prêmio para
entregas de materiais adicionais, fretes aéreos, horas ex-
tras. Clientes, consumidores não satisfeitos começam a
migrar para outras empresas que possam atender suas
necessidades de forma desejada. O fato é que não exis-
te um maestro (processos integrados de gestão, ou mo-
delo de gestão integrada do negócio maduro) que pos-
sa manter todas as funções trabalhando em conjunto de
forma harmônica.
No ambiente competitivo, cada vez mais a visão ho-
lística e integrada, o alinhamento, a comunicação e as
decisões colegiadas entre as funções de uma empresa e
seus executivos, no curto, médio e longo prazo passam
a ser um fator crítico de sucesso.
Desempenho sustentável requer foco contínuo; ali-
nhamento (realinhamento) e sincronização de todas as
funções. Daí a importância por parte dos gestores, e de
forma colegiada, o entendimento claro da maturidade
que se encontra o Modelo de Negócio Integrado (Inte-
grated Business Model) em sua empresa.
Mantendo a sua casa em ordem (Modelo
de Negócio Integrado/Integrated Business
Model)
Antes de aventurar-se a gerenciar o relacionamento
com os parceiros na cadeia de abastecimento estendi-
da (extendedsupplychain), tenha certeza de que os seus
processos integrados de gestão estão operando de ma-
neira eficiente.
20 www.revistamundologistica.com.br
Groves, Hervert e Correl (2008), em seu livro Achie-
vingClass A Business Excellence, descreve o Modelo
de Negócio Integrado (Integrated Business Model) e
exemplificado na figura 1. Nele é demonstrada a hie-
rarquia desses processos-chave de Gestão Integrada de
Negócio, os seus diversos níveis de planejamento, os
seus diferentes horizontes, participantes, decisões.Todos
requeridos e devendo operar em harmonia para que a
empresa tenha sucesso.
Este modelo pode ser dividido em duas partes, acima
da linha e abaixo da linha pontilhada como demonstra-
do na figura 1 (nível agregado (aggregatelevel) e nível
detalhado (detaillevel)). O propósito do nível agregado,
acima da linha pontilhada, é garantir que todos os pla-
nos funcionais estejam alinhados, para detectar lacunas
(gaps) entre a última projeção e o plano de negócio e
estratégico da empresa, tomando ação, quando neces-
sário, com o objetivo de minimizar os riscos, e elevar as
oportunidades no mercado em que atua. Sendo assim
os planos funcionais agregados devem estar alinhados
aos planos funcionais detalhados. Tipicamente o nível
agregado possui horizontes entre três a cinco anos para
o longo prazo (planejamento estratégico/nível estraté-
gico) e 18 a 24 meses para o médio prazo (Integrated
BusinessPlannning − IBP / nível tático). Já o nível deta-
lhado possui horizontes entre quatro a seis meses para
o curto prazo, reduzindo-se para semanas na execução.
Uma das dificuldades das empresas tem sido a manu-
tenção desse alinhamento entre o nível agregado e o
nível detalhado. Uma vez que o nível detalhado suporta
o planejamento detalhado da cadeia de abastecimento
estes deveriam manter total sincronização.
Manter a sua casa em ordem significa alcançar pelo
menos um nível capaz neste modelo de gestão integrada
do negócio. Qual é a maturidade deste modelo dentro
da sua empresa? Com que referência o tem comparado?
O mesmo com relação aos seus parceiros estarem
prontos, ou seja, com a casa em ordem também, e aí a
questão aparece novamente: Qual é a maturidade deste
modelo dentro dos seus parceiros? Com que referência
tem comparado?
Executando a gestão integrada da cadeia
de abastecimento (Integrated Supply Chain
Management – ISCM)
Uma vez que a nossa casa esteja em ordem e a casa
Figura 1. Integrated Business Model. Fonte: Groves, Hervert, Correl (2008).
STRATEGIC MANAGEMENTIntegrated Business Planning
Sales & Operation Planning
STRATEGY
BUSINESS PLAN
PERFORMANCE
MANAGEMENT
BUSINESS REVIEW
Supply Chain
Management
Supply Point
Management
Supplier
Management
Market
Management
Demand
Management
Slaes
Management
Portfolio
Management
Project
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Resource
Management
DEMAND REVIEW
SUPPLY REVIEW
PRODUCT
MANAGEMENT
Procurement
Management
Procurement
Management
PERFORMANCE IMPROVEMENT
PEOPLE, VALUES & KNOWLEDGE MANAGEMENT
Distribution
Resource
PLanning
Aggregate
level
detail
level
21
dos nossos parceiros na cadeia de abastecimento tam-
bém esteja em ordem, podemos elevar o relacionamen-
to de colaboração na cadeia de abastecimento.Todos
têm ouvido a velha afirmação de que a cadeia de abas-
tecimento é tão forte quanto o elo mais fraco dela, pois
bem,nossa cadeia de abastecimento estendia certamen-
te mantém essa mesma afirmação.A figura 2 demonstra
de forma simplificada os processos integrados de gestão
supplier manufacturing customer
extended supply chain management
OPTIMIZED/SYNCHRONIZED PLAN
OUR SUPPLIERS
OUR
PRODUCTION
OUR
CUSTOMERS
OUR
DISTRIBUTION
SALES COMPANY
CONSUMPTION
Figura 2. Gestão Integrada da cadeia de abastecimento. Fonte: Managing the Extended Supply Chain, Ron Ireland
22 www.revistamundologistica.com.br
da cadeia de abastecimento.
A gestão integrada da cadeia de abastecimento tem
falhado em alguns casos dado a carência desses proces-
sos integrados de gestão, principalmente no que tange
à qualidade de dados e aos processos detalhados de
planejamento e controle. O processo de Integrated Bu-
siness Planning – IBP (advanced Sales and Operations
Planning) também é um dos que têm contribuído para
as falhas na gestão integrada da cadeia de abastecimen-
to, uma vez que as empresas ainda não o implantaram
de forma eficiente, efetiva e com uma maturidade que
possa ser traduzida em contribuição e benefício. O pro-
cesso de IBP, embora tenha sido desenvolvido há mais
de 20 anos, só agora ele tem recebido as “luzes dos
holofotes”. Diversas pesquisas indicam que para os pró-
ximos anos, o processo de IBP é o foco das empresas
e dos executivos. O processo de IBP é o melhor pro-
cesso para colocar a cadeia de abastecimento em siner-
gia. Muitos benefícios têm sido atribuídos a ele dentro
dessas pesquisas, principalmente a elevação da asserti-
vidade dos planos de demanda. O IBP conectado com
o CPFR – Collaborative Planning Forecasting and Reple-
nishment passa a ser um grande catalisador do potencial
de sincronização da cadeia de abastecimento estendida.
Elevando o relacionamento de colaboração
na cadeia de abastecimento
A gestão na cadeia de abastecimento estendida é fei-
ta por meio de programas de colaboração, como, por
exemplo, o CPFR – Collaborative Planning Forecasting
and Replenishment. O processo de colaboração é uma
aproximação de senso comum objetivando o desenvol-
vimento do relacionamento baseado em princípios. Ele
é extremamente difícil de ser implantado, tipicamente.
O processo de colaboração na cadeia de abastecimento
inicia com as partes educando uma a outra sobre suas
funções internas de planejamento da cadeia de abasteci-
mento (supply chain functions).As discussões podem in-
cluir: Que tipo de informação é usado e está disponível
durante o processo de planejamento da cadeia de abas-
tecimento; quais as zonas de tempo (time fences) estão
envolvidas no processo de fabricação, como o processo
de Integrated Business Planning (IBP) pode contribuir
para o planejamento integrado. Essas discussões irão su-
portar o processo de educação e estimular um melhor
entendimento dos horizontes requeridos para sincro-
nizar as atividades de planejamento e controle. Uma
vez que exista acordo em compartilhar informação, o
processo de colaboração na cadeia de abastecimento
é documentado. Este documento define a colaboração
de forma mútua e pode conter: Escopo; objetivos de
melhoria continuada compartilhada; colaboração de
informações necessárias; solução de tecnologia utilizada
para a colaboração; pontos de colaboração; indicadores
de desempenho compartilhados; em alguns casos bene-
fícios compartilhados. Outros acordos, como, por exem-
plo, podem conter o nível de serviço (SLA – Service
LevelAgreements), como parte deste processo.
O passo final desse esforço de colaboração será a
execução. O processo de execução irá trazer assuntos
não cobertos no acordo e que deverão ser endereça-
dos e resolvidos. O acordo do processo de colabora-
ção na cadeia de abastecimento dever ser considerado
como um documento vivo e ser aperfeiçoado constan-
temente.
Considerações Finais
Se executarmos uma revisão mais profunda do tema
e os processos que envolvem a gestão integrada da
cadeia de abastecimento (Integrated Supply Chain Ma-
nagement – ISCM) podemos notar que os processos
descritos nos modelos de forma macro, foram todos
desenvolvidos sem exceção a mais de 20, 30, 40 anos,
considerando o planejamento e a execução. Sendo as-
sim, porque é que ainda hoje temos carência em diver-
sas empresas quando nos referimos a eles? Talvez isso
signifique que ao longo desses anos todos acabamos
perdendo a capacidade e a competência de mantê-los
operando pelo menos maduros o suficiente (capablele-
vel – The Oliver WightClass A Checklist ) para poder-
mos executar uma gestão integrada da cadeia de abas-
tecimento eficiente e eficaz.
O objetivo deste artigo foi demonstrar de forma ge-
ral que não precisamos inventar a roda, mas sim educar
nossos gestores com relação às melhores práticas rela-
cionadas a esses processos integrados de gestão, o que
a meu ver não tem sido executado com destreza nessas
últimas décadas.
Referências Bibliográficas
BATOCCHIO, STEFANO, O Impacto do S&OP na Gestão In-
tegrada do Negócio, Revista MundoLogística, 2009
CORRELL, Integrated Plannign and Control:The lost art of Man-
aging the Supply Chain, OliverWight,White Paper
GROVES, HERVERT, CORREL,Achieving Class A Business Excel-
lence,An Executive’s Perspective, JohnWiley & Sons, 2008
IRELAND, Managing the Extended Supply Chain, OliverWight,
White Paper
LING, GODDARD, Orchestrating Success – Improve Control of
the Business with Sales and Operations Planning, JohnWiley &
Sons, 1998
STEFANO, Como Direcionar as Organizações Rumo ao Alto
Desempenho Sustentável e à Lucratividade, Revista MundoLogís-
tica, 2010
THE OLIVERWIGHT CLASS A CHECKLIST for Business Excel-
lence, sixth edition, JohnWiley & Sons, Inc, 2005

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Gestão Integrada da Cadeia de Abastecimento

  • 1. Artigo publicado na edição 32 w w w . r e v i s t a m u n d o l o g i s t i c a . c o m . b r j a n e i r o e f e v e r e i r o d e 2 0 1 3 Assine a revista através do nosso site
  • 2. 18 www.revistamundologistica.com.br :: artigo Wilson Stefano Júnior Principal da OliverWight desde 1998. Possui 33 anos de experiência em empresas manufatureiras, suportando-as na implantação de melhores práticas de Gestão Integrada por meio de projetos globais e locais. Formado em Administração. Mestrando na Unicamp/FEM.Autor de artigos como: O Impacto do S&OP/IBP na Gestão Integrada do Negócio (Batocchio, Stefano, 2009), publicado na edição 13 da revista MundoLogística; Como Direcionar as Organizações Rumo ao Alto Desempenho Sustentável com Lucratividade (Stefano, 2010), publicado na edição 17 da revista MundoLogística; SustainableHigh Performance andProfitability (Stefano, 2008), publicado no site da OliverWight (www.oliverwight.com). wstefano@oliverwight.com Integrated Supply Chain Management (ISCM): A Arte Perdida O futuro é claro e já chegou para muitas empresas. Cadeias de Abastecimento (SupplyChains) estão sendo estendidas de forma global com múltiplos parceiros, e nenhuma empresa pode esperar sobreviver a este futuro próximo como sendo o “elo mais fraco” (Weakest Link) dessas cadeias de abastecimento. Sendo assim é essencial gerenciar de forma integrada a cadeia de abastecimento (ISCM – IntegratedSupply Chain Management), evitando sintomas como, por exemplo: perda de credibilidade com os clientes/consumidores; excesso de agilizações para mover os processos; altos custos na cadeia de abastecimento, altos custos logísticos; excesso de horas extras; altos custos nos transportes; elevados montantes em estoques não contribuindo para o aumento do nível de serviço; atrasos em lançamentos de produtos; carência na gestão de portfólio adequado; redução do desempenho financeiro e operacional; surpresas financeiras, entre outros sintomas experimentados nas últimas décadas pelas empresas. Gerenciar a cadeia de abastecimento de forma integrada, eficiente e efetiva, no curto, médio e longo prazo passa a ser um fator crítico de sucesso para essas empresas.A integração e a coordenação de todas as atividades associadas com o planejamento e o movimento de produtos deste os estágios iniciais (matérias-primas), até o consumidor final (produto acabado), passam a ser um objetivo que dever ser almejado pelas empresas para poderem entrar na competição por uma vantagem competitiva sustentada. Esse sucesso será garantido quando a sua empresa e os seus parceiros na cadeia de abastecimento conseguir executar três coisas pelo menos: a. Manter a sua casa em ordem primeiro. b. Seus parceiros estarem prontos, ou seja, com a casa em ordem também. c. Elevar o relacionamento de colaboração na cadeia de abastecimento. Este artigo tem por objetivo dar uma visão geral do exposto acima sem, no entanto, entrar nos detalhes profundos dos temas relacionados aos processos da Gestão Integrada da Cadeira de Abastecimento (ISCM – Integrated Supply Chain Management).
  • 3. 19 Considere os seguintes ce- nários: três orquestras iniciam a sua apresentação tocando a “Quinta Sinfonia de Beethoven” (Beetho- ven’sFifth Symphony). A primeira orquestra trabalha como uma máquina perfeita,bem engraxada e com engrenagens conectadas perfeitamente. Todas as seções (funções) unem-se em perfeita harmonia à medida que o maestro as conduz. O resultado é uma música maravilhosa, impressionante. Em uma cidade vizinha,a segunda orquestra não está indo muito bem.Os instrumentos musicais de sopro feitos de madeira e os instrumentos de corda não estão total- mente em harmonia. Embora a desarmonia mantenha- se leve, e não percebida, mesmo assim,isso é um pouco aborrecedor. O maestro gostaria de parar a apresenta- ção e iniciar novamente, mas infelizmente, isso não é um ensaio. O maestro pensa: como isso pode acontecer? E em outra cidade vizinha, a terceira orquestra está passando por uma terrível noite de apresentação. Os instrumentos musicais de sopro feitos de madeira, os instrumentos de metais e os instrumentos de corda es- tão guerreando, lutando uns com os outros. O maestro se complica naquela guerra cruzada de barulhos, ruídos e as pessoas começam a deixar a sala de audiência. Essas três orquestras podem representar as empre- sas.Algumas empresas estão como a primeira orquestra, bem sincronizadas, as funções estratégicas, de produtos, de vendas, de marketing, de operações, da cadeia de abastecimento, de finanças, de recursos humanos, de pesquisa e desenvolvimento, todas trabalhando em har- monia, em conjunto e compartilhando informações, as- sim elas podem facilmente atender as demandas reque- ridas pelos clientes, consumidores e mercados em que atuam. Essas empresas podem alcançar impressionante nível de serviço e gozam de um belo crescimento e lucratividade mesmo em tempos difíceis na economia. Elas tipicamente executam a liderança na sua indústria criando mercados e ditando os padrões de competição mundialmente. Outras empresas se encontram como a segunda orquestra, elas experimentam uma falta de harmo- nia entre as funções que acaba rendendo um menor grau de competitividade. Marketing, vendas acaba ten- do uma percepção errônea sobre as competências de operações, cadeia de abastecimento, enquanto ope- rações, cadeia de abastecimento deixam de acreditar no plano de demanda desenvolvido por marketing e vendas. Isso pode ser acentuado por uma barrei- ra de linguagem. Vendas, Marketing tipicamente falam em valor monetário, enquanto operações, cadeia de abastecimento necessitam planejar capacidade e mão- de-obra. Se isso não for gerenciado apropriadamente, essa discrepância pode causar problema de comuni- cação e comprometer o desempenho da empresa. Finalmente, existem as empresas que se assemelham a terceira orquestra, elas são literalmente despedaçadas pelo processo interno de acusações mútuas. Suas várias funções possuem uma carência na comunicação, como se estivessem competindo entre elas. Quando isso acontece o desempenho da empresa carece acentuada- mente. Promessas feitas acabam não sendo cumpridas e entregas atrasadas passam a fazer parte do dia-a-dia da empresa. Um esforço extra acaba sendo necessário para mantê-las funcionando. A lucratividade evapora à medida que a empresa passa a pagar preço-prêmio para entregas de materiais adicionais, fretes aéreos, horas ex- tras. Clientes, consumidores não satisfeitos começam a migrar para outras empresas que possam atender suas necessidades de forma desejada. O fato é que não exis- te um maestro (processos integrados de gestão, ou mo- delo de gestão integrada do negócio maduro) que pos- sa manter todas as funções trabalhando em conjunto de forma harmônica. No ambiente competitivo, cada vez mais a visão ho- lística e integrada, o alinhamento, a comunicação e as decisões colegiadas entre as funções de uma empresa e seus executivos, no curto, médio e longo prazo passam a ser um fator crítico de sucesso. Desempenho sustentável requer foco contínuo; ali- nhamento (realinhamento) e sincronização de todas as funções. Daí a importância por parte dos gestores, e de forma colegiada, o entendimento claro da maturidade que se encontra o Modelo de Negócio Integrado (Inte- grated Business Model) em sua empresa. Mantendo a sua casa em ordem (Modelo de Negócio Integrado/Integrated Business Model) Antes de aventurar-se a gerenciar o relacionamento com os parceiros na cadeia de abastecimento estendi- da (extendedsupplychain), tenha certeza de que os seus processos integrados de gestão estão operando de ma- neira eficiente.
  • 4. 20 www.revistamundologistica.com.br Groves, Hervert e Correl (2008), em seu livro Achie- vingClass A Business Excellence, descreve o Modelo de Negócio Integrado (Integrated Business Model) e exemplificado na figura 1. Nele é demonstrada a hie- rarquia desses processos-chave de Gestão Integrada de Negócio, os seus diversos níveis de planejamento, os seus diferentes horizontes, participantes, decisões.Todos requeridos e devendo operar em harmonia para que a empresa tenha sucesso. Este modelo pode ser dividido em duas partes, acima da linha e abaixo da linha pontilhada como demonstra- do na figura 1 (nível agregado (aggregatelevel) e nível detalhado (detaillevel)). O propósito do nível agregado, acima da linha pontilhada, é garantir que todos os pla- nos funcionais estejam alinhados, para detectar lacunas (gaps) entre a última projeção e o plano de negócio e estratégico da empresa, tomando ação, quando neces- sário, com o objetivo de minimizar os riscos, e elevar as oportunidades no mercado em que atua. Sendo assim os planos funcionais agregados devem estar alinhados aos planos funcionais detalhados. Tipicamente o nível agregado possui horizontes entre três a cinco anos para o longo prazo (planejamento estratégico/nível estraté- gico) e 18 a 24 meses para o médio prazo (Integrated BusinessPlannning − IBP / nível tático). Já o nível deta- lhado possui horizontes entre quatro a seis meses para o curto prazo, reduzindo-se para semanas na execução. Uma das dificuldades das empresas tem sido a manu- tenção desse alinhamento entre o nível agregado e o nível detalhado. Uma vez que o nível detalhado suporta o planejamento detalhado da cadeia de abastecimento estes deveriam manter total sincronização. Manter a sua casa em ordem significa alcançar pelo menos um nível capaz neste modelo de gestão integrada do negócio. Qual é a maturidade deste modelo dentro da sua empresa? Com que referência o tem comparado? O mesmo com relação aos seus parceiros estarem prontos, ou seja, com a casa em ordem também, e aí a questão aparece novamente: Qual é a maturidade deste modelo dentro dos seus parceiros? Com que referência tem comparado? Executando a gestão integrada da cadeia de abastecimento (Integrated Supply Chain Management – ISCM) Uma vez que a nossa casa esteja em ordem e a casa Figura 1. Integrated Business Model. Fonte: Groves, Hervert, Correl (2008). STRATEGIC MANAGEMENTIntegrated Business Planning Sales & Operation Planning STRATEGY BUSINESS PLAN PERFORMANCE MANAGEMENT BUSINESS REVIEW Supply Chain Management Supply Point Management Supplier Management Market Management Demand Management Slaes Management Portfolio Management Project Management Resource Management DEMAND REVIEW SUPPLY REVIEW PRODUCT MANAGEMENT Procurement Management Procurement Management PERFORMANCE IMPROVEMENT PEOPLE, VALUES & KNOWLEDGE MANAGEMENT Distribution Resource PLanning Aggregate level detail level
  • 5. 21 dos nossos parceiros na cadeia de abastecimento tam- bém esteja em ordem, podemos elevar o relacionamen- to de colaboração na cadeia de abastecimento.Todos têm ouvido a velha afirmação de que a cadeia de abas- tecimento é tão forte quanto o elo mais fraco dela, pois bem,nossa cadeia de abastecimento estendia certamen- te mantém essa mesma afirmação.A figura 2 demonstra de forma simplificada os processos integrados de gestão supplier manufacturing customer extended supply chain management OPTIMIZED/SYNCHRONIZED PLAN OUR SUPPLIERS OUR PRODUCTION OUR CUSTOMERS OUR DISTRIBUTION SALES COMPANY CONSUMPTION Figura 2. Gestão Integrada da cadeia de abastecimento. Fonte: Managing the Extended Supply Chain, Ron Ireland
  • 6. 22 www.revistamundologistica.com.br da cadeia de abastecimento. A gestão integrada da cadeia de abastecimento tem falhado em alguns casos dado a carência desses proces- sos integrados de gestão, principalmente no que tange à qualidade de dados e aos processos detalhados de planejamento e controle. O processo de Integrated Bu- siness Planning – IBP (advanced Sales and Operations Planning) também é um dos que têm contribuído para as falhas na gestão integrada da cadeia de abastecimen- to, uma vez que as empresas ainda não o implantaram de forma eficiente, efetiva e com uma maturidade que possa ser traduzida em contribuição e benefício. O pro- cesso de IBP, embora tenha sido desenvolvido há mais de 20 anos, só agora ele tem recebido as “luzes dos holofotes”. Diversas pesquisas indicam que para os pró- ximos anos, o processo de IBP é o foco das empresas e dos executivos. O processo de IBP é o melhor pro- cesso para colocar a cadeia de abastecimento em siner- gia. Muitos benefícios têm sido atribuídos a ele dentro dessas pesquisas, principalmente a elevação da asserti- vidade dos planos de demanda. O IBP conectado com o CPFR – Collaborative Planning Forecasting and Reple- nishment passa a ser um grande catalisador do potencial de sincronização da cadeia de abastecimento estendida. Elevando o relacionamento de colaboração na cadeia de abastecimento A gestão na cadeia de abastecimento estendida é fei- ta por meio de programas de colaboração, como, por exemplo, o CPFR – Collaborative Planning Forecasting and Replenishment. O processo de colaboração é uma aproximação de senso comum objetivando o desenvol- vimento do relacionamento baseado em princípios. Ele é extremamente difícil de ser implantado, tipicamente. O processo de colaboração na cadeia de abastecimento inicia com as partes educando uma a outra sobre suas funções internas de planejamento da cadeia de abasteci- mento (supply chain functions).As discussões podem in- cluir: Que tipo de informação é usado e está disponível durante o processo de planejamento da cadeia de abas- tecimento; quais as zonas de tempo (time fences) estão envolvidas no processo de fabricação, como o processo de Integrated Business Planning (IBP) pode contribuir para o planejamento integrado. Essas discussões irão su- portar o processo de educação e estimular um melhor entendimento dos horizontes requeridos para sincro- nizar as atividades de planejamento e controle. Uma vez que exista acordo em compartilhar informação, o processo de colaboração na cadeia de abastecimento é documentado. Este documento define a colaboração de forma mútua e pode conter: Escopo; objetivos de melhoria continuada compartilhada; colaboração de informações necessárias; solução de tecnologia utilizada para a colaboração; pontos de colaboração; indicadores de desempenho compartilhados; em alguns casos bene- fícios compartilhados. Outros acordos, como, por exem- plo, podem conter o nível de serviço (SLA – Service LevelAgreements), como parte deste processo. O passo final desse esforço de colaboração será a execução. O processo de execução irá trazer assuntos não cobertos no acordo e que deverão ser endereça- dos e resolvidos. O acordo do processo de colabora- ção na cadeia de abastecimento dever ser considerado como um documento vivo e ser aperfeiçoado constan- temente. Considerações Finais Se executarmos uma revisão mais profunda do tema e os processos que envolvem a gestão integrada da cadeia de abastecimento (Integrated Supply Chain Ma- nagement – ISCM) podemos notar que os processos descritos nos modelos de forma macro, foram todos desenvolvidos sem exceção a mais de 20, 30, 40 anos, considerando o planejamento e a execução. Sendo as- sim, porque é que ainda hoje temos carência em diver- sas empresas quando nos referimos a eles? Talvez isso signifique que ao longo desses anos todos acabamos perdendo a capacidade e a competência de mantê-los operando pelo menos maduros o suficiente (capablele- vel – The Oliver WightClass A Checklist ) para poder- mos executar uma gestão integrada da cadeia de abas- tecimento eficiente e eficaz. O objetivo deste artigo foi demonstrar de forma ge- ral que não precisamos inventar a roda, mas sim educar nossos gestores com relação às melhores práticas rela- cionadas a esses processos integrados de gestão, o que a meu ver não tem sido executado com destreza nessas últimas décadas. Referências Bibliográficas BATOCCHIO, STEFANO, O Impacto do S&OP na Gestão In- tegrada do Negócio, Revista MundoLogística, 2009 CORRELL, Integrated Plannign and Control:The lost art of Man- aging the Supply Chain, OliverWight,White Paper GROVES, HERVERT, CORREL,Achieving Class A Business Excel- lence,An Executive’s Perspective, JohnWiley & Sons, 2008 IRELAND, Managing the Extended Supply Chain, OliverWight, White Paper LING, GODDARD, Orchestrating Success – Improve Control of the Business with Sales and Operations Planning, JohnWiley & Sons, 1998 STEFANO, Como Direcionar as Organizações Rumo ao Alto Desempenho Sustentável e à Lucratividade, Revista MundoLogís- tica, 2010 THE OLIVERWIGHT CLASS A CHECKLIST for Business Excel- lence, sixth edition, JohnWiley & Sons, Inc, 2005