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GT 19 – Educação Matemática 
CONHECIMENTOS DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA SOBRE O USO DO 
PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CONTAGEM EM SITUAÇÕES 
COMBINATÓRIAS1 
Ana Paula Barbosa de Lima (UFPE) 
INTRODUÇÃO 
O ensino dos conteúdos da Análise Combinatória são recomendados desde os anos 
iniciais do Ensino Fundamental pelos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN (BRASIL, 
1997) e, a partir de então, é sugerido um ensino gradual no qual estes conteúdos serão 
tratados de uma forma mais construtiva até a formalização de seus conceitos no Ensino 
Médio.Para os anos finais do Ensino Fundamental, os PCN (BRASIL, 1998), recomendam 
que os problemas combinatórios devem ser apresentados com números maiores do que os 
apresentados nos anos iniciais, dessa maneira, acredita-se que os estudantes irão perceber o 
princípio multiplicativo que está implícito nas questões apresentadas. As Orientações 
Educacionais Complementares aos PCN do Ensino Médio (BRASIL, 2002) e o Programa 
Nacional do Livro Didático (PNLD), para o Ensino Médio, (BRASIL, 2011), recomendam 
um ensino que não foque apenas no uso da fórmula para resolução destes problemas e que 
elas sejam consequência do raciocínio desenvolvido pelos alunos e tenham a função de 
simplificar cálculos quando os dados apresentados forem demasiadamente grandes. 
1 Trata-se de um estudo de Mestrado, em andamento, sob a orientação da Profa. Dra. Rute Elizabete de Souza 
Rosa Borba - UFPE.
2 
Sobre o desenvolvimento deste raciocínio, Borba (2010) recomenda que os 
professores aproveitem as estratégias espontâneas desenvolvidas pelos estudantes - como 
desenhos, diagramas, listagens e operações aritméticas - e, gradativamente, sejam 
desenvolvidos os procedimentos formais para a resolução destes problemas. 
Dessa forma, acredita-se que um trabalho envolvendo o PFC como estratégia de 
ensino para problemas combinatórios seja um processo válido e que a partir dele 
O PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CONTAGEM 
O Princípio Fundamental da Contagem (PFC), ou princípio multiplicativo, é 
enunciado, segundo Lima (2006), como, “Se uma decisão D1 pode ser tomada de p modos e, 
qualquer que seja esta escolha, a decisão D2 pode ser tomada de q modos, então o número de 
maneiras de se tomarem consecutivamente as decisões D1 e D2 é igual a pq”. O princípio pode 
ser ampliado para outras decisões, como D3, D4, D5 e assim por diante. 
OPrincípio Fundamental da Contagem (PFC), pode ser aplicado a distintas situações 
combinatórias – como produtos cartesianos, arranjos, combinações e permutações e pode 
servir de base para a construção de procedimentos formais da Análise Combinatória, pois, 
como afirmam Pessoa e Borba (2009), o PFC é entendido como um princípio implícito na 
resolução de todos os tipos de problemas combinatórios. 
No exemplo, a seguir, apresentamos um problema de combinação, no qual é possível 
observar a aplicação do PFC em sua resolução. 
Se um técnico fosse escolher, dentre 12 atletas, cinco para comporem a equipe titular 
de um time de basquete, usando o PFC se teria: para a escolha do primeiro componente 12 
possibilidades de escolha, ou seja, qualquer um dos 12 atletas; para a escolha do segundo 
componente haveria 11 possibilidades de escolha, já que um atleta já foi escolhido; 10 
possibilidades para a escolha do terceiro atleta; 9 possibilidades para a escolha do quarto 
atleta e 8 possibilidades para a escolha do quinto e último componente da equipe. Nesse caso, 
além dessa aplicação do PFC, seria necessário aplicá-lo outra vez, dividindo o resultado 
obtido pelo produto 12 x 11 x 10 x 9 x 8 pela permutação dos cinco elementos escolhidos 
entre si, pois um time composto por André, Beto, Carlos, Daniel e Ênio, por exemplo, é 
idêntico ao time composto por Beto, Carlos, Daniel, Ênio e André. A permutação dos cinco 
elementos, semelhantemente ao exemplo anterior, poderia ser obtido pelo produto 5 x 4 x 3 x 
2 x 1, e o resultado final seria dado por: ଵଶ × ଵଵ × ଵ଴ × ଽ × ଼ 
ହ × ସ × ଷ × ଶ × ଵ .
3 
Borba e Braz (2012) estudaram problemas combinatórios condicionais e observaram 
que o PFC é uma estratégia válida para as situações propostas. O uso direto de fórmulas nem 
sempre é útil quando o problema apresenta condições de escolha (implícita ou explícita), de 
ordenação, de posicionamento e/ou de proximidade de elementos.No Quadro 01, 
apresentamos exemplos de problemas combinatórios e como os mesmos podem ser resolvidos 
com a aplicação do PFC. 
Quadro 01 - Representação de situações combinatórias através do PFC. 
TIPO PROBLEMAS REPRESENTAÇÃO USANDO O PFC 
PC 
Joaquim foi à livraria comprar seu material escolar. 
Para montar seu kit a livraria lhe ofereceu: 3 modelos 
de caderno, 4 modelos de lápis, 8 modelos de 
borracha e 2 modelos de caneta azul. De quantas 
formas diferentes Joaquim pode montar seu kit? 
3 x 4 x 8 x 2 
caderno x lápis x borracha x caneta 
AR 
Na final do campeonato de judô, 5 meninas estão 
disputando os 3 primeiros lugares do torneio. De 
quantas formas diferentes podemos ter os três 
primeiros colocados? 
5 x 4 x 3 
1º lugar x 2º lugar x 3º lugar 
PER 
De quantos modos distintos 5 pessoas podem se 
posicionar em um banco de 5 lugares? 
5 x 4 x 3 x 2 x 1 
1º lugar x 2º x 3º x 4º x 5º 
COM 
Um técnico tem que escolher, dentre 12 atletas, 5 
para compor a equipe titular de um time de basquete. 
Qual o total de possibilidades que o técnico tem para 
montar sua equipe? 
1º atleta x 2º x 3º x 4º x 5º 
Permutação de 5 
AR - C 
Ana, Julia, Marcos, Pedro e Laís estão participando 
de uma corrida. De quantos modos diferentes 
podemos ter os 3 primeiros colocados se Julia sempre 
chegar em primeiro lugar? 
1 x 4 x 3 
1º lugar x 2º lugar x 3º lugar 
COM - C 
Marta precisa escolher entre seus 8 amigos (Tiago, 
Simone, Daniele, Jéssica, Pedro, Amanda, Rafael e 
Felipe), 4 para ir ao cinema com ela. De quantas 
formas diferentes Marta pode escolher esses três 
amigos desde que Jéssica sempre esteja entre os 
escolhidos? 
1º amigo x 2º x 3º x 4º 
Permutação de 4 
PC = Produto Cartesiano; AR = Arranjo; PER = Permutação; COM = Combinação; AR – C = Arranjo 
Condicional; COM – C = Combinação Condicional.
4 
É preciso, entretanto, que professores tenham conhecimento de como o PFC pode ser 
utilizado para a resolução de distintas situações combinatórias e como este princípio é base 
das fórmulas. 
TIPOS DE CONHECIMENTOS DOCENTES SEGUNDO BALL, THAMES E 
PHELPS (2008) 
Ball, Thames e Phelps (2008), ao investigarem as demandas para a pratica de ensino 
da Matemática, buscaram identificar os conhecimentos matemáticos a partir do trabalho dos 
professores em sala de aula.A partir das categorias: conhecimento do conteúdo (em inglês: 
content knowledge) e conhecimento pedagógico do conteúdo (em inglês: pedagogical content 
knowledge) de Shulman (1987), estes autores identificaram e definiram domínios de 
conhecimento matemático para o ensino em cada uma dessas categorias. 
Para a categoria de conhecimento do conteúdo, os domínios definidos foram: 
conhecimento comum do conteúdo (em inglês: common content knowledge), que é definida 
como o tipo de conhecimento matemático e a habilidade usada para o professor ensinar, 
porém não é um conhecimento usado exclusivamente para o ensino; conhecimento 
especializado do conteúdo (em inglês: specialized content knowledge), que é o conhecimento 
matemático e uma habilidade voltada para se ensinar e que, possivelmente, não será 
necessário para qualquer outra área de conhecimento. Outro domínio incluído nesta categoria 
foi o que Ball, Thames e Phelps (2008) chamaram de conhecimento horizontal do conteúdo 
(em inglês: horizon content knowledge), quando o professor tem a consciência de que existe 
uma relação entre os conteúdos matemáticos, e também a previsão de conteúdos futuros para 
aprofundamento dos conteúdos que estão sendo trabalhados. 
Na categoria conhecimento pedagógico do conteúdo, os domínios definidos foram: o 
conhecimento do conteúdo e alunos (em inglês: knowledge of content and students), que é o 
domínio que combina o conhecimento sobre os alunos e o conhecimento sobre a Matemática; 
conhecimento do conteúdo e seu ensino (em inglês: knowledge of content and teaching), que é 
o domínio que combina conhecimentos sobre ensino e conhecimentos sobre a 
Matemática.Ball, Thames e Phelps (2008) incluíram a terceira categoria de Shulman, 
conhecimento do conteúdo e currículo (em inglês: knowledge of content and curriculum) 
dentro da categoria conhecimento pedagógico do conteúdo. Este é definido como o domínio 
especial dos materiais e programas que servem como ferramentas de trabalho para o 
professor.
5 
A partir destes domínios, apresentamos exemplos aplicados ao ensino de 
Combinatória. São eles: 
Conhecimento da Combinatória; 
· Conhecimento comum da Combinatória - por exemplo, conhecimento do princípio 
fundamental da contagemna resolução de problemas combinatórios; 
· Conhecimento especializado da Combinatória - por exemplo, conhecimento das 
características dos diferentes tipos de problemas combinatórios: arranjo, combinação, 
permutação e produto cartesiano e como o PFC se aplica a cada tipo; 
· Conhecimento horizontal da Combinatória - por exemplo, conhecimento do nível de 
dificuldade de situações combinatórias e como podem ser abordadas nos diferentes 
níveis de ensino (de desenhos e listagens ao PFC e fórmulas. 
Conhecimento Pedagógico da Combinatória; 
· Conhecimento da Combinatória e aluno – por exemplo, quando o professor reconhece 
as dificuldades dos alunos diante da aplicação do PFC a diferentes situações 
combinatórias; 
· Conhecimento da Combinatória e ensino – por exemplo, identificação de diferentes 
estratégias (desenhos, listagens ... PFC, fórmulas) usadas na resolução de diferentes 
tipos de problemas; 
· Conhecimento da Combinatória e currículo – por exemplo, conhecimento dos 
Parâmetros Curriculares, projetos político-pedagógicos e quadro curriculares e as 
recomendações destes referentes ao PFC. 
OBJETIVOS 
A partir do que foi exposto, temos como objetivo geral investigar o conhecimento 
dos professores sobre como o Princípio Fundamental da Contagem (PFC) pode ser utilizado 
na resolução de problemas combinatórios. 
Como objetivos específicos têm-se: analisar de que modo o professor reconhece o 
PFC como estratégia para a resolução de problemas combinatórios; investigar como o 
professor avalia resoluções de alunos de problemas combinatórios (usando ou não o PFC); e 
sondar se o professor utiliza, ou não, o PFC na construção das fórmulas usadas na 
Combinatória. 
Estes objetivos tentam responder as seguintes questões:
6 
· Que conhecimentos os professores de Matemática mobilizam, durante o ensino, sobre 
como o Princípio Fundamental da Contagem (PFC) pode ser utilizado na resolução 
dos diferentes tipos de problemas combinatórios? 
· Os professores relacionam o PFC com os procedimentos formais da Combinatória e a 
partir dele constroem as fórmulas usadas nos diferentes tipos problemas? 
MÉTODO 
Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com três professores de formação em 
Matemática de escolas públicas (do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e do Ensino Médio), 
que estavam lecionando Matemática nos últimos cinco anos e que tinham no mínimo cinco 
anos de experiência. Estas foram as condições de seleção, por acreditar-se que os participantes 
já teriam uma base formada na prática de ensino. A entrevista foi dividida em três fases com 
objetivos distintos. As respectivas fases estão descritas a seguir. 
A primeira fase da entrevista teve como objetivo identificar a formação inicial e 
continuada, e também a experiência profissional, dos professores. Os questionamentos feitos, 
para conseguir estas informações, foram os seguintes: 
1. Você fez algum curso de pós-graduação? Se sim, qual? 
2. Há quanto tempo leciona? 
3. Leciona em quais redes de ensino? 
4. Há quanto tempo leciona no atual nível de ensino? 
5. Você estudou Combinatória em seu curso de graduação? Se sim, este estudo lhe 
auxilia no seu ensino em sala de aula? 
As fases seguintes foram elaboradas visando identificar os tipos de conhecimentos 
propostos por Ball,Thames e Phelps (2008). 
Na segunda fase foi investigado o conhecimento que os professores têm sobre o 
Princípio Fundamental da Contagem (PFC) como estratégia para resolução de problemas e 
também seus conhecimentos sobre os tipos de problemas combinatórios. Para esta fase foram 
apresentados quatro protocolos2 com justificativas de alunos em resposta a problemas 
combinatórios com foco no PFC. Vale ressaltar que as respostas indicadas pelos alunos 
estavam todas incorretas. Assim, foi possível identificar, de maneira indireta, se os 
2 Protocolos retirados de Pontes e Evangelista (2012) e Assis e Azevedo (2012), pesquisas apresentadas, no 
semestre 2012.2, na disciplina Tópicos em Educação Matemática (do Programa de Pós-Graduação em Educação 
Matemática e Tecnológica - EDUMATEC, UFPE.
7 
professores sabem diferenciar os tipos de problemas combinatórios e, também, seus 
conhecimentos sobre o PFC. Os protocolos usados nesta fase do estudo piloto são 
apresentados nas Figuras 01, 02, 03 e 04. 
Figura 01 - Exemplo de justificativa incorreta quanto ao uso do PFC na resolução de um problema de arranjo. 
Fonte: Pontes e Evangelista (2012). 
Figura 02 - Exemplo de justificativa incorreta quanto ao uso do PFC na resolução de um problema de arranjo. 
Fonte:Azevedo e Assis(2012). 
Figura 03 - Exemplo de justificativa incorreta quanto ao uso do PFC na resolução de um problema de 
permutação.
8 
Fonte: Azevedo e Assis (2012). 
Figura 04 - Exemplo de justificativa incorreta quanto ao uso do PFC na resolução de um problema de 
combinação. 
Fonte: Pontes e Evangelista (2012). 
Esta fase da entrevista foi dividida em dois momentos. No primeiro deles, os 
problemas foram apresentados individualmente e eram feitos alguns questionamentos aos 
professores. As perguntas eram as seguintes: 
1. Que tipo de problema é este? 
2. Este tipo de problema pode ser trabalhado a partir de que ano? 
Na primeira questão pretendemos investigar o conhecimento especializado do 
conteúdo, que é o tipo de conhecimento exclusivo para o ensino. A segunda objetivava o 
conhecimento do conteúdo e currículo, que é o domínio dos materiais e programas de ensino 
que servem como ferramentas para o trabalho do professor.
9 
No segundo momento os problemas eram distribuídos lado a lado e feitos os 
seguintes questionamentos: 
1. Em qual bloco de conteúdos estes problemas estão inseridos? 
2. No que estes problemas se assemelham e no que se diferenciam? 
3. Os estudantes estão corretos em suas respostas e justificativas? 
§ Se correto, por quê? 
§ Se incorreto, qual das alternativas é mais adequada para este tipo de 
problema? 
§ Se incorreto, qual a dificuldade você acha que o aluno apresentou na 
compreensão deste problema? 
4. Como você auxiliaria o aluno a compreender este problema? 
A primeira questão tinha como objetivo investigar o conhecimento do conteúdo e 
currículo; a segunda questão objetivava verificar o conhecimento especializado do conteúdo; 
na terceira questão foi investigado o conhecimento do conteúdo e alunos, que é o domínio que 
combina o conhecimento do aluno e do conteúdo matemático; a quarta, e última questão desta 
fase, foi sondado o conhecimento do conteúdo e ensino, que é o domínio que combina 
conhecimentos sobre o ensino e sobre a Matemática. 
Na terceira e última fase deste estudo piloto foi feita uma investigação sobre os 
procedimentos formais da Combinatória e sua relação com o PFC. Nesta fase foram 
apresentados problemas combinatórios retirados da tese de Pessoa (2009) e do trabalho de 
Assis e Azevedo (2012), sem a indicação do tipo de problema, seguidos pela fórmula 
matemática de cada tipo de problema e pela resolução do aluno utilizando como estratégia o 
PFC de maneira correta. Seguem os problemas utilizados. 
Problema 01 - Produto Cartesiano 
Para a festa de São João da escola, tem 3 meninos (Pedro, Gabriel e João) e 4 meninas (Maria, 
Luiza, Clara e Beatriz) que querem dançar quadrilha. Se todos os meninos dançarem com 
todas as meninas, quantos pares diferentes poderão ser formados? 
Exemplo de fórmula Matemática. Exemplo de Estratégia usando o PFC. 
Fonte: Pessoa (2009).
10 
Problema 02 - Arranjo 
As semifinais da Copa do Mundo serão disputadas pelas seguintes seleções: Brasil, França, 
Alemanha e Argentina. De quantas maneiras diferentes podemos ter os três primeiros 
colocados? 
Exemplo de fórmula Matemática. Exemplo de Estratégia usando o PFC. 
Fonte: Pessoa (2009). 
Problema 03 - Permutação 
Na prateleira do meu quarto, desejo colocar fotos dos meus 5 artistas favoritos. Sabendo que 
posso organizaras fotos de diferentes maneiras, uma ao lado da outra, qual alternativa abaixo 
indica a operação necessáriapara obter o total de possibilidades? 
Exemplo de Estratégia usando o PFC. 
Fonte Assis e Azevedo (2012). 
Exemplo de fórmula Matemática. 
Problemas 04 - Combinação 
Na seleção brasileira de Basquete, o técnico convocou 12 atletas. Sabendo que poderão ser 
formadosdiferentes grupos com 5 desses jogadores que irão compor a equipe titular, qual 
alternativa abaixo indica aoperação necessária para obter o total de possibilidades? 
Exemplo de fórmula Matemática. Exemplo de Estratégia usando o PFC. 
Fonte Assis e Azevedo (2012)
11 
Num primeiro momento dessa fase da entrevista, os problemas, com suas respectivas 
estratégias, foram apresentados individualmente seguidos do questionamento: 
Existe alguma relação entre as soluções matemáticas e as resoluções dos alunos? Se sim, 
qual? 
Com essa questão procuramos identificar o conhecimento horizontal do conteúdo 
que se trata do professor ter consciência da relação entre os conteúdos matemáticos e uma 
previsão de como os conteúdos serão tratados futuramente com o avançar dos anos de 
escolarização. Aqui o professor terá que apontar se existe relação entre a fórmula Matemática 
e o uso do PFC como estratégia de resolução. 
No segundo momento dessa fase, os problemas foram agrupados lado a lado e feitos 
outros questionamentos ao professor. 
1. Qual a estratégia utilizada por estes alunos? 
2. Ela se aplica a todos os tipos de problemas combinatórios? 
3. Como esta estratégia se relaciona com as fórmulas? 
4. Como se poderiam construir junto com os alunos as fórmulas da Combinatória? 
Os tipos de conhecimento que objetivamos neste momento são respectivamente: 
conhecimento do conteúdo e aluno; conhecimento especializado do conteúdo; conhecimento 
horizontal do conteúdo; e conhecimento do conteúdo e ensino. 
Os resultados preliminares deste estudo serão apresentados na próxima seção. 
Deseja-se, a partir do proposto, colaborar para o levantamento de conhecimentos 
docentes e práticas de ensino, em particular da Combinatória, e, assim, trazer contribuições 
para o ensino de Matemática na Educação Básica. De modo mais específico, deseja-se trazer 
contribuições referentes ao papel do Princípio Fundamental da Contagem como eficiente 
estratégia de ensino da Combinatória, por possibilitar a resolução de diferentes tipos de 
problemas combinatórios. 
RESULTADOS PRELIMINARES 
Mostra-se aqui resultados preliminares da entrevista feita com um dos professores 
entrevistados, ao qual chamaremos de P1. Procurou-se intercalar algumas resposta obtidas 
com os tipos de conhecimento propostos por Ball, Thames e Phelps (2008). O Professor P1 
possui licenciatura em Matemática, atua a sete anos em turmas do Ensino Fundamental e 
Médio.
12 
Sobre os tipos de conhecimento identificados durante a entrevista, quanto ao 
conhecimento especializado do conteúdo e conhecimento do conteúdo e aluno, oProfessor P1, 
de modo geral, consegue reconhecer e diferenciar os tipos de problemas combinatórios e 
perceber a aplicação do PFC através das respostas dos alunos, como apresentado no Quadro 
02. Neste quadro, 0 (zero) representa resposta incorreta ou incompleta do professor e 1 (um) 
representa resposta correta. 
Quadro 02 - Reconhecimento e diferenciação dos tipos de problemas combinatórios através de respostas de 
alunos 
PC Ar Per Com 
Termo 
Aplicação 
do PFC 
Termo 
Aplicação 
do PFC 
Termo 
Aplicação 
do PFC 
Termo 
Aplicação 
do PFC 
P 
1 
1* 1 1 0 0** 1 1 1 
* Diz que é um problema de Contagem; 
**Diz que é um problema de Princípio Fundamental da Contagem. 
Como observado, apenas nos problemas do tipo produto cartesiano o Professor P1 o 
nomeia como sendo um problema de contagem. Acreditamos que isso se deva ao fato dos 
livros didáticos não classificarem este tipo de problema como sendo do tipo produto 
cartesiano. 
Sobre o conhecimento do conteúdo e aluno, o professor P1, de modo geral, consegue 
identificar as dificuldades que os alunos apresentam na resolução dos problemas. Uma 
dificuldade citada peloProfessor P1é a de que os alunos não compreenderam os conceitos 
envolvidos nos problemas apresentados. 
Quanto ao conhecimento do conteúdo e ensino, o Professor P1 sugere, o uso do 
Princípio Fundamental da Contagem como forma de ajudar os estudantes com dificuldade na 
aprendizagem de problemas combinatórios e que este ensino seja feito de forma gradual, com 
problemas envolvendo grandezas e etapas menores para depois fazer uma generalização. Em 
relação à construção das fórmulas, o professor P1 afirma que usa exemplos simples para 
resolver problemas de arranjo e permutação, por exemplo, e que a partir desses exemplos faz 
a dedução das fórmulas utilizadas no ensino de Combinatória, mas quando questionando 
sobre de que maneira isso é feito o Professor P1 não consegue explicar como se dá este 
processo.
13 
Com relação ao conhecimento do conteúdo e currículo, o Professores P1 aponta que 
todos os tipos de problemas apresentados podem ser trabalhados desde os anos finais do 
Ensino Fundamental. Porém, disse que se estes problemas não forem trabalhados durante o 
Ensino Fundamental, podem ser trabalhados, sem prejuízo para os alunos, apenas no Ensino 
Médio. O Professor p1 não soube classificar este grupo de problemas dentro do bloco de 
conteúdos tratamento da informação conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais 
(BRASIL, 1997; 1998) e no bloco análise de dados de acordo com as Orientações 
Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio 
(BRASIL, 2002). Percebe-se, aqui, uma falta de conhecimento sobre documentos curriculares 
que orientam os professores e os documentos que regularizam o ensino de Matemática nas 
escolas. 
Sobre o conhecimento horizontal do conteúdo, o Professor P1 disse não haver 
relação entre as duas estratégias de resolução, afirmando que o aluno conhecia o tipo de 
problema apresentado e aplicou a fórmula para se chegar ao resultado. 
CONCLUSÕES 
Diante das análises apresentadas, percebe-se que o professor tem conhecimento dos 
tipos de problemas apresentados e também consegue apontar dúvidas que os alunos tiveram e 
até mesmo possíveis soluções. 
Apesar de sugerir o uso do Princípio Fundamental da Contagem como uma forma de 
ajudar os alunos na superação de dificuldades, não fica claro que ele o considera como uma 
estratégia válida para a resolução de todos os tipos de problemas combinatórios. 
De modo geral, o professor não considera os problemas combinatórios importantes 
durante o Ensino Fundamental, apesar de reconhecer que estes tipos de problemas podem ser 
trabalhados desde o Ensino Fundamental, afirma que os estudantes não seriam prejudicados se 
sua inserção ocorresse apenas durante o Ensino Médio. 
Faz-se necessário uma análise mais detalhada da entrevista deste professor à luz dos 
conhecimentos propostos por Ball, Thames e Phelps (2008) para que se encontre, se possível, 
mais elementos que nos mostrem quais conhecimentos sobre o PFC este professor mobiliza 
para justificar suas respostas.
14 
REFERÊNCIAS 
ASSIS,Adryanne; AZEVEDO, Juliana. Princípio fundamental da contagem: alunos do 
curso de graduação em Pedagogia resolvendo problemas combinatórios.UFPE, 2012. 
Trabalho não publicado. 
BALL, Deborah; THAMES, Mark; PHELPS, Geoffrey. Content Knowledge for Teaching: 
What Makes It Special? Journal of Teacher Education, v.59, n.5, p. 389-407, 2008. 
BORBA, Rute. O raciocínio combinatório na Educação Básica. In: ENCONTRO 
NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA.ENEM, 10., 2010. Anais...Salvador, 2010. 
BORBA, Rute; BRAZ, Flávia. O que é necessário para compreender problemas 
combinatórios condicionais? In:SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM 
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA.SIPEMAT, 3., 2012. Anais...Fortaleza, 2012. 
BRASIL. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, Secretaria de Educação Básica. 
Guia de livros didáticos: PNLD 2012 para o Ensino Médio: Matemática. Brasília: Ministério 
da Educação, 2011. 
______. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. PCN+ Ensino Médio: Orientações 
Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Ciências da Natureza, 
matemática e suas tecnologias. Brasília: MEC; SEMTEC, 2002. 
______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN): 
Matemática. Ensino de primeira à quarta séria. Brasília: MEC, 1997. 
______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) 
5ª a 8ª séries: Matemática. Brasília: MEC/SEF, 1998. 
CUNHA, Maria de Jesus. Raciocínio combinatório: compreensão dos professores dos anos 
finais do Ensino Fundamental. UFPE, 2012. Trabalho não publicado. 
LIMA, Elon; CARVALHO, Paulo; WAGNER, Eduardo; MORGADO, Augusto. Temas e 
problemas elementares. 12. ed. Rio de Janeiro:Sociedade Brasileira de Educação 
Matemática, 2006. 
PERNAMBUCO. Secretária de Educação. Parâmetros para a Educação Básica do Estado 
de Pernambuco. Recife: SE, 2012. 
PESSOA, Cristiane; BORBA, Rute. Quem dança com quem: o desenvolvimento do 
raciocínio combinatório de crianças de 1ª a 4ª série.Zetetiké,Campinas, v. 17, n. 31, jan./jun. 
2009. 
PONTES, Danielle; EVANGELISTA, Maria Betânia. Princípio fundamental da contagem: 
a compreensão de estudantes do 3º ano do Ensino Médio sobre os problemas de 
Combinatória.Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, 2012. Trabalho não publicado.
15 
ROCHA, Cristiane; RODRIGUES, Ademilson. Princípio fundamental da contagem e a 
compreensão de problemas combinatórios:olhares de professores do Ensino Médio. UFPE, 
2012.Trabalhonãopublicado. 
SHULMAN, Lee. Knowledge and teaching: foundations of the New Reform.Harvard 
Educational Review. v. 57, n.1,feb.1987.

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Conhecimento de professores sobre o PFC em combinatória

  • 1. 1 GT 19 – Educação Matemática CONHECIMENTOS DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA SOBRE O USO DO PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CONTAGEM EM SITUAÇÕES COMBINATÓRIAS1 Ana Paula Barbosa de Lima (UFPE) INTRODUÇÃO O ensino dos conteúdos da Análise Combinatória são recomendados desde os anos iniciais do Ensino Fundamental pelos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN (BRASIL, 1997) e, a partir de então, é sugerido um ensino gradual no qual estes conteúdos serão tratados de uma forma mais construtiva até a formalização de seus conceitos no Ensino Médio.Para os anos finais do Ensino Fundamental, os PCN (BRASIL, 1998), recomendam que os problemas combinatórios devem ser apresentados com números maiores do que os apresentados nos anos iniciais, dessa maneira, acredita-se que os estudantes irão perceber o princípio multiplicativo que está implícito nas questões apresentadas. As Orientações Educacionais Complementares aos PCN do Ensino Médio (BRASIL, 2002) e o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), para o Ensino Médio, (BRASIL, 2011), recomendam um ensino que não foque apenas no uso da fórmula para resolução destes problemas e que elas sejam consequência do raciocínio desenvolvido pelos alunos e tenham a função de simplificar cálculos quando os dados apresentados forem demasiadamente grandes. 1 Trata-se de um estudo de Mestrado, em andamento, sob a orientação da Profa. Dra. Rute Elizabete de Souza Rosa Borba - UFPE.
  • 2. 2 Sobre o desenvolvimento deste raciocínio, Borba (2010) recomenda que os professores aproveitem as estratégias espontâneas desenvolvidas pelos estudantes - como desenhos, diagramas, listagens e operações aritméticas - e, gradativamente, sejam desenvolvidos os procedimentos formais para a resolução destes problemas. Dessa forma, acredita-se que um trabalho envolvendo o PFC como estratégia de ensino para problemas combinatórios seja um processo válido e que a partir dele O PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CONTAGEM O Princípio Fundamental da Contagem (PFC), ou princípio multiplicativo, é enunciado, segundo Lima (2006), como, “Se uma decisão D1 pode ser tomada de p modos e, qualquer que seja esta escolha, a decisão D2 pode ser tomada de q modos, então o número de maneiras de se tomarem consecutivamente as decisões D1 e D2 é igual a pq”. O princípio pode ser ampliado para outras decisões, como D3, D4, D5 e assim por diante. OPrincípio Fundamental da Contagem (PFC), pode ser aplicado a distintas situações combinatórias – como produtos cartesianos, arranjos, combinações e permutações e pode servir de base para a construção de procedimentos formais da Análise Combinatória, pois, como afirmam Pessoa e Borba (2009), o PFC é entendido como um princípio implícito na resolução de todos os tipos de problemas combinatórios. No exemplo, a seguir, apresentamos um problema de combinação, no qual é possível observar a aplicação do PFC em sua resolução. Se um técnico fosse escolher, dentre 12 atletas, cinco para comporem a equipe titular de um time de basquete, usando o PFC se teria: para a escolha do primeiro componente 12 possibilidades de escolha, ou seja, qualquer um dos 12 atletas; para a escolha do segundo componente haveria 11 possibilidades de escolha, já que um atleta já foi escolhido; 10 possibilidades para a escolha do terceiro atleta; 9 possibilidades para a escolha do quarto atleta e 8 possibilidades para a escolha do quinto e último componente da equipe. Nesse caso, além dessa aplicação do PFC, seria necessário aplicá-lo outra vez, dividindo o resultado obtido pelo produto 12 x 11 x 10 x 9 x 8 pela permutação dos cinco elementos escolhidos entre si, pois um time composto por André, Beto, Carlos, Daniel e Ênio, por exemplo, é idêntico ao time composto por Beto, Carlos, Daniel, Ênio e André. A permutação dos cinco elementos, semelhantemente ao exemplo anterior, poderia ser obtido pelo produto 5 x 4 x 3 x 2 x 1, e o resultado final seria dado por: ଵଶ × ଵଵ × ଵ଴ × ଽ × ଼ ହ × ସ × ଷ × ଶ × ଵ .
  • 3. 3 Borba e Braz (2012) estudaram problemas combinatórios condicionais e observaram que o PFC é uma estratégia válida para as situações propostas. O uso direto de fórmulas nem sempre é útil quando o problema apresenta condições de escolha (implícita ou explícita), de ordenação, de posicionamento e/ou de proximidade de elementos.No Quadro 01, apresentamos exemplos de problemas combinatórios e como os mesmos podem ser resolvidos com a aplicação do PFC. Quadro 01 - Representação de situações combinatórias através do PFC. TIPO PROBLEMAS REPRESENTAÇÃO USANDO O PFC PC Joaquim foi à livraria comprar seu material escolar. Para montar seu kit a livraria lhe ofereceu: 3 modelos de caderno, 4 modelos de lápis, 8 modelos de borracha e 2 modelos de caneta azul. De quantas formas diferentes Joaquim pode montar seu kit? 3 x 4 x 8 x 2 caderno x lápis x borracha x caneta AR Na final do campeonato de judô, 5 meninas estão disputando os 3 primeiros lugares do torneio. De quantas formas diferentes podemos ter os três primeiros colocados? 5 x 4 x 3 1º lugar x 2º lugar x 3º lugar PER De quantos modos distintos 5 pessoas podem se posicionar em um banco de 5 lugares? 5 x 4 x 3 x 2 x 1 1º lugar x 2º x 3º x 4º x 5º COM Um técnico tem que escolher, dentre 12 atletas, 5 para compor a equipe titular de um time de basquete. Qual o total de possibilidades que o técnico tem para montar sua equipe? 1º atleta x 2º x 3º x 4º x 5º Permutação de 5 AR - C Ana, Julia, Marcos, Pedro e Laís estão participando de uma corrida. De quantos modos diferentes podemos ter os 3 primeiros colocados se Julia sempre chegar em primeiro lugar? 1 x 4 x 3 1º lugar x 2º lugar x 3º lugar COM - C Marta precisa escolher entre seus 8 amigos (Tiago, Simone, Daniele, Jéssica, Pedro, Amanda, Rafael e Felipe), 4 para ir ao cinema com ela. De quantas formas diferentes Marta pode escolher esses três amigos desde que Jéssica sempre esteja entre os escolhidos? 1º amigo x 2º x 3º x 4º Permutação de 4 PC = Produto Cartesiano; AR = Arranjo; PER = Permutação; COM = Combinação; AR – C = Arranjo Condicional; COM – C = Combinação Condicional.
  • 4. 4 É preciso, entretanto, que professores tenham conhecimento de como o PFC pode ser utilizado para a resolução de distintas situações combinatórias e como este princípio é base das fórmulas. TIPOS DE CONHECIMENTOS DOCENTES SEGUNDO BALL, THAMES E PHELPS (2008) Ball, Thames e Phelps (2008), ao investigarem as demandas para a pratica de ensino da Matemática, buscaram identificar os conhecimentos matemáticos a partir do trabalho dos professores em sala de aula.A partir das categorias: conhecimento do conteúdo (em inglês: content knowledge) e conhecimento pedagógico do conteúdo (em inglês: pedagogical content knowledge) de Shulman (1987), estes autores identificaram e definiram domínios de conhecimento matemático para o ensino em cada uma dessas categorias. Para a categoria de conhecimento do conteúdo, os domínios definidos foram: conhecimento comum do conteúdo (em inglês: common content knowledge), que é definida como o tipo de conhecimento matemático e a habilidade usada para o professor ensinar, porém não é um conhecimento usado exclusivamente para o ensino; conhecimento especializado do conteúdo (em inglês: specialized content knowledge), que é o conhecimento matemático e uma habilidade voltada para se ensinar e que, possivelmente, não será necessário para qualquer outra área de conhecimento. Outro domínio incluído nesta categoria foi o que Ball, Thames e Phelps (2008) chamaram de conhecimento horizontal do conteúdo (em inglês: horizon content knowledge), quando o professor tem a consciência de que existe uma relação entre os conteúdos matemáticos, e também a previsão de conteúdos futuros para aprofundamento dos conteúdos que estão sendo trabalhados. Na categoria conhecimento pedagógico do conteúdo, os domínios definidos foram: o conhecimento do conteúdo e alunos (em inglês: knowledge of content and students), que é o domínio que combina o conhecimento sobre os alunos e o conhecimento sobre a Matemática; conhecimento do conteúdo e seu ensino (em inglês: knowledge of content and teaching), que é o domínio que combina conhecimentos sobre ensino e conhecimentos sobre a Matemática.Ball, Thames e Phelps (2008) incluíram a terceira categoria de Shulman, conhecimento do conteúdo e currículo (em inglês: knowledge of content and curriculum) dentro da categoria conhecimento pedagógico do conteúdo. Este é definido como o domínio especial dos materiais e programas que servem como ferramentas de trabalho para o professor.
  • 5. 5 A partir destes domínios, apresentamos exemplos aplicados ao ensino de Combinatória. São eles: Conhecimento da Combinatória; · Conhecimento comum da Combinatória - por exemplo, conhecimento do princípio fundamental da contagemna resolução de problemas combinatórios; · Conhecimento especializado da Combinatória - por exemplo, conhecimento das características dos diferentes tipos de problemas combinatórios: arranjo, combinação, permutação e produto cartesiano e como o PFC se aplica a cada tipo; · Conhecimento horizontal da Combinatória - por exemplo, conhecimento do nível de dificuldade de situações combinatórias e como podem ser abordadas nos diferentes níveis de ensino (de desenhos e listagens ao PFC e fórmulas. Conhecimento Pedagógico da Combinatória; · Conhecimento da Combinatória e aluno – por exemplo, quando o professor reconhece as dificuldades dos alunos diante da aplicação do PFC a diferentes situações combinatórias; · Conhecimento da Combinatória e ensino – por exemplo, identificação de diferentes estratégias (desenhos, listagens ... PFC, fórmulas) usadas na resolução de diferentes tipos de problemas; · Conhecimento da Combinatória e currículo – por exemplo, conhecimento dos Parâmetros Curriculares, projetos político-pedagógicos e quadro curriculares e as recomendações destes referentes ao PFC. OBJETIVOS A partir do que foi exposto, temos como objetivo geral investigar o conhecimento dos professores sobre como o Princípio Fundamental da Contagem (PFC) pode ser utilizado na resolução de problemas combinatórios. Como objetivos específicos têm-se: analisar de que modo o professor reconhece o PFC como estratégia para a resolução de problemas combinatórios; investigar como o professor avalia resoluções de alunos de problemas combinatórios (usando ou não o PFC); e sondar se o professor utiliza, ou não, o PFC na construção das fórmulas usadas na Combinatória. Estes objetivos tentam responder as seguintes questões:
  • 6. 6 · Que conhecimentos os professores de Matemática mobilizam, durante o ensino, sobre como o Princípio Fundamental da Contagem (PFC) pode ser utilizado na resolução dos diferentes tipos de problemas combinatórios? · Os professores relacionam o PFC com os procedimentos formais da Combinatória e a partir dele constroem as fórmulas usadas nos diferentes tipos problemas? MÉTODO Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com três professores de formação em Matemática de escolas públicas (do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e do Ensino Médio), que estavam lecionando Matemática nos últimos cinco anos e que tinham no mínimo cinco anos de experiência. Estas foram as condições de seleção, por acreditar-se que os participantes já teriam uma base formada na prática de ensino. A entrevista foi dividida em três fases com objetivos distintos. As respectivas fases estão descritas a seguir. A primeira fase da entrevista teve como objetivo identificar a formação inicial e continuada, e também a experiência profissional, dos professores. Os questionamentos feitos, para conseguir estas informações, foram os seguintes: 1. Você fez algum curso de pós-graduação? Se sim, qual? 2. Há quanto tempo leciona? 3. Leciona em quais redes de ensino? 4. Há quanto tempo leciona no atual nível de ensino? 5. Você estudou Combinatória em seu curso de graduação? Se sim, este estudo lhe auxilia no seu ensino em sala de aula? As fases seguintes foram elaboradas visando identificar os tipos de conhecimentos propostos por Ball,Thames e Phelps (2008). Na segunda fase foi investigado o conhecimento que os professores têm sobre o Princípio Fundamental da Contagem (PFC) como estratégia para resolução de problemas e também seus conhecimentos sobre os tipos de problemas combinatórios. Para esta fase foram apresentados quatro protocolos2 com justificativas de alunos em resposta a problemas combinatórios com foco no PFC. Vale ressaltar que as respostas indicadas pelos alunos estavam todas incorretas. Assim, foi possível identificar, de maneira indireta, se os 2 Protocolos retirados de Pontes e Evangelista (2012) e Assis e Azevedo (2012), pesquisas apresentadas, no semestre 2012.2, na disciplina Tópicos em Educação Matemática (do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica - EDUMATEC, UFPE.
  • 7. 7 professores sabem diferenciar os tipos de problemas combinatórios e, também, seus conhecimentos sobre o PFC. Os protocolos usados nesta fase do estudo piloto são apresentados nas Figuras 01, 02, 03 e 04. Figura 01 - Exemplo de justificativa incorreta quanto ao uso do PFC na resolução de um problema de arranjo. Fonte: Pontes e Evangelista (2012). Figura 02 - Exemplo de justificativa incorreta quanto ao uso do PFC na resolução de um problema de arranjo. Fonte:Azevedo e Assis(2012). Figura 03 - Exemplo de justificativa incorreta quanto ao uso do PFC na resolução de um problema de permutação.
  • 8. 8 Fonte: Azevedo e Assis (2012). Figura 04 - Exemplo de justificativa incorreta quanto ao uso do PFC na resolução de um problema de combinação. Fonte: Pontes e Evangelista (2012). Esta fase da entrevista foi dividida em dois momentos. No primeiro deles, os problemas foram apresentados individualmente e eram feitos alguns questionamentos aos professores. As perguntas eram as seguintes: 1. Que tipo de problema é este? 2. Este tipo de problema pode ser trabalhado a partir de que ano? Na primeira questão pretendemos investigar o conhecimento especializado do conteúdo, que é o tipo de conhecimento exclusivo para o ensino. A segunda objetivava o conhecimento do conteúdo e currículo, que é o domínio dos materiais e programas de ensino que servem como ferramentas para o trabalho do professor.
  • 9. 9 No segundo momento os problemas eram distribuídos lado a lado e feitos os seguintes questionamentos: 1. Em qual bloco de conteúdos estes problemas estão inseridos? 2. No que estes problemas se assemelham e no que se diferenciam? 3. Os estudantes estão corretos em suas respostas e justificativas? § Se correto, por quê? § Se incorreto, qual das alternativas é mais adequada para este tipo de problema? § Se incorreto, qual a dificuldade você acha que o aluno apresentou na compreensão deste problema? 4. Como você auxiliaria o aluno a compreender este problema? A primeira questão tinha como objetivo investigar o conhecimento do conteúdo e currículo; a segunda questão objetivava verificar o conhecimento especializado do conteúdo; na terceira questão foi investigado o conhecimento do conteúdo e alunos, que é o domínio que combina o conhecimento do aluno e do conteúdo matemático; a quarta, e última questão desta fase, foi sondado o conhecimento do conteúdo e ensino, que é o domínio que combina conhecimentos sobre o ensino e sobre a Matemática. Na terceira e última fase deste estudo piloto foi feita uma investigação sobre os procedimentos formais da Combinatória e sua relação com o PFC. Nesta fase foram apresentados problemas combinatórios retirados da tese de Pessoa (2009) e do trabalho de Assis e Azevedo (2012), sem a indicação do tipo de problema, seguidos pela fórmula matemática de cada tipo de problema e pela resolução do aluno utilizando como estratégia o PFC de maneira correta. Seguem os problemas utilizados. Problema 01 - Produto Cartesiano Para a festa de São João da escola, tem 3 meninos (Pedro, Gabriel e João) e 4 meninas (Maria, Luiza, Clara e Beatriz) que querem dançar quadrilha. Se todos os meninos dançarem com todas as meninas, quantos pares diferentes poderão ser formados? Exemplo de fórmula Matemática. Exemplo de Estratégia usando o PFC. Fonte: Pessoa (2009).
  • 10. 10 Problema 02 - Arranjo As semifinais da Copa do Mundo serão disputadas pelas seguintes seleções: Brasil, França, Alemanha e Argentina. De quantas maneiras diferentes podemos ter os três primeiros colocados? Exemplo de fórmula Matemática. Exemplo de Estratégia usando o PFC. Fonte: Pessoa (2009). Problema 03 - Permutação Na prateleira do meu quarto, desejo colocar fotos dos meus 5 artistas favoritos. Sabendo que posso organizaras fotos de diferentes maneiras, uma ao lado da outra, qual alternativa abaixo indica a operação necessáriapara obter o total de possibilidades? Exemplo de Estratégia usando o PFC. Fonte Assis e Azevedo (2012). Exemplo de fórmula Matemática. Problemas 04 - Combinação Na seleção brasileira de Basquete, o técnico convocou 12 atletas. Sabendo que poderão ser formadosdiferentes grupos com 5 desses jogadores que irão compor a equipe titular, qual alternativa abaixo indica aoperação necessária para obter o total de possibilidades? Exemplo de fórmula Matemática. Exemplo de Estratégia usando o PFC. Fonte Assis e Azevedo (2012)
  • 11. 11 Num primeiro momento dessa fase da entrevista, os problemas, com suas respectivas estratégias, foram apresentados individualmente seguidos do questionamento: Existe alguma relação entre as soluções matemáticas e as resoluções dos alunos? Se sim, qual? Com essa questão procuramos identificar o conhecimento horizontal do conteúdo que se trata do professor ter consciência da relação entre os conteúdos matemáticos e uma previsão de como os conteúdos serão tratados futuramente com o avançar dos anos de escolarização. Aqui o professor terá que apontar se existe relação entre a fórmula Matemática e o uso do PFC como estratégia de resolução. No segundo momento dessa fase, os problemas foram agrupados lado a lado e feitos outros questionamentos ao professor. 1. Qual a estratégia utilizada por estes alunos? 2. Ela se aplica a todos os tipos de problemas combinatórios? 3. Como esta estratégia se relaciona com as fórmulas? 4. Como se poderiam construir junto com os alunos as fórmulas da Combinatória? Os tipos de conhecimento que objetivamos neste momento são respectivamente: conhecimento do conteúdo e aluno; conhecimento especializado do conteúdo; conhecimento horizontal do conteúdo; e conhecimento do conteúdo e ensino. Os resultados preliminares deste estudo serão apresentados na próxima seção. Deseja-se, a partir do proposto, colaborar para o levantamento de conhecimentos docentes e práticas de ensino, em particular da Combinatória, e, assim, trazer contribuições para o ensino de Matemática na Educação Básica. De modo mais específico, deseja-se trazer contribuições referentes ao papel do Princípio Fundamental da Contagem como eficiente estratégia de ensino da Combinatória, por possibilitar a resolução de diferentes tipos de problemas combinatórios. RESULTADOS PRELIMINARES Mostra-se aqui resultados preliminares da entrevista feita com um dos professores entrevistados, ao qual chamaremos de P1. Procurou-se intercalar algumas resposta obtidas com os tipos de conhecimento propostos por Ball, Thames e Phelps (2008). O Professor P1 possui licenciatura em Matemática, atua a sete anos em turmas do Ensino Fundamental e Médio.
  • 12. 12 Sobre os tipos de conhecimento identificados durante a entrevista, quanto ao conhecimento especializado do conteúdo e conhecimento do conteúdo e aluno, oProfessor P1, de modo geral, consegue reconhecer e diferenciar os tipos de problemas combinatórios e perceber a aplicação do PFC através das respostas dos alunos, como apresentado no Quadro 02. Neste quadro, 0 (zero) representa resposta incorreta ou incompleta do professor e 1 (um) representa resposta correta. Quadro 02 - Reconhecimento e diferenciação dos tipos de problemas combinatórios através de respostas de alunos PC Ar Per Com Termo Aplicação do PFC Termo Aplicação do PFC Termo Aplicação do PFC Termo Aplicação do PFC P 1 1* 1 1 0 0** 1 1 1 * Diz que é um problema de Contagem; **Diz que é um problema de Princípio Fundamental da Contagem. Como observado, apenas nos problemas do tipo produto cartesiano o Professor P1 o nomeia como sendo um problema de contagem. Acreditamos que isso se deva ao fato dos livros didáticos não classificarem este tipo de problema como sendo do tipo produto cartesiano. Sobre o conhecimento do conteúdo e aluno, o professor P1, de modo geral, consegue identificar as dificuldades que os alunos apresentam na resolução dos problemas. Uma dificuldade citada peloProfessor P1é a de que os alunos não compreenderam os conceitos envolvidos nos problemas apresentados. Quanto ao conhecimento do conteúdo e ensino, o Professor P1 sugere, o uso do Princípio Fundamental da Contagem como forma de ajudar os estudantes com dificuldade na aprendizagem de problemas combinatórios e que este ensino seja feito de forma gradual, com problemas envolvendo grandezas e etapas menores para depois fazer uma generalização. Em relação à construção das fórmulas, o professor P1 afirma que usa exemplos simples para resolver problemas de arranjo e permutação, por exemplo, e que a partir desses exemplos faz a dedução das fórmulas utilizadas no ensino de Combinatória, mas quando questionando sobre de que maneira isso é feito o Professor P1 não consegue explicar como se dá este processo.
  • 13. 13 Com relação ao conhecimento do conteúdo e currículo, o Professores P1 aponta que todos os tipos de problemas apresentados podem ser trabalhados desde os anos finais do Ensino Fundamental. Porém, disse que se estes problemas não forem trabalhados durante o Ensino Fundamental, podem ser trabalhados, sem prejuízo para os alunos, apenas no Ensino Médio. O Professor p1 não soube classificar este grupo de problemas dentro do bloco de conteúdos tratamento da informação conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997; 1998) e no bloco análise de dados de acordo com as Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (BRASIL, 2002). Percebe-se, aqui, uma falta de conhecimento sobre documentos curriculares que orientam os professores e os documentos que regularizam o ensino de Matemática nas escolas. Sobre o conhecimento horizontal do conteúdo, o Professor P1 disse não haver relação entre as duas estratégias de resolução, afirmando que o aluno conhecia o tipo de problema apresentado e aplicou a fórmula para se chegar ao resultado. CONCLUSÕES Diante das análises apresentadas, percebe-se que o professor tem conhecimento dos tipos de problemas apresentados e também consegue apontar dúvidas que os alunos tiveram e até mesmo possíveis soluções. Apesar de sugerir o uso do Princípio Fundamental da Contagem como uma forma de ajudar os alunos na superação de dificuldades, não fica claro que ele o considera como uma estratégia válida para a resolução de todos os tipos de problemas combinatórios. De modo geral, o professor não considera os problemas combinatórios importantes durante o Ensino Fundamental, apesar de reconhecer que estes tipos de problemas podem ser trabalhados desde o Ensino Fundamental, afirma que os estudantes não seriam prejudicados se sua inserção ocorresse apenas durante o Ensino Médio. Faz-se necessário uma análise mais detalhada da entrevista deste professor à luz dos conhecimentos propostos por Ball, Thames e Phelps (2008) para que se encontre, se possível, mais elementos que nos mostrem quais conhecimentos sobre o PFC este professor mobiliza para justificar suas respostas.
  • 14. 14 REFERÊNCIAS ASSIS,Adryanne; AZEVEDO, Juliana. Princípio fundamental da contagem: alunos do curso de graduação em Pedagogia resolvendo problemas combinatórios.UFPE, 2012. Trabalho não publicado. BALL, Deborah; THAMES, Mark; PHELPS, Geoffrey. Content Knowledge for Teaching: What Makes It Special? Journal of Teacher Education, v.59, n.5, p. 389-407, 2008. BORBA, Rute. O raciocínio combinatório na Educação Básica. In: ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA.ENEM, 10., 2010. Anais...Salvador, 2010. BORBA, Rute; BRAZ, Flávia. O que é necessário para compreender problemas combinatórios condicionais? In:SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA.SIPEMAT, 3., 2012. Anais...Fortaleza, 2012. BRASIL. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, Secretaria de Educação Básica. Guia de livros didáticos: PNLD 2012 para o Ensino Médio: Matemática. Brasília: Ministério da Educação, 2011. ______. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. PCN+ Ensino Médio: Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Ciências da Natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília: MEC; SEMTEC, 2002. ______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN): Matemática. Ensino de primeira à quarta séria. Brasília: MEC, 1997. ______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) 5ª a 8ª séries: Matemática. Brasília: MEC/SEF, 1998. CUNHA, Maria de Jesus. Raciocínio combinatório: compreensão dos professores dos anos finais do Ensino Fundamental. UFPE, 2012. Trabalho não publicado. LIMA, Elon; CARVALHO, Paulo; WAGNER, Eduardo; MORGADO, Augusto. Temas e problemas elementares. 12. ed. Rio de Janeiro:Sociedade Brasileira de Educação Matemática, 2006. PERNAMBUCO. Secretária de Educação. Parâmetros para a Educação Básica do Estado de Pernambuco. Recife: SE, 2012. PESSOA, Cristiane; BORBA, Rute. Quem dança com quem: o desenvolvimento do raciocínio combinatório de crianças de 1ª a 4ª série.Zetetiké,Campinas, v. 17, n. 31, jan./jun. 2009. PONTES, Danielle; EVANGELISTA, Maria Betânia. Princípio fundamental da contagem: a compreensão de estudantes do 3º ano do Ensino Médio sobre os problemas de Combinatória.Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, 2012. Trabalho não publicado.
  • 15. 15 ROCHA, Cristiane; RODRIGUES, Ademilson. Princípio fundamental da contagem e a compreensão de problemas combinatórios:olhares de professores do Ensino Médio. UFPE, 2012.Trabalhonãopublicado. SHULMAN, Lee. Knowledge and teaching: foundations of the New Reform.Harvard Educational Review. v. 57, n.1,feb.1987.