O poema descreve a vida do poeta como um caminho solitário marcado por sofrimento e angústia, mas também por beleza, amor e poesia. Apesar das dores, o poeta encontra consolo em sua alma artística e na criação poética, que o fazem puro e nobre.
2. A vida do poeta tem um ritmo diferente É um contínuo de dor angustiante.
3. O poeta é o destinado do sofrimento Do sofrimento que lhe clareia a visão de beleza E a sua alma é uma parcela do infinito distante O infinito que ninguém sonda e ninguém compreende.
4. Ele é o eterno errante dos caminhos Que vai, pisando a terra e olhando o céu
5. Preso pelos extremos intangíveis Clareando como um raio de sol a paisagem da vida.
6. O poeta tem o coração claro das aves E a sensibilidade das crianças O poeta chora.
7. Chora de manso, com lágrimas doces, com lágrimas tristes Olhando o espaço imenso da sua alma. O poeta sorri.
8. Sorri à vida e à beleza e à amizade Sorri com a sua mocidade a todas as mulheres que passam. O poeta é bom.
9. Ele ama as mulheres castas e as mulheres impuras Sua alma as compreende na luz e na lama Ele é cheio de amor para as coisas da vida E é cheio de respeito para as coisas da morte.
10. Seu espírito penetra a sua visão silenciosa E a sua alma de artista possui-a cheia de um novo mistério.
11. A sua poesia é a razão da sua existência Ela o faz puro e grande e nobre E o consola da dor e o consola da angústia.
12. A vida do poeta tem um ritmo diferente Ela o conduz errante pelos caminhos, pisando a terra e olhando o céu Preso, eternamente preso pelos extremos intangíveis. Vinicius de Moraes
13. Imagens: Mônica Silveira – fotógrafa baiana Música Ernesto Cortazar Formatação Christina Meirelles Neves