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8º Congresso de Pós-Graduação
EXPERIÊNCIAS DE FORMAÇÃO DOCENTE NO HTPC: REFLEXÕES SOBRE OS SENTIDOS DA
INDISCIPLINA
Autor(es)
LUCIA ELENE DORIGUELLO
Orientador(es)
RENATA CRISTINA OLIVEIRA BARRICHELO CUNHA
1. Introdução
Segundo Silva (2006), a formação continuada centrada na escola é aquela que acontece dentro do serviço ou na própria escola em que
o docente atua, o que favorece a reflexão sobre a própria prática, fortalece os fundamentos teóricos, caracterizando-se como um
processo contínuo de ação-reflexão-ação, promovendo o crescimento pessoal e profissional dos educadores e o êxito no ensino e na
aprendizagem.
Na formação continuada de professores em contexto de trabalho é fundamental valorizar a ação reflexiva, reconhecendo a importância
da reflexão sobre a prática e das experiências durante toda vida profissional. É o aprender a ensinar envolvendo a busca das soluções
lógicas e racionais para os problemas, a intuição e emoção (ZEICHENER, 1992).
Nessa mesma perspectiva, Christov (2008) reforça que a teoria e a prática estão sempre juntas na experiência do professor. Para a
autora, construímos teoria quando lemos as nossas experiências, as questionamos, interrogamos os motivos, as dúvidas,
consequências ou problemas de cada ação, colocando-as em relação com as contribuições teóricas dos autores.
Cabe, no entanto, segundo Abdalla (2006), um questionamento: Como a escola se torna contexto de ação / formação para o docente
que ali está? Essa é uma pergunta que atravessa muitas investigações e que também mobiliza a presente pesquisa, interessada na
formação que acontece durante os encontros do HTPC.
Azevedo (2004) acredita que os educadores, ao trocarem experiências, constituem uma poderosa maneira de aprender a ser
professores. Nesse processo existe o compreender do sujeito dentro das redes culturais, havendo maior predisposição na abertura de
outras redes, sendo que esse compreender não está no sentido de concordância e sim no sentido de entender como o sujeito tece suas
redes de significação com os muitos fios das observações e informações da trajetória da sua vida.
Nesse sentido, Bozzini e Oliveira (2006) afirmam que o HTPC tem como principal característica a valorização da escola como espaço
de formação para a construção do trabalho docente. Destacam também que as trocas de experiências oportunizadas nesse espaço
contribuem para o aperfeiçoamento profissional e devem ser utilizados para reflexão da própria prática pedagógica, embora o HTPC
agregue diversos assuntos da escola e de seus indivíduos, sendo um tempo restrito para que ocorra o encontro dos profissionais.
Os trabalhos de Cunha (2006), Christov (2009), Clementi (2009), entre outros, salientam a importância do Professor Coordenador
(PC) dentro da unidade escolar desempenhando o seu principal papel que é a formação de professores dentro desse espaço, durante os
HTPCs.
2. Objetivos
A investigação se propõe a discutir a formação continuada e o desenvolvimento profissional docente no Horário de Trabalho
Pedagógico Coletivo (HTPC), reconhecendo a importância do Professor Coordenador como articulador e facilitador desse processo.
Objetiva, ainda, compreender como a formação compartilhada acontece no HTPC, focando os limites e as potencialidades dessa
formação que ocorre na escola, tendo como eixo norteador a discussão sobre a indisciplina dentro da sala de aula.
3. Desenvolvimento
A presente pesquisa de mestrado, desenvolvida por uma Professora Coordenadora do Ensino Médio de uma escola pública estadual da
região de Piracicaba, partiu do seguinte questionamento junto ao grupo de professores: De que modo a PC pode contribuir para o
desenvolvimento do trabalho docente e formação continuada no HTPC?
Esse questionamento foi feito aos professores do Ensino Médio, no início do 2º semestre de 2009, que solicitaram apoio para a
discussão da problemática da indisciplina na sala de aula. Após essa indicação foi negociada a estratégia do uso de filmes para
potencializar as discussões.
A estratégia de assistir e discutir coletivamente os filmes que retratavam aspectos da problemática da indisciplina justifica-se pelo fato
de que as imagens “trazem informações, nos sensibilizam e nos emocionam. Nos ajudam a conhecer, decifrar, perceber, nos informar,
sobreviver e também iludir, enganar, dirigir dominar e controlar” (ALVES, 2001, p.6) mobilizando o sujeito corporalmente,
emocionalmente e intelectualmente.
Concordando com a potencialidade de assistir a filmes para a reflexão da indisciplina nas salas de aula, três produções foram
selecionados: Pro Dia Nascer Feliz (2006), Entre os Muros da Escola (2008) e Escritores da Liberdade (2007).
Foram organizados ao longo do semestre três encontros para os professores assistirem aos filmes e outros três para discussão e
reflexão sobre os mesmos. As discussões desses HTPCs foram audiogravadas e depois transcritas. O material produzido também
inclui o diário de campo da pesquisadora e registros escritos realizados pelos professores sobre suas impressões dos filmes.
A partir do paradigma indiciário (GINZBURG, 1990), que aprecia os pormenores de uma investigação, a análise dos dados busca o
registro das minúcias nas falas dos professores, na expectativa de compreender os indícios de formatividade no HTPC.
4. Resultado e Discussão
A indisciplina foi tema orientador para as discussões e formação nessa pesquisa, pois é um fenômeno considerado, nos dias atuais,
como um dos principais obstáculos pedagógicos.
Para Rego (1996), Vasconcelos (2004) e Parrat-Dayan (2008), a indisciplina está longe de ser consensual devido sua complexidade e
multiplicidade de interpretações, o que nos permite afirmar que seu conceito não é estático, uniforme e muito menos universal. Ela
está relacionada aos conjuntos de valores e expectativas ao longo da história, nas diferentes culturas dentro de uma mesma sociedade,
nas diversidades sociais, nas diversas instituições.
Alguns desses sentidos estabelecidos podem ser encontrados nas enunciações dos professores participantes da pesquisa, os quais se
referem ao indivíduo indisciplinado como alguém que tem comportamento inadequado, rebelde e que desacata as normas, faltando
com o respeito pelos professores.
Esses sentidos são elaborados a partir de conhecimentos e vivências, os quais são compartilhados com o grupo. As hipóteses, as
teorias, questionamentos e troca de informações que surgiram nessas trocas indiciam uma possibilidade de formação quando o
questionamento sobre a função da escola e o sentido da aprendizagem remete os professores a interrogar o próprio ofício de ensinar:
Prof. FE: Pare agora e pense: e quando eles vão para o SENAC, ou SENAI, eles mudam o comportamento. Por quê?
Profs. S e FE: É porque lá tem regras.
Prof. J : Devido a funcionalidade. No SENAI, o que eles estão em busca ali?O SENAI vai formar um profissional. Qualquer curso do
SENAI. Aqui a gente não está formando profissional. É formação humana. E como tem essa diferença gera conflito no aluno. (...)
Com esse conflito eles não conseguem dialogar, gera indisciplina aqui. Por quê? Estou aprendendo filosofia. Para que?(...). Lá no
SENAI não, se estou aprendendo AUTOCAD, para que? Para fazer planta baixa e acabou. Eles vão lá cientes do que eles estão
fazendo. Essa é a diferença.
Prof. S: Mas veja só vamos lá você, N, vai ensinar o aluno a fazer uma redação. Por quê? A redação é 50 % da nota do vestibular.
Isso leva eles ao profissionalismo.
Prof. J: Só que qual que é a consciência ? (..). Todo mundo que fez o SENAI 90% está trabalhando.
(...)
Prof S : Como fazer essa escola se tornar importante para eles?
Prof. J: (...) Qual o objetivo da escola?
Nesse impasse do compreender e do intervir na adequação das exigências frente às possibilidades e necessidades do educando
potencializa-se o exercício de colocar- se no lugar do outro, outro indício de formatividade, como confirma a segunda transcrição:
Prof S Agora, pessoal, vamos ser sinceros. Quantos de vocês que vão fazer curso e ficam duas horas sentados ouvindo o que o cara
tem para falar? Eu não suporto, eu detesto. Eles têm mais energia do que a gente. Não é verdade?
Prof J: Hum, hum.
Prof FE: Mas antes nós também não ficávamos assistindo aulas. Eles estão no pique.
Prof. J: Fica maçante, FE.
Ao colocar- se no lugar de “aluno”, essa professora criou oportunidades de se questionar e questionar os colegas a respeito de suas
próprias ações. A troca de lugares possibilitou relativizar juízos e reconhecer outros modos de ser e atuar. Segundo Azevedo (2004), a
troca de pontos de vista constitui uma poderosa forma de aprender a ser professor, uma vez que esse intercâmbio propicia a circulação
de experiências.
A falta de sentido da escola é considerada co-responsável pelas atitudes de indisciplina, como acusa o registro seguinte, uma vez que
na perspectiva anunciada o ensinar está diretamente relacionado a três questões: por que ensino, para quem e como ensino.
(...) o “sistema de ensino-aprendizagem” e os objetivos da escola, que a meu ver apontam para algumas direções e possíveis tomadas
de posições. Acredito que o fazer pedagógico deve sempre passar por três momentos básicos de reflexão que são: por que ensino,
para quem ensino e como ensino. E é isto que busco realizar durante minhas aulas. Desta forma penso que a indisciplina deve-se, a
principio, a incoerência entre estes três fatores, afinal qual é o objetivo central da escola? Para quem e para que é direcionado este
ensino. Para que estudar? É justamente isto que o aluno vem a questionar com sua indisciplina, seja ela na forma de “bagunça” ou
na “forma de não querer fazer nada”.Como este é meu primeiro ano na rede publica de educação, observo que existe a tendência de
mudanças no ensino, mas novamente me pergunto em qual sentido e direção? Estou observando que cada vez mais são cobradas
posturas, atitudes dos professores seja pelo governo, sociedade, família, diretores, coordenadores,... Mas quem dá o suporte para
que de fato este ensino aponte para uma direção que beneficie a sociedade? Ainda não sei...
Diante da reflexão acima, podemos reconhecer que o docente tem convicção do fazer pedagógico, porém, encontra-se frente a um
dilema diante de tal realidade, que exige do professor resoluções de diversos problemas em relação às dificuldades em conduzir o
processo de ensino-aprendizagem. Isto está relacionado às etapas de desenvolvimento de seus educandos e o conteúdo a ser
desenvolvido, aos problemas de disciplina e a organização da sala de aula.
Sendo assim, esse cotidiano coloca-se como um espaço de formação porque nele se dá a relação com o outro de forma singular e
plural, permitindo complexas negociações e traduções entre as políticas educacionais, as trajetórias escolares, a formação acadêmica,
as expectativas e os desejos (AZEVEDO, 2004)
5. Considerações Finais
Essas análises preliminares, em fase de aprofundamento, apontam que o HTPC, mesmo sendo um momento restrito diante da grande
demanda de tarefas burocráticas e pedagógicas advindas da Secretaria Estadual de Educação, ainda assim pode proporcionar
experiências de formação, uma vez que nas reuniões tomadas para a discussão do fenômeno da indisciplina, constatou-se a
possibilidade de expressão de diversas concepções que orientam as tomadas de posições dos professores no cotidiano escolar.
Verifica-se uma complexa transferência de responsabilidades da escola para a família, que é superada, em alguns momentos, por
questionamentos da própria prática na rotina escolar e pelo exercício de colocar-se no lugar do outro, compreendendo que os sujeitos
se constituem através das mediações e trocas de experiências (VIGOTSKY, 2003). Esses indícios (GINZBURG, 1990) sinalizam
aspectos de uma formatividade que é tecida no conjunto de sentidos produzidos acerca da função da escola e da profissão docente. A
formação ocorre quando confrontamos ideias e ações, ouvindo experiências, escrevendo, refletindo sobre as práticas e indagando a
forma como aprendemos a ser professores.
Referências Bibliográficas
ABDALLA, M.F.B. O senso prático de ser e estar na profissão. São Paulo: Cortez, 2006.
ALVES, M. A. Filmes na Escola: uma abordagem sobre estudos audiovisuais (vídeo, cinema e programa de TV) nas aulas de
Sociologia do Ensino Médio. 154p. 2001. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, 2001. Disponível em: http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000243412. Acesso em 12 dez. 2009.
AZEVEDO, J. G. De “abobrinhas” a “troca de figurinhas”. In: AZEVEDO, J.G; ALVES, N.G (orgs). Formação de Professores:
possibilidades do imprevisível. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.
BOZZINI, I.C.T.; OLIVEIRA, M.R.G. O professor e a construção do espaço coletivo Escolar: O Horário do Trabalho Pedagógico
Coletivo. Revista Lagos, n 14, 2006. Disponível em:
http://www.feucriopardo.edu.br/logos/artigos/2006b/ARTIGO4-pag36-IsabelaBozzinieMarciaOliveira-logos-14-2006.pdf.Acessoem
12/07/2010.
CHRISTOV, L. H.S. Teoria e Prática: enriquecimento da própria experiência. In: GUIMARÃES. A, A et.al. O Coordenador
Pedagógico e a educação continuada. 11ª ed. São Paulo: Loyola, 2008.
CLEMENTI, N. A voz dos outros e a nossa voz. In: In: ALMEIDA, L. R.; PLACCO, V. M. N. S. O coordenador pedagógico e o
espaço da mudança. 7ª ed. São Paulo: Loyola, 2009. p 53-66.
CUNHA, R. C. O. B. Pelas telas, pelas janelas: a coordenação pedagógica e a formação de professores nas escolas. 272p. 2006. Tese
(Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 2006.
http://tede.unoeste.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=65. Acesso em 12 jul. 2010.
ORSOLON, L.A.M. O coordenador / formador como um dos agentes de transformação da/na escola. In: In: ALMEIDA, L. R.;
PLACCO, V. M. N. S. O coordenador pedagógico e o espaço da mudança. 7ª ed. São Paulo: Loyola, 2009. p 17-26.
PARRAT-DAYAN, S. Como enfrentar a indisciplina na escola. São Paulo: Contexto, 2008.
REGO, T. C. R. A indisciplina e o processo educativo: uma análise na perspectiva vygotskiana. In: AQUINO, J. G. (org). Indisciplina
na Escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1996.
SILVA, M. A Formação do Professor Centrada na Escola: uma introdução. São Paulo: EDUC, 2002.
VASCONCELLOS, C. S. Disciplina: Construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula e na escola. 15ª Ed. São Paulo:
Libertad, 2004.
VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. 6 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
ZEICHNER, K. O professor como prático reflexivo. In: NÓVOA, A (org). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote,
1992.
Filmografia:
PRO DIA NASCER FELIZ. Direção de João Jardim. Brasil, Copacabana Filmes, 2006. 88 min. (Documentário).
ENTRE OS MUROS DA ESCOLA. Direção de Laurent Cantet. França, Imovision, 2008 128 min. (Drama).
ESCRITORES DA LIBERDADE. Direção de Richard LaGravenese. Alemanha/USA, VIP, 2007. 122 min. (Drama).

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  • 1. 8º Congresso de Pós-Graduação EXPERIÊNCIAS DE FORMAÇÃO DOCENTE NO HTPC: REFLEXÕES SOBRE OS SENTIDOS DA INDISCIPLINA Autor(es) LUCIA ELENE DORIGUELLO Orientador(es) RENATA CRISTINA OLIVEIRA BARRICHELO CUNHA 1. Introdução Segundo Silva (2006), a formação continuada centrada na escola é aquela que acontece dentro do serviço ou na própria escola em que o docente atua, o que favorece a reflexão sobre a própria prática, fortalece os fundamentos teóricos, caracterizando-se como um processo contínuo de ação-reflexão-ação, promovendo o crescimento pessoal e profissional dos educadores e o êxito no ensino e na aprendizagem. Na formação continuada de professores em contexto de trabalho é fundamental valorizar a ação reflexiva, reconhecendo a importância da reflexão sobre a prática e das experiências durante toda vida profissional. É o aprender a ensinar envolvendo a busca das soluções lógicas e racionais para os problemas, a intuição e emoção (ZEICHENER, 1992). Nessa mesma perspectiva, Christov (2008) reforça que a teoria e a prática estão sempre juntas na experiência do professor. Para a autora, construímos teoria quando lemos as nossas experiências, as questionamos, interrogamos os motivos, as dúvidas, consequências ou problemas de cada ação, colocando-as em relação com as contribuições teóricas dos autores. Cabe, no entanto, segundo Abdalla (2006), um questionamento: Como a escola se torna contexto de ação / formação para o docente que ali está? Essa é uma pergunta que atravessa muitas investigações e que também mobiliza a presente pesquisa, interessada na formação que acontece durante os encontros do HTPC. Azevedo (2004) acredita que os educadores, ao trocarem experiências, constituem uma poderosa maneira de aprender a ser professores. Nesse processo existe o compreender do sujeito dentro das redes culturais, havendo maior predisposição na abertura de outras redes, sendo que esse compreender não está no sentido de concordância e sim no sentido de entender como o sujeito tece suas redes de significação com os muitos fios das observações e informações da trajetória da sua vida. Nesse sentido, Bozzini e Oliveira (2006) afirmam que o HTPC tem como principal característica a valorização da escola como espaço de formação para a construção do trabalho docente. Destacam também que as trocas de experiências oportunizadas nesse espaço contribuem para o aperfeiçoamento profissional e devem ser utilizados para reflexão da própria prática pedagógica, embora o HTPC agregue diversos assuntos da escola e de seus indivíduos, sendo um tempo restrito para que ocorra o encontro dos profissionais. Os trabalhos de Cunha (2006), Christov (2009), Clementi (2009), entre outros, salientam a importância do Professor Coordenador (PC) dentro da unidade escolar desempenhando o seu principal papel que é a formação de professores dentro desse espaço, durante os HTPCs. 2. Objetivos
  • 2. A investigação se propõe a discutir a formação continuada e o desenvolvimento profissional docente no Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC), reconhecendo a importância do Professor Coordenador como articulador e facilitador desse processo. Objetiva, ainda, compreender como a formação compartilhada acontece no HTPC, focando os limites e as potencialidades dessa formação que ocorre na escola, tendo como eixo norteador a discussão sobre a indisciplina dentro da sala de aula. 3. Desenvolvimento A presente pesquisa de mestrado, desenvolvida por uma Professora Coordenadora do Ensino Médio de uma escola pública estadual da região de Piracicaba, partiu do seguinte questionamento junto ao grupo de professores: De que modo a PC pode contribuir para o desenvolvimento do trabalho docente e formação continuada no HTPC? Esse questionamento foi feito aos professores do Ensino Médio, no início do 2º semestre de 2009, que solicitaram apoio para a discussão da problemática da indisciplina na sala de aula. Após essa indicação foi negociada a estratégia do uso de filmes para potencializar as discussões. A estratégia de assistir e discutir coletivamente os filmes que retratavam aspectos da problemática da indisciplina justifica-se pelo fato de que as imagens “trazem informações, nos sensibilizam e nos emocionam. Nos ajudam a conhecer, decifrar, perceber, nos informar, sobreviver e também iludir, enganar, dirigir dominar e controlar” (ALVES, 2001, p.6) mobilizando o sujeito corporalmente, emocionalmente e intelectualmente. Concordando com a potencialidade de assistir a filmes para a reflexão da indisciplina nas salas de aula, três produções foram selecionados: Pro Dia Nascer Feliz (2006), Entre os Muros da Escola (2008) e Escritores da Liberdade (2007). Foram organizados ao longo do semestre três encontros para os professores assistirem aos filmes e outros três para discussão e reflexão sobre os mesmos. As discussões desses HTPCs foram audiogravadas e depois transcritas. O material produzido também inclui o diário de campo da pesquisadora e registros escritos realizados pelos professores sobre suas impressões dos filmes. A partir do paradigma indiciário (GINZBURG, 1990), que aprecia os pormenores de uma investigação, a análise dos dados busca o registro das minúcias nas falas dos professores, na expectativa de compreender os indícios de formatividade no HTPC. 4. Resultado e Discussão A indisciplina foi tema orientador para as discussões e formação nessa pesquisa, pois é um fenômeno considerado, nos dias atuais, como um dos principais obstáculos pedagógicos. Para Rego (1996), Vasconcelos (2004) e Parrat-Dayan (2008), a indisciplina está longe de ser consensual devido sua complexidade e multiplicidade de interpretações, o que nos permite afirmar que seu conceito não é estático, uniforme e muito menos universal. Ela está relacionada aos conjuntos de valores e expectativas ao longo da história, nas diferentes culturas dentro de uma mesma sociedade, nas diversidades sociais, nas diversas instituições. Alguns desses sentidos estabelecidos podem ser encontrados nas enunciações dos professores participantes da pesquisa, os quais se referem ao indivíduo indisciplinado como alguém que tem comportamento inadequado, rebelde e que desacata as normas, faltando com o respeito pelos professores. Esses sentidos são elaborados a partir de conhecimentos e vivências, os quais são compartilhados com o grupo. As hipóteses, as teorias, questionamentos e troca de informações que surgiram nessas trocas indiciam uma possibilidade de formação quando o questionamento sobre a função da escola e o sentido da aprendizagem remete os professores a interrogar o próprio ofício de ensinar: Prof. FE: Pare agora e pense: e quando eles vão para o SENAC, ou SENAI, eles mudam o comportamento. Por quê? Profs. S e FE: É porque lá tem regras. Prof. J : Devido a funcionalidade. No SENAI, o que eles estão em busca ali?O SENAI vai formar um profissional. Qualquer curso do SENAI. Aqui a gente não está formando profissional. É formação humana. E como tem essa diferença gera conflito no aluno. (...) Com esse conflito eles não conseguem dialogar, gera indisciplina aqui. Por quê? Estou aprendendo filosofia. Para que?(...). Lá no SENAI não, se estou aprendendo AUTOCAD, para que? Para fazer planta baixa e acabou. Eles vão lá cientes do que eles estão fazendo. Essa é a diferença. Prof. S: Mas veja só vamos lá você, N, vai ensinar o aluno a fazer uma redação. Por quê? A redação é 50 % da nota do vestibular. Isso leva eles ao profissionalismo. Prof. J: Só que qual que é a consciência ? (..). Todo mundo que fez o SENAI 90% está trabalhando. (...)
  • 3. Prof S : Como fazer essa escola se tornar importante para eles? Prof. J: (...) Qual o objetivo da escola? Nesse impasse do compreender e do intervir na adequação das exigências frente às possibilidades e necessidades do educando potencializa-se o exercício de colocar- se no lugar do outro, outro indício de formatividade, como confirma a segunda transcrição: Prof S Agora, pessoal, vamos ser sinceros. Quantos de vocês que vão fazer curso e ficam duas horas sentados ouvindo o que o cara tem para falar? Eu não suporto, eu detesto. Eles têm mais energia do que a gente. Não é verdade? Prof J: Hum, hum. Prof FE: Mas antes nós também não ficávamos assistindo aulas. Eles estão no pique. Prof. J: Fica maçante, FE. Ao colocar- se no lugar de “aluno”, essa professora criou oportunidades de se questionar e questionar os colegas a respeito de suas próprias ações. A troca de lugares possibilitou relativizar juízos e reconhecer outros modos de ser e atuar. Segundo Azevedo (2004), a troca de pontos de vista constitui uma poderosa forma de aprender a ser professor, uma vez que esse intercâmbio propicia a circulação de experiências. A falta de sentido da escola é considerada co-responsável pelas atitudes de indisciplina, como acusa o registro seguinte, uma vez que na perspectiva anunciada o ensinar está diretamente relacionado a três questões: por que ensino, para quem e como ensino. (...) o “sistema de ensino-aprendizagem” e os objetivos da escola, que a meu ver apontam para algumas direções e possíveis tomadas de posições. Acredito que o fazer pedagógico deve sempre passar por três momentos básicos de reflexão que são: por que ensino, para quem ensino e como ensino. E é isto que busco realizar durante minhas aulas. Desta forma penso que a indisciplina deve-se, a principio, a incoerência entre estes três fatores, afinal qual é o objetivo central da escola? Para quem e para que é direcionado este ensino. Para que estudar? É justamente isto que o aluno vem a questionar com sua indisciplina, seja ela na forma de “bagunça” ou na “forma de não querer fazer nada”.Como este é meu primeiro ano na rede publica de educação, observo que existe a tendência de mudanças no ensino, mas novamente me pergunto em qual sentido e direção? Estou observando que cada vez mais são cobradas posturas, atitudes dos professores seja pelo governo, sociedade, família, diretores, coordenadores,... Mas quem dá o suporte para que de fato este ensino aponte para uma direção que beneficie a sociedade? Ainda não sei... Diante da reflexão acima, podemos reconhecer que o docente tem convicção do fazer pedagógico, porém, encontra-se frente a um dilema diante de tal realidade, que exige do professor resoluções de diversos problemas em relação às dificuldades em conduzir o processo de ensino-aprendizagem. Isto está relacionado às etapas de desenvolvimento de seus educandos e o conteúdo a ser desenvolvido, aos problemas de disciplina e a organização da sala de aula. Sendo assim, esse cotidiano coloca-se como um espaço de formação porque nele se dá a relação com o outro de forma singular e plural, permitindo complexas negociações e traduções entre as políticas educacionais, as trajetórias escolares, a formação acadêmica, as expectativas e os desejos (AZEVEDO, 2004) 5. Considerações Finais Essas análises preliminares, em fase de aprofundamento, apontam que o HTPC, mesmo sendo um momento restrito diante da grande demanda de tarefas burocráticas e pedagógicas advindas da Secretaria Estadual de Educação, ainda assim pode proporcionar experiências de formação, uma vez que nas reuniões tomadas para a discussão do fenômeno da indisciplina, constatou-se a possibilidade de expressão de diversas concepções que orientam as tomadas de posições dos professores no cotidiano escolar. Verifica-se uma complexa transferência de responsabilidades da escola para a família, que é superada, em alguns momentos, por questionamentos da própria prática na rotina escolar e pelo exercício de colocar-se no lugar do outro, compreendendo que os sujeitos se constituem através das mediações e trocas de experiências (VIGOTSKY, 2003). Esses indícios (GINZBURG, 1990) sinalizam aspectos de uma formatividade que é tecida no conjunto de sentidos produzidos acerca da função da escola e da profissão docente. A formação ocorre quando confrontamos ideias e ações, ouvindo experiências, escrevendo, refletindo sobre as práticas e indagando a forma como aprendemos a ser professores. Referências Bibliográficas
  • 4. ABDALLA, M.F.B. O senso prático de ser e estar na profissão. São Paulo: Cortez, 2006. ALVES, M. A. Filmes na Escola: uma abordagem sobre estudos audiovisuais (vídeo, cinema e programa de TV) nas aulas de Sociologia do Ensino Médio. 154p. 2001. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001. Disponível em: http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000243412. Acesso em 12 dez. 2009. AZEVEDO, J. G. De “abobrinhas” a “troca de figurinhas”. In: AZEVEDO, J.G; ALVES, N.G (orgs). Formação de Professores: possibilidades do imprevisível. Rio de Janeiro: DP&A, 2004. BOZZINI, I.C.T.; OLIVEIRA, M.R.G. O professor e a construção do espaço coletivo Escolar: O Horário do Trabalho Pedagógico Coletivo. Revista Lagos, n 14, 2006. Disponível em: http://www.feucriopardo.edu.br/logos/artigos/2006b/ARTIGO4-pag36-IsabelaBozzinieMarciaOliveira-logos-14-2006.pdf.Acessoem 12/07/2010. CHRISTOV, L. H.S. Teoria e Prática: enriquecimento da própria experiência. In: GUIMARÃES. A, A et.al. O Coordenador Pedagógico e a educação continuada. 11ª ed. São Paulo: Loyola, 2008. CLEMENTI, N. A voz dos outros e a nossa voz. In: In: ALMEIDA, L. R.; PLACCO, V. M. N. S. O coordenador pedagógico e o espaço da mudança. 7ª ed. São Paulo: Loyola, 2009. p 53-66. CUNHA, R. C. O. B. Pelas telas, pelas janelas: a coordenação pedagógica e a formação de professores nas escolas. 272p. 2006. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 2006. http://tede.unoeste.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=65. Acesso em 12 jul. 2010. ORSOLON, L.A.M. O coordenador / formador como um dos agentes de transformação da/na escola. In: In: ALMEIDA, L. R.; PLACCO, V. M. N. S. O coordenador pedagógico e o espaço da mudança. 7ª ed. São Paulo: Loyola, 2009. p 17-26. PARRAT-DAYAN, S. Como enfrentar a indisciplina na escola. São Paulo: Contexto, 2008. REGO, T. C. R. A indisciplina e o processo educativo: uma análise na perspectiva vygotskiana. In: AQUINO, J. G. (org). Indisciplina na Escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1996. SILVA, M. A Formação do Professor Centrada na Escola: uma introdução. São Paulo: EDUC, 2002. VASCONCELLOS, C. S. Disciplina: Construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula e na escola. 15ª Ed. São Paulo: Libertad, 2004. VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. 6 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. ZEICHNER, K. O professor como prático reflexivo. In: NÓVOA, A (org). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992. Filmografia: PRO DIA NASCER FELIZ. Direção de João Jardim. Brasil, Copacabana Filmes, 2006. 88 min. (Documentário). ENTRE OS MUROS DA ESCOLA. Direção de Laurent Cantet. França, Imovision, 2008 128 min. (Drama). ESCRITORES DA LIBERDADE. Direção de Richard LaGravenese. Alemanha/USA, VIP, 2007. 122 min. (Drama).