O documento discute a educação bilíngue para surdos no Brasil. Em três frases:
1) A educação bilíngue defende o uso da Língua Brasileira de Sinais (Libras) como língua de instrução, ao contrário da educação especial que vê a surdez como deficiência.
2) Pesquisas mostram que crianças surdas aprendem melhor na educação bilíngue, onde interagem com professores e colegas usuários de Libras.
3) No entanto, desafios permanecem como qualificar o ensino
1. II ENCONTRO DE EDUCAÇÃO BILINGUE NO
MUNICIPIO DO RIO
03 e 04 de outubro de 2012
Mesa:
Modelo / Identidade / Proposta de formação / Quem será o
modelo da educação Bilíngue?
Profª Drª Karin Strobel
Profª de Letras Libras da UFSC
Coord. Geral de Letras Libras Ead da UFSC
3. Identificando a cultura
“a cultura que temos determina uma
forma de ver, de interpelar, de ser, de
explicar, de compreender o mundo”
(Stuart Hall: 1997, p. 20).
5. Jeito surdo de ser, de perceber, de sentir, de
vivenciar, de comunicar, de transformar o
mundo de modo a torná-lo habitável.
(Perlin, 2003)
6. Três teorias diferentes
Cada uma tem uma visão diferente
para a cultura surda.
• Teoria moderna
• Teoria critica
• Teoria pós-moderna
7. Teoria Moderna
A teoria Moderna possui a ideia de uma cultura única
PERFEIÇÃO
Ambiente de cultura dominantes
Surdos vivendo muitas vezes em exílio
8. Teoria Moderna
• O sujeito que domina aí é contraditório ao surdo ou seja:
"sujeito ouvinte falante". Então aí o surdo tem que se oralizar,
falar, treinar sons...
• Lembremos como exemplos do oralismo, ouvintismo...
9. Teoria Crítica
- A teoria Critica possui a idéia de alta e baixa
cultura.
- No caso dos surdos, são os excluídos que precisam
se incluir.
- Temos uma cultura subalterna. Daí que falam que
nossa cultura é inferior, etc...
- É a questão da diversidade, da inclusão...
10. Teoria Pós-Moderna
-A teoria Pós-moderna tem a idéia de múltiplas culturas
como: brasileira, latino-americana, negra, índia,
italiana...
11. Teoria Pós Moderna
- Aí não é mais o sujeito moderno, é o sujeito
cultural com sua identidade , diferença e
alteridade.
- Os Estudos Culturais outro campo teórico
permitem adentrar a cultura surda e encontrar
aí muitos artefatos culturais.
12. O que vem ser a cultura surda?
• As pessoas surdas vêem o mundo de maneira
diferente, com experiência visual;
• Surdos compartilham experiências com os
outros surdos e com isto origina a
identificação como pertencente a um grupo
distinto e minoritário;
• Compartilha língua de sinais, valores
culturais, hábitos e modos de socialização
próprio;
15. Cultura surda e
constituição da identidade surda
Identidade surda
Identidade subordinada Ser surdo
(nao aceita a cultura surda) (vive na cultura surda)
Incompatível Deficiente Política surda Cultura surda
16. SER SURDO
Não tem identidade única, fixa
É móvel, formada e transformada
(muda com passar do tempo, contatos
diferentes com os grupos culturais –
estrutura geográfico, história etc)
17. Identidades surdas
Não se constroem no vazio
Sim em locais determinantes
(locais de transições)
Transição das identidades: ocorre no
encontro com os semelhantes
Surdo – Surdo
19. Na verdade existem identificações com o local. Assim
a identidade surda também se constitui no local.
(Perlin e Strobel, 2007)
Para que a construção da identidade surda
aconteça é essencial o encontro surdo-surdo
Família / Associação / Igreja / Escolas
20. •surdos brasileiros são membros de uma cultura surda não
significa que todas as pessoas surdas no mundo compartilhem
a mesma cultura
21. Como poderíamos inserir a cultura surda no currículo?
•Língua
•Historia cultural
•Pedagogia
•Literatura
•Arte
•poesia Plataforma de
•Política base
Valores Culturais
•Esportes para as ações
•Identidade políticas
•Associações
•Tecnologia adaptados
•Organização do povo surdo
36. O ALUNO SURDO CHEGA SEM L1 – LIBRAS.
(Qual é o nível de proficiência na própria língua dos alunos?)
AULAS EXPOSITIVAS – ORALIZAÇÃO E CÓPIA.
PROFESSORES NÃO USUÁRIOS DA LIBRAS
(Que desconhecem as diferenças linguísticas ).
37. FALTA DE CONVIVÊNCIA COM SURDOS USUÁRIOS
DE LIBRAS
FAMÍLIAS COM PRECONCEITOS
(pais que não aceitam Libras , professores surdos, professores
bilingues ou intérpretes)
FALTA DE PROFESSORES BILINGUES,
PROFESSORES DE LIBRAS E INTÉRPRETES
SIMULAÇÃO DA APRENDIZAGEM
38. “Quanto mais tradicional for a prática do
professor, menores serão as chances de
avanços do aluno.”
(Fernandes, 2006)
39. A educação e os surdos:
três tempos
moderno: modelos a copiar (oralismo)
critico: tolerância (inclusão)
cultural: identidade (educação bilíngue)
42. Atendimento Educacional Especializado
Desvantagens
O espaço de AEE duas ou três vezes por semana é
insuficiente para garantir a aquisição de uma língua.
O intérprete de Libras perde a função de traduzir os
conteúdos do português oral para a Libras, já que os
alunos não possuem nem uma nem outra língua.
Relega a Libras a um aprendizado complementar e
suplementar, mas não principal, como a legislação
ordena.
43. Pesquisa comprova que crianças surdas aprendem
melhor na educação bilíngue
Uma pesquisa conduzida pelo professor da Universidade
de São Paulo, o Fernando Capovilla
crianças surdas cuja língua materna é a Libras aprendem mais e
melhor nas escolas bilíngues, devido à interação com professores e
colegas sinalizadores.
Por outro lado, crianças com perda tardia da audição, cuja língua
materna é o português, se adaptam melhor às escolas inclusivas.
44. A pesquisa avaliou 8 mil surdos oriundos de 15 estados brasileiros
com idades de 6 a 25 anos, desde o primeiro ano do ensino
fundamental até o último ano do ensino superior.
Eu descobri que a escola bilíngue é uma necessidade
fundamental para a criança surda brasileira.
Não estou de nenhum lado da briga. Estou do lado da criança
surda, isso sim, e ouvi o que 8 mil delas têm a dizer e a nos
ensinar sobre o que é melhor para ela
(Fernando Capovilla)
45. Educação bilíngue:
Incentiva na leitura e escrita como L2
Na experiência visual - mediada principalmente pela
língua de sinais, manifestação linguística da diferença
relativa aos surdos
48. Educação bilíngue:
Transmitir saberes culturais:
traz a diferença cultural
trabalha com artefatos culturais
não foge aos conteúdos curriculares
não foge a diferença com os não surdos
49. Educação bilíngue:
Língua de sinais:
como língua de instrução
como instrumento no currículo
como instrumento de acesso para outras
línguas
como língua da pedagogia de surdos
50. Proposta da Educação Bilíngue
• Oposição às práticas hegemônicas clinicas
• É algo mais que domínio de duas línguas
• Não é simplesmente trocar roupa antiga por
nova e sim passar por reconhecimento da
diferença linguística e cultural
51. Desafios da Educação bilíngue:
• Qualificar o ensino de língua
de sinais – LIBRAS como
L1 e a Língua Português
como L2;
• Organizar a formação dos
professores bilíngues;
• Oferecer orientações
metodológicas para o ensino
aos surdos
52. • Planejar, em conjunto
com outros professores
de educação bilíngue, os
programas de ensino
desta língua, de acordo
com os níveis de ensino
e grupos de alunos;
53. • Elaborar material
didático adequado ao
ensino de educação
bilingue, de acordo com
os objetivos propostos
para cada aluno ou
grupo;
54. • Organizar o espaço e
materiais (didáticos e
equipamentos)
necessários às aulas;
63. DIFERENTES VISÕES NA EDUCAÇÃO DOS SURDOS
• Educação Especial • Educação Bilingue
A língua portuguesa é lingua A lingua de sinais é a lingua de
dominante instrução
a surdez é uma deficiência; O ser surdo é uma experiência
visual;
Os surdos são um grupo as identidades surdas são
homogêneo; múltiplas e multifacetadas;
a educação dos surdos deve a educação dos surdos deve ter
ter um caráter clínico- respeito de diferença cultural;
terapêutico, de reabilitação;
a língua de sinais e grupo de a língua de sinais é a
surdos é segregação. manifestação da diferença
lingüística relativa aos surdos.