2. Eugênio de Castro e Almeida é considerado o
introdutor do Simbolismo em Portugal. Licenciou-se
em Letras na Universidade de Coimbra e após o
término do curso ocupou alguns cargos diplomáticos,
como professor na mesma universidade. Em Coimbra
foi co-fundador da revista internacional A Arte, onde
foi diretor entre 1895 e 1896, e foi também colaborador
do jornal O Dia.
Ele publicou os seus primeiros trabalhos de poesia, em
1884, aos 15 anos de idade, atingindo o momento mais
alto da sua obra em 1900 com o livro Constança.
3. Murmúrio de água na clepsidra gotejante,
Lentas gotas de som no relógio da torre,
Fio de areia na ampulheta vigilante,
Leve sombra azulando a pedra do quadrante,
Assim se escoa a hora, assim se vive e morre...
Homem, que fazes tu? Para quê tanta lida,
Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça?
Procuremos somente a Beleza, que a vida
É um punhado infantil de areia ressequida,
Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa...
4. Sua obra pode ser dividida em duas fases: na primeira fase
ou fase Simbolista, que corresponde a sua produção poética
até o final do século XIX, Eugênio de Castro definiu
algumas características da Escola Simbolista, como por
exemplo o uso de rimas novas e raras, novas
métricas, sinestesias, aliterações e vocabulário mais rico e
musical.
Na segunda fase ou neoclássica, que corresponde aos
poemas escritos já no século XX, vemos um poeta voltado à
Antiguidade Clássica e ao passado português, revelando
um certo saudosismo, característico das primeiras décadas
do século XX em Portugal.