1) Uma professora recebe um diário de presente e decide usá-lo para refletir sobre como melhorar sua prática docente e trabalhar valores com seus alunos.
2) Ela reflete sobre conceitos como ética e moral, lê notícias sobre solidariedade durante desastres naturais e discute como abordar esses temas em sala de aula.
3) A professora organiza uma reunião com outros professores para debater como trabalhar valores de forma efetiva nas escolas.
Reflexões sobre ética e solidariedade em diário de professora
1.
2.
3. DIARIO DE UM PROFESSOR SM MIOLO.indd 2 8/13/10 5:16:58 PM
4. Adorei ganhar este diário
da Carla, até porque
sempre gostei de “conversar comigo”. Faço isso desde
criança. Mas este ano quero usar de uma outra forma,
apesar de continuar sendo um espaço para conversar
comigo, quero escrever e refletir sobre como aprimorar
minha prática como professora, carreira que escolhi por
acreditar na importância da educação na vida das pessoas
e no poder que nós, professores, temos de alterar a realidade
de nosso país, afinal todos os demais profissionais passam
por nossas mãos! (Olha eu conversando comigo!)
Mas é bem verdade. Escolher ser professor é escolher
trabalhar com a formação humana e não apenas ensinar
os conteúdos das matérias. Hoje sabemos o quanto cada
menino e menina aprendem a partir do nosso exemplo.
Assim, sempre que penso o quanto ter escolhido esta
profissão me ajuda a me conhecer melhor, a ser uma pessoa
melhor (melhor no sentido nobre da palavra), penso que é
isso que quero compartilhar com meus alunos – aliás, não
só com eles, mas com a escola inteira. Já pensou se nós,
professores, conseguíssemos mobilizar toda a comunidade
escolar e as famílias para compreender a importância de
trazermos juntamente com as disciplinas acadêmicas – como
Português, Matemática etc. – também os valores? Afinal,
estes vão contribuir para que nossos alunos se tornem
pessoas que, efetivamente, vão colaborar para a construção
de um mundo melhor! É importante acreditarmos que
nossos alunos serão agentes de mudança para este mundo.
A educação é o caminho para isso! Até porque os valores
estão presentes em muitas das dinâmicas de trabalho na
sala de aula.
Agora vou me arrumar para ir ao cinema com a Carla.
Amanhã, não posso esquecer de procurar no dicionário o
significado das palavras “ética” e “moral”.
3
DIARIO DE UM PROFESSOR SM MIOLO.indd 3 8/13/10 5:16:58 PM
5. Terça-feira
Para organizar minhas ideias,
fui buscar algumas
definições no dicionário que, ao contrário do que muitos
ainda dizem, não é o “pai dos burros”. É a melhor opção
para dar sentido e significado a muitas palavras que não
entendemos ou que não conhecemos. (Nota importante:
ensinar as crianças a usar o dicionário – SEMPRE!)
da
Ética: parte da filosofia que estu
a moral e as obrigações do ser
humano.
ais
Moral: conjunto de valores espiritu
e normas de conduta de uma pessoa
ou grupo que são considerados
bons ou aceitáveis. O que se
considera adequado em relação aos
padrões de uma sociedade.
Engraçado, usamos muito estas palavras, mas
pouco paramos para pensar na essência de sua
estrutura, em sua etimologia. Simplesmente as
repetimos, repetimos, e elas acabam se tornando jargões
(variedade da língua usada entre pessoas de um mesmo
grupo profissional ou social), e perdemos a oportunidade
de concretizar os significados dessas palavras em nosso
cotidiano escolar! Não quero mais apenas usar essas
e
palavras, quero que as crianças sintam, reflitam, ajam e resp
se apropriem dos conceitos que elas expressam! ambi
Mas toda esta minha inquietação começou quando
sentei para escrever meu planejamento para este ano
letivo e defini que este diário seria meu “suporte” de
registro e reflexão. Enquanto pensava sobre o que
escrever, abri o jornal e me deparei com algumas
notícias que, apesar de não estarem diretamente
relacionadas à escola, estão intimamente ligadas aos
valores que acredito serem essenciais na formação
humana.
Separei algumas notícias e reportagens que quero
ler com calma amanhã...
4 Educação em Valores
DIARIO DE UM PROFESSOR SM MIOLO.indd 4 8/13/10 5:16:58 PM
6. QUARTA-feira
Muito interessantes os textos que separei ontem. Resolvi
colá-los aqui no diário e fazer minhas reflexões.
d s
Marcaraoiver
pa v Exemplo disso, em Ca
mpos, foi
as pelas chuvas il
As tragédias provocad es relatado po r agente da Defesa Civ
que se abateram sobre algumas cidad de uma criatura
que recebeu das mãos
este revelaram copo
das regiões sul e sud ext remamente carente um
spertou
fatos incríveis. Gente que de descartável de ág ua para ser enviado a
as sendo levadas como esse que
na noite com suas cas que Santa Catarina. É gesto
por avalanches de lama e pedras, editar que este país-
que nos dá força para acr
os documentos, mas ão. Um dia vamos
perdeu até -continente tem soluç
milag rosamente se salvou. egar lá!
exaustivamente ch reviventes,
Imagens dramáticas Esses milhares de sob
mídia revelam situ ações de
mostradas pela dos, são a prova cabal
contra hoje flagela
a violência da natureza vida há uma
de extrem que para tudo que tem
m. Sábia, ela se zas, com ajuda,
os desafios do home nova chance. Das cin
mostra implacável contra o planeta da sociedade, eles
ua apoio e compreensão
que não soube e ainda não aprende voo novamente. Da
certamente irão alçar
respeitá-la .
lição que fica, desta ca-se principalmente
s ficaram os à natureza (que
Foram-se os dedos, ma o respeito que se deve
o São milhares de desabrigados, solutamente
ito a anéis. a dita as normas e é ab
r espe te desalojados, órfãos. Gente que teve ontrolável).
en ão de minutos e inc
ambi vida mudada em quest Dos tristes episódios,
fica outra
à solidariedade
que hoje sobrevive graças o: a de que os governantes devem
que sabe agir nas liçã ão, pois a maioria dessa
s
da sociedade brasileira, s vezes agir com a raz
horas ruins e que consegue muita est ava em regiões
casas que desabaram
ra auxiliar quem lição que nunca
dividir o indivisível pa já condenadas. Uma
está em situação pior. poderá ser esquecida. Júnior -
nerosidade Antonio Luiz Schiavo
Solidariedade; ge sch iavojr@uol.com.br
; cidadania
responsabilidade
Pessoas que dividem o pouco que têm
com quem não tem nada...
Que bela atitude!!
5
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7. 2008
Terça, 23 de dezembro de
24 encontrados na rua
Caminhoneiro devolve R$grata0 a atitude do caminhoneiro O que
muito com
u deveria ser
Entregadora Marta Luchini fico uma ação
devolveu
iro Nelson Francisco de Oliveira rotineira
(Da Redação) - O caminhone no bairro
a bolsinha jogada em uma rua vira notícia!
R$ 240,00 encontrados em um cleta indo
na sexta-feira ele estava de bici São poucas
Vila Nova. Nelson conta que alei mais as pessoas
ndo viu o objeto. “Eu ainda ped
para a casa de um amigo qua tro da honestas?
voltar para ver o que tinha den
um quarteirão quando resolvi
iro. Quando chegou em casa, ele e a
frasqueira”, disse o caminhone m alguma referência do
mulher, Nadir, con taram o dinheiro e procurara
ácia, mas como
tinha o telefone de uma farm
dono do valor. “Na bolsinha Nadir.
uimos manter contato”, afirma
estava chovendo, não conseg
ligou novame nte para a farmácia e
No dia seguinte cedo, Nadir mas entregas de
descobriu que o dinheiro era pagamento de algu
nem cogitou a possibilidade de não
mercadorias. Nelson diz que A pessoa que perdeu
devolver o valor. “Este dinheiro nunca foi meu.
, principalmente sendo perto do Natal”,
também devia estar precisando
contou ele. do
da Luchini agradeceu a atitude
A entregadora Marta Apareci
recompens a. “Até ofereci um dinheiro
caminhoneiro e quis dar uma
a bela atitude”, Generosidade,
para ele. Mas o Nelson recusou. Ele teve um cidadania ,
finalizou a entregadora. responsabilidade
Esse tipo de texto é bem legal para propor uma
discussão com os alunos. Nesta situação eles podem
apresentar seus pontos de vista, ouvir opiniões diferentes
das suas, colocar-se no lugar do outro.
O que eles fariam se fossem o caminhoneiro?
Como se sentiriam (ou se sentem) quando perdem algo
que é importante para si mesmos?
O que fariam se fossem a pessoa que perdeu o dinheiro e
o recebeu de volta de alguém que o encontrou?
Puxa, como é bom poder organizar o pensamento
a partir de um texto. Nem sempre percebemos como eles
podem nos ajudar em sala de aula! Adorei!
Nota importante: empregar atualidades no dia
a dia da sala de aula! A escola não pode isolar-se do
mundo do qual faz parte!
6 Educação em Valores
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8. SEXTA-feira 1. Por que tr
aba
na escola? lhar valores
Ontem não escrevi, pois
minha cabeça estava “fervendo”.
2. Como tra
balhar valo
res na
a ser escola?
ção Como trabalhar valores com
3. Quais os
benef
ao se trabalh ícios educacionais
ira meus alunos? Percebo que será
otícia! uma tarefa difícil; porém, estou ar com valo
ucas res?
bastante entusiasmada, tanto 4. Como dec
soas idir quais valo
que já organizei uma pauta para devem ser tr res
tas? abalhados?
sugerir na reunião com os demais 5. Como en
volver
professores. Retorno na segunda- de pais neste a comunidade
tr
-feira. Nem vejo a hora! compreenda abalho para que
m a importâ
desta temát ncia
ica?
Segunda-feira
Que bom reencontrar todo mundo.
vem acompanhado de fôlego novo!
Início de ano sempre
A gente se parece com os alunos! A reunião não começava
porque todos queriam falar sobre as férias, afinal quem não
quer ter um “espaço” para compartilhar com os colegas
o que fez nesse período? Foi até interessante, pois fiquei
pensando se dou tempo suficiente para meus alunos também
compartilharem o que fizeram no período de férias.
Lembro que quando era criança, as professoras propunham
como tema de redação “Minhas férias!”. A intenção era boa,
mas o que eu queria era contar para os meus amigos, não para
o papel! Olha o valor do diálogo e da interação!
Enfim, conseguimos nos reunir, e o encontro foi muito
produtivo, pois eu tinha levado minhas inquietações – que
chamei de pauta –, e os demais professores trouxeram outros
questionamentos, bem alinhados à reflexão que eu propunha.
Alice, professora do 2º ano, foi d+ (como diriam os alunos).
Ela se questionou, e questionou a nós todos, sobre o quadro
de “combinados” que fazemos todo início de ano e que,
geralmente, apenas decora nossas paredes, pois efetivamente
não percebemos alteração na atitude das crianças. Ela propôs
que todos nós pegássemos nossos cartazes e comparássemos o
que tinha sido listado. Foi um espanto geral. Todos eram muito
parecidos.
7
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9. Por exemplo: em todos constava a frase “LEVANTAR A
MÃO PARA FALAR”.
Começamos a refletir sobre por que fazíamos estes
cartazes e como eles poderiam nos ajudar nas reflexões com
as crianças.
Outra coisa nos chamou a atenção. Praticamente todos
os cartazes tinham estas frases:
Jogar o lixo no lixo O cartaz indica o que
Não bater nos coleg pode ou o que não pode
as
Não gritar ser fei o?
t
Não correr na classe
Só combinamos o que
Não xingar
não pode ser feito?
Não apontar o lápis
no chão
Por que durante os cinco anos do Ensino Fundamental I
as crianças não se apropriaram destes combinados? Será que
damos espaço para legitimar este tipo de trabalho?
Em nossa reunião de amanhã continuaremos essa
discussão...
Terça-feira
A equipe estava superanimada! Alguns professores
trouxeram livros sobre os temas discutidos ontem.
O início da reunião estava uma agitação só!
Soninha, professora do 1º ano, compartilhou
conosco o fato de que usava as palavras “regras”
e “combinados” como sinônimas e perguntou se
estava correto. Sugeri que recorrêssemos ao nosso
velho conhecido, o dicionário.
ou respeitar.
Regra: aquilo que se deve cumprir
ém.
Combinado: pacto realizado com algu
8 Educação em Valores
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10. A partir de nossa discussão sobre esse assunto,
ficou claro para toda a equipe que as regras não são
construídas pela turma. As regras são estabelecidas por
alguém (a autoridade, que pode ser a escola, a professora,
os pais) para garantir a segurança, a organização e o bem-
-estar de todos. Devemos estabelecer regras para as crianças
desde o primeiro dia de aula – andar devagar nas escadas,
ter horário para iniciar a aula, para ir para o recreio, para
tomar lanche etc.
Já os combinados, estes sim estabelecidos em
comum acordo com as crianças, em geral partem de uma
regra estabelecida (como vamos fazer isso?) ou de uma
necessidade específica do grupo.
Norma, professora do 4º ano, falou
uma coisa que contribuiu muito:
As regras são
.
Discutimos que as regras estabelecidas por alguém
devem ser explicadas aos Os combinados são feitos
alunos para que entendam que com alguém.
foram elaboradas para garantir os
direitos de todos.
Pensamos em trazer alguns documentos oficiais, como o
Código Nacional de Trânsito, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), pois eles
mostram claramente o que são regras e por que existem.
Celso, professor do 5º ano, deu um exemplo
muito pertinente:
Regra: manter a sala de aula
limpa. Isso não é combinado com a
turma .
É regra da escola, está rela cionado
ao valor de
autocuidado, de respeito a si mesm
o, ao outro e ao
ambiente; responsabilidade com o
espaço de uso
coletivo. Garante o direito de todo
s de trabalhar e de
estudar em um ambiente agradáve
l e saudável.
Combinado: cada turma pode estabele
cer
um combinado específico para gara
ntir
o cumprimento dessa regra.
9
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11. Por exemplo:
uma turma combina que cada um levará seu lixo para o
cesto de lixo
outra, que o ajudante ficará encarregado de recolher o lixo
de cada grupo no final de cada aula
outra organizará equipes que farão a arrumação da sala
no final do dia – varrer o chão, passar pano úmido nas
carteiras etc.
Esses combinados devem estar de acordo com o que as
crianças dão conta de fazer; assim, a complexidade aumenta
à medida que elas conseguem absorver mais desafios.
(Olha os valores novamente – solidariedade, cooperação,
autonomia, participação e cidadania.)
Alice perguntou se era necessário ter um combinado
específico em relação à limpeza da classe se a sua turma já
tivesse como hábito manter o espaço limpo. Claro que isso
gerou mais discussão. E foi legal, pois quando ouvimos opiniões
diferentes das nossas precisamos reelaborar nossas ideias e
argumentar para defendê-las. Nessa discussão concluímos que:
1. Não adianta montar o cartaz de combinados sem conhecer
a turma. É preciso que as crianças percebam a necessidade
desses combinados, que surgirão a partir de situações que
não propiciam a organização das aulas ou que não estão
de acordo com as regras existentes na escola.
2. Se as crianças trouxerem a necessidade de muitos
combinados, é preciso eleger, coletivamente, um certo
número deles (três, por exemplo) que serão o foco de
reflexão com a turma. Devemos estabelecer as prioridades
e trabalhar diariamente.
No final de nossa Trabalho com valores
reunião, Norma sugeriu que deve ter a mesma
discutíssemos amanhã sobre regularidade que damos
Direitos e Deveres. Todos ao trabalho com as
toparam... até porque faz disci linas, até porque
p
todo sentido, por conta do
rumo que nossas conversas
um faz parte do outro!
estão tomando.
Ah! Tive uma ideia! Como trabalharemos com essa
temática amanhã, vou levar um CD que tem uma música
que vai encaixar direitinho na discussão.
10 Educação em Valores
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12. Direitos e Deveres - Toquinho
Crianças: iguais são seus deveres e direitos.
QUARTA-feira Crianças: viver sem preconceito é bem melhor.
Crianças: a infância não demora, logo, logo
vai passar,
Quando todos chegaram, Vamos todos juntos brincar.
pedi para que ouvissem Meninos e meninas,
a música que eu tinha Não olhem religião nem raça.
levado. A letra da canção Chamem quem não tem mamãe,
realmente ajudou, e Que o papai tá lá no céu,
muito, a refletirmos sobre E os que dormem lá na praça.
valores. Todos ficaram Meninos e meninas,
sensibilizados, não vejo Não olhem religião nem cor.
a hora de usá-la com os Chamem os filhos do bombeiro,
alunos! Vai ser muito bom! Os dois gêmeos do padeiro
Foi supergostoso E a filhinha do doutor.
começar o dia cantando. Meninos e meninas,
O futuro ninguém adivinha.
NOTA IMPORTANTE: Chamem quem não tem ninguém,
utilizar recursos Pois criança é também
diversificados nas aulas O menino trombadinha.
com as crianças.
Meninos e meninas,
Foi Soninha quem Não olhem cor nem religião.
explicou que para garantir os Bons amigos valem ouro,
direitos das pessoas, definiram- A amizade é um tesouro Respeito
-se os deveres. Ela foi até a Guardado no coração. Justiça
Igualdade
lousa e elaborou um quadro
Equidade
bem interessante relacionando
Direito, Dever, Regra e
Combinado.
Direito Dever Regra Combinado
Estudar em um Manter a sala No final do dia, Equipe de
espaço limpo e de aula limpa varrer a sala e trabalho para
organizado e organizada deixar as mesas organizar e
organizadas varrer a sala
Ser respeitado Respeitar a Respeitar a todos da Dar atenção a
todos comunidade escolar quem fala
11
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13. Lembrei que, quando comecei a dar aula, os
desentendimentos que ocorriam entre meus alunos me
deixavam aflita e insegura. Pensava que isso ocorria porque
eu não sabia “ser firme” com as crianças (tinha medo de ser
rotulada de “mole”). Depois aprendi que quando estamos em
grupo, os conflitos são inevitáveis.
NOTA IMPORTANTE: nas assembleias, temos
oportunidade de trabalhar com valores em situações reais e
não “cenários” idealizados.
A equipe ficou animadíssima em implantar as
assembleias de classe para garantir que as crianças falem
das situações cotidianas, das que são positivas, das que
agradam e das que prejudicam ou incomodam. Através
das assembleias poderei conhecer melhor cada
um dos alunos, observá-los falando de seus
problemas, buscando soluções para as bom
situações conflituosas e aprendendo a taí um io!
ser e a conviver em grupo com maior desaf
autonomia.
Ficou acordado entre nós que os combinados de classe
serão construídos a partir das demandas apresentadas
nas pautas das assembleias de classe. A implantação das
assembleias será uma das primeiras propostas que vamos
elaborar.
QUinTA-feira
Hoje foi o dia de “colocarmos a mão na
massa”. Começamos a elaborar
as propostas, que neste caso
são atividades sequenciadas.
Antes de iniciarmos, retomamos
a diferenciação entre algumas
atividades que realizamos em
sala de aula.
12 Educação em Valores
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14. Atividades Atividades
Sequenciadas Permanentes
O que são? Situações didáticas Situações didáticas
articuladas
Objetivo Trabalhar conteúdos pré- Construir atitudes e
-selecionados por nível de desenvolver hábitos
dificuldade
Tempo de Variável Horários fixos diários,
duração semanais ou mensais
Exemplos Atividades organizadas Hora da história,
para que o aluno assembleias de classe
compreenda conceitos
As atividades sequenciadas que vamos elaborar estão focadas
na construção de valores, ou seja, focadas no saber ser. No
ano passado revimos o relatório da Unesco (Jacques Delors)
que estabelece quatro pilares para a educação no século XXI.
Elaboramos até uma síntese de cada um dos pilares:
Aprender a conhecer – visa ao desenvolvimento do desejo, das
capacidades de aprender e de acessar as informações na busca
de conhecimento. Este é um processo que não acaba e se liga
cada vez mais à experiência do trabalho, à proporção que este
se torna menos rotineiro.
Aprender a fazer – conhecer e fazer são indissociáveis. O
domínio de técnicas e procedimentos é essencial na busca de
conhecimento, assim como ensinar o aluno a pôr em prática os
seus conhecimentos.
Aprender a viver juntos – visa ao desenvolvimento da
compreensão do outro e da percepção das interdependências,
no sentido de realizar trabalhos comuns e saber resolver
conflitos.
Aprender a ser – a educação deve contribuir para o
desenvolvimento total da pessoa, isto é, espírito e corpo,
inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade
pessoal, espiritualidade. Cabe à educação conferir a todos
a liberdade de pensamento, discernimento, sentimentos e
imaginação de que necessitam para desenvolver os seus
talentos e permanecerem, tanto quanto possível, donos do seu
próprio destino.
13
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15. Celso aproveitou que estávamos retomando os quatro
pilares da UNESCO e nos mostrou o Projeto PAI – Pensamento,
Ação e Inteligência, de Edições SM. O projeto trabalha esses
quatro pilares de forma integrada. Ele pediu para anotar na
lousa uma frase do autor desse projeto que poderia inspirar
nossas discussões a respeito do trabalho com valores. Gostei
tanto da frase que resolvi registrar:
“Os valores são implícitos em um projeto
educativo. São os valores de pessoas
autônomas que caminham para a liberdade,
valores de empatia, de solidariedade, de
escuta… Acretito que o papel da escola
vai muito além de alfabetizar: temos de
conscientizar as pessoas de seu papel no
mundo.”
Marian Baqués
E depois de um “toró de parpites” (no qual cada um
de nós foi falando os valores que considerava importante
trabalhar com as turmas) organizamos um esquema
com os valores que destacamos como mais pertinentes e
abrangentes para serem trabalhados com nossos alunos.
Foi bem engraçado, pois chegar a um consenso não foi
fácil, mesmo para um grupo de adultos. Soninha disse que
muitas e muitas vezes conduziu seu grupo para as respostas
que ela desejava, e que, se os alunos caminhassem para algo
que ela não tinha “controle”, sentia-se incompetente. Ela
provocou a todos nós, que nos enxergamos em seu relato.
Celso foi para lousa e fez o “esboço” de nosso esquema.
Assim todos pudemos visualizar o resultado de tanta
discussão.
14 Educação em Valores
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16. respeito
a si prórpio
ao outro autoconceito
ao ambiente cuidado
solidariedade aceitação
colaboração
cooperação
generosidade
responsabilidade
justiça cidadania
equilíbrio saber ser participação
equidade
igualdade
diálogo
amizade harmonia
lealdade interação
partilha compreensão
companheirismo
liberdade
autonomia
independência este
esquema
ficou muit
Interessante foi a opção por colocarmos o
Saber Ser como eixo central, que se abre para bom!
valores e palavras correlacionadas.
Definimos que nossa primeira proposta
será desenvolvida para a implantação das
assembleias de classe. Consideramos que
implantar assembleias em nossa rotina escolar
dará significado a esse trabalho com valores, já
que procuraremos, através das demandas dos
alunos, trabalhar os valores preestabelecidos e
organizados em nosso esquema.
SEXTA-feira
Hoje organizamos a proposta para
implantação das
assembleias em nossa
escola. Fiquei tão
orgulhosa de fazer parte
desta iniciativa!
15
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17. Proposta 1 - implantação das assembleias de classe
Evidências Falta de um espaço legitimado para o diálogo e a
iniciais resolução de conflitos
Disciplinas Português/ História/ Matemática
envolvidas
Objetivos gerais Refletir sobre valores
Refletir sobre atitudes
Entender os direitos e deveres – individuais e coletivos
Objetivos História, Português
específicos Desenvolver a linguagem oral
Desenvolver a escuta atenta do outro
Desenvolver a argumentação
Desenvolver a defesa de diferentes pontos de vista
Matemática
Levantamento de dados
Construção de gráficos
Análise de dados
Resolução de situações-problema
História
Identificar as principais características de documentos
reguladores (regras de convivência)
Analisar documentos históricos que evidenciam a
prática de assembleias por sociedades
Regularidade 1 vez por semana (rotina estável)
Duração aproximadamente 1 hora
estimada
Material de Papel kraft Fita adesiva
apoio Papel pautado Caneta hidrocor grossa
Cola — norma fez um quadro de pregas
Sensibili zação
Leitura da fábula “A assembleia dos ratos”. Formaremos uma roda
para realizar a leitura, introduzindo assim o ritual para a realização das
assembleias (todos devem se enxergar). Fiz uma versão da fábula para
todos usarem.
Era uma vez uma ninhada de ratos que vivia com medo
de um gato. Todos os dias ele assustava os ratos e colocava
suas vidas em risco. Marcaram uma assembleia para
encontrar uma maneira de acabar com aquele problema.
16 Educação em Valores
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18. Trouxeram muitas propostas de solução, mas nenhuma
era aprovada. Depois de muitas horas, um jovem e esperto
rato levantou-se e deu uma excelente ideia: pendurar um
pequeno sino no pescoço do gato. Desta forma, sempre que o
gato estivesse por perto eles ouviriam o sino e poderiam fugir
correndo. Todos os ratos bateram palmas: o problema estava
resolvido. Vendo aquilo, um velho rato que tinha ficado o
tempo todo calado levantou-se e falou que o plano era muito
inteligente e ousado. Mas que ele tinha uma dúvida: quem ia
pendurar o sino no pescoço do gato?
Moral da história: Falar é fácil, fazer é que é difícil.
Sequência de atividades
Reconto oral: as crianças contam com suas palavras a história e
expõem as diferentes interpretações e o que compreenderam.
Ampliação de vocabulário:
O que quer dizer a palavra “assembleia”?
Levantar o significado a partir da compreensão da fábula.
Registro da fábula:
Pauta da assembleia
Proposta apresentada
Execução da proposta
Ilustração
Busca de soluções e registro:
Se você fizesse parte desta assembleia, que outras propostas apresentaria?
Abrir uma roda para exposição e discussão das propostas apresentadas.
Lei tura de documentos reguladores (referências nacionais,
regionais ou locais):
Estatuto da criança e do adolescente (ECA)
Código Nacional de Trânsito
Regimento da escola (direito e deveres dos alunos)
(Selecionamos apenas alguns trechos para ilustrar e comparar com a
leitura da “Assembleia dos ratos”.)
Como determinar pr or dade e relevância
i i
Para decidir a relevância do que levar para a assembleia usamos a
Matemática. É importante ensinar aos alunos que as demandas levadas
para a assembleia precisam basear-se em fatos e não em percepções (já
que estas são pontos de vista).
17
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19. Mostrar alguns dados e construir tabelas para analisar.
Com as amostras, determinar a relevância.
Observar e coletar dados na área externa da escola.
Listar o que foi visto.
Por exemplo: 35 papéis pelo chão, 6 torneiras pingando, 5 vasos
sanitários sujos.
Tabular os dados, analisar a relevância e propor soluções para
os três itens. Eleger a ordem de importância a partir dos critérios
estabelecidos:
número de pessoas impactadas
custo financeiro da ação
tempo para sanar a questão
número de pessoas para garantir a resolução
Com este exercício – breve, porém muito eficiente –, os alunos poderão
perceber que quando trabalhamos para promover o Saber Ser, temos
que ter em mente sempre as seguintes questões:
1. Como eu posso contribuir para garantir a qualidade do meu convívio?
2. Como posso contribuir para promover a qualidade do convívio coletivo?
3. Como todos nós podemos fazer para que os diferentes espaços que
habitamos sejam agradáveis e limpos?
Preenchimento do quadro da assembleia: a proposta é a
familiaridade com as nomenclaturas propostas:
Escrever situações Escrever situações Escrever sugestões
que agradam e que devem ser que devem ser
que merecem ser respensadas, respensadas,
destacadas como revistas e revistas e
positivas discutidas discutidas
EU FELICITO EU CRITICO EU SUGIRO
Colegas que Colegas que Quando alguém
guardaram os jogos mexem no quiser usar o material
depois de usar material dos outros do outro tem que
As brincadeiras Colegas que brigam pedir emprestado
desta semana no jogo de futebol Quem brigar não
joga mais
(Observação: combinar com os alunos que no dia seguinte será
inaugurado um mural com os registros que eles começarão a fazer
diariamente para serem discutidos na assembleia. As crianças deverão
18 Educação em Valores
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20. registrar aspectos que observam de positivo e os conflitos que identificam
em suas rotinas.)
Nota importante 1: estabelecer o dia da semana em que
acontecerá a discussão dos registros.
Nota importante 2: vou optar pela sexta-feira, já que
encerramos oficialmente a semana.
Organização das assembleias: a organização dos alunos para a
realização da assembleia ficou combinada da seguinte forma:
3 alunos – relatores dos registros (felicitação, crítica e sugestão)
2 alunos – redatores da ata (caderno onde serão registrados os acordos
firmados)
1 aluno – organiza a ordem de fala
os demais participam da roda e os ajudantes vão se alternando para
que todos possam assumir diferentes papéis durante este exercício.
Nota importante: percebo que minha turma poderá, a cada
assembleia, exercitar os diferentes valores de nosso esquema. A
assembleia servirá como uma porta de entrada para outras unidades
didáticas que ajudarão a desenvolver valores com os alunos!
Avaliação
Avaliar faz parte de todo o trabalho que pretendemos fazer. Aliás, é
preciso garantir o processo avaliativo, afinal é apenas avaliando todo o
processo que poderemos validar e verificar os próximos passos. Combinei
com os outros professores que vamos avaliar:
1. a contribuição individual de cada aluno no momento da assembleia
2. o “poder” de escuta de cada membro durante a assembleia
3. a qualidade das propostas feitas (solução dos problemas apresentados)
4. a qualidade das reflexões nos alunos durante as discussões
Lembrar: combinamos entre nós, professores, que teríamos um caderno
para fazer as anotações sobre os critérios avaliativos que estamos propondo,
pois nem sempre podemos confiar na memória. Fazer registros durante e ao
final de cada assembleia nos ajudará a entender como melhor conduzir esta
nossa proposta de sistematizar o trabalho com assembleias em nossa escola.
Forma de sociali zação com a comunidade escolar/família
Compartilhar esta nossa iniciativa com a comunidade escolar será
algo necessário para conseguirmos mais aliados ao nosso trabalho com
valores, pois, quanto mais pessoas conhecerem esta proposta pautada
em valores, mais poderemos realizar um trabalho efetivo. Assim,
pensamos em algumas ações:
19
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21. organizar uma reunião para apresentar para os pais os valores que
serão trabalhados durante as assembleias e discutir com as famílias a
importância do trabalho conjunto
organizar uma assembleia em um dia de reunião de pais
gravar algumas assembleias para compartilhar com as famílias
organizar uma assembleia, coordenada pelas crianças, para realizar
com os pais
Evidências finais (ou seja, como o cenário foi alterado):
O trabalho com as assembleias ajudará os alunos a exercitarem valores
essenciais para a formação humana.
Agora vou dormir, pois hoje foi um dia de muita organização
em todos os sentidos, afinal todos nós estamos alinhados e
acreditamos que o trabalho com valores será o grande diferencial
na formação dos nossos alunos e para nós também.
Na próxima semana começaremos as aulas. É o momento
de implantar as assembleias e desenvolver as propostas em
valores como justiça, solidariedade, responsabilidade; enfim,
todos os oito valores que elegemos. Ainda temos muito trabalho
pela frente, mas não podemos negar que esta discussão está
mexendo muito com todos nós!
Lembrar: realmente, nossa proposta de escolher a assembleia
como porta de entrada para o trabalho com valores foi uma
ótima decisão.
Segunda-feira
Nunca imaginei que o trabalho com o texto
“Assembleia dos ratos” fosse ficar tão legal.
Tão bom quanto idealizar é poder realizar!
As crianças gostaram da história e
se envolveram na busca da resolução do
problema dos ratos.
Uma fragilidade evidente durante
a realização da proposta foi a
dificuldade de ouvir e ser ouvido.
Assim, conversando com Norma
decidi trabalhar com o valor
“diálogo” deste nosso esquema.
20 Educação em Valores
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22. Terça-feira
Organizei a proposta com o valor “diálogo”
a partir de duas brincadeiras bem conhecidas
das crianças (telefone-sem-fio e mímica) e
que muito ajudarão os alunos a exercitar a
reflexão sobre este valor.
Resolvemos nomear todas as propostas,
com títulos que instigassem não só os alunos
como a todos nós também.
Proposta 2 – diálogo: onde tudo começa
Atividades Telefone-sem-fio e jogo da mímica
Evidências Dificuldade em ouvir com qualidade os colegas
iniciais Organizar a estrutura do raciocínio para colaborar
nas discussões
Disciplinas Português
envolvidas
Valor Diálogo
trabalhado
Objetivos gerais Entender os direitos e deveres – individuais e coletivos
Exercitar a escuta
Valorizar diálogo
Objetivos Português
específicos Desenvolver a linguagem oral
Desenvolver a argumentação
Duração 2 aulas de 50 minutos
estimada
Material de Cadeiras enfileiradas Caneta hidrográfica
apoio Cadeiras em semicírculo grossa
Tiras de papel 2 caixas de papel
Sequência de atividades
Jogo: telefone-sem-fio
Escrever frases em tiras de papéis e colocar em duas caixas. As duas
caixas devem conter as mesmas frases.
Organizar os alunos em duas fileiras com números iguais de
participantes.
Escrever na lousa ou em um cartaz as regras do jogo, compartilhar e
verificar o entendimento dos participantes.
21
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23. Iniciar o jogo com a leitura das frases pelo 1º participante e passando
para frente até chegar ao último, que deve falar em voz alta a frase
ouvida.
A frase é conferida com a tira de papel que contém a frase original.
Ganha ponto o grupo que conseguir falar a frase na íntegra, sem
nenhuma troca.
Nota importante: após cinco rodadas, finalizar o jogo e listar na
lousa as dificuldades para a realização. Questionar sobre os desafios
para o grupo realizar o jogo: o que poderia ter ajudado, por que e o
que eles verificaram como essencial para a realização do jogo.
Percebi o quanto brincar de telefone-sem-fio ajudou o
grupo a refletir sobre a questão do diálogo. Organizei em
tópicos na lousa “os comentários dos alunos”:
Realmente é difícil ouvir, pois eu estava mais
preocupada em passar a frase para frente
Eu fiquei tão atenta em ouvir a frase que o Pedro falava
no meu ouvido, mas não consegui passar para a Camila
exatamente o que ele tinha dito e isso me deixou muito
ansiosa
Professora, como é difícil ouvir, eu sempre estava mais
preocupado em falar
Falar sempre é mais fácil que ficar atento quando
alguém está falando
Eu nunca tinha parado para pensar sobre saber ouvir e
quando falar
Para continuar este aquecimento com os alunos
sobre o diálogo, alterei o jogo para uma situação de não
diálogo. A mímica provocaria outros sentimentos e a
minha ideia era comparar justamente as duas análises e
fazer uma reflexão final.
Para trazer elementos de nossa rotina propus que as
mímicas fossem sobre os títulos dos livros que temos na
classe ou sobre títulos de histórias que eles já conheciam.
Jogo: mímica
Fazer uma lista de livros lidos ou conhecidos pelos alunos (títulos)
Escrever em tiras de papel
Em uma caixa, colocar os títulos dos livros
Em outra caixa, colocar o nome dos alunos em tiras de papel dobrados
Todos devem se sentar em semicírculo
22 Educação em Valores
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24. Com a proposta do jogo de mímica, a turma trouxe novas
reflexões para o nosso quadro de anotações:
Com a mímica ficou mais difícil para mim
Para mim também, eu não conseguia encontrar os gestos para
que todos entendessem o que eu queria dizer
Vai dando uma agonia, ninguém acertava e eu não podia falar
Eu senti como eu gosto de falar
Eu senti como é importante e mais fácil falarmos
Com esta última reflexão, comecei a fazer as conexões entre
as duas brincadeiras para que os alunos pudessem perceber, e eles
realmente perceberam, o poder do diálogo. A proposta era valorizar
o diálogo como forma de expressão e um valor a ser compreendido.
Fiquei pensando, depois, quantas e quantas vezes vi meus alunos
brincando de mímica e de telefone-sem-fio e não tinha imaginado o
potencial destas simples brincadeiras para discutir valores.
Eu comentei com o Celso o quanto a minha classe tinha
respondido bem ao exercício. Observei que a valorização do diálogo
tinha sido entendida por todos, claro que de maneiras diferentes,
com frases como:
Professora, agora eu entendi a importância do diálogo
Entendi que nem sempre o que fazemos podemos chamar de diálogo
Dialogar é a essência de garantir a qualidade da nossa convivência
Se nós conseguirmos sempre valorizar o diálogo, vamos conseguir
nos entender
O diálogo é o que permite nos diferenciar dos outros animais: nós
falamos, eles não!
Com estas frases finais procurei “amarrar” nossa reflexão sobre
o valor do diálogo e, por fim, fechamos as atividades com uma
frase que ficou exposta em nossa classe:
FRASE:
Escolhemos sempre o
diálogo como forma
de garantir que nossa
convivência dentro e fora da
escola seja de qualidade.
Pedro foi escolhido
para ilustrar nossa
frase de reflexão...
Ficou muito bacana.
23
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25. Avaliação
Durante as duas atividades, estabeleci critérios de avaliação:
Garantir a participação de todos
Analisar a participação de cada aluno durante as brincadeiras
Analisar a qualidade da reflexão de cada aluno durante as discussões
Forma de sociali zação com a comunidade e com os pais
Os alunos combinaram que durante os recreios brincariam com os
outros alunos e proporiam a mesma discussão que fizemos em classe.
Combinaram também que iriam propor as duas brincadeiras em nosso
dia de escola aberta à comunidade.
Evidências finais
O nível de tolerância com os colegas ficou bem maior
Eles começaram a se esforçar para exercitar o ouvir com mais
qualidade
Nota importante: acertamos
com esta escolha; precisamos Exerci ar o diálogo
t
garantir que este trabalho com com os alunos foi um
valores tenha momentos lúdicos, desafio. Escutar o outro
pois os alunos respondem muito com qualidade é algo
bem a propostas corporais. em que não podemos
deixar de investi .
r
QUinTA-feira
Hoje construí com os alunos o quadro de
combinados a partir das regras que não estavam
incorporadas. Para isso, me inspirei no quadro que
montamos na semana de planejamento. Só que neste
pedi para que os alunos ilustrassem cada situação.
Ficou muito bom! Gostei!
Nota importante: voltar para ele sempre,
refletindo com os alunos as propostas construídas e
à medida que forem incorporando, substituí-los por
novos combinados.
24 Educação em Valores
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26. SÁBADO
No fechamento da assembleia desta semana,
seis crianças trouxeram esta crítica:
dos
s que colocam apeli
Eu critico os colega m a pessoa chateada
que ofendem e deixa
Assim, organizei uma proposta para
trabalhar o fortalecimento do autoconceito.
Proposta 3 – autoconceito: fortalecendo a identidade
Atividades Vi vência com espelhos e elaboração de autorretrato
Evidências As crianças fazem comentários depreciativos sobre
iniciais a imagem dos outros (você é feia, é gorda, burro,
palito...)
Disciplinas Português e Artes Visuais
envolvidas
Valor(es) autoconceito (identidade)
trabalhado(s)
Objetivos gerais Ampliar a percepção da própria imagem
Explorar detalhes da própria aparência
Valorizar as diferenças existentes entre as pessoas
Soninha me explicou que autoconceito é a imagem que cada um tem
de si mesmo. O autoconceito define as formas de comportamento. Ele é
construído a partir da percepção dos outros a nosso respeito e da nossa
própria percepção.
O autoconceito está diretamente relacionado à autoestima e à
autoimagem. Não é o retrato exato daquilo que a pessoa é, mas sim
de como ela se percebe, se sente e se vê. O autoconceito interfere na
relação interpessoal.
Nota importante: agora ficou mais claro o significado de
autoconceito.
25
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27. Objetivos Português
específicos Desenvolver a linguagem oral
Descrever os detalhes observados
Fazer comparações (metáforas)
Produzir texto sobre si mesmo
Artes Visuais
Explorar a linguagem do desenho para representar a
própria imagem
Apreciar o autorretrato de diferentes artistas
Refletir sobre a intencionalidade desses artistas –
retratrar-se como era ou como se sentia?
Explorar os sentidos para realizar o autorretrato cego
(sem olhar)
Produzir autorretrato usando a visão
Apreciar a produção pessoal e dos colegas
Duração 3 aulas de 50 minutos
estimada
Material de Espelhos individuais de tamanhos variados – de
apoio bolsa, de parede – se possível um para cada aluno
Vendas para os olhos ou tecidos que vedem a visão –
uma por aluno
1 folha de papel
por aluno Celso fez o
Lápis de cor ou trabalho em trios,
giz de cera pois não tinha
Papel pautado
espelho para todos
Lápis preto
Sensibili ação:
z
Distribuir os espelhos para os alunos e pedir que observem o próprio rosto
Solicitar que observem detalhes:
Formato dos olhos, do rosto, da boca, do nariz, das orelhas
Cor dos olhos, da pele, do cabelo, da boca
Desenho das sobrancelhas, comprimento dos cílios e dos cabelos
Presença de sardas, manchas de nascença, cicatrizes
Nota importante: observar, ouvir atentamente e registrar as
ações e comentários durante esta atividade. Em outras turmas com
as quais desenvolvi esta atividade era comum escutar comentários
depreciativos que algumas crianças faziam sobre si mesmas ou que
se recusavam a se olhar no espelho. Caso isso aconteça, no final da
atividade questionar os motivos que levaram a tais atitudes.
26 Educação em Valores
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28. Sequência de atividades
Observar os outros com o espelho:
Após a exploração da própria imagem, pedir que as
crianças andem pela sala de aula e, ao nosso comando,
parem e localizem um colega pelo reflexo do espelho
para observar detalhes, como o que observaram na
própria imagem
Repetem a proposta e localizam o colega
a partir da descrição feita pela professora
usando o espelho (por exemplo: encontrem
o colega que tem cabelos compridos,
olhos verdes e usa uma pulseira no braço
esquerdo)
Utilizar o tato para enxergar os rostos:
De olhos fechados passar a mão pelo
próprio rosto para sentir os detalhes
Vendar os olhos para identificar o rosto dos amigos pelo tato. Para
isso, fazer uma roda e vendar uma criança que será girada para os
dois lados e depois caminhará até encontrar um colega, que deverá
“enxergar” com as mãos
Conversar sobre as dificuldades da atividade e as estratégias utilizadas
Apreciação de autorretrato de artistas:
Mostrar para os alunos autorretratos de artistas
Questionar as crianças:
Será que estes artistas eram assim como eles se desenharam?
Por que esses artistas se desenharam desta maneira?
Qual a intenção deles?
Autorretrato cego:
Cada criança deverá vendar os próprios olhos para fazer o desenho de
seu rosto
Após a realização, cada um falará sobre como se sentiu ao fazer
o desenho (relatar a experiência), o que achou do resultado (ficou
parecido com você?; gostou do resultado?)
Fazer a apreciação dos trabalhos dos colegas (ressaltar que a ideia não
era que ficasse igual a cada um, mas que eles pudessem explorar outra
maneira de se desenhar)
Nota importante: na sequência, as crianças podem fazer
outro autorretrato, desta vez olhando a própria imagem durante a
realização. As crianças podem falar desta experiência comparando
com a anterior.
27
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29. Escrever sobre si mesmo:
Produzir um texto falando sobre si mesmo:
Utilizar metáforas para falar de si (por exemplo: meus olhos são
escuros como as noites, meus cabelos são como caracóis etc.)
Escrever sobre como se sente em relação a si mesmo – quando se sente
bem e quando não se sente bem com o que faz
Escrever sobre as coisas de que gosta e não gosta, explicando o porquê
Escrever sobre as coisas que produzem alegria e tristeza
Socializar a produção com os colegas
Apreciar a produção dos colegas
Avaliação:
Durante todas as propostas é importante escutar atentamente os
comentários das crianças e registrá-los para que se possa comparar
com as evidências iniciais
Forma de sociali zação com a
comunidade escolar/família:
Livros da turma: montar um livro com
os dois autorretratos de cada aluno e a
produção de texto. A cada semana, este
livro vai para a casa de uma criança e
seus familiares terão um espaço para
escrever sobre ela, colar fotos etc. A ideia
é ter registrados a imagem e o conceito de
cada criança em sua família.
Evidências finais:
A partir dos registros feitos pelo professor, avaliar Trabalhar
o quanto o autoconceito de cada criança se alterou autoconceito foi um
grande desafio para mim
Avaliar se os comentários depreciativos pois surgiram questões
diminuíram ou cessaram que me deixaram inquieta
e reflexiva.
Segunda-feira
Nota importante: não vejo a hora de receber as primeiras
devolutivas das famílias no livro da turma. Saiu cada desenho
bacana e textos superexpressivos!
Esta semana começam as Olimpíadas de Matemática. Como
será que meus alunos vão se sair? Como nesta turma os hábitos de
estudo estão incorporados, acredito que vão se dar bem.
28 Educação em Valores
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30. QUinTA-feira
A turma tem apresentado problemas nos momentos
coletivos, as crianças não estão conseguindo agir com
tolerância e respeito. Esta questão já apareceu inclusive
na assembleia da semana passada. Acredito que realizar
atividades que tenham como foco a questão do respeito
ajudará muito o grupo neste momento.
Proposta 4 – respeito: por que é algo tão desejado?
Atividades Colagem coleti va
Evidências A intolerância perante as diferentes opiniões trazidas
iniciais durante as assembleias
A forma não cordial de disputar a quadra na hora do
recreio
Disciplinas Português/ Artes Visuais
envolvidas
Valor Respeito
trabalhado
Objetivos gerais Entender o respeito como um valor que conduz à vida
em sociedade
Exercitar a escuta
Valorizar o respeito ao outro, a si próprio e ao
ambiente
Objetivos Português
específicos Desenvolver a linguagem oral
Desenvolver a argumentação
Artes Visuais
Desenvolver senso estético
Criar critérios de seleção de imagem
Representar sentimentos através de imagens
Duração 3 aulas de 50 minutos
estimada
Material de Revistas e jornais Fita crepe ou fita adesiva
apoio Tesoura Barbantes
Cola Lã de cores diversas
3 cartolinas Caneta hidrocor grossa
Folhas de papel
29
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31. Sequência de atividades
Selecionando e analisando imagens:
Expor revistas e jornais abertos aleatoriamente nas mesas ou no chão
Fazer uma roda com os alunos e pedir que observem as imagens que se
destacam
Pedir que alguns alunos escolham imagens que lhes chamem a atenção
e contem aos colegas o porquê desta seleção, ou seja, o critério usado
Organizar grupos de quatro a cinco participantes, dividir os jornais e
as revistas e propor que procurem imagens que demonstrem situações
de respeito e de não respeito (a si próprio, ao outro e ao ambiente)
Colocar duas cartolinas pregadas em uma parede da classe ou na
própria lousa, nomear cada cartaz – situações de respeito e situações
de não respeito – e pedir para que os alunos colem as imagens
selecionadas pelo grupo
Quando todos os grupos contribuírem, propor que façam apreciação
das imagens
Durante a apreciação, fazer questionamentos como:
Quais imagens chamam mais a atenção e por quê?
As imagens passam que sensações?
Vocês consideram que existem imagens que não atenderam à
proposta? Quais e por quê?
Fazendo composições:
Após finalizarem o momento de apreciação e reflexão, propor
aos alunos que façam uma composição entre imagem coletada e
ilustração, agora apenas com a situação de respeito
Cada grupo receberá papel e cola; eles já estarão com as revistas e
jornais
As lãs e o barbante ficarão à disposição para o uso coletivo
Assim que os grupos finalizarem, colar na 3ª cartolina, que tem como
titulo Composição – Respeito
Cada grupo deverá expor e todos farão apreciação e, de forma
voluntária, escolher uma das produções para expor seu entendimento,
que depois será completado pelo grupo que criou o trabalho, dando
assim duas versões ou versões complementares da mesma situação
Avaliação
Usando exatamente este fato de percepções distintas ou complementares
é que se inicia a reflexão sobre o valor do respeito.
Analisar com os alunos os diversos momentos que as duas atividades os
expuseram ao valor “respeito”, como por exemplo:
trabalhar com alguém com quem não temos afinidade; assim,
respeitamos os limites de cada membro do grupo
30 Educação em Valores
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32. trabalhar com diferentes pontos de vista, respeitar as diversas opiniões
e, no momento de apreciação dos trabalhos, mostrar consideração
pela realização do outro
Nota importante: É necessário estar atentos a estes trabalhos em
grupo, pois são momentos em que efetivamente podemos materializar
muitos dos valores do esquema proposto.
Formas de sociali zar com a comunidade / pais
Ficou combinado que cada grupo iria compor frases “provocativas” sobre
a questão do respeito, não apenas para consigo mesmo, mas também
para com os demais e com o ambiente, já que a proposta era colocar
estas frases espalhadas não só pela escola, como também em suas casas.
Ev dências finais:
i
Os alunos procuraram demonstrar mais consideração à fala e às
atitudes dos outros colegas
As famílias também montaram frases para enviar para a escola, num
momento de troca
A comunidade escolar não danificou os cartazes externos, em uma
demonstração de respeito
Nota importante: o trabalho com o valor “respeito”, foi
bastante produtivo, os alunos puderam vivenciar e refletir sobre ele, e
mostraram-se envolvidos. Me lembrei das minhas notícias de jornal,
elas podem ser uma variável, em um próximo trabalho com este
valor; futuramente, posso propor que, em vez de imagens, os alunos
selecionem notícias que demonstrem atitudes de respeito. (É bom
anotar, para sempre ter outras opções!)
Quando eu estudei
para ser professora não
tinha a dimensão do
quanto o trabalho com
valores faria parte do
meu trabalho.
31
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33. Terça-feira
Estou muito satisfeita com os resultados de minha turma.
Estão mais respeitosos e sabendo conversar quando
encontram divergências. É gratificante vê-los lembrar
das propostas desenvolvidas:
“Joana, esqueceu que dialogar é importante para
a convivência? Olha lá o cartaz que o Pedro ilustrou.”
Conversando com Celso, consideramos
que trabalhar o valor da amizade fortalecerá o
companheirismo e a aceitação da diversidade.
Proposta 5 – Amizade: pontos que nos unem
Atividades Lei tura, reflexão e construção de v nculos
í
Evidências As crianças não se unem por objetivos comuns.
iniciais Parte da turma é impositiva com os demais – diz
que não será mais amigo se o outro não fizer o que é
“mandado”.
Disciplinas Português
envolvidas
Valor(es) amizade (aceitação, companheirismo)
trabalhado(s)
Objetivos gerais Refletir sobre a amizade
Valorizar as diferenças entre as pessoas
Respeitar as diferenças
Refletir sobre ser e ter
Objetivos Português
específicos Ler e compreender a história lida
Listar as situações em que a amizade fica evidente
Desenvolver a oralidade
Duração 3 aulas de 50 minutos
estimada
Material de Livro: Diferentes somos todos, de Alina Perlman. São
apoio Paulo: Edições SM, 2005.
Papel
Canetas hidrográficas
32 Educação em Valores
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34. Sensibilização
Questionamentos antes da leitura:
Quais são as diferenças que vocês identificam que existem entre as
pessoas?
Quem será o menino da capa? Em que ele é diferente das outras
pessoas?
Quem já se sentiu diferente dos colegas? O que fez? O que sentiu?
O que vocês fazem quando percebem que alguém é diferente?
Sequência de atividades
Leitura do livro e exploração do texto:
Por que Carminha se sentia diferente
de seus colegas na escola?
O que faz uma pessoa ser amiga
da outra?
Diogo, irmão de Carminha, e
Gabriela, irmã de Laurinha, têm
síndrome de Down. O que é isso?
Como Laurinha e Carminha
ficaram amigas? Como uma agia
com a outra?
Clau era amiga de Laurinha? Que ações indicam isso?
Ações que indicam amizade:
Pedir que as crianças se lembrem de situações em que sentiram que eram
amigas de alguém. Depois devem se reunir em grupos para listar essas
situações.
Expor aos colegas as situações para que todos possam avaliar se é uma
situação de amizade.
Nota importante: ficar atenta durante a atividade para que
as crianças não fiquem focadas em situações que envolvem o ter e o
ganhar.
Por exemplo:
1. “No primeiro dia de aula, Ana me deu uma bala”
2. “Só empresto minha bola para Antonio”
3. “Queria ter os lápis de cor da Paula”
Refletir com os alunos se a relação de amizade é fortalecida quando
ganhamos objetos de alguém. Só damos presentes para amigos? Não
podemos dar um presente para uma pessoa que precisa?
4. Retornar para as situações do livro lido em que Clau comentava que
Carminha usava roupas simples e sem marca. Abrir para discussão: o
que era mais importante para Clau? E para vocês?
33
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35. Avaliação:
Observar e registrar os comentários das crianças em relação ao valor
trabalhado.
Observar e registrar as situações que elas identificam estar
relacionadas a esse valor.
Verificar a qualidade da reflexão das crianças sobre esse valor.
Forma de sociali zação com a comunidade escolar/família
Varal da amizade:
Os alunos deverão ficar atentos às ações que demonstrem amizade e
registrar em tiras de papel situações de amizade, de aceitação das
diferenças e de companheirismo.
Pendurar em um varal
Evidências finais
Os alunos passaram a gerenciar melhor os conflitos.
Perceberam a importância das diferenças na composição dos grupos.
Estão mais receptivos em relação aos colegas a que apresentavam
baixa tolerância.
QUinTA-feira
O trabalho com o valor “amizade” realmente fortaleceu o
companheirismo e a aceitação das diferenças. Tanto que desenvolvi
nesta semana o trabalho com o valor “solidariedade” para
evidenciar que se pode ajudar aqueles que não são nossos amigos.
Proposta 6 - Solidariedade: viver para o bem comum
Atividades Leitura do livro
Uma camela no Pantanal, de Lucília Junqueira de
Almeida Prado. Coleção Barco a Vapor. São Paulo:
Edições SM, 2006 e análise das atitudes para o bem de
todos
Evidências Emprestar materiais escolares (lápis, borracha,
iniciais apontador)
Compartilhar material de uso coletivo (bolas, livros,
brinquedos etc.)
Acolher todos os colegas
Disciplinas Português
envolvidas
34 Educação em Valores
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36. Valor(es) Solidariedade (cooperação e generosidade)
trabalhado(s)
Objetivos gerais Refletir sobre as diferentes atitudes que temos em
relação aos outros
Refletir sobre a intencionalidade das ações individuais
no coletivo
Refletir sobre ação e consequência
Agir de forma mais solidária, com generosidade e
cooperação
Objetivos Português
específicos Ler e compreender a história lida
Identificar as características das personagens
Desenvolver a comunicação oral
Escrever como passam a ser as atitudes da camela a
partir do salvamento de seu filhote
Duração 3 aulas de 50 minutos
estimada
Material de Livro: Uma camela no Pantanal, de Lucília Junqueira
apoio de Almeida Prado. Coleção Barco a Vapor. São Paulo:
Edições SM, 2006
Livros e sites sobre desertos e sobre o Pantanal
Matogrossense
Papel kraft ou cartolina
Canetas hidrocor, lápis de cor, giz de cera, tinta
guache (para pintura e/ou desenho)
Mural na sala para expor os trabalhos
Sequência de atividades
Leitura do livro e conversa sobre o texto:
Por que a camela vivia tão insatisfeita?
Em que lugar os camelos vivem?
Como a camela chegou ao Pantanal?
Como era o relacionamento da camela com os animais do Pantanal?
Como você se sentiria se fosse tratado desta maneira?
Painel das atitudes e consequências:
Em duplas, as crianças elencarão as atitudes dos personagens e suas
consequências. Depois montarão um painel (já dei alguns exemplos):
A partir deste painel, discutir:
Quem agiria da mesma maneira ou de outra em cada uma das situações?
Quais atitudes foram solidárias e generosas?
Como os personagens agiram nestas situações?
Qual o personagem que foi mais solidário? Por quê?
35
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37. SITUAÇÃO AÇÃO/ PERSONAGEM CONSEQUÊNCIA
Como a camela Mentira do urubu que Todos acreditaram e
chegou ao Pantanal? afirmou que a viu passaram a olhar para
descer do disco-voador a camela como se ela
fosse de outro mundo
Tentativa de A camela não esclarece Macaco responde que
aproximação do ao macaco como era o ela é fedida
macaco deserto e diz para ele
não “encher”
A camela morde a Um bando de anus Mal-humorada,
casa de marimbondo e tira os ferrões de a camela diz que
é atacada por eles marimbondo do corpo continua sentindo dor e
da camela não agradece aos anus
O camelinho escorrega, A anta (que teve seu A camela reconhece
cai dentro do rio e filhote machucado pela que agiu mal com a
começa a se afogar camela) pula na água anta
e salva o filhote
Nota importante: Propor que as crianças tragam situações vividas
ou observadas na escola ou em suas casas para fazer esta análise.
Produção textual
Propor que cada um escreva como a camela passou a agir depois que a
anta salvou o filhote.
Será que a camela conversou com os animais com quem ela foi
desrespeitosa? O que ela falou para eles?
Cada criança socializará sua produção e ouvirá os comentários dos
colegas, que farão a apreciação.
Avaliação:
Observar e registrar os comentários das crianças em relação ao valor
trabalhado
Observar e registrar as situações que elas identificam estar
relacionadas a esse valor
Avaliar a qualidade da coleta de dados sobre os animais e as regiões
Forma de socialização com a comunidade escolar/família:
Painel da solidariedade – as crianças deverão coletar situações
solidárias para expor em um painel que ficará na entrada da escola
para que todos possam acompanhar. As situações devem ser reais
e podem ser coletadas através de entrevistas (Você já agiu de forma
solidária? Alguém foi solidário com você? Como foi?), notícias de
jornal, reportagens, observação de colegas e familiares etc.
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38. Ev dências finais
i
Os alunos passaram a ter ações mais solidárias e cooperativas em sala
de aula
Começaram a emprestar seus materiais aos colegas
São mais acolhedores com os colegas
Terça-feira
A turma voltou a apresentar questões nos momentos de
recreio. Quando encontro alguém sentado em um canto sem
brincar ou fora do jogo, este se queixa que foi injustiçado,
que o “fulano” não foi justo e só favoreceu os “amigos”. Nas
assembleias, trazem o valor “justiça” com muita ênfase. Vou
levar para o grupo algumas propostas com jogos, já que estes
são sempre o “vilão” que faz aflorar o sentimento de justiça
ou falta dela.
Vou ligar para o Celso para trocar umas ideias.
QUinTA-feira
Realmente minha conversa com
Celso rendeu... a proposta com
o valor “justiça” ficou bacana!
Acredito que as crianças vão
compreender este valor!
Proposta 7 - Justiça: por que é tão difícil se sentir
justo ou ser justo?
Atividade Reorgani zação de regras de jogos coleti vos já
existentes
Evidências A falta de entendimento do valor “justiça” de uma
iniciais forma mais ampla.
A irritabilidade “à flor da pele”
O sentimento de injustiça diante de determinadas
situações coletivas
Disciplinas Educação Física/ Língua Portuguesa
envolvidas
Valor Justiça
trabalhado
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39. Objetivos gerais Compreender o valor “justiça”
Exercitar situações que reflitam a questão da justiça
Demonstrar que a percepção de justiça é relativa com
relação aos envolvidos
Objetivos Português
específicos Desenvolver a linguagem escrita
Organizar textos compromissados com seu leitor
Educação Física
Compreender a existência de regras para jogos
coletivos e individuais
Entender como e por que se constituíram as regras em
situações de jogos
Desenvolver novas regras para jogos já existentes
Duração 4 aulas de 50 minutos
estimada
Material de Espaço amplo e aberto
apoio Papel pautado
Caneta hidrográfica grossa
Giz de lousa
Sequência de atividades
Selecionando jogos conhecidos do grupo:
Propor que os alunos listem os jogos que, mais frequentemente,
ocorrem nos momentos coletivos. Podem ser listados na lousa
Pedir que classifiquem em ordem crescente os jogos que mais
propiciam momentos de discórdia entre os participantes
Levantar as principais causas e anotar ao lado do jogo
Escolher os dois jogos que mais geram conflitos com o grupo para
realizar a próxima atividade
Jogos, exercícios de justiça? Parte I
Jogo escolhido – queimada, péla (pode ter outro nome em outras regiões
brasileiras)
Levar os alunos para um espaço aberto
Dividir em dois grupos
Pedir que iniciem o jogo (sem dar nenhuma orientação quanto às
regras)
Aguardar até que um dos grupos consiga uma relativa vantagem e
finalizar o jogo.
Verificar as “queixas” que virão, pois o grupo que estava em
desvantagem poderá questionar o tempo para o término do jogo, já
que não tinha nenhuma referência para se organizar estrategicamente.
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