2. O livro é estruturado em
duas partes, a primeira
maneirista, enquanto a
segunda é mais barroca.
Enquanto a primeira parte
da obra deixa a impressão
de liberdade máxima, a
segunda parte produz a
sensação constante de nos
encontrarmos encerrados
em limites estreitos. Essa
sensação é sentida mais
intensamente quando
confrontada com a primeira
parte
3. Se anteriormente, a ironia era, sobretudo, uma
expressão amarga da impossibilidade de dar
realidade a um ideal, com a segunda parte nasce
muito mais da confrontação das formas da
imaginação com as da realidade. Cervantes dá a
sua própria definição da obra: "orden desordenada
(...) de manera que el arte, imitando à la
Naturaleza, parece que allí la vence“.
4. O processo adotado por Cervantes - a paródia -
permite dar relevo aos contrastes, através da
deformação grotesca, pela deslocação do patético
para o burlesco, fazendo com que o burlesco
apague momentaneamente a emoção,
estabelecendo um entrelaçado espontâneo de
picaresco, de burlesco e de emoção. O conflito surge
do confronto entre o passado e o presente, o ideal e
o real e o ideal e o social.
5. Dom Quixote e Sancho
Pança representam valores
distintos, embora sejam
participantes do mesmo
mundo. É importante
compreender a visão irônica
que o romancista tem do
mundo moderno, o fundo de
alegria que está por detrás
da visão melancólica e a
busca do absoluto.
6. São mundos completamente
diferentes. Sancho Pança o fiel
escudeiro de Dom Quixote é definido
por Cervantes como "Homem de bem,
mas de pouco sal na moleirinha". É
o representante do bom senso e é
para o mundo real aquilo que Dom
Quixote é para o mundo ideal.