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Avaliação da qualidade e composição do colostroe-book · 10 destaques
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Nãoénovidadealgumaqueocolostroéessencialparaosbezerrosrecém-nascido,fornecendoanticorpos(imunoglobulinas-IgG)
que os protegem contra infecções. As IgG colostrais são essenciais para assegurar a adequada transferência de imunidade passiva
entre a vaca e o bezerro, uma vez que o tipo de placenta dos ruminantes não permite a passagem de anticorpos entre a mãe e o
fetoduranteagestação.Assim,recomenda-seofornecimentode2litrosdecolostrodealtaqualidade(maisde50mgdeIgG/mL)
nas primeiras 2 horas após o nascimento e mais 4 litros nas próximas 22 horas, totalizando 6 litros nas primeiras 24 horas de vida
dos bezerros.
Entretanto, a contaminação bacteriana do colostro pode afetar a eficiência da colostragem, uma vez que as bactérias podem se
ligar às IgG livres presentes no lúmen intestinal, bloqueando sua absorção. A inadequada higienização dos tetos para a ordenha,
recipientes de estocagem, baldes e mamadeiras contaminados, e excesso de tempo entre a ordenha e o fornecimento do colostro
fresco são as principais formas de aumento da contagem bacteriana. Para que se tenha uma idéia, um colostro fresco contém, em
média20.000ufcdeE.coli/mL.Seomesmofordeixadoemtemperaturaambiente,essacontagempodedobraracadaduashoras.
Assim, a recomendação atual é que se descarte colostros que contenham menos de 50 mg de IgG/mL e/ou contagem bacteriana
total superior a100.000 ufc/mL.
Carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminas e minerais presentes no colostro são também fontes vitais de energia, aminoácidos,
cofatores para enzimas e outras funções do organismo.
O bezerro recém-nascido possui reservas muito pequenas de energia, com os lípides representando apenas 3% do seu peso vivo.
Além disso, grande parte desses lípides são estruturais (presentes em órgãos e tecidos), não contribuindo para o suprimento de
energia do animal. Assim, os bezerros dependem da gordura e lactose presente no colostro como fonte de energia para
termogênese (produção de calor) e manutenção da temperatura corporal. Sabe-se que o colostro possui um conteúdo energético
superior ao do leite, mas o mesmo pode variar muito entre diferentes colostros.
As proteínas não-imunoglobulinas são essenciais para o crescimento e diferenciação de vários tecidos e órgãos no organismo dos
bezerros recém-nascidos, além de facilitar a assimilação de outros nutrientes. Assim como o conteúdo de gordura, apresentam
grandes variações quando se comparam diferentes colostros.
O objetivo desse artigo é apresentar as variações, obtidas em levantamentos de pesquisa, nas concentrações de IgG, nutrientes e
contaminação bacteriana de colostros coletados e estocados em fazendas produtoras de leite.
Avaliação de colostros nos EUA
O Journal of Dairy Science publicou em julho desse ano, um levantamento conduzido nos EUA (Morrill et al. 2012) com o objetivo
de avaliar a qualidade imunológica, microbiológica e nutricional de colostros produzidos em várias regiões do país, e submetidos
a diferentes métodos de estocagem.
Nesse trabalho, foram coletadas 827 amostras de colostro provenientes de 67 fazendas, localizadas em 12 estados, entre junho e
outubro de 2010. Do total de amostras, 479 foram provenientes de vacas Holandesas, 87 de Jerseys, 7 de cruzamentos e 239 de
raças indefinidas. Quarenta e nove vacas do levantamento estavam em sua primeira lactação, 174 na segunda, 128 com três ou
mais, e 476 não tinham dados de número de lactações . Nenhuma das propriedades utilizava a pasteurização do colostro.
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Todas as amostras foram avaliadas para concentração de IgG, gordura, proteína. sólidos totais, contagem de células somáticas
(CCS) e contagem bacteriana total (CBT), conforme pode ser observado naTabela 1.
Tabela 1 - Médias gerais para IgG, nutrientes, e contaminação bacteriana de amostras de colostro
Fonte: Adaptado de Morrill et al. (2012)
Pelos dados da tabela é possível observar a grande variação na composição das amostras de colostro. A gordura apresentou a
maior variação média, de 57% entre as amostras, seguida da concentração de IgG, com 48% de variação.
Qualidade dos colostros
Imunoglobulinas
Muitos fatores, como o volume de colostro produzido, o número de lactações da vaca, a duração do período seco, as vacinações,
dentre outros, podem afetar a concentração de IgG do colostro, explicando a grande variação observada nesse levantamento.
Item Número
de
amostras
Média Desvio
padrão
Mínimo Máximo Variação
média(%)
IgG
(mg/mL)
827 68,8 32,9 <1,8 200,2 48
Gordura
(%)
531 5,6 3,2 1,0 21,7 57
Proteína
(%)
542 12,7 3,3 2,6 20,5 26
Lactose
(%)
538 2,9 0,5 1,2 4,6 17
Outros
sólidos
(%)
544 4,3 0,5 1,1 8,8 12
Sólidos
totais
(%)
496 22,6 4,7 1,7 33,1 21
CCS
(Log 10)
548 5,9 0,8 3,8 7,3 13,5
CBT
(Log 10)
548 4,9 0,9 3,0 6,8 18
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Arecomendaçãoatualéquesedescartecolostrosquecontenhammenosde50mgdeIgG/mL.Nolevantamentoamericano,29,4%
das amostras apresentaram concentrações inferiores a essa recomendação (Tabela 2), colocando cerca de 30% dos bezerros
nascidos nos EUA em risco de apresentarem falhas na transferência de imunidade passiva. Outro levantamento, feito na Noruega,
relatou que 57,8% das amostras de colostro avaliadas apresentavam menos de 50 mg de IgG/mL.
Tabela 2 - Porcentagem de amostras de colostro distribuídas de acordo com a concentração de IgG
Concentração de IgG
(mg/mL)
Número de amostras % de amostras
<50 243 29,4
50-80 303 36,6
80-100 156 18,9
100-120 75 9,1
>120 50 6
Total 827 100
Fonte: Morrill et al. (2012)
Emoutroestudo,conduzidoem12rebanhosnaregiãodeWisconsin/EUA(Swanetal.,2007),as239amostrasdecolostroavaliadas
apresentaram média de 76,7mg de IgG/mL, com variação de 9,4 a 185,7 mg/mL.
Outrotrabalhorecente(Fidleretal.2011)relatouumvalormédiode70,3mgdeIgG/mL,comvariaçãode35,8a124,2mg/mL,em
22 amostras analisadas.
Contaminação bacteriana
Um segundo parâmetro de avaliação da qualidade de colostros é a contaminação bacteriana. Como dito anteriormente, altas
contagens bacterianas podem levar a uma redução na absorção de IgG, reduzindo a eficiência da colostragem, mesmo quando se
fornece colostro com mais de 50mg de IgG/mL.
No levantamento americano, mais de 50% das amostras avaliadas apresentaram CBT inferior a 100.000 ufc/mL. Entretanto, 27%
dessas apresentaram valores superiores a 500.000 ufc/mL (Tabela 3), colocando os bezerros em uma situação de alto desafio
imunológico, seja pela quantidade de bactérias ingeridas ou pela interferência na absorção das IgG que deveriam protegê-los
contra as infecções nessa fase inicial de suas vidas.
Regionalmente, a região sudeste dos EUA apresentou a maior média para CBT, bem como o maior número de amostras contendo
valores superiores a 100.000 ufc/mL. Segundo os autores, essa observação deve-se ao clima quente e úmido da região,
favorecendo o crescimento bacteriano. Essa condição climática é típica de grande parte do Brasil, fazendo com que essa realidade,
certamente, esteja presente nas propriedades brasileiras.
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Tabela 3 - Porcentagem de amostras de colostro distribuídas de acordo com a contagem bacteriana
total (CBT)
CBT (ufc/mL) Número de amostras % de amostras
<100.000 409 54,8
100.000 - 300.000 90 12,1
300.000 - 500.000 47 6,3
500.000 - 1.000.000 74 9,9
>1.000.000 126 16,9
Total 746 100
Fonte: Morrill et al. (2012)
Sabe-se que a refrigeração ou congelamento do colostro, logo após sua coleta, diminuem o ritmo de crescimento bacteriano,
sendorecomendadaarefrigeraçãoquandoomesmoforfornecidoematé24horasapósacoleta,ouocongelamentoparaperíodos
superiores de estocagem. Entretanto, um levantamento feito pelo National Animal Health Monitoring System (NAHMS, 2007)
constatou que 60,7% do colostro americano é fornecido fresco ou estocado sem refrigeração.
No levantamento feito nos EUA, mais de 60% das amostras submetidas à refrigeração ou congelamento após a coleta
apresentaram CBT inferior a 100.000 ufc/mL. Entretanto, mais de 40% das amostras refrigeradas apresentaram CBT superior a 1
milhão de ufc/mL (Tabela 4). Segundo os autores, isso pode ter ocorrido em função de altas temperaturas ambientais antes da
estocagem, de um longo período de tempo entre a coleta e a refrigeração, da velocidade da refrigeração, e do tempo entre a
retiradadarefrigeraçãoeofornecimentoaosbezerros. Ouseja,mesmoumcolostrodealtaqualidadeimunológica(maisde50mg
de IgG/mL) e baixa CBT (menos de 100.000 ufc/mL) pode ser ineficiente em promover uma adequada transferência de imunidade
passiva, além de poder representar uma fonte de infecção para os bezerros, em função do crescimento bacteriano pós-coleta.
Tabela 4 - Porcentagem de amostras de colostro distribuídas de acordo com a contagem bacteriana
total (CBT) e com o método de estocagem antes do fornecimento
Fonte: Morrill et al. (2012)
Amostras frescas Amostras
refrigeradas
Amostras
congeladas
Item No.
amostras
% No.
amostras
% No.
amostras
%
CBT (ufc/mL)
<100.000 122 67 35 23 252 61,2
100.000-300.000 21 11,5 17 11,2 52 12,6
300.000-500.000 9 5 10 6,6 28 6,8
500.000 -1.000.000 8 4,4 32 21 34 8,2
>1.000.000 22 12,1 58 38,2 46 11,2
Total 182 100 152 100 412 100
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Embora uma grande porcentagem de amostras tenha apresentado valores adequados de IgG (70,6%) ou de CBT (54,8%), pouco
maisde40%mostraram-seadequadasemrelaçãoaosdoisparâmetros(Tabela5),colocandoaproximadamente60%dosbezerros
nascidos nos EUA em risco de falhas na transferência de imunidade passiva.
Tabela 5 - Porcentagem de amostras alcançando ambas as recomendações industriais para a
qualidade do colostro
Fonte: Adaptado de Morrill et al. (2012)
Comrelaçãoaosgênerosdebactériaspresentesnocolostro,umestudorealizadonoBrasil,noEstadodoRioGrandedoSul(Saafeld
et al. 2011), encontrou as seguintes ocorrências e frequências: Lactobacillus spp e Staphylococcus spp (100% das amostras);
Escherichiaspp(74%dasamostras);Streptococcusspp(7,4%dasamostras);Klebsielaspp, BacillussppeSerratiaspp(1,85%das
amostras, cada).Também foram isolados fungos leveduriformes em 1,85% das amostras.
Qualidade nutricional
Como mostrado na Tabela 1, o conteúdo de gordura nos colostros apresentou enorme variação (1 a 21,7%) no levantamento
americano.Obaixoconteúdodegorduraafetaasobrevivênciadosbezerrosrecém-nascidos,umavezquepossuembaixasreservas
de energia, na forma de lípides (380 a 600g) e de glicogênio (180g).
Alactoseéoprincipalcarboidratopresentenocolostroeleite,fornecendocercade3,95kcal/g.Trabalhosrecentesmostramqueas
concentrações de lactose aumentam durante as 3 primeiras ordenhas pós-parto, alcançando valores médios de 2,7; 3,9 e 4,4%,
respectivamente.Outroestudomostrouqueesseaumentoocorreaté30diaspós-parto.Nolevantamentoamericano,alactosefoi
ocomponentequeapresentoumenorvariaçãonoscolostrosavaliados. Asbaixasconcentraçõesobservadasemalgumasamostras
estão relacionados com a alta CBT das mesmas, uma vez que as bactérias utilizam a lactose como substrato energético.
As proteínas são o terceiro grupo de nutrientes presentes no colostro que podem servir como fonte de energia (5,6 kcal/g) para os
bezerros recém-nascidos, embora sejam mais importantes para o desenvolvimento estrutural dos mesmos. O colostro contém
maior teor de proteína que o leite (14 vs. 3,2%), sendo que grande parte é composta de IgG. As concentrações de proteína
apresentam rápido declínio nos primeiros dois dias após o parto, caindo de forma contínua até 30 dias pós-parto. Como mostrado
naTabela 1, o conteúdo médio de proteína no levantamento americano foi de 12,7%, com uma variação média de 26% entre as
amostras. O método de conservação do colostro foi responsável por variações no conteúdo de proteína, sendo maior em amostras
refrigeradas ou congeladas quando comparadas com as frescas.
Parâmetro Número de amostras Porcentagem (%)
IgG > 50mg/mL e CBT<100.000 ufc/mL 272 41,2
IgG > 50mg/mL e CBT>100.000 ufc/mL 201 30,5
IgG < 50mg/mL e CBT>100.000 ufc/mL 81 12,3
IgG < 50mg/mL e CBT<100.000 ufc/mL 106 16
Total 660 100
Contagem de células somáticas
Novos casos de mastite podem ocorrer durante o período seco, afetando a qualidade do colostro. Uma observação interessante é
que valores de CCS superiores a 50.000 céls/mL (log CCS = 4,7) estão relacionados com a produção de colostro com baixas
concentrações de IgG (menos que 30 mg/mL). No levantamento americano, todas as amostras de colostros que apresentaram
menos de 25 mg de IgG/mL tiveram alta CCS (superior a log CCS = 5,6).
Suplementos e substitutos de colostro
Emsituaçõesnasquaisapenascolostrodebaixaqualidadeestejadisponível,autilizaçãodesuplementosesubstitutosdecolostro
podemserumaalternativaparaevitarasfalhasnatransferênciadeimunidadepassiva.Essesprodutostambémpodemserusados
para evitar a transmissão de vários patógenos via colostro, incluindo Mycobacterium avium ssp. paratuberculosis (MAP),
Salmonella dublin, e Mycoplasma bovis.
Os suplementos de colostro são produtos que fornecem menos de 100g de IgG/dose, sendo destinados apenas para a
suplementação do colostro já existente, não sendo recomendados para substituir o mesmo. Por outro lado, os substitutos de
colostro contém valores superiores a 100g IgG/dose, além de fornecerem outros nutrientes, como carboidratos, proteína, gordura,
vitaminas e minerais exigidos pelo neonato, sendo utilizados como substituto completo do colostro materno.
Um estudo recente (Pithua et al. 2010), conduzido nos EUA com 497 animais de 12 rebanos, mostrou que a utilização de
substitutos de colostro foi uma alternativa eficiente para a colostragem em vários rebanhos leiteiros. Os animais foram
acompanhadospor54mesesecomparadosaogrupoquerecebeucolostroverdadeiro.Osanimaisadultosdogrupoquerecebeuo
substitutonãoapresentaramdiferençaquantoàproduçãodeleite/lactação,desempenhonareproduçãoeriscodeabateoumorte
quando comparados aos animais do grupo que recebeu colostro materno. Além disso, as bezerras do grupo que recebeu o
substituto apresentaram menor incidência de infecções causadas por Mycobacterium avium ssp. Paratuberculosis que os animais
do grupo que recebeu colostro verdadeiro.
Conclusões
Os resultados de levantamentos de pesquisa sobre a qualidade do colostro mostram uma enorme variação em parâmetros como:
concentraçãodeIgG,níveisdegorduraeproteína,econtaminaçãobacteriana,colocandoosbezerrosemgranderiscodefalhasna
transferência de imunidade passiva.
Alémdecuidadoscomanutriçãoesanidadedavacanoperíodoseco,eumadequadomanejodecoleta,estocagemefornecimento
do colostro, a utilização de suplementos e substitutos de colostro é uma nova ferramenta, que está entrando agora no mercado
brasileiro, e que pode auxiliar na redução das falhas na transferência de imunidade passiva e na transmissão de doenças.
Avaliação da qualidade e composição do colostroe-book · 10 destaques
Animais Jovens
A diarreia é o problema de saúde mais comum encontrado em bezerras antes do desmame. Na melhor das hipóteses, os episódios
de diarreia desaceleram o crescimento, aumentam o trabalho e os custos pelo tratamento. Porém, a diarreia pode matar também,
sendo responsável por mais de 60% de todas as mortes de bezerras pré-desmame. Quando a diarreia é severa, a bezerra
rapidamente perde fluidos e eletrólitos. A morte ocorre por desidratação e incapacidade de manter as funções celulares normais
porcausadosbalançosalteradosdeeletrólitos(sódio,potássio,cloreto)nosangueenascélulas.Amánotíciaéqueadiarreiaestá
muito disseminada e causa bastante mortalidade; a boa notícia é que a ocorrência de diarreia pode ser minimizada por meio do
bom manejo.
A diarreia é causada por vários agentes infecciosos, incluindo bactérias, vírus e protozoários. A baixa qualidade dos substitutos do
leite ou o manejo alimentar inconsistente também podem a doença, mas normalmente, na ausência de microrganismos
patogênicos, essa não se desenvolve em diarreia severa.
A prevenção da diarreia começa com uma bezerra recém nascida saudável, que recebe proteção imunológica contra agentes
infecciosos comuns na fazenda. A vaca produz anticorpos (imunoglobulinas) contra os patógenos presentes em seu ambiente e
esses circulam no sangue. Entretanto, a estrutura da placenta dos bovinos não permite que os anticorpos cruzem essa barreira até
o feto. Assim, os anticorpos precisam ser fornecidos à bezerra por meio do colostro. As vacas extraem anticorpos de seu sangue e
ostransferemaocolostroantesdoparto.Dessaforma,umbommanejonutricionaleavacinaçãoapropriadadevacassecaspodem
aumentar os anticorpos que combatem doenças que estão disponíveis à bezerra. Converse com seu veterinário para desenvolver
um plano específico para vacinação de vacas secas em sua propriedade.
Ter um colostro rico em anticorpos não serve de nada à bezerra se ela não o consumir. O segundo pilar da prevenção de diarreia é
garantirumforteprogramadecolostragem.Forneceranticorpossuficientesàbezerra,pormeiodocolostro,dependefornecê-loo
mais rápido possível após o nascimento, garantindo um consumo suficiente (pelo menos 3 L nas primeiras 6 horas de vida) e
usando colostro de boa qualidade, avaliado com um colostrômetro. A capacidade de absorver anticorpos é maior logo após o
nascimentoecaidrasticamenteatécercade24horasdevida,quandoacapacidadedointestinodeabsorverasgrandesmoléculas
de anticorpos intactas desaparece completamente.
Um aspecto crítico do manejo do colostro, que foi identificado nos últimos anos, é a higiene adequada. Bactérias no intestino
podem ser absorvidas pelo mesmo mecanismo que os anticorpos do colostro e, dessa forma, passar para o sangue das bezerras e
causar uma doença severa. Nossos programas de manejo do colostro se esforçam para ter os anticorpos nos locais de absorção
intestinal antes das bactérias ambientais. Entretanto, se a quantidade de bactérias que alcançar o intestino for muito grande, as
defesas podem ficar comprometidas.
As contagens de bactérias no colostro recém ordenhado são muito baixas. Entretanto, a contaminação pode ocorrer rapidamente
por procedimentos de ordenha (tetos ou equipamentos de ordenha sujos) ou de alimentação (mamadeiras ou sondas esofágicas
sujas)anti-higiênicos.Osefeitosdecontaminaçãopodemserpioradosmuitorapidamenteseocolostronãoforresfriadoemcurto
períododetempoemantidorefrigerado.Noclimaquente,ocolostroprecisaserresfriadosenãopuderserfornecidodentrodeuma
hora após a coleta, pois as bactérias podem crescer de forma acelerada em altas temperaturas. Um bom método para resfriar
rapidamente o colostro após a coleta é colocar várias garrafas plásticas limpas, com água congelada, no fundo de um tanque.
Agora, sabemos que fornecer colostro rico em bactérias pode ser pior do que não fornecer colostro nenhum, porque estamos
essencialmente inoculando a bezerra com potenciais bactérias causadoras de doenças.
Diarreia: mantendo suas bezerras saudáveise-book · 10 destaques
Animais Jovens
Diarreia: mantendo suas bezerras saudáveise-book · 10 destaques
Animais Jovens
Outrafontedeagentescausadoresdedoençaparaabezerraéolocaldoparto.Certifique-sedequeessaáreaémantidalimpaelivre
de esterco ou lama.
Depois do fornecimento do colostro, a limpeza ainda é de vital importância. Todos os equipamentos de alimentação devem ser
lavados e higienizados após cada aleitamento. Além disso, quantidades adequadas de leite precisam ser fornecidas para suprir os
nutrientes para mantença, crescimento e produção da resposta imune. Lembre-se também que quando a temperatura ambiente é
mais fria que 15oC ou mais quente que 25oC, as bezerras jovens precisam usar energia para se aquecer ou para se esfriar, utilizando
parte dos nutrientes consumidos para esse fim. Assim, menos nutrientes estarão disponíveis para o crescimento ou para produzir
uma resposta imune eficiente.
Quando as bezerras desenvolvem diarreia, o primeiro tratamento deve sempre o fornecimento de fluidos e eletrólitos. Muitos casos
de diarreia podem ser resolvidos apenas com a compensação das perdas de fluidos e eletrólitos, desde que estejam se alimentando.
As bezerras que estão alertas e interessadas em beber leite devem continuar sendo alimentadas, com a solução de eletrólitos sendo
oferecidaentreosfornecimentosdeleite.Asbezerrasqueestãodeprimidas,incapazesdeficarempé,enãointeressadasemcomer,
podem precisar de terapia intravenosa para desidratação.
É importante estabelecer boas medidas de biossegurança para a criação de bezerras. As bezerras não devem ser cuidadas pelas
mesmas pessoas que trabalharam com os animais mais velhos, a menos que troquem de botas e de roupa. Os animais e os pássaros
podem ser vetores para disseminação de doenças. Gatos, cachorros, roedores e passadores podem carrear microrganismos
causadores de doenças para dentro das áreas onde vivem as bezerras e, sendo assim, o movimento desses animais deve ser
controlado.
Adiarreiadebezerraspodeserumproblemasério,maspodesercontroladopormeiodeumaatençãocuidadosaaosdetalhes.Tratar
as vacas secas apropriadamente, manter as áreas de parição limpas, implementar um programa bem sucedido de colostro são
condiçõesessenciaisparamanterasbezerrassaudáveis.Pensaremlimpezaotempotodoeforneceràbezerranutrientessuficientes
para crescerem rapidamente e construírem uma resposta imune. Suas bezerras agradecerão!
Desmamando bezerras com maior sucesso e menos sofrimentoe-book · 10 destaques
Animais Jovens
Odesmame,fasedetransiçãodaingestãodoleiteparaalimentossólidos,éumdostrêsperíodosmaisestressantesdavidadeuma
fêmeabovina,sendoqueosoutrosdoissãooseupróprionascimentoeonascimentodesuascrias.Naproduçãoleiteira,operíodo
de desaleitamento, frequentemente, resulta em perda de peso, fazendo com que as bezerras fiquem mais debilitadas e também
mais susceptíveis a doenças, principalmente as respiratórias. As bezerras que desenvolvem patologias respiratórias apresentarão
deficiências, em longo prazo, no crescimento e na futura produção de leite. Consequentemente, o sofrimento do desmame não é
somenteumperíododecomprometimentodobem-estaranimal,mastambémumafasequepodelevaraperdaseconômicasaos
produtores de leite em curto e longo prazos.
Na produção leiteira, o processo do desmame é diferente do praticado na criação de bovinos de corte ou de suínos, uma vez que,
nestes sistemas, as crias são mantidas com a mãe por um período de tempo prolongado. O desmame envolve a separação da mãe
e mudança de uma dieta exclusivamente a base de leite para outra contendo apenas alimentos sólidos. Na atividade leiteira, as
bezerras são separadas da mãe já no primeiro dia de vida e, dessa forma, o processo de desmame envolve somente a mudança da
alimentação. Entretanto, essa mudança ainda inclui alterações nos processos comportamentais e, assim, como resultado,
definem-se dois componentes de desafios ao desmame: estressores comportamentais e nutricionais.
No desmame, as bezerras são desafiadas a, repentinamente, pararem de consumir e digerir leite e passarem para a digestão de
alimentos sólidos, sua nova fonte de nutrientes. Para que essa mudança aconteça com sucesso, uma série de adaptações
fisiológicas precisa ocorrer. O leite ou o sucedâneo ingerido durante o aleitamento, ao evitar o rúmen imaturo pelo fechamento da
goteira esofágica, passa diretamente para o abomaso (estômago verdadeiro), e a digestão de seus componentes ocorre no
intestino delgado. A bezerra é totalmente capaz de digerir o leite desde o seu nascimento, contudo, a capacidade de digerir
alimentos sólidos requer adaptações no sistema digestivo. Com poucas semanas de idade, o intestino delgado das bezerras já
consegue digerir amido e proteína, além de outras fontes de nutrientes que não o leite, entretanto, a digestão de fibras (celulose
e hemicelulose) é inteiramente dependente do desenvolvimento da população microbiana do rúmen. Os alimentos sólidos
consumidos (pasto, forragem ou concentrados iniciadores) entrarão no rúmen e, dessa forma, estarão sujeitos à fermentação pela
população microbiana de rápido desenvolvimento.
Aevoluçãodafunçãofermentativaruminaldependediretamentedodesenvolvimentodapopulaçãomicrobianaedasadaptações
metabólicasnoanimal.Apesardeasbactériasquedigeremacelulosepoderemserencontradasnorúmenjádosprimeirosdiasde
vida das bezerras, elas não serão funcionais, como em ruminantes maduros, até que o pH do órgão possa ser mantido em 6,0 ou
valor superior, na maior parte do dia. Consequentemente, as bactérias e outros microrganismos requeridos para a digestão de
fibras não estão aptos para a função de fermentar as mesmas no início da vida. Nesta fase, a digestão de fibras está muito aquém
da digestão de proteínas e amido provenientes de grãos ou fontes oleaginosas. Além disso, a capacidade dos tecidos do animal de
usarácidosgraxosvoláteis(AGV)produzidospelafermentaçãocomofontedeenergiaémenorembezerrasrecém-nascidasdoque
emruminantesfuncionais.Seoanimaléforçadoadependerdadigestãodealimentossólidos,antesdesuacapacidadefisiológica
estar completa, o desempenho do crescimento será menor, bem como a eficiência alimentar. Além disso, a bezerra estará mais
susceptível a doenças infecciosas.
Além das adaptações digestivas e metabólicas, necessárias para um desmame bem sucedido, há também os estressores
ambientais que podem prejudicar o crescimento e o bem-estar da bezerra. Uma vez que esta é separada da mãe logo após o
nascimento, há o desenvolvimento de um vínculo comportamental com a pessoa que lhe fornece o leite duas vezes ou mais por
dia. A bezerra conta com essa“mãe de aluguel”para satisfazer sua fome e a estimular a mamar. Caso a pessoa responsável pelo
manejo deixe de visitar o animal no desmame, isso pode representar um grande estresse para o mesmo.
Desmamando bezerras com maior sucesso e menos sofrimentoe-book · 10 destaques
Animais Jovens
Pesquisadores tentaram separar os efeitos comportamentais dos efeitos nutricionais em um determinado estudo. Observou-se
quetodooprocessoémenosestressanteseasbezerras,aoseremdesmamadas,continuaremrecebendoáguaaquecidanomesmo
aparato (balde ou mamadeira) e nos mesmos horários que ingeriam leite, pelo menos por alguns dias após o desmame. Nesse
caso,abezerravêohumanocuidadorcomoa“mãe”,queaindachegaparafornecerumlíquidoquente,conformefoicondicionada
por dias, ainda que o mesmo não esteja fornecendo nenhum nutriente. Outro aspecto a ser considerado é a ruptura social no caso
de os animais serem movidos para outro ambiente ao mesmo tempo em que são desmamados. O ideal é que as mesmas
permaneçamnobezerreiropor,pelomenos,umasemanaapósodesmame.Asbezerrassãoanimaissociais,portanto,quandosão
movidas em pares ou grupos pequenos, tendem a apresentar menos estresse do que quando manejadas individualmente para
piquetes coletivos, com animais desconhecidos do rebanho.
Ofatormaisimportantedopontodevistanutricionalénãodescontinuarofornecimentodeleiteatéqueabezerraestejacomendo
e seja capaz de digerir alimentos sólidos. O processo de desenvolvimento do rúmen requer cerca de 3 semanas, não importando
quando começou. A bezerra precisa alcançar uma ingestão consistente de concentrado inicial para dar suporte às suas
necessidades de mantença (pelo menos) antes de ser desmamada. A ingestão adequada desse concentrado, antes do desmame,
será um forte indicador da capacidade de digestão e de crescimento após o parto (Figura 1). Desmamar antes de a bezerra estar
fisiologicamente pronta significa perda de desempenho e maiores chances de problemas de saúde.
Figura 1. O ganho médio diário (GMD) de bezerras na semana do desmame está altamente relacionado à quantidade de ingestão
dealimentoiniciadorduranteasemanaantesdodesmame.ArelaçãoderegressãodizqueparaasbezerrasmanteremumGMDde
1,0 kg/dia após o desmame, elas precisariam estar consumindo 1,3 kg de matéria-seca do alimento iniciador antes de começar o
desmame. De Stamey et al. (2012).
O desmame bem sucedido é fundamental para que a bezerra esteja pronta para suprir suas necessidades de proteína e energia
comoumruminantefuncional,aoinvésdeumpré-ruminante.Naprática,issosignificaque,paraserdesmamadacompletamente,
a bezerra precisa cumprir esses critérios:
• Estar comendo, pelo menos, 50 gramas/dia de concentrado inicial para bezerras, por no mínimo 3 semanas, sem grandes
variações diárias.
• Estar comendo grãos suficientes para manter suas necessidades de energia e proteína de acordo com seu tamanho corpóreo e
condições ambientais (mantença).
O processo de desmame envolve a redução da ingestão de leite, que pode ser feita de muitas maneiras. Contudo, não deve haver
uma parada abrupta no fornecimento. Um dos métodos mais simples é reduzir gradualmente o volume de leite por, pelo menos,
uma semana antes do desmame.Tirar a alimentação da tarde é, normalmente, a prática mais eficaz para reduzir a ingestão total
de leite. Se possível, faça um desmame mais gradual, durante 10 dias ou mais fica, o que facilitará a adaptação da bezerra. A
ingestão de sólidos do leite pode também ser reduzida, diluindo progressivamente o mesmo volume de leite com maiores
quantidadesdeáguaou,simplesmente,aquantidadetotaldeleiteoferecidapodeserlentamentereduzida.Pesquisasmostraram
queambososmétodossãoeficazes,apesardeareduçãonaquantidade(volume)deleiteoferecidaaolongodotempoapresentar
uma pequena vantagem.
O fornecimento ou não de forragem para a bezerra junto com o concentrado inicial tem sido tema de forte debate atualmente. Ao
mesmo tempo em que pequenas quantidades de feno podem aumentar o desempenho da bezerra, grandes quantidades podem
reduzir a ingestão do concentrado e, consequentemente, comprometer o crescimento. Em um cenário “natural”, o primeiro
alimento sólido das bezerras, caso estivessem com suas mães, seria o pasto fresco. Este é diferente do feno, pois apresenta maior
teor de açúcar e fibras menos lignificadas, sendo, portanto, mais digestível. Contudo, se as bezerras não têm acesso ao pasto,
pequenas quantidades de feno ou palha devem ser oferecidas. O fornecimento de 50 a 100 gramas de forragem, junto com o
concentrado inicial, pode suprir as necessidades físicas de fibras e aumentar a digestão geral. O feno não deve ser fornecido à
vontade, pois é mal digerido no rúmen imaturo e pode reduzir a ingestão de concentrado.
As bezerras devem ter livre acesso à água, mesmo quando ainda estão recebendo leite ou sucedâneo. Como a ingestão de água
está fortemente correlacionada com a ingestão de alimentos secos, seu fornecimento à bezerra, desde os primeiros dias de vida,
tornará o desmame mais fácil. A água fornecida precisa ser mantida limpa e fresca para estimular o consumo.
Bonsprogramasdemanejodebezerraspodemfracassartantodurantecomodepoisdoperíododedesmame.Portanto,pensarno
desmame como outro programa de“transição”pode ajudar a melhorar esse período potencialmente estressante para a bezerra.
Desmamando bezerras com maior sucesso e menos sofrimentoe-book · 10 destaques
Animais Jovens
Por que a água é tão importante para as bezerras?e-book · 10 destaques
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A água é essencial para a sobrevivência e desenvolvimento de todos os seres vivos, mas alguns criadores ainda
acreditamqueelanãosejanecessáriaparabezerrasemaleitamento.Esseconceitoincorretovemdaideiadequeo
consumo de água é muito baixo nessa fase ou de que o leite ou sucedâneo já contém muita água. Mas, os animais
em crescimento têm alta exigência nutricional e o consumo de alimentos aumenta à medida que crescem. Assim,
qualquer problema que cause redução na ingestão de água, levará também à queda no consumo de alimentos e à
redução na taxa de desenvolvimento corporal e ruminal.
Apesar de a água ser considerada um nutriente essencial, uma vez que constitui 80 a 85% do corpo dos animais jovens e, depois
do oxigênio, ser o nutriente mais importante para todos os seres vivos, há ainda muita controvérsia a respeito de quando e como
ofereceráguaaosbezerras.Naprática,observa-sedesdeaofertaapartirdoprimeirodiadevidaatéofornecimentosomenteapós
os 30 dias de idade.
Alguns criadores alegam que o consumo de água é praticamente nulo nos primeiros dias de vida, e que o colostro, o leite e o
sucedâneo já possuem grande volume de água, não justificando, dessa forma, o seu fornecimento. Outros acreditam que a
ingestão de água causa diarreia em bezerras em aleitamento, e que no inverno, devido às baixas temperaturas, a ingestão desta
não seja necessária. No entanto, todos esses conceitos são incorretos e surgem de aspectos aparentemente óbvios, mas sem o
completo entendimento do uso da água no corpo do animal.
A água é necessária diariamente para:
• transporte de nutrientes às células;
• excreção de resíduos (urina e fezes);
• digestão dos alimentos;
• manutenção da pressão osmótica;
• lubrificação das articulações e dos olhos;
• troca de CO2 com o oxigênio nos pulmões;
• regulação da temperatura corporal, especialmente pela liberação de calor pelos pulmões e urina;
• compensação das perdas ocorridas nas fezes, urina, saliva, suor e respiração.
A ingestão de água ocorre de duas formas: ingestão voluntária em bebedouros e fontes naturais, e pelo consumo dos alimentos,
pois todos eles têm água em sua constituição. Além disso, há disponibilização de água no organismo também como resultado de
processos metabólicos. Contudo, 70 a 90% do total são provenientes da ingestão voluntária em bebedouros ou fontes naturais.
O consumo de água varia muito, e é influenciado por uma séria de fatores, dentre os quais estão:
• tamanho corporal;
• intensidade de atividade física;
• estado fisiológico;
• composição e forma física da dieta;
• ingestão de alimentos;
• horário de pastejo;
• temperatura e umidade do ar;
• velocidade dos ventos;
• qualidade da água e facilidade de acesso;
• interações sociais.
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Além desses fatores, ocorre ainda grande variação entre os indivíduos.
Ao contrário do que alguns acreditam, mesmo que o colostro contenha em sua composição 77% de água, e o leite e sucedâneo
entre88,5a87,5%,oquegaranteimportantepartedanecessidadediáriadeáguadoanimalduranteafasedealeitamento,ainda
siménecessáriaaingestãodeáguapelobezerraparaatendimentodetodasasfunçõesrelatadasacima,eparaodesenvolvimento
adequado do rúmen.
Duranteosperíodosdeperdadeáguacausadospordiarreia;arquenteeúmido,provocandotranspiraçãoeaumentodafrequência
respiratória; ar frio e seco; e restrição de água, devido à indisponibilidade desta ou presença de água suja, a desidratação afetará
negativamente o consumo e a digestibilidade dos alimentos.
Necessidade de água durante a diarreia
A diarreia é a principal causa de mortalidade em bezerras em todo o mundo, e os sintomas normalmente aparecem entre 3 a 11
diasdeidade,comduraçãovariada.Duranteadiarreia,asbezerrasperdem2,3kg/diadeáguanasfezes,comparadoa0,880kg/dia
nos animais sadios. Essa perda de água provoca sintomatologia clínica que envolve: desidratação, acidose metabólica e
desequilíbriodeeletrólitos.Comoosanimaisjovensapresentammaiorporcentagemdeáguaemseupesocorporalqueosadultos,
as perdas de líquidos nessa categoria são mais graves.
Nasdesidrataçõesleves,comperdadeaté5%daáguacorporal,ossintomasclínicosnemsempresãopercebidospelostratadores,
entretanto,ocorrereduçãonaeficiênciametabólicaeosanimaisreduzemaproduçãodeurina.Nessemomento,seasbezerrastêm
água à disposição, elas ingerem-na para compensar esta perda, evitando o agravamento da desidratação.
Quando a desidratação atinge 6 a 8%, os animais apresentam os olhos fundos, boca e nariz secos, a produção de urina é reduzida,
a pele perde a elasticidade e começam a apresentar depressão. Embora ainda fiquem de pé, nesse momento, a depressão faz com
que a maior parte dos animais não procure espontaneamente pela água. Não só o líquido corporal está sendo perdido, mas
também eletrólitos, sendo necessário, além da água à vontade, o uso de solução de reposição eletrolítica (soro).
Com a desidratação atingindo 9-11%, a capacidade de regular a temperatura corporal fica reduzida e os animais apresentam as
extremidades, como orelhas e pernas, frias. A depressão se torna mais grave e, se a reposição de fluidos e eletrólitos não for feita,
os animais morrerão quando a desidratação atingir 12 a 14%.
Durante o tratamento das bezerras com diarreia, alguns pontos devem ser focados imediatamente: repor rapidamente a água e
eletrólitosperdidose,nocasodediarreiascausadasporagentespatogênicos,eliminá-los.Aomesmotempo,impedirqueagentes
oportunistas causem uma segunda infecção, uma vez que o sistema imune está deprimido.
Bezerrascommenosdeduassemanasdeidadesãoosmaisvulneráveisàdiarreia,oquepodeconduziràrápidadesidratação.Sem
a reposição da água e eletrólitos perdidos, as bezerras irão morrer.
A falta de água e a desidratação causam também o aumento dos valores de hematócrito e da concentração de ureia no sangue,
alémdareduçãonataxarespiratóriaenamotilidaderuminal.Alémdisso,écapazdeprovocaragressividadedosanimaisemtorno
de bebedouros.
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Necessidade de água durante o calor ou frio
Em comparação aos animais adultos, as bezerras são mais tolerantes ao calor, o que se deve ao fato de apresentarem grande área
desuperfícieemrelaçãoaopesocorporal,etambémàmenorquantidadedecalorgeradoduranteafermentaçãodealimentosno
rúmen, uma vez que a dieta das bezerras possui menos alimentos fibrosos.
Noentanto,assimcomoosanimaisadultos,quandoatemperaturaultrapassa25°C,asbezerrasaumentamasperdasdeáguapela
maior frequência respiratória e resfriamento evaporativo (suor). Assim, precisam de água à disposição para repor as perdas,
aliviando os efeitos do estresse calórico.
Embora seja fundamental a ingestão de água para reposição das perdas causadas pelo estresse calórico, há poucos dados
disponíveis para estimar exatamente o quanto é necessário. Um pesquisador utilizou mais de 33.000 observações de ingestão de
água por bezerros no Estado de Iowa, nos Estados Unidos, para desenvolver equações de predição. A ingestão de concentrado,
temperatura ambiente e o volume de leite ou sucedâneo oferecido foram os três fatores mais importantes para prever a ingestão
de água. A ingestão de concentrado foi responsável por 60% da variação no consumo de água. O estudo mostrou também que a
ingestão de água pelos bezerros aumentou, exponencialmente, à medida que a temperatura ambiente se elevou.
Para amenizar os efeitos do estresse calórico no verão, os baldes de água precisam ser reabastecidos com maior frequência ou
deve-se usar vasilhas maiores, principalmente para bezerras que estão se aproximando da desmama e para aquelas que foram
desmamadas recentemente.
Nosdiasfriosesecos,asbezerrastambémapresentamperdadeáguapelarespiração,oqueépossívelsercomprovadopelanévoa
que sai de suas narinas quando respiram. Nesse momento, eles estão perdendo mais água para o ambiente frio e seco, do que
inalando e, portanto, estão desidratando. Novamente, isso ressalta a importância de fornecer água limpa e fresca para bezerros
durante todo o ano.
Consumo de água e desenvolvimento do rúmen
O rúmen é um ambiente aquoso, possuindo apenas 10 a 18% de matéria seca, o que ocorre em função da entrada da saliva, da
água contida nos alimentos e da ingestão de água, e é onde se encontra a microbiota ruminal (bactérias, protozoários ciliados e
flagelados e fungos anaeróbios, além de vírus bacteriófagos). As bactérias fermentam os alimentos, produzem os ácidos graxos
voláteis que propiciam o desenvolvimento do epitélio do rúmen, além de serem fonte de energia e proteína para as bezerras. Sem
água suficiente, as bactérias não conseguem se multiplicar e fermentar os alimentos, atrasando o desenvolvimento do rúmen.
À medida que as bezerras começam a ingerir alimentos sólidos, aumenta-se a importância do livre acesso à água, pois a diferença
entre o teor de matéria seca do concentrado (aproximadamente 89%) e a matéria seca do conteúdo ruminal (aproximadamente
10 a 18%) precisa ser compensada pela entrada de água no rúmen e, por isso, o consumo de água está altamente correlacionado
com o consumo de concentrado e o ganho de peso das bezerras.
Em 1984, em experimento clássico, pesquisadores estudaram o efeito do fornecimento de água para bezerros na fase de
aleitamento. Nesse estudo, um grupo de bezerros recebia apenas leite e o outro tinha água à disposição. Todos os animais
receberam o mesmo concentrado. O grupo que teve acesso à água apresentou desempenho superior ao do grupo que recebeu
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apenasleite(P<0,05).Oganhodepesomédiodiáriofoide0,300kgparaogrupocomáguaàvontadeede0,188kgparaogrupo
sem água, e o consumo de concentrado foi de 11,7 kg e 8,1 kg, respectivamente, durante o primeiro mês de vida. Uma média de
41,3 kg de água foi ingerida durante as quatro semanas experimentais pelos animais no grupo com água à vontade. Os autores
concluíramqueodesempenhodeanimaisjovenspodeseraumentadocomolivreacessoàáguadesdeosprimeirosdiasdevida.
Quando esta não é oferecida aos bezerros, pode haver diminuição no consumo de matéria seca em 31%, e redução de 38% nas
taxas de ganho de peso.
Outros pesquisadores relataram um consumo médio diário de 2,08 litros de água até a quinta semana de vida, 0,550 kg de
ingestão média diária de concentrado e ganho de peso médio diário de 0,600 kg, para bezerros recebendo quatro litros de leite
por dia, concentrado e feno à vontade. A média diária de consumo de água foi de 1,78 litros na primeira semana, 1,66 litros na
segunda, 1,74 litros na terceira, 2,53 litros na quarta e 2,72 litros na quinta semana.
Qualidade da água
A qualidade da água é uma questão importante na saúde dos animais. Cinco pontos são frequentemente considerados na
avaliação da qualidade da água tanto para os seres humanos quanto para animais:
Propriedades organolépticas - odor e sabor. Estas características podem ser rapidamente percebidas pelos animais, mas só
causam problemas se o consumo for afetado.
Propriedades físico-químicas - pH, sólidos totais dissolvidos, oxigênio total dissolvido, e dureza da água. Geralmente, são
características que não causam problemas para os animais, mas podem indicar problemas marginais.
Presença de compostos tóxicos - metais pesados, minerais tóxicos, organofosforados e hidrocarbonetos. Podem ser achados
comuns na água, mas geralmente em baixa concentração.
Presença de excesso de sais minerais ou compostos - nitratos, sódio, sulfatos e ferro. Podem reduzir o consumo de água e
trazer problemas à saúde.
Presença de bactérias - asconcentraçõesmáximasparaconsumohumanosãoregulamentadaspelasagênciassanitárias,mas
pouco controle existe para consumo animal. Existe risco potencial em algumas situações.
Esses fatores podem ter efeitos diretos sobre a aceitabilidade (palatabilidade) da água e podem afetar o sistema digestivo e as
funções fisiológicas, caso os compostos sejam consumidos e absorvidos.
Ototaldesólidosdissolvidos(TSD)édefinidocomoasomadetodamatériainorgânicadissolvidanaágua,etambéméconhecido
como salinidade da água. Como pode ser um indicador da má qualidade, valores altos são considerados indesejáveis.
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Tabela 1. Guia para uso da água com diferentes concentrações -Total de Sólidos Dissolvidos (TSD)
TSD (ppm) Comentários
Menor que 1.000 - Água fresca Não apresenta risco
1.000 a 2.999 - Baixa salinidade
Pode não afetar a saúde ou o desempenho do
rebanho, porém pode causar diarreia leve
3.000 a 4.999 - Salinidade
moderada
Geralmente satisfatória, mas pode causar diarreia
principalmente após o inicio do consumo
5.000 a 6.999 - Água salina
Pode ser utilizada com razoável segurança para
animais adultos. Porém, deve ser evitada para
fêmeas gestantes e animais jovens
7.000 a 10.000 - Alta salinidade
Deve ser evitada em animais jovens, gestantes e
lactentes, pois podem ser afetados negativamente
Maior que 10.000 - Salmoura
Não é segura, não devendo ser utilizada sob
nenhuma condição
Adaptado de Beede, D.K (2006).
Normalmente, os animais preferem consumir a água com temperatura entre 16 a 27°C, com tendência a reduzir o consumo
quando a temperatura desta cai abaixo de 15°C.
As bezerras são extremamente exigentes em higiene. Em um estudo realizado no Estado de Utah, EUA, pesquisadores
alimentaram e manejaram os bezerros de forma idêntica, exceto pela frequência de lavagem dos baldes de água, que foi feita
diariamente, semanalmente, ou a cada duas semanas. Os bezerros cujos baldes foram lavados diariamente ganharam 0,703
kg/dia antes do desmame, comparado a 0,671 kg/dia para bezerros com baldes lavados semanalmente e 0,635 kg/dia para os
animaiscujosbaldeseramlavadosacada14dias.Alémdisso,esteúltimogrupotevemaiornúmerodetratamentosparadoenças
do que os bezerros que tiveram os baldes lavados diariamente ou semanalmente.
Conclusões
A água é indispensável para as bezerras e não existe razão justificável para não fornecê-la limpa e à vontade a partir do primeiro
dia de vida. Além disso, os animais em crescimento têm alta exigência nutricional e o consumo de alimentos aumenta à medida
que crescem. Assim, qualquer problema que cause redução na ingestão de água, levará também à queda no consumo de
alimentos e à redução na taxa de desenvolvimento corporal e ruminal.
É necessário fornecer feno para bezerras em aleitamento?e-book · 10 destaques
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Sabe-se que o desenvolvimento ruminal das bezerras é determinado pelo consumo de concentrado, e não de
forragemcomosepensavanopassado.Mas,seráqueofornecimentodefeno,duranteafasedealeitamento,pode
trazer algum benefício para a saúde e desenvolvimento das bezerras? Pesquisas recentes mostram que sim, mas
seguindo algumas regras relacionadas à quantidade e forma de inclusão.
A maioria das pesquisas com bezerras leiteiras em aleitamento é focada em estimular o consumo de ração inicial para facilitar a
transiçãodadietalíquidaparaasólidaepromoverodesenvolvimentodorúmen,oqualprecisaserconsideradodospontosdevista
metabólico, microbiano e físico. O desenvolvimento físico do rúmen implica em um aumento da sua massa e do epitélio, que será
responsávelpelaabsorção,transporteemetabolismodosácidosgraxosvoláteis(AGV),quesãoimportantesfontesdeenergiapara
os ruminantes. Em dietas convencionais, baseadas em leite e concentrado inicial, a microbiota do rúmen é bastante desenvolvida
e os parâmetros fermentativos (pH, concentração de AGV, atividades enzimáticas) se tornam constantes a partir de três semanas
de idade. Esse texto tem por objetivo revisar a influência da forragem no desempenho de bezerras e no desenvolvimento do
rúmen.
Os princípios do crescimento das papilas ruminais
Osprodutosfinaisdafermentaçãodeconcentradosnorúmen,osAGV,especialmenteosácidosbutíricoepropiônico,promovemo
desenvolvimento das papilas ruminais. Portanto, pode-se dizer que estimular o consumo de concentrado melhorará o
desenvolvimento do rúmen. Por outro lado, o fornecimento de concentrado induz à rápida fermentação, que pode resultar em
proliferação e queratinização exacerbadas das células epiteliais ruminais (hiperqueratose), e favorecer a presença de papilas
ramificadas (como resultado da hiperqueratose, as papilas se ramificam tentando aumentar a área de absorção epitelial) e de
papilas agregadas a partículas de alimento. Essas consequências negativas, segundo pesquisadores, prejudicariam a absorção de
AGV pelo rúmen, aumentando sua concentração e reduzindo o pH ruminal, além das complicações resultantes da redução de
ingestão de alimentos.
O papel da forragem em idade precoce
Duranteosúltimos60anos,temsidoreportadoemváriosestudosdepesquisaqueainclusãodeumafontedeforragemnasdietas
de bezerras em aleitamento melhora o desenvolvimento das papilas ruminais (reduzindo a presença de papilas ramificadas ou
hiperqueratose), a ingestão de concentrado e aumenta o pH do rúmen. Porém, em alguns casos, pesquisadores relatam que o
fornecimento de forragem não melhora o desempenho geral de bezerras jovens.
Papel da forragem na melhora da saúde ruminal
Durante os primeiros dias de vida, o pH do rúmen é tipicamente acima de 6 (Figura 1), contudo, quando se inicia a ingestão de
concentrado,estepodecairrapidamenteparavaloresabaixode5,5,atéqueoepitéliodorúmensedesenvolvaesetornecapazde
absorver AGV, removendo o acúmulo de ácido no rúmen.
É necessário fornecer feno para bezerras em aleitamento?e-book · 10 destaques
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Figura 1. Evolução do pH do rúmen do nascimento até 85 dias de idade (Rey et al., 2012).
Quando são fornecidas partículas finas de alimento às bezerras jovens, na forma de farelo ou concentrado inicial peletizado, essas
caem entre as papilas ruminais, gerando um conglomerado de alimentos e pelos (em forma de placas) que pode prejudicar a
absorção de AGV. Pesquisadores avaliaram que o fornecimento de uma fonte de forragem reduz a formação destas placas, pelo
efeito abrasivo na mucosa do rúmen, favorecendo a absorção de AGV e, consequentemente, aumentando o pH.
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Figura 2. Diagrama representando os efeitos do fornecimento de forragem para bezerras jovens (aumento do pH do rúmen,
ingestão de ração inicial, ruminação e redução da concentração de AGV) e mecanismos que explicam os resultados observados
(melhora na saúde do rúmen, facilitando a absorção de AGV).
Dados individuais de bezerras que receberam concentrado inicial peletizado, com alto e baixo teor de fibra em detergente neutro
(FDN),comesemsuplementaçãodefenodeaveia,foramusadosparacorrelacionaraingestãoderaçãoinicialàconcentraçãototal
de AGV no rúmen, dando suporte à hipótese do papel da forragem na facilitação da absorção de AGV. As concentrações ruminais
totais de AGV são consequência do equilíbrio entre a produção destes ácidos pela microbiota que fermenta o alimento e a
capacidade do rúmen de absorvê-los. A Figura 3 mostra a relação entre a concentração total de AGV e a ingestão de matéria seca
do concentrado (IMS) de bezerras suplementadas com feno de aveia (em verde) e sem suplementação de forragem (em laranja).
Pode-se notar que com o mesmo nível de IMS (no qual a produção de AGV deveria ser similar), as concentrações de AGV são
maiores em bezerras que não receberam forragem em comparação àquelas que tiveram acesso ao feno de aveia, sugerindo que
menos AGV foram absorvidos por aquelas que não receberam forragem.
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Figura 3. Relação linear entre a ingestão de matéria seca (IMS) do concentrado e a concentração total de ácidos graxos voláteis
(AGV)embezerrasquenãoreceberamforragem(emlaranja)(semrelaçãosignificante)equeforamsuplementadascomforragens
(em verde) (VFA=212 – 30,1 x DMI, R2 =0,12, P=0,05).
Otimizando a inclusão de forragem na dieta de bezerras jovens
Na maioria desses estudos anteriormente mencionados, a fonte de forragem foi incluída na dieta dos animais em uma proporção
pré-determinada e fixa e, em apenas alguns deles, o fornecimento foi à vontade. Pesquisadores avaliaram que quando a fonte de
forrageméfornecidaàvontade,eofenoàdisposiçãodasbezerrasédecapim,oconsumomédioatingecercade5%dadietatotal.
Contudo, quando a fonte passa a ser feno de alfafa, o consumo voluntário aumenta para 12%, prejudicando o desempenho das
bezerras, devido ao menor valor nutricional deste alimento em comparação à ração inicial.
Para determinar se existe um ponto a partir do qual a ingestão de forragem passa a ter um efeito prejudicial na ingestão de
concentrado,foirealizadoumestudocombezerrasemaleitamento,quereceberamumprogramaconvencionaldealimentação(4
litros de leite/dia a 12,5% MS) com forragem e concentrado oferecidos à vontade. Os pesquisadores concluíram que a inclusão de
forragemnaproporçãode3,75%dadietatotalmaximizaaingestãoderaçãoinicial.Poroutrolado,apartirde10%deinclusãode
forragem ocorre um efeito negativo na ingestão de concentrado pelas bezerras jovens.
Tamanho das partículas da forragem
Especialistasdaáreasugeremqueofenolongonãosejaidealparabezerrasjovens,donascimentoaté6-8semanasdeidade,pela
dificuldade na preensão e de digestão desse alimento grosseiro, recomendando a forragem picada como melhor opção. Em um
estudo realizado em 2013, observou-se que a inclusão de 10% de feno de capim picado no concentrado inicial melhorou a
digestibilidade de nutrientes, a eficiência alimentar, e reduziu a incidência de comportamento oral não nutritivo (reflexo de
mamada),quandocomparadocomofornecimentodeconcentradomais10%defenomoído.Dessaforma,elessugeremquepara
se ter os benefícios da forragem na saúde do rúmen, o feno a ser oferecido para as bezerras jovens deve ser picado.
Os concentrados texturizados podem substituir o papel da forragem nas dietas de bezerras jovens?
Nos últimos anos, estudou-se intensivamente o uso de concentrados iniciais texturizados (ou grosseiros) com o objetivo de
aumentarapalatabilidadeeotamanhodapartículaparamelhorarasaúdedorúmen.Porém,existempoucosestudosnaliteratura
comparando os parâmetros ruminais quando se fornece diferentes formas físicas de dietas com ou sem inclusão de forragem.
O concentrado inicial texturizado contém aproximadamente 50% de grãos de cereais (principalmente milho e aveia) integrais ou
na forma processada (laminados, em flocos, rachados etc.) e uma parte peletizada.
A comparação entre um concentrado grosseiro (com 33,8% de milho quebrado, 35% de aveia esmagada e 31,2% de grânulos) e
um concentrado peletizado inicial, sem fornecimento de forragem em ambos os casos, resultou em melhores resultados de
desempenho para os animais que receberam a forma grosseira. Os benefícios dos concentrados iniciais texturizados, no que se
refere ao estímulo à ingestão de ração inicial, são atribuídos principalmente ao tamanho maior das partículas, sendo que
pesquisadores recomendam que pelo menos 50% das partículas devem ser maiores que 1190 µm.
Dados de uma pesquisa, ainda não publicada, realizada com novilhas leiteiras desmamadas, que durante a fase de aleitamento
É necessário fornecer feno para bezerras em aleitamento?e-book · 10 destaques
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receberam concentrado peletizado ou concentrado peletizado mais palha de cevada picada, ou ainda ração texturizada para
bezerra(29%demilhointeiro,24%deaveiainteirae47%deconcentradopeletizado),foramusadosparacorrelacionaraingestão
de MS da ração inicial e o pH do rúmen. Os resultados indicaram que o concentrado peletizado adicionado de palha picada e as
dietas com grãos integrais texturizados aumentam o pH do rúmen, quando se aumenta a ingestão de MS do concentrado. O
contrárioaconteceuquandoseforneceuapenasaraçãopeletizada,quediminuiopHdorúmenquandoaingestãodeconcentrado
aumentou.
Mas,mesmoutilizandoconcentradostexturizados,ainclusãodefenopicadopareceterefeitosbenéficossobreopHdorúmen.Em
um estudo no qual bezerras foram alimentadas com um concentrado inicial texturizado (18% de milho laminado, 23% de cevada
laminada, 12,8% de aveia laminada, 46,2% de grânulos), ou o mesmo concentrado mais feno de azevém, as que receberam
apenasraçãotexturizadativeramumpHdorúmenmaisbaixodoqueaquelasquereceberamamesmaraçãocomsuplementação
de feno (5,4 vs 5,9 ± 0,07 valores de pH, respectivamente).
Similarmente,emoutrapesquisa,foioferecidoumconcentradoinicialprocessadotexturizado(57,5%degrânulos,14%decevada
achatada,13%deaveiaachatada,10%demilholaminadoavapor,e3,5%melaço)eobservou-seummaiorpHdorúmenquando
feno de capim foi suplementado à vontade do que somente com fornecimento de concentrado texturizado (5,5 vs 5,1 ± 0,10
valores de pH, respectivamente).
Apesar de os concentrados texturizados terem tamanho maior de partícula do que os concentrados peletizados e estimularem a
ingestãodeconcentrado,quandohásuplementaçãoadicionaldefenopicadooupalhaaosmesmos,háumamelhoraadicionalno
pH do rúmen e, provavelmente, na saúde ruminal. Segundo pesquisa, bezerras que receberam concentrado grosseiro (32% de
milho laminado a vapor, 9,8% de aveia inteira, 50,7 ou 43,2% de grânulos) com feno de capim picado, a uma taxa de 7,5 ou 15%
da dieta, tenderam a consumir mais alimentos iniciais após o desmame do que aquelas que não receberam a suplementação de
feno. Além disso, como é bastante difícil avaliar se a ração inicial texturizada que estamos fornecendo às bezerras tem ação
abrasiva suficiente no rúmen, parece mais seguro oferecer uma fonte de forragem picada de baixo valor nutricional aos animais
para garantir a saúde adequada do rúmen e estimular a ingestão de alimentos sólidos.
Em resumo, a suplementação de concentrados iniciais peletizados com feno picado ou palha, a uma proporção de 5% da dieta
total, melhorará a ingestão de alimento pelas bezerras sem prejudicar seu desempenho (eficiência alimentar, crescimento,
digestibilidade da dieta) e ajudará a manter um pH ótimo do rúmen para facilitar o desenvolvimento da mucosa e a absorção de
AGV.Provavelmente,asbezerrasquerecebemconcentradotexturizadotambémsebeneficiarãodoefeitodaforragemnasaúdedo
rúmen.
Leite de descarte é aquele que não pode ser vendido à indústria, é composto por colostro, leite de transição, leite de vacas com
mastite clínica e aquele obtido durante o período de carência de alguns medicamentos. Como o leite de descarte é constituído da
mistura da ordenha de animais em diferentes estágios da lactação, condições fisiológicas e patológicas, sua composição varia de
acordo com as vacas que compõem esse grupo.
Segundo pesquisas nos Estados Unidos, são descartados entre 22 e 62 kg de leite/vaca/ano, representando perdas econômicas e
dificuldadesdedescarterelacionadasaquestõesambientais.NoBrasil,oleitededescarteéumdosprincipaisalimentosutilizados
na criação de bezerras e, apesar de ser uma fonte falsamente "gratuita" de alimento em uma fase cara do sistema de produção,
apresenta alguns riscos como a contaminação por microrganismos patogênicos, os efeitos prejudiciais causados por toxinas
bacterianas, o desenvolvimento de resistência bacteriana e o fornecimento de menor quantidade de sólidos do leite aos animais.
Composição nutricional
O leite de vacas saudáveis deve apresentar aproximadamente 12,5% de sólidos totais, 3,2% de proteína, 3,7% de gordura e 4,6%
de lactose, observando-se variações de acordo com a dieta, estação do ano e outros fatores. Já no leite de descarte, as análises
mostram variações nos sólidos do leite de 1,2 a 4,7% de gordura e 2,7 a 5,1% de proteína.
Grande parte do leite de descarte vem de vacas com mastite, patologia que determina mudanças nas concentrações dos seus
principais componentes, com aumento na contagem de células somáticas (CCS) e alteração considerável no tipo de proteína que
compõe o leite. A caseína, principal proteína do leite, com elevada qualidade nutricional, diminui e as proteínas do soro, que
possuem menor valor, aumentam. Como o cálcio está associado à caseína, a alteração nas concentrações desta proteína contribui
para o menor teor de cálcio no leite de vacas com mastite.
Os principais mecanismos pelos quais ocorrem alterações nas concentrações dos componentes do leite são: lesão das células
alveolares (produtoras de leite), que pode resultar em alteração da concentração de lactose, proteína e gordura; e aumento da
permeabilidade vascular, que determina o aumento da passagem de substâncias do sangue para o leite, tais como sódio, cloro,
imunoglobulinas e outras proteínas.
As alterações provocadas no leite irão variar de acordo com o tipo de microrganismo responsável pela mastite, tanto nos casos
clínicos como subclínicos.
Risco sanitário
Os principais agentes patogênicos transmitidos pelo colostro e leite são Mycobacterium avium subesp. paratuberculosis,
Salmonella spp., Mycoplasma spp., Listeria monocytogenes, Campylobacter spp., Mycobacterium bovis e Escherichia coli. O grau
decontaminaçãodoleitevariacomaconcentraçãoinicialdepatógenos,acontaminaçãodosequipamentosutilizadosparacoletar
esse leite, e o tempo e condições de armazenamento.
O Mycoplasma spp. é um agente importante nas doenças respiratórias em bezerros. Nos animais positivos, os sinais clínicos, além
da otite, são paralisia do nervo facial, pneumonia, espasmos e incoordenação.
AsinfecçõesintramamáriasporSalmonelladublineS.typhimuriumsãoproblemáticasemalgunsrebanhos,poisvacasinfectadas
podem eliminar acima de 105 organismos por mililitro de leite. Assim, o fornecimento de leite contaminado pode exercer papel
importantenatransmissãodoagenteentrevacasebezerros.ASalmonellaé,portanto,umimportantepatógeno,econtribuipara
morbidade e mortalidade de animais jovens.
Na maior parte das fazendas, o leite de descarte permanece em temperatura ambiente desde a ordenha até o fornecimento para
as bezerras, o que pode acarretar em incubação e multiplicação dos microrganismos, aumentando o risco de contaminação.
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Efeitos na microbiota intestinal
Uma das principais funções da microbiota gastrointestinal endógena é a proteção contra colonização por microrganismos
patogênicos, e também contra o crescimento exacerbado de colônias potencialmente patológicas já presentes.
Pesquisas em humanos e outras espécies animais mostram que a colonização intestinal nos primeiros dias de vida tem papel
fundamental para iniciar e direcionar o adequado desenvolvimento imune. Contudo, há um intervalo crítico para que essa
colonização microbiana ocorra durante o desenvolvimento do animal, portanto, se qualquer fator interferir neste processo, como
tipo de parto, dieta, ambiente, ou uso de antibióticos, o hospedeiro pode se tornar susceptível a desenvolver várias doenças
crônicas associadas à resposta imune da mucosa comprometida.
Mesmo na fase adulta, o decréscimo no número de microrganismos gastrointestinais causado por tratamentos com
antimicrobianospodecausarmuitosefeitosindesejados.Umdeleséocrescimentoexacerbadodemicrorganismospré-existentes,
que podem resultar em diversas patologias, como as diarreias graves e colites causadas pelo Clostridium difficile.
O leite de descarte da maioria das fazendas contém resíduos de antibióticos de vacas tratadas contra mastite. Assim, a dose
presente no leite fornecido aos bezerros é variável e depende do número de animais doentes, da forma de tratamento, do período
de carência do medicamento e da quantidade fornecida.
A resistência ao antibiótico vai ocorrer por mutação da cepa bacteriana, a qual irá se multiplicar e manter a mutação em suas
cópias. Este fato ocorre em consequência da utilização de antibióticos por período de tempo e doses inadequados. A resistência
podeocorrerrapidamenteeosantibióticos,quejáforameficazes,perderãooudiminuirãooseuefeito.Háevidênciasqueascepas
bacterianas resistentes podem persistir durante anos após a pressão de seleção. Assim, o aumento da resistência bacteriana aos
antibióticos é preocupante tanto para a saúde de bezerros quanto para os humanos.
Monitoramento da qualidade do leite na fazenda
A qualidade do leite de descarte pode ser avaliada na fazenda ou em laboratório. As seguintes analises podem ser realizadas: pH;
concentraçãodossólidostotais,utilizandoaescalaBRIXapartirdedadosdorefratômetro;contagembacteriana(CBT)anteseapós
a pasteurização; e contagem de células somáticas (CCS).
Estimar o pH do leite de descarte é uma forma prática para determinar sua degradação, o que pode ser feito utilizando-se um
pHmêtro portátil, e levando em consideração que o pH normal do leite é de 6,5 a 6,7. A deterioração do leite pode afetar também
o odor e o sabor, reduzir a qualidade nutricional, e comprometer o consumo dos bezerros. Adicionalmente, o pH apresenta
correlação direta com a porcentagem de sólidos, portanto, quanto menor seu valor, menor será a quantidade de sólidos totais no
leite.
O refratômetro é um equipamento manual simples e é utilizado para monitorar a concentração de solutos em amostras líquidas.
Brix é uma escala numérica que mede a quantidade de sólidos solúveis em uma solução de sacarose, muito utilizada na indústria
de alimentos. A variação dos sólidos totais implica na alteração dos nutrientes do leite de descarte, com consequente
comprometimento no desempenho das bezerras. Quando estão abaixo de 12,5%, percentual que é considerado padrão,
provavelmente houve diluição com água. Por outro lado, quando estão acima de 12,5%, o leite de descarte deve conter colostro e
leite de transição. A alta contagem de células somáticas, normalmente, está associada com baixa concentração de proteína e
sólidos totais do leite, resultando em fornecimento nutricional inadequado para as bezerras.
Um pesquisador propôs a utilização da Tabela 1 para avaliação da qualidade nutricional do leite de descarte após analise em
refratômetro BRIX.
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Tabela 1 - Composição de proteína, gordura e lactose em leite de descarte com percentuais
superiores e inferiores a 12,5% de sólidos totais
Proteína (%) Gordura (%) Lactose (%)
Sólidos (%) Líquida MS Líquida MS Líquida MS
15,0 4,5 30,3 4,3 28,7 4,8 32,2
14,0 4,0 28,4 4,1 29,1 4,8 34,0
13,0 3,5 26,5 3,8 29,4 4,7 35,9
12,5 3,2 25,6 3,7 29,6 4,6 36,8
12,0 3,1 25,6 3,6 29,6 4,4 36,8
11,0 2,8 25,6 3,3 29,6 4,0 36,8
10,0 2,6 25,6 3,0 29,6 3,7 36,8
9,0 2,3 25,6 2,7 29,6 3,3 36,8
8,0 2,0 25,6 2,4 29,6 2,9 36,8
12,0 3,1 25,6 3,6 29,6 4,4 36,8
11,0 2,8 25,6 3,3 29,6 4,0 36,8
10,0 2,6 25,6 3,0 29,6 3,7 36,8
9,0 2,3 25,6 2,7 29,6 3,3 36,8
8,0 2,0 25,6 2,4 29,6 2,9 36,8
Adaptado de Quigley (2010)
Deacordocomosdadosapresentadosnatabela,oleitededescartequecontém11%desólidosfornecerá2,8%deproteína,3,3%
de gordura e 4,0% de lactose, provendo 88% da matéria seca (MS) total que as bezerras receberiam se fossem alimentadas com a
mesma quantidade e qualidade do leite que é destinado à indústria. Uma forma de corrigir os sólidos do leite de descarte e
minimizar a queda no desempenho das bezerras é a utilização de suplementação com sucedâneo ou o fornecimento de maior
volume de leite quando os sólidos totais estiverem abaixo de 12,5%.
Pasteurização
Apasteurizaçãopermiteofornecimentodoleitededescartecommenorconcentraçãodemicrorganismosviáveis,noentanto,não
deve ser confundida com esterilização, pois algumas bactérias tolerantes ao calor podem sobreviver ao processo. O número inicial
de microrganismos no leite e o tempo de processamento vão determinar o risco de contaminação e a posterior infecção.
Amostras de leite de descarte avaliadas antes e após a pasteurização mostram que a contagem bacteriana variou de 6.000 a mais
de 72.000.000 UFC/mL. A pasteurização reduziu as populações para 0 a 420.000 UFC/mL nas espécies mensuradas (Salmonella
spp., E. coli, coliformes totais, Streptococcus agalactiae, Streptococcus spp., Staphylococcus aureus, Staphylococcus spp., and
Enterococcus spp.), variando de acordo com o equipamento e o procedimento de pasteurização utilizado.
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Mesmoreduzindoacontagembacteriana,aindaháriscodetransmissãodetoxinaspréformadasouresíduosdamortebacteriana
que também podem causar danos aos bezerros. A endotoxina do Staphylococcus aureus, por exemplo, é resistente ao calor e pode
induzir disfunções plaquetárias e imunossupressão.
Em condições normais, as células da mucosa intestinal atuam como barreira à passagem de endotoxinas do intestino para a
corrente sanguínea, mas lesões nessa barreira, como no caso das diarreias severas, podem levar à endotoxemia sistêmica.
O leite de descarte é uma boa fonte de nutrientes, mas existem riscos ao fornecê-lo às bezerras. O proprietário e o veterinário
responsável pela fazenda devem avaliar esses riscos e decidir pela utilização ou não. Para esta decisão deve-se levar em conta:
• o estado de saúde das vacas do rebanho - não alimente as bezerras com leite de vacas com brucelose, tuberculose,
paratuberculose e diarreia bovina a vírus, entre outras;
• não alimente as bezerras recém nascidas com leite de descarte;
• não mantenha o leite de descarte por muito tempo em temperatura ambiente e não use vasilhames sujos para seu
armazenamento;
• as bezerras que recebem leite de descarte devem ser criadas de forma individualizada para reduzir a transmissão de
microrganismos que causam a mastite; após o desaleitamento, estas devem ser mantidas no bezerreiro por pelo menos 14 dias
para minimizar as mamadas cruzadas e a possível transmissão de patógenos.
• Não forneça o leite que contenha sangue ou secreções purulentas, uma vez que pode apresentar grande número de patógenos
ativos e componentes de difícil digestão.
Muitas variáveis estão envolvidas na utilização do leite de descarte para alimentação de bezerras. As ferramentas a serem
utilizadas para mitigar os riscos sanitários e monitorar a qualidade desse alimento irão variar de acordo com o sistema de criação,
a disponibilidade de capital e mão de obra, dentre outros fatores. É importante conhecer os riscos do fornecimento do leite de
descarte para os animais e atuar para melhorar sua qualidade, proporcionando um bom alimento para as bezerras em uma das
fases mais importantes do desenvolvimento dos animais.
Como melhorar a eficiência da colostrageme-book · 10 destaques
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O colostro é a primeira secreção da glândula mamária após o parto, fornecendo à bezerra recém-nascida os anti
corpos (imunoglobulinas), essenciais para a imunidade, juntamente com outras proteínas que auxiliam no
desenvolvimento do trato gastrointestinal e na defesa local contra infecções. As vitaminas e os minerais atuam
como co-fatores para várias reações no organismo, e seu alto teor de gordura supre a demanda energética inicial,
jáqueasbezerrasnascemcomapenas3%degorduracorporal.Ocolostrotambémforneceaprimeirafontedeágua
ao neonato, essencial para a hidratação e as demais funções corporais. O objetivo deste artigo é discutir as
características imunológicas do colostro e como aumentar a captação de imunoglobulinas (IgG) por meio de
estratégias alimentares e manejo do rebanho. Abordaremos também os efeitos de longo prazo da administração
do colostro e sua relação com a produção futura de leite.
Por que o colostro é tão importante?
As bezerras nascem sem anticorpos, o que ocorre, principalmente, devido à sexta camada placentária, que forma uma barreira à
transferência de moléculas grandes ao feto. Por isso, devem obter os anticorpos do colostro, sendo essencial fornece-lo o mais
rápido possível após o nascimento, para garantir a transferência da imunidade e a defesa contra doenças.
A principal imunoglobulina de interesse para os bovinos é a imunoglobulina G (IgG). A concentração de IgG no colostro pode
variar, mas deve ser maior que 50 g/L, caracterizando um colostro de alta qualidade. Outras imunoglobulinas, como IgA e IgM
estão presentes no colostro em quantidades muito menores, aproximadamente 3,9 g/L (IgA) e 4,2 g/L (IgM). Assim, a qualidade
do colostro é definida pela quantidade de IgG presente.
A avaliação da qualidade do colostro pode ser feita na fazenda, utilizando o colostrômetro., que mede a gravidade específica e a
correlaciona com a concentração de IgG. Para uma avaliação precisa, o colostro deve estar à temperatura ambiente ou a 20°C. Se
estiver muito quente, recém ordenhado, ou muito frio, a precisão do colostrômetro se torna baixa. Outro método que pode ser
utilizadoparaavaliaraqualidadedocolostroépormeiodorefratômetro,quemedeosgrausBrix,eéumaferramentarotineirana
indústriadesucodefrutas,vinhoemelaço..Aleiturade21%nesteaparelhocorrespondeàconcentraçãode50g/LdeIgG.Quanto
maior a leitura, maior a concentração de IgG no colostro. Apesar de o refratômetro ser menos preciso que o colostrômetro, ele é
mais fácil de usar, sendo necessário colocar apenas 2 a 3 gotas de colostro na lente do aparelho.
O excesso de colostro de boa qualidade pode ser estocado congelado (banco de colostro) para utilização em situações de escassez.
Afalhadetransferênciadeimunidadepassiva(colostragemmalfeita)éaprincipalcausa demortalidadedebezerros.Quase20%
dos bezerros nascidos nos EUA apresentam falhas de colostragem (IgG sérica menor que 10 g/L), com taxa de mortalidade
variando de 8 a 11% do total de nascimentos. Dados de um trabalho de pesquisa revelaram que, aproximadamente, 8% dos
bezerros que não tiveram uma boa transferência passiva de IgG (IgG sérica maior que 10 g/L) morreram nas primeiras 8 semanas
deidade,contraapenas2%demortesnosanimaisbemcolostrados.Essespesquisadoresdescobriram,ainda,quemaisde60%do
colostro coletado das fazendas leiteiras dos EUA não tinham qualidade suficiente para garantir uma boa colostragem.
Além da imunidade, o colostro também provê outros fatores que podem aumentar o desempenho das bezerras. Pesquisadores
avaliaram 68 bezerros, da raça Pardo Suíço, que receberam 2 ou 4 L de colostro de boa qualidade, baseada na leitura do
colostrômetro (> 50 g/L IgG). O colostro foi administrado por meio de mamadeira ou sonda esofágica (nos casos de animais
inaptos à sucção da mamadeira), dentro de 1 hora após o nascimento. O grupo de animais que recebeu apenas 2 L de colostro ao
nascimentoapresentougastosdeaproximadamente$10,00amaisporanimal,quandocomparadoaosbezerrosquereceberam4L
($24,51 e $14,77, respectivamente). Os animais que foram alimentados com maior volume de colostro ganharam
aproximadamente 230g de peso a mais do que aqueles que receberam apenas 2L. E o mais interessante - as bezerras que
receberam 4L de colostro no primeiro dia de vida produziram mais de 1.000L de leite a mais nas duas primeiras lactações, em
relação àquelas que receberam apenas 2L (17.032 L e 16.015 L, respectivamente). Ou seja, quanto maior concentração de IgG no
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sangue, maior a produção de leite na vida adulta.
Como o colostro deve ser administrado?
Éessencialadministrarocolostrooquantoantesapósonascimentodabezerra.NosEUA,osmétodostradicionaisdefornecimento
sãopormeiodemamadeirasousondasesofágicas.Entretanto,maisde1/3dosprodutoresdeleiteamericanosaindapermiteque
os bezerros mamem em suas respectivas mães. Isso é particularmente preocupante, uma vez que o produtor não tem ideia da
quantidade ou qualidade do colostro produzido pela vaca e se houve ou não absorção de bactérias patogênicas pelo bezerro,
presentesnoúberedavacaenoambientedonascimento,ecapazesdeprovocargravesinfecções.Pesquisadoresdescobriramque
61,4%dosanimaisquetinhaapermissãodemamaremsuasrespectivasmãesapresentaramfalhasdecolostragem,contra19,3%
dos que receberam mamadeira, e 10,8% daqueles que receberam colostro via sonda esofágica. Ou seja, o ideal é não permitir que
as bezerras mamem em suas mães.
Um grupo de pesquisadores avaliou o fornecimento de colostro (75 g/L IgG) por meio de mamadeira, e a quantidade não
consumida, por qualquer motivo, foi administrada dentro de 1,5 a 2 horas após o nascimento via sonda esofágica.
Independentemente da via de administração, o nível sérico de IgG variou de 23,4 g/L para aqueles que foram alimentados
completamente via mamadeira a 25,8 g/L para os que foram alimentados via sonda. Esses valores não foram estatisticamente
diferentes. Sendo assim, deve-se garantir o fornecimento de um colostro de boa qualidade, por mamadeira, sonda esofágica ou
ambas.
Alimentação e manejo
Estresse térmico
A termorregulação fetal é inibida no útero, sendo a temperatura corporal do feto dependente da produção de calor metabólico
fetal e da transferência de calor da mãe. Assim, quando a vaca sofre estresse térmico, a temperatura corporal do feto aumenta na
mesma proporção, embora em ritmo mais lento. Muitos estudos têm demonstrado que o estresse térmico durante a gestação
reduz o peso da placenta e o fluxo sanguíneo umbilical e uterino.
Pesquisadores compararam os bezerros nascidos de vacas que sofreram estresse térmico com aqueles que nasceram de vacas que
tiveram acesso a chuveiros ou aspersores de água, e observaram que o primeiro grupo de animais nasceu com uma média de 6 kg
a menos de peso corporal do que o segundo (36,5 vs. 42,5 kg, respectivamente).Todos os bezerros receberam 3,78 L de colostro 4
horas após o nascimento, via sonda esofágica. No primeiro dia de vida, aqueles bezerros que nasceram das vacas sem estresse
calórico (segundo grupo) apresentaram uma concentração sérica de IgG de 25 g/L, enquanto que o primeiro grupo apresentou
valoresmédiosinferiores,de16g/LIgG.Osbezerrosquenasceramdasvacascomestressetérmicoforamdesmamadoscommenor
peso corporal quando comparados àqueles do segundo grupo (65,9 kg vs 78,5 kg, respectivamente).
Dieta da mãe
Em um estudo realizado com gado de corte, pesquisadores alimentaram vacas Angus com 100% ou 57% dos nutrientes
recomendadospeloNRCpor90diaspré-parto.Osbezerrosreceberam1Ldecolostrodesuasmães,aonascimento,emais,1Lapós
12,24 e36horas,totalizando4litros.Ocolostroapresentouumamédiade43,5g/LdeIgG,paraasvacasquereceberam100%de
suas necessidades nutricionais, e 39,5 g/L de IgG para as que receberam apenas 57%. Além disso, os bezerros que nasceram das
vacascomrestriçãoalimentartenderamaapresentartaxasmaisbaixasdeIgGnosangue(17,2g/L)doqueaquelesquenasceram
das vacas com suprimento nutricional adequado (22 g/L).
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Em outro estudo, 30 vacas Holandesas receberam dietas com três níveis diferentes de energia, por três semanas antes do parto.
Observou-sequeosbezerrosnascidosdevacasalimentadascomadietadebaixaenergia(5,25MJ/kg)apresentarammenorpeso
ao nascer do que aqueles nascidos de vacas que receberam dieta de média (5,88 MJ/kg) ou alta energia (6,48 MJ/kg) (39,2; 42 e
43 kg, respectivamente). Os animais nascidos das vacas com dieta de alta energia eram também maiores e mais altos do que
aqueles nascidos das vacas com dieta de baixa energia. Outro fato interessante é que os bezerros nascidos das vacas que
receberam dieta com alta energia apresentaram maior número de células de defesa do sistema imune que aqueles nascidos de
vacas que receberam dieta de baixa energia.
Quantidade de colostro produzido e tempo de ordenha
Um estudo mostrou que, para cada litro de colostro produzido, a concentração sérica de IgG cai 3,7%, indicando que a produção
deumagrandequantidadedecolostronãoédesejável.Nomesmotrabalho,tambémfoireladoque,paracadahorapassadaapós
o parto, antes da ordenha do colostro, a qualidade deste também caiu 3,7%. Isso ocorre devido a um efeito de diluição, uma vez
que o colostro presente no úbere vai sendo misturado com o leite que começa a ser produzido. Esses resultados indicam que a
ordenha, o mais rápido possível após o parto, é essencial para obtenção de um colostro de qualidade.
Pesquisadores avaliaram 540 amostras de colostro de três diferentes propriedades localizadas na Pensilvânia/EUA. Eles
estudaram o impacto do volume produzido e a respectiva concentração de IgG. À medida que a idade das vacas aumentou, tanto
a concentração de IgG, quanto a IgG total produzida também aumentaram, mas não houve variação no volume. Esse efeito foi,
provavelmente,ocasionadopeloaumentodaqualidade,queocorrecomamaiorexposiçãoaagentescausadoresdedoenças,com
o avançar da idade da vaca. Por essa razão, se possível, colostro de boa qualidade, de vacas mais velhas e saudáveis, deve ser
administrado aos bezerros nascidos de primíparas.
Forma de administração do colostro
Em um estudo, um grupo de pesquisadores administrou 3,8 L de colostro de boa qualidade, logo após o nascimento, ou dividido
em duas doses intervaladas de 10–12 h no primeiro dia de vida dos bezerros. A IgG sérica foi similar entre os dois métodos de
fornecimento,comumamédiade20g/Làs24hdevida.Issoindicaqueosbezerrospodemreceberocolostrotododeumaúnica
vez ou dividido em 2 doses, sendo uma logo após o nascimento e outra 10-12 horas mais tarde.
Bem-estar
Pesquisasrealizadasnadécadade1970indicavamqueacaptaçãodeIgGeraestimuladaquandoabezerrapermaneciacomasua
mãe. Entretanto, baseado no risco de transmissão de doenças por meio da sucção, esse procedimento não é recomendado. Além
disso,pesquisadoresquesimularamocuidadodavacacomabezerra(fricçãovigorosacomtoalha),nãoobservaramdiferençasna
concentração sérica de IgG após 24 horas do fornecimento do colostro.
Por outro lado, os bezerros provenientes de partos distócicos também podem ter a captação de IgG reduzida. Por isso, deve-se
evitar intervenções obstétricas desnecessárias.
Limpeza e sanitização
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Como mencionado anteriormente, o manejo do colostro é um fator chave para aumentar a transferência passiva de imunidade e
reduzir a mortalidade. Parte desse manejo está relacionado com a manipulação do mesmo após a ordenha. É bem provável que a
contaminaçãobacterianadocolostropossaanularseusbenefícios,poisapresençadebactériasnointestinodelgado,nomomentoda
ingestão do colostro, pode interferir na absorção de imunoglobulinas.
Para avaliar os efeitos dos pontos críticos de controle na contaminação bacteriana do colostro, três amostras de colostro foram
coletadas de 41 vacas. Foi feita a limpeza e a higienização do úbere (pré-dipping com iodo a 0,5%), secagem da ponta dos tetos com
papel toalha e fricção com uma gaze embebida em álcool. A primeira amostra foi coletada diretamente em um pequeno frasco de
armazenamento, com colostro dos quatro tetos, e congelada a - 20°C. A segunda amostra foi coletada assepticamente de um balde,
15-20 minutos após a ordenha, e 15 mL foram retirados e congelados a -20 °C. Uma terceira amostra foi assepticamente coletada de
dentro de uma sonda esofágica, e também congelada. De cada amostra, três sub-amostras foram estocadas a 4°C, três em
temperatura ambiente, três com 0,5% de sorbato de potássio e armazenadas a 4°C, e outras três com sorbato de potássio em
temperatura ambiente. O colostro armazenado refrigerado com sorbato de potássio apresentou a menor contagem total em placas
emrelaçãoaosoutrosmétodosdearmazenamento.Asamostrascoletadasdiretamentedoúberetinhammenosde100.000UFC/mL,
enquanto que as do balde e da sonda esofágica apresentaram a maior contagem total em placa.
De onde vêm as bactérias que crescem no colostro? Parece que elas são derivadas da pele do teto, borrachas do copo coletor da
ordenha, mangueiras ou baldes. A higienização do úbere antes da ordenha do colostro auxilia na redução da contaminação
bacteriana. A pasteurização também pode reduzir a carga microbiana e aumentar a captação de IgG. Em um estudo, 1071 bezerros
recém-nascidos receberam colostro após tratamento térmico (60 °C por 60 minutos) ou cru. Não foi observada diferença na
concentração de IgG para o colostro cru ou pasteurizado (64 g/L e 61 g/L, respectivamente). A contagem total em placas foi muito
menornocolostropasteurizado,quandocomparadoaocru(2100e515,000UFC/mL,respectivamente).AconcentraçãoséricadeIgG
foide18g/Lparaogrupodebezerrosquerecebeuocolostropasteurizado,edede15,4g/Lparaosanimaisquereceberamocolostro
cru. Esses resultados indicam que a pasteurização não reduz a captação de IgG e, na verdade, resultou em maior concentração sérica
desta imunoglobulina.
Um grupo de pesquisadores coletou amostras de colostro durante dois anos e as separou por lotes de qualidade (alta > 90g/L IgG;
média = aproximadamente 70g/L IgG; baixa = aproximadamente 50 g/L IgG). Metade das amostras foi congelada e a outra metade
foi pasteurizada a 60 C por 30 minutos. O colostro não pasteurizado apresentou maior padrão de contagem bacteriana em placa do
queopasteurizado,independentementedaqualidade.ApasteurizaçãoaumentouaconcentraçãoséricadeIgGem20,15e10%para
o colostro de alta, média e baixa qualidade, respectivamente, e também sua eficiência de absorção.
Sucedâneos e suplementos de colostro
Quando a qualidade do colostro é pobre ou há risco de transmissão de doenças, muitos produtores dos EUA recorrem ao uso de
sucedâneos de colostro. Esses produtos fornecem uma fonte de IgG, mas os resultados de eficiência ainda não são conclusivos.
Recentemente, a indústria tem desenvolvido sucedâneos com capacidade de fornecer mais de 100g de IgG por dose, quantidade
considerada necessária para se obter uma transferência passiva de imunidade adequada. Vários estudos com esse tipo de produto
relatam boa eficiência de colostragem, quando são produzidos a partir de colostro. Entretanto, se o produto for derivado de soro
sanguíneo, os resultados podem não ser satisfatórios.
Na tentativa de aumentar o conteúdo de IgG em um colostro de qualidade intermediária ou ruim, foram desenvolvidos suplementos
de colostro. Muitos deles são derivados de soro e, assim como os sucedâneos desse tipo, parecem ser menos efetivos. Seu uso não é
vantajoso se há colostro de boa qualidade disponível, pois não aumentam a captação de IgG e têm alto custo. Os suplementos de
colostro podem representar algum benefício à saúde do bezerro quando adicionados ao leite de transição, após o primeiro dia de vida.
Como melhorar a eficiência da colostrageme-book · 10 destaques
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Conclusão
A administração de colostro é essencial para o sucesso da criação de bezerras. Já está mais que comprovado que o fornecimento de
um colostro de boa qualidade, logo após o nascimento, não apenas reduz o risco de doenças, como tem o potencial de aumentar a
produção futura de leite da bezerra, quando essa se tornar uma vaca. As principais recomendações para o sucesso da colostragem,
são:
1) Ordenha do colostro o mais breve possível após o parto;
2)Teste da qualidade do colostro por meio de refratômetro ou colostrômetro;
3) Fornecimento de 4 L de colostro de boa qualidade (50 g/L de IgG), utilizando mamadeira ou
sonda esofágica;
4) Não permitir que o bezerro mame o colostro diretamente do úbere de sua mãe;
5)Vacasquenãosofremdeestressetérmicoduranteagestaçãogerambezerroscommaiorpeso
ao nascer e ao desmame, além maior capacidade de absorver IgG.
6) A redução da carga bacteriana aumenta a captação de IgG, sendo a pasteurização
responsável por um aumento de mais de 20%.
7) A redução do estresse é capaz de aumentar a captação de IgG.
8) O uso de substituto de colostro pode ser benéfico se não há colostro de boa qualidade
disponível. Os bezerros necessitam de, no mínimo, 200 g de IgG nas primeiras 12 horas de vida.
O QUE LEVAR EM CONTA NA ESCOLHA DE SUCEDÂNEOS DO LEITE PARA BEZERRAS?
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Nos últimos anos, temos presenciado a entrada de novos sucedâneos do leite no mercado nacional que têm
possibilitadoasubstituiçãoseguradoleiteintegralnaalimentaçãodasbezerras,propiciandodesempenhosmuito
satisfatórios.Poroutrolado,produtosdebaixaqualidadecontinuamasercomercializados,tornandofundamental
a avaliação da composição dos mesmos e das relações de custo/benefício no momento da compra. Por isso, o
produtor não deve hesitar em buscar a orientação de um técnico de sua confiança para assegurar a melhor escolha.
Introdução
Sucedâneos podem ser definidos como produtos destinados a substituir o leite de vaca na fase de aleitamento das bezerras. A
utilização desses alimentos permite aos produtores a venda de maior volume de leite, com conseqüente aumento da
disponibilidadeparaaindústriaeparaaalimentaçãohumana.Entretanto,oaumentodalucratividadeestánadependênciadireta
da relação entre o preço do leite vendido à indústria e o valor pago pelo litro diluído do sucedâneo.
Outras vantagens da utilização de sucedâneos, incluem:
• A biosegurança, evitando a transmissão de doenças das vacas para as bezerras;
• A maior consistência, que diz respeito à ausência de variações na composição do alimento, muito comuns quando se usa leite de
descarte na alimentação das bezerras;
• A praticidade, desvinculando o aleitamento das bezerras do horário das ordenhas;
Asbezerrassãoextremamentelimitadasemtermosdedigestãodenutrientesduranteastrêsprimeirassemanasdevida.Essefato
está diretamente relacionado à ausência e inatividade de algumas enzimas digestivas. A atividade da maior parte dessas enzimas
aumenta a partir da 3ª semana de vida, permitindo a utilização de maior diversidade de ingredientes na formulação dos
sucedâneos. Assim, recomenda-se que bezerras até 3 semanas de idade recebam apenas sucedâneos cujas proteínas sejam de
origem 100% láctea.
Exigências nutricionais de bezerros em fase de aleitamento
Bezerras recém nascidas estão constantemente expostas a patógenos ambientais, sendo altamente susceptíveis em função da
imaturidade de seu sistema imunológico. Este constante desafio ambiental induz a produção de defesas (anticorpos e outras
substâncias e células) pelo organismo, representando um gasto considerável de energia e proteína. Estima-se que a constante
ativação do sistema imune é responsável por um aumento de 20 a 40% nas exigências de mantença de uma bezerra em
aleitamento.
Como as“exigências nutricionais do sistema imune”não são consideradas no cálculo dos requisitos nutricionais, a ocorrência de
desafios ambientais e doenças reduz as taxas de ganho de peso e podem comprometer a produção de leite na vida adulta.
Experimentos têm mostrado que a nutrição na fase inicial da vida das bezerras pode ter efeitos diretos na vida adulta. Uma
compilação de dados de produção de leite na primeira lactação mostram que bezerras que receberam 50% a mais de nutrientes
que o recomendado durante o período de aleitamento apresentaram maior produção futura de leite (Tabela 1)
O QUE LEVAR EM CONTA NA ESCOLHA DE SUCEDÂNEOS DO LEITE PARA BEZERRAS?
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Tabela 1- Produção de leite de vacas com consumo de nutrientes 50% superior ao recomendado
durante o período de aleitamento
Estudo Diferença em relação ao controle (kg de leite)
Foldager & Krohn, 1994 1400
Bar-Peled et al., 1997 450
Foldager et al., 1997 520
Ballard et al., 2005 700 até 200 dias de lactação
Rincker et al., 2006 500, projetado para 305 dias
Moallem et al., 2006 1134
Pollard et al., 2007 835
Esseefeitopareceestarrelacionadoaomaiordesenvolvimentodotecidomamárioduranteafasedecrescimentoisométrico(0a3
meses de idade), propiciando maior acúmulo de tecido secretor. Outra hipótese diz respeito ao desenvolvimento funcional de
órgãos e tecidos do organismo como, por exemplo, o intestino delgado, que seria favorecido com a maior disponibilidade de
nutrientes durante a fase de aleitamento.
A recomendação tradicional de fornecimento restrito de dieta líquida, ou seja, 8 a 10% do peso vivo do animal, sem ajustes ao
longo do período de aleitamento, fornece nutrientes apenas para a mantença e ganho de peso próximo a 200g/dia (Tabela 2),
quando o recomendado seria em torno de 600g/dia (Tabela 3).
A exigência de energia metabolizável (EM) para mantença é de aproximadamente 1,75Mcal/dia para um bezerro com 45Kg de
pesovivo.Assim,umavezqueoleitecontémcercade5,37Mcal/kg,abezerratemqueconsumir325gdeMSprovenientedoleite,
ou seja, 2,6 kg de leite somente para atender seus requisitos de mantença. Como os sucedâneos, em geral, apresentam menores
teores de energia que o leite (aproximadamente 4,7 Mcal/kg), são necessárias 380g de sucedâneo, cerca de 3 litros, para atender
as exigências de mantença de uma bezerra de 45 kg. Vale lembrar que as exigências de mantença podem sofrer acréscimos
consideráveis (em torno de 20 a 30%) em função do desafio imunológico e das condições ambientais (principalmente
temperatura) às quais as bezerras estão submetidos.
Dessaforma,pode-seconcluirquebezerrasquerecebemapenas4litrosdeleiteousucedâneo,atéos30diasdevida,apresentam
desempenho inferior ao recomendado, ficando ainda mais predispostas a problemas de saúde. Para propiciar um ganho de peso
próximo ao recomendado (600 g/dia) (Tabelas 2 e 3), deve-se fornecer, no mínimo, 6 litros de leite ou de sucedâneo de alta
qualidade, diariamente, até os 30 dias. Após o primeiro mês de vida, as bezerras já apresentam um consumo considerável de
concentrado. Assim, pode-se reduzir para 4 litros/dia o fornecimento de leite ou sucedâneo. Entretanto, pesquisas indicam que
quanto o maior o consumo de sucedâneo durante o período de aleitamento, maior o ganho de peso das bezerras (Gráfico 1).
O QUE LEVAR EM CONTA NA ESCOLHA DE SUCEDÂNEOS DO LEITE PARA BEZERRAS?
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Tabela 2 – Ganho de peso recomendado para bezerras de raças grandes
Idade em meses Peso (kg) Ganho de peso (kg/dia)
0 35 0,600
2 70 0,600
4 106 0,600
6 142 0,600
8 178 0,700
10 220 0,800
12 268 0,800
14 316 0,800
16 364 0,800
18 412 0,800
20 460 0,800
22 508 0,800
24 556 0,800
Fonte: NRC (2001)
Tabela 3- Consumo recomendado de MS (Kg/dia) para diferentes ganhos de peso (Kg/dia) em
bezerros em fase de aleitamento
Taxa de ganho
(kg/dia)
Consumo de MS
(kg/dia)
EM (Mcal/dia) PB (g/dia) PB (% MS)
0,200 0,550 2,4 94 18
0,400 0,650 2,9 150 23,4
0,600 0,750 3,5 207 26,6
0,800 0,950 4,1 253 27,5
1,000 1,100 4,8 307 28,7
MS= matéria seca; EM=energia metabolizável; PB=proteína bruta
Fonte: NRC (2001)
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Gráfico 1 - Consumo de sucedâneo e ganho de peso das bezerras em aleitamento
Ao contrário do que muitos acreditam, o consumo de maiores volumes de leite ou sucedâneo não provoca diarreias.Vale lembrar
quebezerroscriadoscomsuasmãesingerematé12litrosdeleite/dia.Aocorrênciadediarreiaseoutrosproblemasdesaúdeestá
relacionada à contaminação do ambiente no qual os bezerros são criados, à baixa qualidade nutricional de alguns sucedâneos do
leite, e à falta de higiene no manejo de fornecimento da alimentação.
Por outro lado, recentemente, técnicos e produtores têm aumentado a concentração (utilizando menos água ou mais pó que o
recomendada na diluição) dos sucedâneos fornecidos às bezerras, com o objetivo de fornecer mais nutrientes em um menor
volume de líquido. Dados de pesquisa indicam que é possível trabalhar com até 20% de sólidos (leite tem entre 11 e 13%) na
diluição dos sucedâneos, desde que água de boa qualidade esteja disponível para livre consumo. Mas, além da porcentagem de
sólidos é necessário estar atento para a osmolaridade (partículas osmóticas por litro de água) do sucedâneo. A recomendação é
que a mesma não ultrapasse 500 mOsm/L, o que poderia causar diarreias e outros problemas digestivos. A Tabela 4 apresenta
alguns exemplos de diluição com a osmolaridade resultante.
O QUE LEVAR EM CONTA NA ESCOLHA DE SUCEDÂNEOS DO LEITE PARA BEZERRAS?
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Tabela 4 - Efeitos da diluição na porcentagem de sólidos e osmolaridade dos sucedâneos
Água (L) Pó do sucedâneo
(g)
Sólidos totais (%) Osmolaridade
(mOsm/L)
1,25 240 16,11 419
1,25 300 19,35 520
1,5 240 13,79 348
1,5 300 16,67 434
2 240 10,71 260
2 300 13,04 325
Fonte: M.Thornsberry, MSGAN (2012)
Ingredientes utilizados na formulação dos sucedâneos do leite
Uma grande variedade de formulações está disponível comercialmente. Esses produtos variam muito nas quantidades de
proteínaegordura,nostiposdeingredientesutilizadoscomofontesprotéicas,noconteúdodeaditivoscomomedicamentos,ena
facilidade de mistura. Os sucedâneos do leite também variam em seus conteúdos de energia metabolizável (EM), que são
afetados principalmente pelo conteúdo de gordura. Essas variações na qualidade determinam o preço dos produtos
comercializados. Entretanto, o desempenho apresentado pelas bezerras deve ser o critério mais importante para avaliação de
sucedâneos do leite. Ou seja, produtos com baixos preços, em geral, são de pior qualidade, afetando o desempenho das bezerras
e trazendo prejuízos consideráveis no curto e longo prazos.
1) Fontes de proteína
ONRC(2001)recomendaquesucedâneosdoleiteparabezerroscontenhamnomínimo 20%dePB.Asfontesprotéicasutilizadas
na formulação desses produtos são classificadas como lácteas e não-lácteas. Os fatores críticos que afetam a utilização dessas
fontes pelos bezerros incluem a digestibilidade, balanço de aminoácidos (AA), e a presença de fatores anti-nutricionais.
1.1) Fontes Protéicas de Origem Láctea
Geralmente,proteínasdeorigemlácteasãomuitomaisdigestíveisqueasnão-lácteas,entretantosãodecustomaiselevado.Até
o final da década de 80, o leite integral era a fonte protéica mais utilizada na formulação dos sucedâneos que continham apenas
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  • 1.
  • 2.
  • 3. Avaliação da qualidade e composição do colostroe-book · 10 destaques Animais Jovens Nãoénovidadealgumaqueocolostroéessencialparaosbezerrosrecém-nascido,fornecendoanticorpos(imunoglobulinas-IgG) que os protegem contra infecções. As IgG colostrais são essenciais para assegurar a adequada transferência de imunidade passiva entre a vaca e o bezerro, uma vez que o tipo de placenta dos ruminantes não permite a passagem de anticorpos entre a mãe e o fetoduranteagestação.Assim,recomenda-seofornecimentode2litrosdecolostrodealtaqualidade(maisde50mgdeIgG/mL) nas primeiras 2 horas após o nascimento e mais 4 litros nas próximas 22 horas, totalizando 6 litros nas primeiras 24 horas de vida dos bezerros. Entretanto, a contaminação bacteriana do colostro pode afetar a eficiência da colostragem, uma vez que as bactérias podem se ligar às IgG livres presentes no lúmen intestinal, bloqueando sua absorção. A inadequada higienização dos tetos para a ordenha, recipientes de estocagem, baldes e mamadeiras contaminados, e excesso de tempo entre a ordenha e o fornecimento do colostro fresco são as principais formas de aumento da contagem bacteriana. Para que se tenha uma idéia, um colostro fresco contém, em média20.000ufcdeE.coli/mL.Seomesmofordeixadoemtemperaturaambiente,essacontagempodedobraracadaduashoras. Assim, a recomendação atual é que se descarte colostros que contenham menos de 50 mg de IgG/mL e/ou contagem bacteriana total superior a100.000 ufc/mL. Carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminas e minerais presentes no colostro são também fontes vitais de energia, aminoácidos, cofatores para enzimas e outras funções do organismo. O bezerro recém-nascido possui reservas muito pequenas de energia, com os lípides representando apenas 3% do seu peso vivo. Além disso, grande parte desses lípides são estruturais (presentes em órgãos e tecidos), não contribuindo para o suprimento de energia do animal. Assim, os bezerros dependem da gordura e lactose presente no colostro como fonte de energia para termogênese (produção de calor) e manutenção da temperatura corporal. Sabe-se que o colostro possui um conteúdo energético superior ao do leite, mas o mesmo pode variar muito entre diferentes colostros. As proteínas não-imunoglobulinas são essenciais para o crescimento e diferenciação de vários tecidos e órgãos no organismo dos bezerros recém-nascidos, além de facilitar a assimilação de outros nutrientes. Assim como o conteúdo de gordura, apresentam grandes variações quando se comparam diferentes colostros. O objetivo desse artigo é apresentar as variações, obtidas em levantamentos de pesquisa, nas concentrações de IgG, nutrientes e contaminação bacteriana de colostros coletados e estocados em fazendas produtoras de leite. Avaliação de colostros nos EUA O Journal of Dairy Science publicou em julho desse ano, um levantamento conduzido nos EUA (Morrill et al. 2012) com o objetivo de avaliar a qualidade imunológica, microbiológica e nutricional de colostros produzidos em várias regiões do país, e submetidos a diferentes métodos de estocagem. Nesse trabalho, foram coletadas 827 amostras de colostro provenientes de 67 fazendas, localizadas em 12 estados, entre junho e outubro de 2010. Do total de amostras, 479 foram provenientes de vacas Holandesas, 87 de Jerseys, 7 de cruzamentos e 239 de raças indefinidas. Quarenta e nove vacas do levantamento estavam em sua primeira lactação, 174 na segunda, 128 com três ou mais, e 476 não tinham dados de número de lactações . Nenhuma das propriedades utilizava a pasteurização do colostro.
  • 4. Avaliação da qualidade e composição do colostroe-book · 10 destaques Animais Jovens Todas as amostras foram avaliadas para concentração de IgG, gordura, proteína. sólidos totais, contagem de células somáticas (CCS) e contagem bacteriana total (CBT), conforme pode ser observado naTabela 1. Tabela 1 - Médias gerais para IgG, nutrientes, e contaminação bacteriana de amostras de colostro Fonte: Adaptado de Morrill et al. (2012) Pelos dados da tabela é possível observar a grande variação na composição das amostras de colostro. A gordura apresentou a maior variação média, de 57% entre as amostras, seguida da concentração de IgG, com 48% de variação. Qualidade dos colostros Imunoglobulinas Muitos fatores, como o volume de colostro produzido, o número de lactações da vaca, a duração do período seco, as vacinações, dentre outros, podem afetar a concentração de IgG do colostro, explicando a grande variação observada nesse levantamento. Item Número de amostras Média Desvio padrão Mínimo Máximo Variação média(%) IgG (mg/mL) 827 68,8 32,9 <1,8 200,2 48 Gordura (%) 531 5,6 3,2 1,0 21,7 57 Proteína (%) 542 12,7 3,3 2,6 20,5 26 Lactose (%) 538 2,9 0,5 1,2 4,6 17 Outros sólidos (%) 544 4,3 0,5 1,1 8,8 12 Sólidos totais (%) 496 22,6 4,7 1,7 33,1 21 CCS (Log 10) 548 5,9 0,8 3,8 7,3 13,5 CBT (Log 10) 548 4,9 0,9 3,0 6,8 18
  • 5. Avaliação da qualidade e composição do colostroe-book · 10 destaques Animais Jovens Arecomendaçãoatualéquesedescartecolostrosquecontenhammenosde50mgdeIgG/mL.Nolevantamentoamericano,29,4% das amostras apresentaram concentrações inferiores a essa recomendação (Tabela 2), colocando cerca de 30% dos bezerros nascidos nos EUA em risco de apresentarem falhas na transferência de imunidade passiva. Outro levantamento, feito na Noruega, relatou que 57,8% das amostras de colostro avaliadas apresentavam menos de 50 mg de IgG/mL. Tabela 2 - Porcentagem de amostras de colostro distribuídas de acordo com a concentração de IgG Concentração de IgG (mg/mL) Número de amostras % de amostras <50 243 29,4 50-80 303 36,6 80-100 156 18,9 100-120 75 9,1 >120 50 6 Total 827 100 Fonte: Morrill et al. (2012) Emoutroestudo,conduzidoem12rebanhosnaregiãodeWisconsin/EUA(Swanetal.,2007),as239amostrasdecolostroavaliadas apresentaram média de 76,7mg de IgG/mL, com variação de 9,4 a 185,7 mg/mL. Outrotrabalhorecente(Fidleretal.2011)relatouumvalormédiode70,3mgdeIgG/mL,comvariaçãode35,8a124,2mg/mL,em 22 amostras analisadas. Contaminação bacteriana Um segundo parâmetro de avaliação da qualidade de colostros é a contaminação bacteriana. Como dito anteriormente, altas contagens bacterianas podem levar a uma redução na absorção de IgG, reduzindo a eficiência da colostragem, mesmo quando se fornece colostro com mais de 50mg de IgG/mL. No levantamento americano, mais de 50% das amostras avaliadas apresentaram CBT inferior a 100.000 ufc/mL. Entretanto, 27% dessas apresentaram valores superiores a 500.000 ufc/mL (Tabela 3), colocando os bezerros em uma situação de alto desafio imunológico, seja pela quantidade de bactérias ingeridas ou pela interferência na absorção das IgG que deveriam protegê-los contra as infecções nessa fase inicial de suas vidas. Regionalmente, a região sudeste dos EUA apresentou a maior média para CBT, bem como o maior número de amostras contendo valores superiores a 100.000 ufc/mL. Segundo os autores, essa observação deve-se ao clima quente e úmido da região, favorecendo o crescimento bacteriano. Essa condição climática é típica de grande parte do Brasil, fazendo com que essa realidade, certamente, esteja presente nas propriedades brasileiras.
  • 6. Avaliação da qualidade e composição do colostroe-book · 10 destaques Animais Jovens Tabela 3 - Porcentagem de amostras de colostro distribuídas de acordo com a contagem bacteriana total (CBT) CBT (ufc/mL) Número de amostras % de amostras <100.000 409 54,8 100.000 - 300.000 90 12,1 300.000 - 500.000 47 6,3 500.000 - 1.000.000 74 9,9 >1.000.000 126 16,9 Total 746 100 Fonte: Morrill et al. (2012) Sabe-se que a refrigeração ou congelamento do colostro, logo após sua coleta, diminuem o ritmo de crescimento bacteriano, sendorecomendadaarefrigeraçãoquandoomesmoforfornecidoematé24horasapósacoleta,ouocongelamentoparaperíodos superiores de estocagem. Entretanto, um levantamento feito pelo National Animal Health Monitoring System (NAHMS, 2007) constatou que 60,7% do colostro americano é fornecido fresco ou estocado sem refrigeração. No levantamento feito nos EUA, mais de 60% das amostras submetidas à refrigeração ou congelamento após a coleta apresentaram CBT inferior a 100.000 ufc/mL. Entretanto, mais de 40% das amostras refrigeradas apresentaram CBT superior a 1 milhão de ufc/mL (Tabela 4). Segundo os autores, isso pode ter ocorrido em função de altas temperaturas ambientais antes da estocagem, de um longo período de tempo entre a coleta e a refrigeração, da velocidade da refrigeração, e do tempo entre a retiradadarefrigeraçãoeofornecimentoaosbezerros. Ouseja,mesmoumcolostrodealtaqualidadeimunológica(maisde50mg de IgG/mL) e baixa CBT (menos de 100.000 ufc/mL) pode ser ineficiente em promover uma adequada transferência de imunidade passiva, além de poder representar uma fonte de infecção para os bezerros, em função do crescimento bacteriano pós-coleta. Tabela 4 - Porcentagem de amostras de colostro distribuídas de acordo com a contagem bacteriana total (CBT) e com o método de estocagem antes do fornecimento Fonte: Morrill et al. (2012) Amostras frescas Amostras refrigeradas Amostras congeladas Item No. amostras % No. amostras % No. amostras % CBT (ufc/mL) <100.000 122 67 35 23 252 61,2 100.000-300.000 21 11,5 17 11,2 52 12,6 300.000-500.000 9 5 10 6,6 28 6,8 500.000 -1.000.000 8 4,4 32 21 34 8,2 >1.000.000 22 12,1 58 38,2 46 11,2 Total 182 100 152 100 412 100
  • 7. Avaliação da qualidade e composição do colostroe-book · 10 destaques Animais Jovens Embora uma grande porcentagem de amostras tenha apresentado valores adequados de IgG (70,6%) ou de CBT (54,8%), pouco maisde40%mostraram-seadequadasemrelaçãoaosdoisparâmetros(Tabela5),colocandoaproximadamente60%dosbezerros nascidos nos EUA em risco de falhas na transferência de imunidade passiva. Tabela 5 - Porcentagem de amostras alcançando ambas as recomendações industriais para a qualidade do colostro Fonte: Adaptado de Morrill et al. (2012) Comrelaçãoaosgênerosdebactériaspresentesnocolostro,umestudorealizadonoBrasil,noEstadodoRioGrandedoSul(Saafeld et al. 2011), encontrou as seguintes ocorrências e frequências: Lactobacillus spp e Staphylococcus spp (100% das amostras); Escherichiaspp(74%dasamostras);Streptococcusspp(7,4%dasamostras);Klebsielaspp, BacillussppeSerratiaspp(1,85%das amostras, cada).Também foram isolados fungos leveduriformes em 1,85% das amostras. Qualidade nutricional Como mostrado na Tabela 1, o conteúdo de gordura nos colostros apresentou enorme variação (1 a 21,7%) no levantamento americano.Obaixoconteúdodegorduraafetaasobrevivênciadosbezerrosrecém-nascidos,umavezquepossuembaixasreservas de energia, na forma de lípides (380 a 600g) e de glicogênio (180g). Alactoseéoprincipalcarboidratopresentenocolostroeleite,fornecendocercade3,95kcal/g.Trabalhosrecentesmostramqueas concentrações de lactose aumentam durante as 3 primeiras ordenhas pós-parto, alcançando valores médios de 2,7; 3,9 e 4,4%, respectivamente.Outroestudomostrouqueesseaumentoocorreaté30diaspós-parto.Nolevantamentoamericano,alactosefoi ocomponentequeapresentoumenorvariaçãonoscolostrosavaliados. Asbaixasconcentraçõesobservadasemalgumasamostras estão relacionados com a alta CBT das mesmas, uma vez que as bactérias utilizam a lactose como substrato energético. As proteínas são o terceiro grupo de nutrientes presentes no colostro que podem servir como fonte de energia (5,6 kcal/g) para os bezerros recém-nascidos, embora sejam mais importantes para o desenvolvimento estrutural dos mesmos. O colostro contém maior teor de proteína que o leite (14 vs. 3,2%), sendo que grande parte é composta de IgG. As concentrações de proteína apresentam rápido declínio nos primeiros dois dias após o parto, caindo de forma contínua até 30 dias pós-parto. Como mostrado naTabela 1, o conteúdo médio de proteína no levantamento americano foi de 12,7%, com uma variação média de 26% entre as amostras. O método de conservação do colostro foi responsável por variações no conteúdo de proteína, sendo maior em amostras refrigeradas ou congeladas quando comparadas com as frescas. Parâmetro Número de amostras Porcentagem (%) IgG > 50mg/mL e CBT<100.000 ufc/mL 272 41,2 IgG > 50mg/mL e CBT>100.000 ufc/mL 201 30,5 IgG < 50mg/mL e CBT>100.000 ufc/mL 81 12,3 IgG < 50mg/mL e CBT<100.000 ufc/mL 106 16 Total 660 100
  • 8. Contagem de células somáticas Novos casos de mastite podem ocorrer durante o período seco, afetando a qualidade do colostro. Uma observação interessante é que valores de CCS superiores a 50.000 céls/mL (log CCS = 4,7) estão relacionados com a produção de colostro com baixas concentrações de IgG (menos que 30 mg/mL). No levantamento americano, todas as amostras de colostros que apresentaram menos de 25 mg de IgG/mL tiveram alta CCS (superior a log CCS = 5,6). Suplementos e substitutos de colostro Emsituaçõesnasquaisapenascolostrodebaixaqualidadeestejadisponível,autilizaçãodesuplementosesubstitutosdecolostro podemserumaalternativaparaevitarasfalhasnatransferênciadeimunidadepassiva.Essesprodutostambémpodemserusados para evitar a transmissão de vários patógenos via colostro, incluindo Mycobacterium avium ssp. paratuberculosis (MAP), Salmonella dublin, e Mycoplasma bovis. Os suplementos de colostro são produtos que fornecem menos de 100g de IgG/dose, sendo destinados apenas para a suplementação do colostro já existente, não sendo recomendados para substituir o mesmo. Por outro lado, os substitutos de colostro contém valores superiores a 100g IgG/dose, além de fornecerem outros nutrientes, como carboidratos, proteína, gordura, vitaminas e minerais exigidos pelo neonato, sendo utilizados como substituto completo do colostro materno. Um estudo recente (Pithua et al. 2010), conduzido nos EUA com 497 animais de 12 rebanos, mostrou que a utilização de substitutos de colostro foi uma alternativa eficiente para a colostragem em vários rebanhos leiteiros. Os animais foram acompanhadospor54mesesecomparadosaogrupoquerecebeucolostroverdadeiro.Osanimaisadultosdogrupoquerecebeuo substitutonãoapresentaramdiferençaquantoàproduçãodeleite/lactação,desempenhonareproduçãoeriscodeabateoumorte quando comparados aos animais do grupo que recebeu colostro materno. Além disso, as bezerras do grupo que recebeu o substituto apresentaram menor incidência de infecções causadas por Mycobacterium avium ssp. Paratuberculosis que os animais do grupo que recebeu colostro verdadeiro. Conclusões Os resultados de levantamentos de pesquisa sobre a qualidade do colostro mostram uma enorme variação em parâmetros como: concentraçãodeIgG,níveisdegorduraeproteína,econtaminaçãobacteriana,colocandoosbezerrosemgranderiscodefalhasna transferência de imunidade passiva. Alémdecuidadoscomanutriçãoesanidadedavacanoperíodoseco,eumadequadomanejodecoleta,estocagemefornecimento do colostro, a utilização de suplementos e substitutos de colostro é uma nova ferramenta, que está entrando agora no mercado brasileiro, e que pode auxiliar na redução das falhas na transferência de imunidade passiva e na transmissão de doenças. Avaliação da qualidade e composição do colostroe-book · 10 destaques Animais Jovens
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  • 10. A diarreia é o problema de saúde mais comum encontrado em bezerras antes do desmame. Na melhor das hipóteses, os episódios de diarreia desaceleram o crescimento, aumentam o trabalho e os custos pelo tratamento. Porém, a diarreia pode matar também, sendo responsável por mais de 60% de todas as mortes de bezerras pré-desmame. Quando a diarreia é severa, a bezerra rapidamente perde fluidos e eletrólitos. A morte ocorre por desidratação e incapacidade de manter as funções celulares normais porcausadosbalançosalteradosdeeletrólitos(sódio,potássio,cloreto)nosangueenascélulas.Amánotíciaéqueadiarreiaestá muito disseminada e causa bastante mortalidade; a boa notícia é que a ocorrência de diarreia pode ser minimizada por meio do bom manejo. A diarreia é causada por vários agentes infecciosos, incluindo bactérias, vírus e protozoários. A baixa qualidade dos substitutos do leite ou o manejo alimentar inconsistente também podem a doença, mas normalmente, na ausência de microrganismos patogênicos, essa não se desenvolve em diarreia severa. A prevenção da diarreia começa com uma bezerra recém nascida saudável, que recebe proteção imunológica contra agentes infecciosos comuns na fazenda. A vaca produz anticorpos (imunoglobulinas) contra os patógenos presentes em seu ambiente e esses circulam no sangue. Entretanto, a estrutura da placenta dos bovinos não permite que os anticorpos cruzem essa barreira até o feto. Assim, os anticorpos precisam ser fornecidos à bezerra por meio do colostro. As vacas extraem anticorpos de seu sangue e ostransferemaocolostroantesdoparto.Dessaforma,umbommanejonutricionaleavacinaçãoapropriadadevacassecaspodem aumentar os anticorpos que combatem doenças que estão disponíveis à bezerra. Converse com seu veterinário para desenvolver um plano específico para vacinação de vacas secas em sua propriedade. Ter um colostro rico em anticorpos não serve de nada à bezerra se ela não o consumir. O segundo pilar da prevenção de diarreia é garantirumforteprogramadecolostragem.Forneceranticorpossuficientesàbezerra,pormeiodocolostro,dependefornecê-loo mais rápido possível após o nascimento, garantindo um consumo suficiente (pelo menos 3 L nas primeiras 6 horas de vida) e usando colostro de boa qualidade, avaliado com um colostrômetro. A capacidade de absorver anticorpos é maior logo após o nascimentoecaidrasticamenteatécercade24horasdevida,quandoacapacidadedointestinodeabsorverasgrandesmoléculas de anticorpos intactas desaparece completamente. Um aspecto crítico do manejo do colostro, que foi identificado nos últimos anos, é a higiene adequada. Bactérias no intestino podem ser absorvidas pelo mesmo mecanismo que os anticorpos do colostro e, dessa forma, passar para o sangue das bezerras e causar uma doença severa. Nossos programas de manejo do colostro se esforçam para ter os anticorpos nos locais de absorção intestinal antes das bactérias ambientais. Entretanto, se a quantidade de bactérias que alcançar o intestino for muito grande, as defesas podem ficar comprometidas. As contagens de bactérias no colostro recém ordenhado são muito baixas. Entretanto, a contaminação pode ocorrer rapidamente por procedimentos de ordenha (tetos ou equipamentos de ordenha sujos) ou de alimentação (mamadeiras ou sondas esofágicas sujas)anti-higiênicos.Osefeitosdecontaminaçãopodemserpioradosmuitorapidamenteseocolostronãoforresfriadoemcurto períododetempoemantidorefrigerado.Noclimaquente,ocolostroprecisaserresfriadosenãopuderserfornecidodentrodeuma hora após a coleta, pois as bactérias podem crescer de forma acelerada em altas temperaturas. Um bom método para resfriar rapidamente o colostro após a coleta é colocar várias garrafas plásticas limpas, com água congelada, no fundo de um tanque. Agora, sabemos que fornecer colostro rico em bactérias pode ser pior do que não fornecer colostro nenhum, porque estamos essencialmente inoculando a bezerra com potenciais bactérias causadoras de doenças. Diarreia: mantendo suas bezerras saudáveise-book · 10 destaques Animais Jovens
  • 11. Diarreia: mantendo suas bezerras saudáveise-book · 10 destaques Animais Jovens Outrafontedeagentescausadoresdedoençaparaabezerraéolocaldoparto.Certifique-sedequeessaáreaémantidalimpaelivre de esterco ou lama. Depois do fornecimento do colostro, a limpeza ainda é de vital importância. Todos os equipamentos de alimentação devem ser lavados e higienizados após cada aleitamento. Além disso, quantidades adequadas de leite precisam ser fornecidas para suprir os nutrientes para mantença, crescimento e produção da resposta imune. Lembre-se também que quando a temperatura ambiente é mais fria que 15oC ou mais quente que 25oC, as bezerras jovens precisam usar energia para se aquecer ou para se esfriar, utilizando parte dos nutrientes consumidos para esse fim. Assim, menos nutrientes estarão disponíveis para o crescimento ou para produzir uma resposta imune eficiente. Quando as bezerras desenvolvem diarreia, o primeiro tratamento deve sempre o fornecimento de fluidos e eletrólitos. Muitos casos de diarreia podem ser resolvidos apenas com a compensação das perdas de fluidos e eletrólitos, desde que estejam se alimentando. As bezerras que estão alertas e interessadas em beber leite devem continuar sendo alimentadas, com a solução de eletrólitos sendo oferecidaentreosfornecimentosdeleite.Asbezerrasqueestãodeprimidas,incapazesdeficarempé,enãointeressadasemcomer, podem precisar de terapia intravenosa para desidratação. É importante estabelecer boas medidas de biossegurança para a criação de bezerras. As bezerras não devem ser cuidadas pelas mesmas pessoas que trabalharam com os animais mais velhos, a menos que troquem de botas e de roupa. Os animais e os pássaros podem ser vetores para disseminação de doenças. Gatos, cachorros, roedores e passadores podem carrear microrganismos causadores de doenças para dentro das áreas onde vivem as bezerras e, sendo assim, o movimento desses animais deve ser controlado. Adiarreiadebezerraspodeserumproblemasério,maspodesercontroladopormeiodeumaatençãocuidadosaaosdetalhes.Tratar as vacas secas apropriadamente, manter as áreas de parição limpas, implementar um programa bem sucedido de colostro são condiçõesessenciaisparamanterasbezerrassaudáveis.Pensaremlimpezaotempotodoeforneceràbezerranutrientessuficientes para crescerem rapidamente e construírem uma resposta imune. Suas bezerras agradecerão!
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  • 13. Desmamando bezerras com maior sucesso e menos sofrimentoe-book · 10 destaques Animais Jovens Odesmame,fasedetransiçãodaingestãodoleiteparaalimentossólidos,éumdostrêsperíodosmaisestressantesdavidadeuma fêmeabovina,sendoqueosoutrosdoissãooseupróprionascimentoeonascimentodesuascrias.Naproduçãoleiteira,operíodo de desaleitamento, frequentemente, resulta em perda de peso, fazendo com que as bezerras fiquem mais debilitadas e também mais susceptíveis a doenças, principalmente as respiratórias. As bezerras que desenvolvem patologias respiratórias apresentarão deficiências, em longo prazo, no crescimento e na futura produção de leite. Consequentemente, o sofrimento do desmame não é somenteumperíododecomprometimentodobem-estaranimal,mastambémumafasequepodelevaraperdaseconômicasaos produtores de leite em curto e longo prazos. Na produção leiteira, o processo do desmame é diferente do praticado na criação de bovinos de corte ou de suínos, uma vez que, nestes sistemas, as crias são mantidas com a mãe por um período de tempo prolongado. O desmame envolve a separação da mãe e mudança de uma dieta exclusivamente a base de leite para outra contendo apenas alimentos sólidos. Na atividade leiteira, as bezerras são separadas da mãe já no primeiro dia de vida e, dessa forma, o processo de desmame envolve somente a mudança da alimentação. Entretanto, essa mudança ainda inclui alterações nos processos comportamentais e, assim, como resultado, definem-se dois componentes de desafios ao desmame: estressores comportamentais e nutricionais. No desmame, as bezerras são desafiadas a, repentinamente, pararem de consumir e digerir leite e passarem para a digestão de alimentos sólidos, sua nova fonte de nutrientes. Para que essa mudança aconteça com sucesso, uma série de adaptações fisiológicas precisa ocorrer. O leite ou o sucedâneo ingerido durante o aleitamento, ao evitar o rúmen imaturo pelo fechamento da goteira esofágica, passa diretamente para o abomaso (estômago verdadeiro), e a digestão de seus componentes ocorre no intestino delgado. A bezerra é totalmente capaz de digerir o leite desde o seu nascimento, contudo, a capacidade de digerir alimentos sólidos requer adaptações no sistema digestivo. Com poucas semanas de idade, o intestino delgado das bezerras já consegue digerir amido e proteína, além de outras fontes de nutrientes que não o leite, entretanto, a digestão de fibras (celulose e hemicelulose) é inteiramente dependente do desenvolvimento da população microbiana do rúmen. Os alimentos sólidos consumidos (pasto, forragem ou concentrados iniciadores) entrarão no rúmen e, dessa forma, estarão sujeitos à fermentação pela população microbiana de rápido desenvolvimento. Aevoluçãodafunçãofermentativaruminaldependediretamentedodesenvolvimentodapopulaçãomicrobianaedasadaptações metabólicasnoanimal.Apesardeasbactériasquedigeremacelulosepoderemserencontradasnorúmenjádosprimeirosdiasde vida das bezerras, elas não serão funcionais, como em ruminantes maduros, até que o pH do órgão possa ser mantido em 6,0 ou valor superior, na maior parte do dia. Consequentemente, as bactérias e outros microrganismos requeridos para a digestão de fibras não estão aptos para a função de fermentar as mesmas no início da vida. Nesta fase, a digestão de fibras está muito aquém da digestão de proteínas e amido provenientes de grãos ou fontes oleaginosas. Além disso, a capacidade dos tecidos do animal de usarácidosgraxosvoláteis(AGV)produzidospelafermentaçãocomofontedeenergiaémenorembezerrasrecém-nascidasdoque emruminantesfuncionais.Seoanimaléforçadoadependerdadigestãodealimentossólidos,antesdesuacapacidadefisiológica estar completa, o desempenho do crescimento será menor, bem como a eficiência alimentar. Além disso, a bezerra estará mais susceptível a doenças infecciosas. Além das adaptações digestivas e metabólicas, necessárias para um desmame bem sucedido, há também os estressores ambientais que podem prejudicar o crescimento e o bem-estar da bezerra. Uma vez que esta é separada da mãe logo após o nascimento, há o desenvolvimento de um vínculo comportamental com a pessoa que lhe fornece o leite duas vezes ou mais por dia. A bezerra conta com essa“mãe de aluguel”para satisfazer sua fome e a estimular a mamar. Caso a pessoa responsável pelo manejo deixe de visitar o animal no desmame, isso pode representar um grande estresse para o mesmo.
  • 14. Desmamando bezerras com maior sucesso e menos sofrimentoe-book · 10 destaques Animais Jovens Pesquisadores tentaram separar os efeitos comportamentais dos efeitos nutricionais em um determinado estudo. Observou-se quetodooprocessoémenosestressanteseasbezerras,aoseremdesmamadas,continuaremrecebendoáguaaquecidanomesmo aparato (balde ou mamadeira) e nos mesmos horários que ingeriam leite, pelo menos por alguns dias após o desmame. Nesse caso,abezerravêohumanocuidadorcomoa“mãe”,queaindachegaparafornecerumlíquidoquente,conformefoicondicionada por dias, ainda que o mesmo não esteja fornecendo nenhum nutriente. Outro aspecto a ser considerado é a ruptura social no caso de os animais serem movidos para outro ambiente ao mesmo tempo em que são desmamados. O ideal é que as mesmas permaneçamnobezerreiropor,pelomenos,umasemanaapósodesmame.Asbezerrassãoanimaissociais,portanto,quandosão movidas em pares ou grupos pequenos, tendem a apresentar menos estresse do que quando manejadas individualmente para piquetes coletivos, com animais desconhecidos do rebanho. Ofatormaisimportantedopontodevistanutricionalénãodescontinuarofornecimentodeleiteatéqueabezerraestejacomendo e seja capaz de digerir alimentos sólidos. O processo de desenvolvimento do rúmen requer cerca de 3 semanas, não importando quando começou. A bezerra precisa alcançar uma ingestão consistente de concentrado inicial para dar suporte às suas necessidades de mantença (pelo menos) antes de ser desmamada. A ingestão adequada desse concentrado, antes do desmame, será um forte indicador da capacidade de digestão e de crescimento após o parto (Figura 1). Desmamar antes de a bezerra estar fisiologicamente pronta significa perda de desempenho e maiores chances de problemas de saúde.
  • 15. Figura 1. O ganho médio diário (GMD) de bezerras na semana do desmame está altamente relacionado à quantidade de ingestão dealimentoiniciadorduranteasemanaantesdodesmame.ArelaçãoderegressãodizqueparaasbezerrasmanteremumGMDde 1,0 kg/dia após o desmame, elas precisariam estar consumindo 1,3 kg de matéria-seca do alimento iniciador antes de começar o desmame. De Stamey et al. (2012). O desmame bem sucedido é fundamental para que a bezerra esteja pronta para suprir suas necessidades de proteína e energia comoumruminantefuncional,aoinvésdeumpré-ruminante.Naprática,issosignificaque,paraserdesmamadacompletamente, a bezerra precisa cumprir esses critérios: • Estar comendo, pelo menos, 50 gramas/dia de concentrado inicial para bezerras, por no mínimo 3 semanas, sem grandes variações diárias. • Estar comendo grãos suficientes para manter suas necessidades de energia e proteína de acordo com seu tamanho corpóreo e condições ambientais (mantença). O processo de desmame envolve a redução da ingestão de leite, que pode ser feita de muitas maneiras. Contudo, não deve haver uma parada abrupta no fornecimento. Um dos métodos mais simples é reduzir gradualmente o volume de leite por, pelo menos, uma semana antes do desmame.Tirar a alimentação da tarde é, normalmente, a prática mais eficaz para reduzir a ingestão total de leite. Se possível, faça um desmame mais gradual, durante 10 dias ou mais fica, o que facilitará a adaptação da bezerra. A ingestão de sólidos do leite pode também ser reduzida, diluindo progressivamente o mesmo volume de leite com maiores quantidadesdeáguaou,simplesmente,aquantidadetotaldeleiteoferecidapodeserlentamentereduzida.Pesquisasmostraram queambososmétodossãoeficazes,apesardeareduçãonaquantidade(volume)deleiteoferecidaaolongodotempoapresentar uma pequena vantagem. O fornecimento ou não de forragem para a bezerra junto com o concentrado inicial tem sido tema de forte debate atualmente. Ao mesmo tempo em que pequenas quantidades de feno podem aumentar o desempenho da bezerra, grandes quantidades podem reduzir a ingestão do concentrado e, consequentemente, comprometer o crescimento. Em um cenário “natural”, o primeiro alimento sólido das bezerras, caso estivessem com suas mães, seria o pasto fresco. Este é diferente do feno, pois apresenta maior teor de açúcar e fibras menos lignificadas, sendo, portanto, mais digestível. Contudo, se as bezerras não têm acesso ao pasto, pequenas quantidades de feno ou palha devem ser oferecidas. O fornecimento de 50 a 100 gramas de forragem, junto com o concentrado inicial, pode suprir as necessidades físicas de fibras e aumentar a digestão geral. O feno não deve ser fornecido à vontade, pois é mal digerido no rúmen imaturo e pode reduzir a ingestão de concentrado. As bezerras devem ter livre acesso à água, mesmo quando ainda estão recebendo leite ou sucedâneo. Como a ingestão de água está fortemente correlacionada com a ingestão de alimentos secos, seu fornecimento à bezerra, desde os primeiros dias de vida, tornará o desmame mais fácil. A água fornecida precisa ser mantida limpa e fresca para estimular o consumo. Bonsprogramasdemanejodebezerraspodemfracassartantodurantecomodepoisdoperíododedesmame.Portanto,pensarno desmame como outro programa de“transição”pode ajudar a melhorar esse período potencialmente estressante para a bezerra. Desmamando bezerras com maior sucesso e menos sofrimentoe-book · 10 destaques Animais Jovens
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  • 17. Por que a água é tão importante para as bezerras?e-book · 10 destaques Animais Jovens A água é essencial para a sobrevivência e desenvolvimento de todos os seres vivos, mas alguns criadores ainda acreditamqueelanãosejanecessáriaparabezerrasemaleitamento.Esseconceitoincorretovemdaideiadequeo consumo de água é muito baixo nessa fase ou de que o leite ou sucedâneo já contém muita água. Mas, os animais em crescimento têm alta exigência nutricional e o consumo de alimentos aumenta à medida que crescem. Assim, qualquer problema que cause redução na ingestão de água, levará também à queda no consumo de alimentos e à redução na taxa de desenvolvimento corporal e ruminal. Apesar de a água ser considerada um nutriente essencial, uma vez que constitui 80 a 85% do corpo dos animais jovens e, depois do oxigênio, ser o nutriente mais importante para todos os seres vivos, há ainda muita controvérsia a respeito de quando e como ofereceráguaaosbezerras.Naprática,observa-sedesdeaofertaapartirdoprimeirodiadevidaatéofornecimentosomenteapós os 30 dias de idade. Alguns criadores alegam que o consumo de água é praticamente nulo nos primeiros dias de vida, e que o colostro, o leite e o sucedâneo já possuem grande volume de água, não justificando, dessa forma, o seu fornecimento. Outros acreditam que a ingestão de água causa diarreia em bezerras em aleitamento, e que no inverno, devido às baixas temperaturas, a ingestão desta não seja necessária. No entanto, todos esses conceitos são incorretos e surgem de aspectos aparentemente óbvios, mas sem o completo entendimento do uso da água no corpo do animal. A água é necessária diariamente para: • transporte de nutrientes às células; • excreção de resíduos (urina e fezes); • digestão dos alimentos; • manutenção da pressão osmótica; • lubrificação das articulações e dos olhos; • troca de CO2 com o oxigênio nos pulmões; • regulação da temperatura corporal, especialmente pela liberação de calor pelos pulmões e urina; • compensação das perdas ocorridas nas fezes, urina, saliva, suor e respiração. A ingestão de água ocorre de duas formas: ingestão voluntária em bebedouros e fontes naturais, e pelo consumo dos alimentos, pois todos eles têm água em sua constituição. Além disso, há disponibilização de água no organismo também como resultado de processos metabólicos. Contudo, 70 a 90% do total são provenientes da ingestão voluntária em bebedouros ou fontes naturais. O consumo de água varia muito, e é influenciado por uma séria de fatores, dentre os quais estão: • tamanho corporal; • intensidade de atividade física; • estado fisiológico; • composição e forma física da dieta; • ingestão de alimentos; • horário de pastejo; • temperatura e umidade do ar; • velocidade dos ventos; • qualidade da água e facilidade de acesso; • interações sociais.
  • 18. Por que a água é tão importante para as bezerras?e-book · 10 destaques Animais Jovens Além desses fatores, ocorre ainda grande variação entre os indivíduos. Ao contrário do que alguns acreditam, mesmo que o colostro contenha em sua composição 77% de água, e o leite e sucedâneo entre88,5a87,5%,oquegaranteimportantepartedanecessidadediáriadeáguadoanimalduranteafasedealeitamento,ainda siménecessáriaaingestãodeáguapelobezerraparaatendimentodetodasasfunçõesrelatadasacima,eparaodesenvolvimento adequado do rúmen. Duranteosperíodosdeperdadeáguacausadospordiarreia;arquenteeúmido,provocandotranspiraçãoeaumentodafrequência respiratória; ar frio e seco; e restrição de água, devido à indisponibilidade desta ou presença de água suja, a desidratação afetará negativamente o consumo e a digestibilidade dos alimentos. Necessidade de água durante a diarreia A diarreia é a principal causa de mortalidade em bezerras em todo o mundo, e os sintomas normalmente aparecem entre 3 a 11 diasdeidade,comduraçãovariada.Duranteadiarreia,asbezerrasperdem2,3kg/diadeáguanasfezes,comparadoa0,880kg/dia nos animais sadios. Essa perda de água provoca sintomatologia clínica que envolve: desidratação, acidose metabólica e desequilíbriodeeletrólitos.Comoosanimaisjovensapresentammaiorporcentagemdeáguaemseupesocorporalqueosadultos, as perdas de líquidos nessa categoria são mais graves. Nasdesidrataçõesleves,comperdadeaté5%daáguacorporal,ossintomasclínicosnemsempresãopercebidospelostratadores, entretanto,ocorrereduçãonaeficiênciametabólicaeosanimaisreduzemaproduçãodeurina.Nessemomento,seasbezerrastêm água à disposição, elas ingerem-na para compensar esta perda, evitando o agravamento da desidratação. Quando a desidratação atinge 6 a 8%, os animais apresentam os olhos fundos, boca e nariz secos, a produção de urina é reduzida, a pele perde a elasticidade e começam a apresentar depressão. Embora ainda fiquem de pé, nesse momento, a depressão faz com que a maior parte dos animais não procure espontaneamente pela água. Não só o líquido corporal está sendo perdido, mas também eletrólitos, sendo necessário, além da água à vontade, o uso de solução de reposição eletrolítica (soro). Com a desidratação atingindo 9-11%, a capacidade de regular a temperatura corporal fica reduzida e os animais apresentam as extremidades, como orelhas e pernas, frias. A depressão se torna mais grave e, se a reposição de fluidos e eletrólitos não for feita, os animais morrerão quando a desidratação atingir 12 a 14%. Durante o tratamento das bezerras com diarreia, alguns pontos devem ser focados imediatamente: repor rapidamente a água e eletrólitosperdidose,nocasodediarreiascausadasporagentespatogênicos,eliminá-los.Aomesmotempo,impedirqueagentes oportunistas causem uma segunda infecção, uma vez que o sistema imune está deprimido. Bezerrascommenosdeduassemanasdeidadesãoosmaisvulneráveisàdiarreia,oquepodeconduziràrápidadesidratação.Sem a reposição da água e eletrólitos perdidos, as bezerras irão morrer. A falta de água e a desidratação causam também o aumento dos valores de hematócrito e da concentração de ureia no sangue, alémdareduçãonataxarespiratóriaenamotilidaderuminal.Alémdisso,écapazdeprovocaragressividadedosanimaisemtorno de bebedouros.
  • 19. Por que a água é tão importante para as bezerras?e-book · 10 destaques Animais Jovens Necessidade de água durante o calor ou frio Em comparação aos animais adultos, as bezerras são mais tolerantes ao calor, o que se deve ao fato de apresentarem grande área desuperfícieemrelaçãoaopesocorporal,etambémàmenorquantidadedecalorgeradoduranteafermentaçãodealimentosno rúmen, uma vez que a dieta das bezerras possui menos alimentos fibrosos. Noentanto,assimcomoosanimaisadultos,quandoatemperaturaultrapassa25°C,asbezerrasaumentamasperdasdeáguapela maior frequência respiratória e resfriamento evaporativo (suor). Assim, precisam de água à disposição para repor as perdas, aliviando os efeitos do estresse calórico. Embora seja fundamental a ingestão de água para reposição das perdas causadas pelo estresse calórico, há poucos dados disponíveis para estimar exatamente o quanto é necessário. Um pesquisador utilizou mais de 33.000 observações de ingestão de água por bezerros no Estado de Iowa, nos Estados Unidos, para desenvolver equações de predição. A ingestão de concentrado, temperatura ambiente e o volume de leite ou sucedâneo oferecido foram os três fatores mais importantes para prever a ingestão de água. A ingestão de concentrado foi responsável por 60% da variação no consumo de água. O estudo mostrou também que a ingestão de água pelos bezerros aumentou, exponencialmente, à medida que a temperatura ambiente se elevou. Para amenizar os efeitos do estresse calórico no verão, os baldes de água precisam ser reabastecidos com maior frequência ou deve-se usar vasilhas maiores, principalmente para bezerras que estão se aproximando da desmama e para aquelas que foram desmamadas recentemente. Nosdiasfriosesecos,asbezerrastambémapresentamperdadeáguapelarespiração,oqueépossívelsercomprovadopelanévoa que sai de suas narinas quando respiram. Nesse momento, eles estão perdendo mais água para o ambiente frio e seco, do que inalando e, portanto, estão desidratando. Novamente, isso ressalta a importância de fornecer água limpa e fresca para bezerros durante todo o ano. Consumo de água e desenvolvimento do rúmen O rúmen é um ambiente aquoso, possuindo apenas 10 a 18% de matéria seca, o que ocorre em função da entrada da saliva, da água contida nos alimentos e da ingestão de água, e é onde se encontra a microbiota ruminal (bactérias, protozoários ciliados e flagelados e fungos anaeróbios, além de vírus bacteriófagos). As bactérias fermentam os alimentos, produzem os ácidos graxos voláteis que propiciam o desenvolvimento do epitélio do rúmen, além de serem fonte de energia e proteína para as bezerras. Sem água suficiente, as bactérias não conseguem se multiplicar e fermentar os alimentos, atrasando o desenvolvimento do rúmen. À medida que as bezerras começam a ingerir alimentos sólidos, aumenta-se a importância do livre acesso à água, pois a diferença entre o teor de matéria seca do concentrado (aproximadamente 89%) e a matéria seca do conteúdo ruminal (aproximadamente 10 a 18%) precisa ser compensada pela entrada de água no rúmen e, por isso, o consumo de água está altamente correlacionado com o consumo de concentrado e o ganho de peso das bezerras. Em 1984, em experimento clássico, pesquisadores estudaram o efeito do fornecimento de água para bezerros na fase de aleitamento. Nesse estudo, um grupo de bezerros recebia apenas leite e o outro tinha água à disposição. Todos os animais receberam o mesmo concentrado. O grupo que teve acesso à água apresentou desempenho superior ao do grupo que recebeu
  • 20. Por que a água é tão importante para as bezerras?e-book · 10 destaques Animais Jovens apenasleite(P<0,05).Oganhodepesomédiodiáriofoide0,300kgparaogrupocomáguaàvontadeede0,188kgparaogrupo sem água, e o consumo de concentrado foi de 11,7 kg e 8,1 kg, respectivamente, durante o primeiro mês de vida. Uma média de 41,3 kg de água foi ingerida durante as quatro semanas experimentais pelos animais no grupo com água à vontade. Os autores concluíramqueodesempenhodeanimaisjovenspodeseraumentadocomolivreacessoàáguadesdeosprimeirosdiasdevida. Quando esta não é oferecida aos bezerros, pode haver diminuição no consumo de matéria seca em 31%, e redução de 38% nas taxas de ganho de peso. Outros pesquisadores relataram um consumo médio diário de 2,08 litros de água até a quinta semana de vida, 0,550 kg de ingestão média diária de concentrado e ganho de peso médio diário de 0,600 kg, para bezerros recebendo quatro litros de leite por dia, concentrado e feno à vontade. A média diária de consumo de água foi de 1,78 litros na primeira semana, 1,66 litros na segunda, 1,74 litros na terceira, 2,53 litros na quarta e 2,72 litros na quinta semana. Qualidade da água A qualidade da água é uma questão importante na saúde dos animais. Cinco pontos são frequentemente considerados na avaliação da qualidade da água tanto para os seres humanos quanto para animais: Propriedades organolépticas - odor e sabor. Estas características podem ser rapidamente percebidas pelos animais, mas só causam problemas se o consumo for afetado. Propriedades físico-químicas - pH, sólidos totais dissolvidos, oxigênio total dissolvido, e dureza da água. Geralmente, são características que não causam problemas para os animais, mas podem indicar problemas marginais. Presença de compostos tóxicos - metais pesados, minerais tóxicos, organofosforados e hidrocarbonetos. Podem ser achados comuns na água, mas geralmente em baixa concentração. Presença de excesso de sais minerais ou compostos - nitratos, sódio, sulfatos e ferro. Podem reduzir o consumo de água e trazer problemas à saúde. Presença de bactérias - asconcentraçõesmáximasparaconsumohumanosãoregulamentadaspelasagênciassanitárias,mas pouco controle existe para consumo animal. Existe risco potencial em algumas situações. Esses fatores podem ter efeitos diretos sobre a aceitabilidade (palatabilidade) da água e podem afetar o sistema digestivo e as funções fisiológicas, caso os compostos sejam consumidos e absorvidos. Ototaldesólidosdissolvidos(TSD)édefinidocomoasomadetodamatériainorgânicadissolvidanaágua,etambéméconhecido como salinidade da água. Como pode ser um indicador da má qualidade, valores altos são considerados indesejáveis.
  • 21. Por que a água é tão importante para as bezerras?e-book · 10 destaques Animais Jovens Tabela 1. Guia para uso da água com diferentes concentrações -Total de Sólidos Dissolvidos (TSD) TSD (ppm) Comentários Menor que 1.000 - Água fresca Não apresenta risco 1.000 a 2.999 - Baixa salinidade Pode não afetar a saúde ou o desempenho do rebanho, porém pode causar diarreia leve 3.000 a 4.999 - Salinidade moderada Geralmente satisfatória, mas pode causar diarreia principalmente após o inicio do consumo 5.000 a 6.999 - Água salina Pode ser utilizada com razoável segurança para animais adultos. Porém, deve ser evitada para fêmeas gestantes e animais jovens 7.000 a 10.000 - Alta salinidade Deve ser evitada em animais jovens, gestantes e lactentes, pois podem ser afetados negativamente Maior que 10.000 - Salmoura Não é segura, não devendo ser utilizada sob nenhuma condição Adaptado de Beede, D.K (2006). Normalmente, os animais preferem consumir a água com temperatura entre 16 a 27°C, com tendência a reduzir o consumo quando a temperatura desta cai abaixo de 15°C. As bezerras são extremamente exigentes em higiene. Em um estudo realizado no Estado de Utah, EUA, pesquisadores alimentaram e manejaram os bezerros de forma idêntica, exceto pela frequência de lavagem dos baldes de água, que foi feita diariamente, semanalmente, ou a cada duas semanas. Os bezerros cujos baldes foram lavados diariamente ganharam 0,703 kg/dia antes do desmame, comparado a 0,671 kg/dia para bezerros com baldes lavados semanalmente e 0,635 kg/dia para os animaiscujosbaldeseramlavadosacada14dias.Alémdisso,esteúltimogrupotevemaiornúmerodetratamentosparadoenças do que os bezerros que tiveram os baldes lavados diariamente ou semanalmente. Conclusões A água é indispensável para as bezerras e não existe razão justificável para não fornecê-la limpa e à vontade a partir do primeiro dia de vida. Além disso, os animais em crescimento têm alta exigência nutricional e o consumo de alimentos aumenta à medida que crescem. Assim, qualquer problema que cause redução na ingestão de água, levará também à queda no consumo de alimentos e à redução na taxa de desenvolvimento corporal e ruminal.
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  • 23. É necessário fornecer feno para bezerras em aleitamento?e-book · 10 destaques Animais Jovens Sabe-se que o desenvolvimento ruminal das bezerras é determinado pelo consumo de concentrado, e não de forragemcomosepensavanopassado.Mas,seráqueofornecimentodefeno,duranteafasedealeitamento,pode trazer algum benefício para a saúde e desenvolvimento das bezerras? Pesquisas recentes mostram que sim, mas seguindo algumas regras relacionadas à quantidade e forma de inclusão. A maioria das pesquisas com bezerras leiteiras em aleitamento é focada em estimular o consumo de ração inicial para facilitar a transiçãodadietalíquidaparaasólidaepromoverodesenvolvimentodorúmen,oqualprecisaserconsideradodospontosdevista metabólico, microbiano e físico. O desenvolvimento físico do rúmen implica em um aumento da sua massa e do epitélio, que será responsávelpelaabsorção,transporteemetabolismodosácidosgraxosvoláteis(AGV),quesãoimportantesfontesdeenergiapara os ruminantes. Em dietas convencionais, baseadas em leite e concentrado inicial, a microbiota do rúmen é bastante desenvolvida e os parâmetros fermentativos (pH, concentração de AGV, atividades enzimáticas) se tornam constantes a partir de três semanas de idade. Esse texto tem por objetivo revisar a influência da forragem no desempenho de bezerras e no desenvolvimento do rúmen. Os princípios do crescimento das papilas ruminais Osprodutosfinaisdafermentaçãodeconcentradosnorúmen,osAGV,especialmenteosácidosbutíricoepropiônico,promovemo desenvolvimento das papilas ruminais. Portanto, pode-se dizer que estimular o consumo de concentrado melhorará o desenvolvimento do rúmen. Por outro lado, o fornecimento de concentrado induz à rápida fermentação, que pode resultar em proliferação e queratinização exacerbadas das células epiteliais ruminais (hiperqueratose), e favorecer a presença de papilas ramificadas (como resultado da hiperqueratose, as papilas se ramificam tentando aumentar a área de absorção epitelial) e de papilas agregadas a partículas de alimento. Essas consequências negativas, segundo pesquisadores, prejudicariam a absorção de AGV pelo rúmen, aumentando sua concentração e reduzindo o pH ruminal, além das complicações resultantes da redução de ingestão de alimentos. O papel da forragem em idade precoce Duranteosúltimos60anos,temsidoreportadoemváriosestudosdepesquisaqueainclusãodeumafontedeforragemnasdietas de bezerras em aleitamento melhora o desenvolvimento das papilas ruminais (reduzindo a presença de papilas ramificadas ou hiperqueratose), a ingestão de concentrado e aumenta o pH do rúmen. Porém, em alguns casos, pesquisadores relatam que o fornecimento de forragem não melhora o desempenho geral de bezerras jovens. Papel da forragem na melhora da saúde ruminal Durante os primeiros dias de vida, o pH do rúmen é tipicamente acima de 6 (Figura 1), contudo, quando se inicia a ingestão de concentrado,estepodecairrapidamenteparavaloresabaixode5,5,atéqueoepitéliodorúmensedesenvolvaesetornecapazde absorver AGV, removendo o acúmulo de ácido no rúmen.
  • 24. É necessário fornecer feno para bezerras em aleitamento?e-book · 10 destaques Animais Jovens Figura 1. Evolução do pH do rúmen do nascimento até 85 dias de idade (Rey et al., 2012). Quando são fornecidas partículas finas de alimento às bezerras jovens, na forma de farelo ou concentrado inicial peletizado, essas caem entre as papilas ruminais, gerando um conglomerado de alimentos e pelos (em forma de placas) que pode prejudicar a absorção de AGV. Pesquisadores avaliaram que o fornecimento de uma fonte de forragem reduz a formação destas placas, pelo efeito abrasivo na mucosa do rúmen, favorecendo a absorção de AGV e, consequentemente, aumentando o pH.
  • 25. É necessário fornecer feno para bezerras em aleitamento?e-book · 10 destaques Animais Jovens Figura 2. Diagrama representando os efeitos do fornecimento de forragem para bezerras jovens (aumento do pH do rúmen, ingestão de ração inicial, ruminação e redução da concentração de AGV) e mecanismos que explicam os resultados observados (melhora na saúde do rúmen, facilitando a absorção de AGV). Dados individuais de bezerras que receberam concentrado inicial peletizado, com alto e baixo teor de fibra em detergente neutro (FDN),comesemsuplementaçãodefenodeaveia,foramusadosparacorrelacionaraingestãoderaçãoinicialàconcentraçãototal de AGV no rúmen, dando suporte à hipótese do papel da forragem na facilitação da absorção de AGV. As concentrações ruminais totais de AGV são consequência do equilíbrio entre a produção destes ácidos pela microbiota que fermenta o alimento e a capacidade do rúmen de absorvê-los. A Figura 3 mostra a relação entre a concentração total de AGV e a ingestão de matéria seca do concentrado (IMS) de bezerras suplementadas com feno de aveia (em verde) e sem suplementação de forragem (em laranja). Pode-se notar que com o mesmo nível de IMS (no qual a produção de AGV deveria ser similar), as concentrações de AGV são maiores em bezerras que não receberam forragem em comparação àquelas que tiveram acesso ao feno de aveia, sugerindo que menos AGV foram absorvidos por aquelas que não receberam forragem.
  • 26. É necessário fornecer feno para bezerras em aleitamento?e-book · 10 destaques Animais Jovens Figura 3. Relação linear entre a ingestão de matéria seca (IMS) do concentrado e a concentração total de ácidos graxos voláteis (AGV)embezerrasquenãoreceberamforragem(emlaranja)(semrelaçãosignificante)equeforamsuplementadascomforragens (em verde) (VFA=212 – 30,1 x DMI, R2 =0,12, P=0,05). Otimizando a inclusão de forragem na dieta de bezerras jovens Na maioria desses estudos anteriormente mencionados, a fonte de forragem foi incluída na dieta dos animais em uma proporção pré-determinada e fixa e, em apenas alguns deles, o fornecimento foi à vontade. Pesquisadores avaliaram que quando a fonte de forrageméfornecidaàvontade,eofenoàdisposiçãodasbezerrasédecapim,oconsumomédioatingecercade5%dadietatotal. Contudo, quando a fonte passa a ser feno de alfafa, o consumo voluntário aumenta para 12%, prejudicando o desempenho das bezerras, devido ao menor valor nutricional deste alimento em comparação à ração inicial. Para determinar se existe um ponto a partir do qual a ingestão de forragem passa a ter um efeito prejudicial na ingestão de concentrado,foirealizadoumestudocombezerrasemaleitamento,quereceberamumprogramaconvencionaldealimentação(4 litros de leite/dia a 12,5% MS) com forragem e concentrado oferecidos à vontade. Os pesquisadores concluíram que a inclusão de forragemnaproporçãode3,75%dadietatotalmaximizaaingestãoderaçãoinicial.Poroutrolado,apartirde10%deinclusãode forragem ocorre um efeito negativo na ingestão de concentrado pelas bezerras jovens. Tamanho das partículas da forragem Especialistasdaáreasugeremqueofenolongonãosejaidealparabezerrasjovens,donascimentoaté6-8semanasdeidade,pela dificuldade na preensão e de digestão desse alimento grosseiro, recomendando a forragem picada como melhor opção. Em um estudo realizado em 2013, observou-se que a inclusão de 10% de feno de capim picado no concentrado inicial melhorou a digestibilidade de nutrientes, a eficiência alimentar, e reduziu a incidência de comportamento oral não nutritivo (reflexo de mamada),quandocomparadocomofornecimentodeconcentradomais10%defenomoído.Dessaforma,elessugeremquepara se ter os benefícios da forragem na saúde do rúmen, o feno a ser oferecido para as bezerras jovens deve ser picado. Os concentrados texturizados podem substituir o papel da forragem nas dietas de bezerras jovens? Nos últimos anos, estudou-se intensivamente o uso de concentrados iniciais texturizados (ou grosseiros) com o objetivo de aumentarapalatabilidadeeotamanhodapartículaparamelhorarasaúdedorúmen.Porém,existempoucosestudosnaliteratura comparando os parâmetros ruminais quando se fornece diferentes formas físicas de dietas com ou sem inclusão de forragem. O concentrado inicial texturizado contém aproximadamente 50% de grãos de cereais (principalmente milho e aveia) integrais ou na forma processada (laminados, em flocos, rachados etc.) e uma parte peletizada. A comparação entre um concentrado grosseiro (com 33,8% de milho quebrado, 35% de aveia esmagada e 31,2% de grânulos) e um concentrado peletizado inicial, sem fornecimento de forragem em ambos os casos, resultou em melhores resultados de desempenho para os animais que receberam a forma grosseira. Os benefícios dos concentrados iniciais texturizados, no que se refere ao estímulo à ingestão de ração inicial, são atribuídos principalmente ao tamanho maior das partículas, sendo que pesquisadores recomendam que pelo menos 50% das partículas devem ser maiores que 1190 µm. Dados de uma pesquisa, ainda não publicada, realizada com novilhas leiteiras desmamadas, que durante a fase de aleitamento
  • 27. É necessário fornecer feno para bezerras em aleitamento?e-book · 10 destaques Animais Jovens receberam concentrado peletizado ou concentrado peletizado mais palha de cevada picada, ou ainda ração texturizada para bezerra(29%demilhointeiro,24%deaveiainteirae47%deconcentradopeletizado),foramusadosparacorrelacionaraingestão de MS da ração inicial e o pH do rúmen. Os resultados indicaram que o concentrado peletizado adicionado de palha picada e as dietas com grãos integrais texturizados aumentam o pH do rúmen, quando se aumenta a ingestão de MS do concentrado. O contrárioaconteceuquandoseforneceuapenasaraçãopeletizada,quediminuiopHdorúmenquandoaingestãodeconcentrado aumentou. Mas,mesmoutilizandoconcentradostexturizados,ainclusãodefenopicadopareceterefeitosbenéficossobreopHdorúmen.Em um estudo no qual bezerras foram alimentadas com um concentrado inicial texturizado (18% de milho laminado, 23% de cevada laminada, 12,8% de aveia laminada, 46,2% de grânulos), ou o mesmo concentrado mais feno de azevém, as que receberam apenasraçãotexturizadativeramumpHdorúmenmaisbaixodoqueaquelasquereceberamamesmaraçãocomsuplementação de feno (5,4 vs 5,9 ± 0,07 valores de pH, respectivamente). Similarmente,emoutrapesquisa,foioferecidoumconcentradoinicialprocessadotexturizado(57,5%degrânulos,14%decevada achatada,13%deaveiaachatada,10%demilholaminadoavapor,e3,5%melaço)eobservou-seummaiorpHdorúmenquando feno de capim foi suplementado à vontade do que somente com fornecimento de concentrado texturizado (5,5 vs 5,1 ± 0,10 valores de pH, respectivamente). Apesar de os concentrados texturizados terem tamanho maior de partícula do que os concentrados peletizados e estimularem a ingestãodeconcentrado,quandohásuplementaçãoadicionaldefenopicadooupalhaaosmesmos,háumamelhoraadicionalno pH do rúmen e, provavelmente, na saúde ruminal. Segundo pesquisa, bezerras que receberam concentrado grosseiro (32% de milho laminado a vapor, 9,8% de aveia inteira, 50,7 ou 43,2% de grânulos) com feno de capim picado, a uma taxa de 7,5 ou 15% da dieta, tenderam a consumir mais alimentos iniciais após o desmame do que aquelas que não receberam a suplementação de feno. Além disso, como é bastante difícil avaliar se a ração inicial texturizada que estamos fornecendo às bezerras tem ação abrasiva suficiente no rúmen, parece mais seguro oferecer uma fonte de forragem picada de baixo valor nutricional aos animais para garantir a saúde adequada do rúmen e estimular a ingestão de alimentos sólidos. Em resumo, a suplementação de concentrados iniciais peletizados com feno picado ou palha, a uma proporção de 5% da dieta total, melhorará a ingestão de alimento pelas bezerras sem prejudicar seu desempenho (eficiência alimentar, crescimento, digestibilidade da dieta) e ajudará a manter um pH ótimo do rúmen para facilitar o desenvolvimento da mucosa e a absorção de AGV.Provavelmente,asbezerrasquerecebemconcentradotexturizadotambémsebeneficiarãodoefeitodaforragemnasaúdedo rúmen.
  • 28.
  • 29. Leite de descarte é aquele que não pode ser vendido à indústria, é composto por colostro, leite de transição, leite de vacas com mastite clínica e aquele obtido durante o período de carência de alguns medicamentos. Como o leite de descarte é constituído da mistura da ordenha de animais em diferentes estágios da lactação, condições fisiológicas e patológicas, sua composição varia de acordo com as vacas que compõem esse grupo. Segundo pesquisas nos Estados Unidos, são descartados entre 22 e 62 kg de leite/vaca/ano, representando perdas econômicas e dificuldadesdedescarterelacionadasaquestõesambientais.NoBrasil,oleitededescarteéumdosprincipaisalimentosutilizados na criação de bezerras e, apesar de ser uma fonte falsamente "gratuita" de alimento em uma fase cara do sistema de produção, apresenta alguns riscos como a contaminação por microrganismos patogênicos, os efeitos prejudiciais causados por toxinas bacterianas, o desenvolvimento de resistência bacteriana e o fornecimento de menor quantidade de sólidos do leite aos animais. Composição nutricional O leite de vacas saudáveis deve apresentar aproximadamente 12,5% de sólidos totais, 3,2% de proteína, 3,7% de gordura e 4,6% de lactose, observando-se variações de acordo com a dieta, estação do ano e outros fatores. Já no leite de descarte, as análises mostram variações nos sólidos do leite de 1,2 a 4,7% de gordura e 2,7 a 5,1% de proteína. Grande parte do leite de descarte vem de vacas com mastite, patologia que determina mudanças nas concentrações dos seus principais componentes, com aumento na contagem de células somáticas (CCS) e alteração considerável no tipo de proteína que compõe o leite. A caseína, principal proteína do leite, com elevada qualidade nutricional, diminui e as proteínas do soro, que possuem menor valor, aumentam. Como o cálcio está associado à caseína, a alteração nas concentrações desta proteína contribui para o menor teor de cálcio no leite de vacas com mastite. Os principais mecanismos pelos quais ocorrem alterações nas concentrações dos componentes do leite são: lesão das células alveolares (produtoras de leite), que pode resultar em alteração da concentração de lactose, proteína e gordura; e aumento da permeabilidade vascular, que determina o aumento da passagem de substâncias do sangue para o leite, tais como sódio, cloro, imunoglobulinas e outras proteínas. As alterações provocadas no leite irão variar de acordo com o tipo de microrganismo responsável pela mastite, tanto nos casos clínicos como subclínicos. Risco sanitário Os principais agentes patogênicos transmitidos pelo colostro e leite são Mycobacterium avium subesp. paratuberculosis, Salmonella spp., Mycoplasma spp., Listeria monocytogenes, Campylobacter spp., Mycobacterium bovis e Escherichia coli. O grau decontaminaçãodoleitevariacomaconcentraçãoinicialdepatógenos,acontaminaçãodosequipamentosutilizadosparacoletar esse leite, e o tempo e condições de armazenamento. O Mycoplasma spp. é um agente importante nas doenças respiratórias em bezerros. Nos animais positivos, os sinais clínicos, além da otite, são paralisia do nervo facial, pneumonia, espasmos e incoordenação. AsinfecçõesintramamáriasporSalmonelladublineS.typhimuriumsãoproblemáticasemalgunsrebanhos,poisvacasinfectadas podem eliminar acima de 105 organismos por mililitro de leite. Assim, o fornecimento de leite contaminado pode exercer papel importantenatransmissãodoagenteentrevacasebezerros.ASalmonellaé,portanto,umimportantepatógeno,econtribuipara morbidade e mortalidade de animais jovens. Na maior parte das fazendas, o leite de descarte permanece em temperatura ambiente desde a ordenha até o fornecimento para as bezerras, o que pode acarretar em incubação e multiplicação dos microrganismos, aumentando o risco de contaminação. Uso do leite de descarte para bezerrase-book · 10 destaques Animais Jovens
  • 30. Efeitos na microbiota intestinal Uma das principais funções da microbiota gastrointestinal endógena é a proteção contra colonização por microrganismos patogênicos, e também contra o crescimento exacerbado de colônias potencialmente patológicas já presentes. Pesquisas em humanos e outras espécies animais mostram que a colonização intestinal nos primeiros dias de vida tem papel fundamental para iniciar e direcionar o adequado desenvolvimento imune. Contudo, há um intervalo crítico para que essa colonização microbiana ocorra durante o desenvolvimento do animal, portanto, se qualquer fator interferir neste processo, como tipo de parto, dieta, ambiente, ou uso de antibióticos, o hospedeiro pode se tornar susceptível a desenvolver várias doenças crônicas associadas à resposta imune da mucosa comprometida. Mesmo na fase adulta, o decréscimo no número de microrganismos gastrointestinais causado por tratamentos com antimicrobianospodecausarmuitosefeitosindesejados.Umdeleséocrescimentoexacerbadodemicrorganismospré-existentes, que podem resultar em diversas patologias, como as diarreias graves e colites causadas pelo Clostridium difficile. O leite de descarte da maioria das fazendas contém resíduos de antibióticos de vacas tratadas contra mastite. Assim, a dose presente no leite fornecido aos bezerros é variável e depende do número de animais doentes, da forma de tratamento, do período de carência do medicamento e da quantidade fornecida. A resistência ao antibiótico vai ocorrer por mutação da cepa bacteriana, a qual irá se multiplicar e manter a mutação em suas cópias. Este fato ocorre em consequência da utilização de antibióticos por período de tempo e doses inadequados. A resistência podeocorrerrapidamenteeosantibióticos,quejáforameficazes,perderãooudiminuirãooseuefeito.Háevidênciasqueascepas bacterianas resistentes podem persistir durante anos após a pressão de seleção. Assim, o aumento da resistência bacteriana aos antibióticos é preocupante tanto para a saúde de bezerros quanto para os humanos. Monitoramento da qualidade do leite na fazenda A qualidade do leite de descarte pode ser avaliada na fazenda ou em laboratório. As seguintes analises podem ser realizadas: pH; concentraçãodossólidostotais,utilizandoaescalaBRIXapartirdedadosdorefratômetro;contagembacteriana(CBT)anteseapós a pasteurização; e contagem de células somáticas (CCS). Estimar o pH do leite de descarte é uma forma prática para determinar sua degradação, o que pode ser feito utilizando-se um pHmêtro portátil, e levando em consideração que o pH normal do leite é de 6,5 a 6,7. A deterioração do leite pode afetar também o odor e o sabor, reduzir a qualidade nutricional, e comprometer o consumo dos bezerros. Adicionalmente, o pH apresenta correlação direta com a porcentagem de sólidos, portanto, quanto menor seu valor, menor será a quantidade de sólidos totais no leite. O refratômetro é um equipamento manual simples e é utilizado para monitorar a concentração de solutos em amostras líquidas. Brix é uma escala numérica que mede a quantidade de sólidos solúveis em uma solução de sacarose, muito utilizada na indústria de alimentos. A variação dos sólidos totais implica na alteração dos nutrientes do leite de descarte, com consequente comprometimento no desempenho das bezerras. Quando estão abaixo de 12,5%, percentual que é considerado padrão, provavelmente houve diluição com água. Por outro lado, quando estão acima de 12,5%, o leite de descarte deve conter colostro e leite de transição. A alta contagem de células somáticas, normalmente, está associada com baixa concentração de proteína e sólidos totais do leite, resultando em fornecimento nutricional inadequado para as bezerras. Um pesquisador propôs a utilização da Tabela 1 para avaliação da qualidade nutricional do leite de descarte após analise em refratômetro BRIX. Uso do leite de descarte para bezerrase-book · 10 destaques Animais Jovens
  • 31. Uso do leite de descarte para bezerrase-book · 10 destaques Animais Jovens Tabela 1 - Composição de proteína, gordura e lactose em leite de descarte com percentuais superiores e inferiores a 12,5% de sólidos totais Proteína (%) Gordura (%) Lactose (%) Sólidos (%) Líquida MS Líquida MS Líquida MS 15,0 4,5 30,3 4,3 28,7 4,8 32,2 14,0 4,0 28,4 4,1 29,1 4,8 34,0 13,0 3,5 26,5 3,8 29,4 4,7 35,9 12,5 3,2 25,6 3,7 29,6 4,6 36,8 12,0 3,1 25,6 3,6 29,6 4,4 36,8 11,0 2,8 25,6 3,3 29,6 4,0 36,8 10,0 2,6 25,6 3,0 29,6 3,7 36,8 9,0 2,3 25,6 2,7 29,6 3,3 36,8 8,0 2,0 25,6 2,4 29,6 2,9 36,8 12,0 3,1 25,6 3,6 29,6 4,4 36,8 11,0 2,8 25,6 3,3 29,6 4,0 36,8 10,0 2,6 25,6 3,0 29,6 3,7 36,8 9,0 2,3 25,6 2,7 29,6 3,3 36,8 8,0 2,0 25,6 2,4 29,6 2,9 36,8 Adaptado de Quigley (2010) Deacordocomosdadosapresentadosnatabela,oleitededescartequecontém11%desólidosfornecerá2,8%deproteína,3,3% de gordura e 4,0% de lactose, provendo 88% da matéria seca (MS) total que as bezerras receberiam se fossem alimentadas com a mesma quantidade e qualidade do leite que é destinado à indústria. Uma forma de corrigir os sólidos do leite de descarte e minimizar a queda no desempenho das bezerras é a utilização de suplementação com sucedâneo ou o fornecimento de maior volume de leite quando os sólidos totais estiverem abaixo de 12,5%. Pasteurização Apasteurizaçãopermiteofornecimentodoleitededescartecommenorconcentraçãodemicrorganismosviáveis,noentanto,não deve ser confundida com esterilização, pois algumas bactérias tolerantes ao calor podem sobreviver ao processo. O número inicial de microrganismos no leite e o tempo de processamento vão determinar o risco de contaminação e a posterior infecção. Amostras de leite de descarte avaliadas antes e após a pasteurização mostram que a contagem bacteriana variou de 6.000 a mais de 72.000.000 UFC/mL. A pasteurização reduziu as populações para 0 a 420.000 UFC/mL nas espécies mensuradas (Salmonella spp., E. coli, coliformes totais, Streptococcus agalactiae, Streptococcus spp., Staphylococcus aureus, Staphylococcus spp., and Enterococcus spp.), variando de acordo com o equipamento e o procedimento de pasteurização utilizado.
  • 32. Uso do leite de descarte para bezerrase-book · 10 destaques Animais Jovens Mesmoreduzindoacontagembacteriana,aindaháriscodetransmissãodetoxinaspréformadasouresíduosdamortebacteriana que também podem causar danos aos bezerros. A endotoxina do Staphylococcus aureus, por exemplo, é resistente ao calor e pode induzir disfunções plaquetárias e imunossupressão. Em condições normais, as células da mucosa intestinal atuam como barreira à passagem de endotoxinas do intestino para a corrente sanguínea, mas lesões nessa barreira, como no caso das diarreias severas, podem levar à endotoxemia sistêmica. O leite de descarte é uma boa fonte de nutrientes, mas existem riscos ao fornecê-lo às bezerras. O proprietário e o veterinário responsável pela fazenda devem avaliar esses riscos e decidir pela utilização ou não. Para esta decisão deve-se levar em conta: • o estado de saúde das vacas do rebanho - não alimente as bezerras com leite de vacas com brucelose, tuberculose, paratuberculose e diarreia bovina a vírus, entre outras; • não alimente as bezerras recém nascidas com leite de descarte; • não mantenha o leite de descarte por muito tempo em temperatura ambiente e não use vasilhames sujos para seu armazenamento; • as bezerras que recebem leite de descarte devem ser criadas de forma individualizada para reduzir a transmissão de microrganismos que causam a mastite; após o desaleitamento, estas devem ser mantidas no bezerreiro por pelo menos 14 dias para minimizar as mamadas cruzadas e a possível transmissão de patógenos. • Não forneça o leite que contenha sangue ou secreções purulentas, uma vez que pode apresentar grande número de patógenos ativos e componentes de difícil digestão. Muitas variáveis estão envolvidas na utilização do leite de descarte para alimentação de bezerras. As ferramentas a serem utilizadas para mitigar os riscos sanitários e monitorar a qualidade desse alimento irão variar de acordo com o sistema de criação, a disponibilidade de capital e mão de obra, dentre outros fatores. É importante conhecer os riscos do fornecimento do leite de descarte para os animais e atuar para melhorar sua qualidade, proporcionando um bom alimento para as bezerras em uma das fases mais importantes do desenvolvimento dos animais.
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  • 34. Como melhorar a eficiência da colostrageme-book · 10 destaques Animais Jovens O colostro é a primeira secreção da glândula mamária após o parto, fornecendo à bezerra recém-nascida os anti corpos (imunoglobulinas), essenciais para a imunidade, juntamente com outras proteínas que auxiliam no desenvolvimento do trato gastrointestinal e na defesa local contra infecções. As vitaminas e os minerais atuam como co-fatores para várias reações no organismo, e seu alto teor de gordura supre a demanda energética inicial, jáqueasbezerrasnascemcomapenas3%degorduracorporal.Ocolostrotambémforneceaprimeirafontedeágua ao neonato, essencial para a hidratação e as demais funções corporais. O objetivo deste artigo é discutir as características imunológicas do colostro e como aumentar a captação de imunoglobulinas (IgG) por meio de estratégias alimentares e manejo do rebanho. Abordaremos também os efeitos de longo prazo da administração do colostro e sua relação com a produção futura de leite. Por que o colostro é tão importante? As bezerras nascem sem anticorpos, o que ocorre, principalmente, devido à sexta camada placentária, que forma uma barreira à transferência de moléculas grandes ao feto. Por isso, devem obter os anticorpos do colostro, sendo essencial fornece-lo o mais rápido possível após o nascimento, para garantir a transferência da imunidade e a defesa contra doenças. A principal imunoglobulina de interesse para os bovinos é a imunoglobulina G (IgG). A concentração de IgG no colostro pode variar, mas deve ser maior que 50 g/L, caracterizando um colostro de alta qualidade. Outras imunoglobulinas, como IgA e IgM estão presentes no colostro em quantidades muito menores, aproximadamente 3,9 g/L (IgA) e 4,2 g/L (IgM). Assim, a qualidade do colostro é definida pela quantidade de IgG presente. A avaliação da qualidade do colostro pode ser feita na fazenda, utilizando o colostrômetro., que mede a gravidade específica e a correlaciona com a concentração de IgG. Para uma avaliação precisa, o colostro deve estar à temperatura ambiente ou a 20°C. Se estiver muito quente, recém ordenhado, ou muito frio, a precisão do colostrômetro se torna baixa. Outro método que pode ser utilizadoparaavaliaraqualidadedocolostroépormeiodorefratômetro,quemedeosgrausBrix,eéumaferramentarotineirana indústriadesucodefrutas,vinhoemelaço..Aleiturade21%nesteaparelhocorrespondeàconcentraçãode50g/LdeIgG.Quanto maior a leitura, maior a concentração de IgG no colostro. Apesar de o refratômetro ser menos preciso que o colostrômetro, ele é mais fácil de usar, sendo necessário colocar apenas 2 a 3 gotas de colostro na lente do aparelho. O excesso de colostro de boa qualidade pode ser estocado congelado (banco de colostro) para utilização em situações de escassez. Afalhadetransferênciadeimunidadepassiva(colostragemmalfeita)éaprincipalcausa demortalidadedebezerros.Quase20% dos bezerros nascidos nos EUA apresentam falhas de colostragem (IgG sérica menor que 10 g/L), com taxa de mortalidade variando de 8 a 11% do total de nascimentos. Dados de um trabalho de pesquisa revelaram que, aproximadamente, 8% dos bezerros que não tiveram uma boa transferência passiva de IgG (IgG sérica maior que 10 g/L) morreram nas primeiras 8 semanas deidade,contraapenas2%demortesnosanimaisbemcolostrados.Essespesquisadoresdescobriram,ainda,quemaisde60%do colostro coletado das fazendas leiteiras dos EUA não tinham qualidade suficiente para garantir uma boa colostragem. Além da imunidade, o colostro também provê outros fatores que podem aumentar o desempenho das bezerras. Pesquisadores avaliaram 68 bezerros, da raça Pardo Suíço, que receberam 2 ou 4 L de colostro de boa qualidade, baseada na leitura do colostrômetro (> 50 g/L IgG). O colostro foi administrado por meio de mamadeira ou sonda esofágica (nos casos de animais inaptos à sucção da mamadeira), dentro de 1 hora após o nascimento. O grupo de animais que recebeu apenas 2 L de colostro ao nascimentoapresentougastosdeaproximadamente$10,00amaisporanimal,quandocomparadoaosbezerrosquereceberam4L ($24,51 e $14,77, respectivamente). Os animais que foram alimentados com maior volume de colostro ganharam aproximadamente 230g de peso a mais do que aqueles que receberam apenas 2L. E o mais interessante - as bezerras que receberam 4L de colostro no primeiro dia de vida produziram mais de 1.000L de leite a mais nas duas primeiras lactações, em relação àquelas que receberam apenas 2L (17.032 L e 16.015 L, respectivamente). Ou seja, quanto maior concentração de IgG no
  • 35. Como melhorar a eficiência da colostrageme-book · 10 destaques Animais Jovens sangue, maior a produção de leite na vida adulta. Como o colostro deve ser administrado? Éessencialadministrarocolostrooquantoantesapósonascimentodabezerra.NosEUA,osmétodostradicionaisdefornecimento sãopormeiodemamadeirasousondasesofágicas.Entretanto,maisde1/3dosprodutoresdeleiteamericanosaindapermiteque os bezerros mamem em suas respectivas mães. Isso é particularmente preocupante, uma vez que o produtor não tem ideia da quantidade ou qualidade do colostro produzido pela vaca e se houve ou não absorção de bactérias patogênicas pelo bezerro, presentesnoúberedavacaenoambientedonascimento,ecapazesdeprovocargravesinfecções.Pesquisadoresdescobriramque 61,4%dosanimaisquetinhaapermissãodemamaremsuasrespectivasmãesapresentaramfalhasdecolostragem,contra19,3% dos que receberam mamadeira, e 10,8% daqueles que receberam colostro via sonda esofágica. Ou seja, o ideal é não permitir que as bezerras mamem em suas mães. Um grupo de pesquisadores avaliou o fornecimento de colostro (75 g/L IgG) por meio de mamadeira, e a quantidade não consumida, por qualquer motivo, foi administrada dentro de 1,5 a 2 horas após o nascimento via sonda esofágica. Independentemente da via de administração, o nível sérico de IgG variou de 23,4 g/L para aqueles que foram alimentados completamente via mamadeira a 25,8 g/L para os que foram alimentados via sonda. Esses valores não foram estatisticamente diferentes. Sendo assim, deve-se garantir o fornecimento de um colostro de boa qualidade, por mamadeira, sonda esofágica ou ambas. Alimentação e manejo Estresse térmico A termorregulação fetal é inibida no útero, sendo a temperatura corporal do feto dependente da produção de calor metabólico fetal e da transferência de calor da mãe. Assim, quando a vaca sofre estresse térmico, a temperatura corporal do feto aumenta na mesma proporção, embora em ritmo mais lento. Muitos estudos têm demonstrado que o estresse térmico durante a gestação reduz o peso da placenta e o fluxo sanguíneo umbilical e uterino. Pesquisadores compararam os bezerros nascidos de vacas que sofreram estresse térmico com aqueles que nasceram de vacas que tiveram acesso a chuveiros ou aspersores de água, e observaram que o primeiro grupo de animais nasceu com uma média de 6 kg a menos de peso corporal do que o segundo (36,5 vs. 42,5 kg, respectivamente).Todos os bezerros receberam 3,78 L de colostro 4 horas após o nascimento, via sonda esofágica. No primeiro dia de vida, aqueles bezerros que nasceram das vacas sem estresse calórico (segundo grupo) apresentaram uma concentração sérica de IgG de 25 g/L, enquanto que o primeiro grupo apresentou valoresmédiosinferiores,de16g/LIgG.Osbezerrosquenasceramdasvacascomestressetérmicoforamdesmamadoscommenor peso corporal quando comparados àqueles do segundo grupo (65,9 kg vs 78,5 kg, respectivamente). Dieta da mãe Em um estudo realizado com gado de corte, pesquisadores alimentaram vacas Angus com 100% ou 57% dos nutrientes recomendadospeloNRCpor90diaspré-parto.Osbezerrosreceberam1Ldecolostrodesuasmães,aonascimento,emais,1Lapós 12,24 e36horas,totalizando4litros.Ocolostroapresentouumamédiade43,5g/LdeIgG,paraasvacasquereceberam100%de suas necessidades nutricionais, e 39,5 g/L de IgG para as que receberam apenas 57%. Além disso, os bezerros que nasceram das vacascomrestriçãoalimentartenderamaapresentartaxasmaisbaixasdeIgGnosangue(17,2g/L)doqueaquelesquenasceram das vacas com suprimento nutricional adequado (22 g/L).
  • 36. Como melhorar a eficiência da colostrageme-book · 10 destaques Animais Jovens Em outro estudo, 30 vacas Holandesas receberam dietas com três níveis diferentes de energia, por três semanas antes do parto. Observou-sequeosbezerrosnascidosdevacasalimentadascomadietadebaixaenergia(5,25MJ/kg)apresentarammenorpeso ao nascer do que aqueles nascidos de vacas que receberam dieta de média (5,88 MJ/kg) ou alta energia (6,48 MJ/kg) (39,2; 42 e 43 kg, respectivamente). Os animais nascidos das vacas com dieta de alta energia eram também maiores e mais altos do que aqueles nascidos das vacas com dieta de baixa energia. Outro fato interessante é que os bezerros nascidos das vacas que receberam dieta com alta energia apresentaram maior número de células de defesa do sistema imune que aqueles nascidos de vacas que receberam dieta de baixa energia. Quantidade de colostro produzido e tempo de ordenha Um estudo mostrou que, para cada litro de colostro produzido, a concentração sérica de IgG cai 3,7%, indicando que a produção deumagrandequantidadedecolostronãoédesejável.Nomesmotrabalho,tambémfoireladoque,paracadahorapassadaapós o parto, antes da ordenha do colostro, a qualidade deste também caiu 3,7%. Isso ocorre devido a um efeito de diluição, uma vez que o colostro presente no úbere vai sendo misturado com o leite que começa a ser produzido. Esses resultados indicam que a ordenha, o mais rápido possível após o parto, é essencial para obtenção de um colostro de qualidade. Pesquisadores avaliaram 540 amostras de colostro de três diferentes propriedades localizadas na Pensilvânia/EUA. Eles estudaram o impacto do volume produzido e a respectiva concentração de IgG. À medida que a idade das vacas aumentou, tanto a concentração de IgG, quanto a IgG total produzida também aumentaram, mas não houve variação no volume. Esse efeito foi, provavelmente,ocasionadopeloaumentodaqualidade,queocorrecomamaiorexposiçãoaagentescausadoresdedoenças,com o avançar da idade da vaca. Por essa razão, se possível, colostro de boa qualidade, de vacas mais velhas e saudáveis, deve ser administrado aos bezerros nascidos de primíparas. Forma de administração do colostro Em um estudo, um grupo de pesquisadores administrou 3,8 L de colostro de boa qualidade, logo após o nascimento, ou dividido em duas doses intervaladas de 10–12 h no primeiro dia de vida dos bezerros. A IgG sérica foi similar entre os dois métodos de fornecimento,comumamédiade20g/Làs24hdevida.Issoindicaqueosbezerrospodemreceberocolostrotododeumaúnica vez ou dividido em 2 doses, sendo uma logo após o nascimento e outra 10-12 horas mais tarde. Bem-estar Pesquisasrealizadasnadécadade1970indicavamqueacaptaçãodeIgGeraestimuladaquandoabezerrapermaneciacomasua mãe. Entretanto, baseado no risco de transmissão de doenças por meio da sucção, esse procedimento não é recomendado. Além disso,pesquisadoresquesimularamocuidadodavacacomabezerra(fricçãovigorosacomtoalha),nãoobservaramdiferençasna concentração sérica de IgG após 24 horas do fornecimento do colostro. Por outro lado, os bezerros provenientes de partos distócicos também podem ter a captação de IgG reduzida. Por isso, deve-se evitar intervenções obstétricas desnecessárias. Limpeza e sanitização
  • 37. Como melhorar a eficiência da colostrageme-book · 10 destaques Animais Jovens Como mencionado anteriormente, o manejo do colostro é um fator chave para aumentar a transferência passiva de imunidade e reduzir a mortalidade. Parte desse manejo está relacionado com a manipulação do mesmo após a ordenha. É bem provável que a contaminaçãobacterianadocolostropossaanularseusbenefícios,poisapresençadebactériasnointestinodelgado,nomomentoda ingestão do colostro, pode interferir na absorção de imunoglobulinas. Para avaliar os efeitos dos pontos críticos de controle na contaminação bacteriana do colostro, três amostras de colostro foram coletadas de 41 vacas. Foi feita a limpeza e a higienização do úbere (pré-dipping com iodo a 0,5%), secagem da ponta dos tetos com papel toalha e fricção com uma gaze embebida em álcool. A primeira amostra foi coletada diretamente em um pequeno frasco de armazenamento, com colostro dos quatro tetos, e congelada a - 20°C. A segunda amostra foi coletada assepticamente de um balde, 15-20 minutos após a ordenha, e 15 mL foram retirados e congelados a -20 °C. Uma terceira amostra foi assepticamente coletada de dentro de uma sonda esofágica, e também congelada. De cada amostra, três sub-amostras foram estocadas a 4°C, três em temperatura ambiente, três com 0,5% de sorbato de potássio e armazenadas a 4°C, e outras três com sorbato de potássio em temperatura ambiente. O colostro armazenado refrigerado com sorbato de potássio apresentou a menor contagem total em placas emrelaçãoaosoutrosmétodosdearmazenamento.Asamostrascoletadasdiretamentedoúberetinhammenosde100.000UFC/mL, enquanto que as do balde e da sonda esofágica apresentaram a maior contagem total em placa. De onde vêm as bactérias que crescem no colostro? Parece que elas são derivadas da pele do teto, borrachas do copo coletor da ordenha, mangueiras ou baldes. A higienização do úbere antes da ordenha do colostro auxilia na redução da contaminação bacteriana. A pasteurização também pode reduzir a carga microbiana e aumentar a captação de IgG. Em um estudo, 1071 bezerros recém-nascidos receberam colostro após tratamento térmico (60 °C por 60 minutos) ou cru. Não foi observada diferença na concentração de IgG para o colostro cru ou pasteurizado (64 g/L e 61 g/L, respectivamente). A contagem total em placas foi muito menornocolostropasteurizado,quandocomparadoaocru(2100e515,000UFC/mL,respectivamente).AconcentraçãoséricadeIgG foide18g/Lparaogrupodebezerrosquerecebeuocolostropasteurizado,edede15,4g/Lparaosanimaisquereceberamocolostro cru. Esses resultados indicam que a pasteurização não reduz a captação de IgG e, na verdade, resultou em maior concentração sérica desta imunoglobulina. Um grupo de pesquisadores coletou amostras de colostro durante dois anos e as separou por lotes de qualidade (alta > 90g/L IgG; média = aproximadamente 70g/L IgG; baixa = aproximadamente 50 g/L IgG). Metade das amostras foi congelada e a outra metade foi pasteurizada a 60 C por 30 minutos. O colostro não pasteurizado apresentou maior padrão de contagem bacteriana em placa do queopasteurizado,independentementedaqualidade.ApasteurizaçãoaumentouaconcentraçãoséricadeIgGem20,15e10%para o colostro de alta, média e baixa qualidade, respectivamente, e também sua eficiência de absorção. Sucedâneos e suplementos de colostro Quando a qualidade do colostro é pobre ou há risco de transmissão de doenças, muitos produtores dos EUA recorrem ao uso de sucedâneos de colostro. Esses produtos fornecem uma fonte de IgG, mas os resultados de eficiência ainda não são conclusivos. Recentemente, a indústria tem desenvolvido sucedâneos com capacidade de fornecer mais de 100g de IgG por dose, quantidade considerada necessária para se obter uma transferência passiva de imunidade adequada. Vários estudos com esse tipo de produto relatam boa eficiência de colostragem, quando são produzidos a partir de colostro. Entretanto, se o produto for derivado de soro sanguíneo, os resultados podem não ser satisfatórios. Na tentativa de aumentar o conteúdo de IgG em um colostro de qualidade intermediária ou ruim, foram desenvolvidos suplementos de colostro. Muitos deles são derivados de soro e, assim como os sucedâneos desse tipo, parecem ser menos efetivos. Seu uso não é vantajoso se há colostro de boa qualidade disponível, pois não aumentam a captação de IgG e têm alto custo. Os suplementos de colostro podem representar algum benefício à saúde do bezerro quando adicionados ao leite de transição, após o primeiro dia de vida.
  • 38. Como melhorar a eficiência da colostrageme-book · 10 destaques Animais Jovens Conclusão A administração de colostro é essencial para o sucesso da criação de bezerras. Já está mais que comprovado que o fornecimento de um colostro de boa qualidade, logo após o nascimento, não apenas reduz o risco de doenças, como tem o potencial de aumentar a produção futura de leite da bezerra, quando essa se tornar uma vaca. As principais recomendações para o sucesso da colostragem, são: 1) Ordenha do colostro o mais breve possível após o parto; 2)Teste da qualidade do colostro por meio de refratômetro ou colostrômetro; 3) Fornecimento de 4 L de colostro de boa qualidade (50 g/L de IgG), utilizando mamadeira ou sonda esofágica; 4) Não permitir que o bezerro mame o colostro diretamente do úbere de sua mãe; 5)Vacasquenãosofremdeestressetérmicoduranteagestaçãogerambezerroscommaiorpeso ao nascer e ao desmame, além maior capacidade de absorver IgG. 6) A redução da carga bacteriana aumenta a captação de IgG, sendo a pasteurização responsável por um aumento de mais de 20%. 7) A redução do estresse é capaz de aumentar a captação de IgG. 8) O uso de substituto de colostro pode ser benéfico se não há colostro de boa qualidade disponível. Os bezerros necessitam de, no mínimo, 200 g de IgG nas primeiras 12 horas de vida.
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  • 40. O QUE LEVAR EM CONTA NA ESCOLHA DE SUCEDÂNEOS DO LEITE PARA BEZERRAS? e-book · 10 destaques Animais Jovens Nos últimos anos, temos presenciado a entrada de novos sucedâneos do leite no mercado nacional que têm possibilitadoasubstituiçãoseguradoleiteintegralnaalimentaçãodasbezerras,propiciandodesempenhosmuito satisfatórios.Poroutrolado,produtosdebaixaqualidadecontinuamasercomercializados,tornandofundamental a avaliação da composição dos mesmos e das relações de custo/benefício no momento da compra. Por isso, o produtor não deve hesitar em buscar a orientação de um técnico de sua confiança para assegurar a melhor escolha. Introdução Sucedâneos podem ser definidos como produtos destinados a substituir o leite de vaca na fase de aleitamento das bezerras. A utilização desses alimentos permite aos produtores a venda de maior volume de leite, com conseqüente aumento da disponibilidadeparaaindústriaeparaaalimentaçãohumana.Entretanto,oaumentodalucratividadeestánadependênciadireta da relação entre o preço do leite vendido à indústria e o valor pago pelo litro diluído do sucedâneo. Outras vantagens da utilização de sucedâneos, incluem: • A biosegurança, evitando a transmissão de doenças das vacas para as bezerras; • A maior consistência, que diz respeito à ausência de variações na composição do alimento, muito comuns quando se usa leite de descarte na alimentação das bezerras; • A praticidade, desvinculando o aleitamento das bezerras do horário das ordenhas; Asbezerrassãoextremamentelimitadasemtermosdedigestãodenutrientesduranteastrêsprimeirassemanasdevida.Essefato está diretamente relacionado à ausência e inatividade de algumas enzimas digestivas. A atividade da maior parte dessas enzimas aumenta a partir da 3ª semana de vida, permitindo a utilização de maior diversidade de ingredientes na formulação dos sucedâneos. Assim, recomenda-se que bezerras até 3 semanas de idade recebam apenas sucedâneos cujas proteínas sejam de origem 100% láctea. Exigências nutricionais de bezerros em fase de aleitamento Bezerras recém nascidas estão constantemente expostas a patógenos ambientais, sendo altamente susceptíveis em função da imaturidade de seu sistema imunológico. Este constante desafio ambiental induz a produção de defesas (anticorpos e outras substâncias e células) pelo organismo, representando um gasto considerável de energia e proteína. Estima-se que a constante ativação do sistema imune é responsável por um aumento de 20 a 40% nas exigências de mantença de uma bezerra em aleitamento. Como as“exigências nutricionais do sistema imune”não são consideradas no cálculo dos requisitos nutricionais, a ocorrência de desafios ambientais e doenças reduz as taxas de ganho de peso e podem comprometer a produção de leite na vida adulta. Experimentos têm mostrado que a nutrição na fase inicial da vida das bezerras pode ter efeitos diretos na vida adulta. Uma compilação de dados de produção de leite na primeira lactação mostram que bezerras que receberam 50% a mais de nutrientes que o recomendado durante o período de aleitamento apresentaram maior produção futura de leite (Tabela 1)
  • 41. O QUE LEVAR EM CONTA NA ESCOLHA DE SUCEDÂNEOS DO LEITE PARA BEZERRAS? e-book · 10 destaques Animais Jovens Tabela 1- Produção de leite de vacas com consumo de nutrientes 50% superior ao recomendado durante o período de aleitamento Estudo Diferença em relação ao controle (kg de leite) Foldager & Krohn, 1994 1400 Bar-Peled et al., 1997 450 Foldager et al., 1997 520 Ballard et al., 2005 700 até 200 dias de lactação Rincker et al., 2006 500, projetado para 305 dias Moallem et al., 2006 1134 Pollard et al., 2007 835 Esseefeitopareceestarrelacionadoaomaiordesenvolvimentodotecidomamárioduranteafasedecrescimentoisométrico(0a3 meses de idade), propiciando maior acúmulo de tecido secretor. Outra hipótese diz respeito ao desenvolvimento funcional de órgãos e tecidos do organismo como, por exemplo, o intestino delgado, que seria favorecido com a maior disponibilidade de nutrientes durante a fase de aleitamento. A recomendação tradicional de fornecimento restrito de dieta líquida, ou seja, 8 a 10% do peso vivo do animal, sem ajustes ao longo do período de aleitamento, fornece nutrientes apenas para a mantença e ganho de peso próximo a 200g/dia (Tabela 2), quando o recomendado seria em torno de 600g/dia (Tabela 3). A exigência de energia metabolizável (EM) para mantença é de aproximadamente 1,75Mcal/dia para um bezerro com 45Kg de pesovivo.Assim,umavezqueoleitecontémcercade5,37Mcal/kg,abezerratemqueconsumir325gdeMSprovenientedoleite, ou seja, 2,6 kg de leite somente para atender seus requisitos de mantença. Como os sucedâneos, em geral, apresentam menores teores de energia que o leite (aproximadamente 4,7 Mcal/kg), são necessárias 380g de sucedâneo, cerca de 3 litros, para atender as exigências de mantença de uma bezerra de 45 kg. Vale lembrar que as exigências de mantença podem sofrer acréscimos consideráveis (em torno de 20 a 30%) em função do desafio imunológico e das condições ambientais (principalmente temperatura) às quais as bezerras estão submetidos. Dessaforma,pode-seconcluirquebezerrasquerecebemapenas4litrosdeleiteousucedâneo,atéos30diasdevida,apresentam desempenho inferior ao recomendado, ficando ainda mais predispostas a problemas de saúde. Para propiciar um ganho de peso próximo ao recomendado (600 g/dia) (Tabelas 2 e 3), deve-se fornecer, no mínimo, 6 litros de leite ou de sucedâneo de alta qualidade, diariamente, até os 30 dias. Após o primeiro mês de vida, as bezerras já apresentam um consumo considerável de concentrado. Assim, pode-se reduzir para 4 litros/dia o fornecimento de leite ou sucedâneo. Entretanto, pesquisas indicam que quanto o maior o consumo de sucedâneo durante o período de aleitamento, maior o ganho de peso das bezerras (Gráfico 1).
  • 42. O QUE LEVAR EM CONTA NA ESCOLHA DE SUCEDÂNEOS DO LEITE PARA BEZERRAS? e-book · 10 destaques Animais Jovens Tabela 2 – Ganho de peso recomendado para bezerras de raças grandes Idade em meses Peso (kg) Ganho de peso (kg/dia) 0 35 0,600 2 70 0,600 4 106 0,600 6 142 0,600 8 178 0,700 10 220 0,800 12 268 0,800 14 316 0,800 16 364 0,800 18 412 0,800 20 460 0,800 22 508 0,800 24 556 0,800 Fonte: NRC (2001) Tabela 3- Consumo recomendado de MS (Kg/dia) para diferentes ganhos de peso (Kg/dia) em bezerros em fase de aleitamento Taxa de ganho (kg/dia) Consumo de MS (kg/dia) EM (Mcal/dia) PB (g/dia) PB (% MS) 0,200 0,550 2,4 94 18 0,400 0,650 2,9 150 23,4 0,600 0,750 3,5 207 26,6 0,800 0,950 4,1 253 27,5 1,000 1,100 4,8 307 28,7 MS= matéria seca; EM=energia metabolizável; PB=proteína bruta Fonte: NRC (2001)
  • 43. O QUE LEVAR EM CONTA NA ESCOLHA DE SUCEDÂNEOS DO LEITE PARA BEZERRAS? e-book · 10 destaques Animais Jovens Gráfico 1 - Consumo de sucedâneo e ganho de peso das bezerras em aleitamento Ao contrário do que muitos acreditam, o consumo de maiores volumes de leite ou sucedâneo não provoca diarreias.Vale lembrar quebezerroscriadoscomsuasmãesingerematé12litrosdeleite/dia.Aocorrênciadediarreiaseoutrosproblemasdesaúdeestá relacionada à contaminação do ambiente no qual os bezerros são criados, à baixa qualidade nutricional de alguns sucedâneos do leite, e à falta de higiene no manejo de fornecimento da alimentação. Por outro lado, recentemente, técnicos e produtores têm aumentado a concentração (utilizando menos água ou mais pó que o recomendada na diluição) dos sucedâneos fornecidos às bezerras, com o objetivo de fornecer mais nutrientes em um menor volume de líquido. Dados de pesquisa indicam que é possível trabalhar com até 20% de sólidos (leite tem entre 11 e 13%) na diluição dos sucedâneos, desde que água de boa qualidade esteja disponível para livre consumo. Mas, além da porcentagem de sólidos é necessário estar atento para a osmolaridade (partículas osmóticas por litro de água) do sucedâneo. A recomendação é que a mesma não ultrapasse 500 mOsm/L, o que poderia causar diarreias e outros problemas digestivos. A Tabela 4 apresenta alguns exemplos de diluição com a osmolaridade resultante.
  • 44. O QUE LEVAR EM CONTA NA ESCOLHA DE SUCEDÂNEOS DO LEITE PARA BEZERRAS? e-book · 10 destaques Animais Jovens Tabela 4 - Efeitos da diluição na porcentagem de sólidos e osmolaridade dos sucedâneos Água (L) Pó do sucedâneo (g) Sólidos totais (%) Osmolaridade (mOsm/L) 1,25 240 16,11 419 1,25 300 19,35 520 1,5 240 13,79 348 1,5 300 16,67 434 2 240 10,71 260 2 300 13,04 325 Fonte: M.Thornsberry, MSGAN (2012) Ingredientes utilizados na formulação dos sucedâneos do leite Uma grande variedade de formulações está disponível comercialmente. Esses produtos variam muito nas quantidades de proteínaegordura,nostiposdeingredientesutilizadoscomofontesprotéicas,noconteúdodeaditivoscomomedicamentos,ena facilidade de mistura. Os sucedâneos do leite também variam em seus conteúdos de energia metabolizável (EM), que são afetados principalmente pelo conteúdo de gordura. Essas variações na qualidade determinam o preço dos produtos comercializados. Entretanto, o desempenho apresentado pelas bezerras deve ser o critério mais importante para avaliação de sucedâneos do leite. Ou seja, produtos com baixos preços, em geral, são de pior qualidade, afetando o desempenho das bezerras e trazendo prejuízos consideráveis no curto e longo prazos. 1) Fontes de proteína ONRC(2001)recomendaquesucedâneosdoleiteparabezerroscontenhamnomínimo 20%dePB.Asfontesprotéicasutilizadas na formulação desses produtos são classificadas como lácteas e não-lácteas. Os fatores críticos que afetam a utilização dessas fontes pelos bezerros incluem a digestibilidade, balanço de aminoácidos (AA), e a presença de fatores anti-nutricionais. 1.1) Fontes Protéicas de Origem Láctea Geralmente,proteínasdeorigemlácteasãomuitomaisdigestíveisqueasnão-lácteas,entretantosãodecustomaiselevado.Até o final da década de 80, o leite integral era a fonte protéica mais utilizada na formulação dos sucedâneos que continham apenas