SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 20
COUTINHO, Afrânio, “Que é Literatura
Brasileira”. In: O processo de descolonização
literária. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1983.

“A literatura brasileira é o resultado de um longo e
contínuo processo de busca de uma forma de expressão
nacional brasileira. É a procura da identidade nacional.
É a busca do caráter brasileiro para a expressão da
literatura” (COUTINHO, 1983, p. 19).
Tentativa de conceito:

Era Colonial

 Espírito sincrético;
 Polilinguísmo;
 Iniciador da Literatura Brasileira;
 Introdutor do espírito contra-reformista entre nós;
 A catequese do gentio e o estilo Jesuítico;
Literatura Jesuítica:
Anchieta
“Dois fogos trazia n’alma,
com que as brasas resfriou,
a no fogo em que se assou,
com tão gloriosa palma,
dos tiranos triunfou.
Um fogo foi o temor
do bravo fogo infernal,
e, como servo leal,
por honrar a seu Senhor,
fugiu da culpa mortal.
Outro foi o Amor fervente
de Jesus, que tanto amava,
que muito mais se abrasava
com esse fervor ardente
que co’o fogo, em que se assava,
Estes o fizeram forte.
Com estes purificado
como ouro refinado,
padeceu tão crua morte
por Jesus, seu doce amado.
Estes vos manda o Senhor
a ganhar vossa frieza,
para que vossa alma acesa
de seu fogo gastador,
fique cheio de pureza.
Deixai-vos deles queimar
como o mártir São Lourenço,
e sereis um vivo incenso
que sempre haveis de cheirar
na corte de Deus imenso. “
Auto de São Lourenço

 Transição do Classicismo renascentista para o
Barroco:
Maneirismo

 Longa duração: do século XVII ao início do século
XIX;
 “O Brasil mental nasceu pela mão barroca dos
jesuítas” (COUTINHO, 1983, p. 22);
 Inicia-se com a obra Prosopopeia, de Bento Teixeira;
 Predomina a poesia lírica, satírica, religiosa, erótica,
encomiástica e laudatória;
 Na prosa, exibe-se principalmente na oratória sacra
ou acadêmica;
Barroco

 Representantes:
- Gregório de Matos Guerra;
- Manuel Botelho de Oliveira;
- Pe. Antônio Vieira.
 Características:
- Cultismo e conceptismo;
- Sincretismo cultural;
- Preocupação com o nativismo;
- Início da narrativa ficcional brasileira (historiografia).
Barroco
Aos caramurus da Bahia
Um calção de pindoba à meia zorra
Camisa de urucu, mantéu de arara,
Em lugar de cotó arco e taquara
Penacho de guarás em vez de gorra.
Furado o beiço, e sem temor que morra
O pai, que lho envasou cuma titara
Porém a Mãe a pedra lhe aplicara
Por reprimir-lhe o sangue que não corra.
Alarve sem razão, bruto sem fé,
Sem mais leis que a do gosto, quando erra
De Paiaiá tornou-se em Abaité.
Não sei onde acabou, ou em que guerra:
Só sei que deste Adão de Massapé
Procedem os fidalgos desta terra.
Gregório de Matos

“A noção da cronologia rigorosa em história da
literatura está superada pelo critério dos estilos de
época, os quais repelem as delimitações cronológicas
absolutas” (COUTINHO, 1983, p. 22-23);
“Não se deve esquecer que a definição de um estilo de
época exige que os traços formais se encontrem, não
isolados, porém, constituindo conjuntos de traços
estilísticos” (COUTINHO, 1983, p. 23).
Observações
importantes!

 Movimento antibarroco;
 Reação lusitanizante de volta ao renascimento;
 Lirísmo bucolista e pastoralista;
 Denota também a vertente nacionalizante;
 Representantes: Santa Rita Durão e Basílio da Gama;
“No que concerne à literatura, não foi a independência
política de 1822 que determinou a autonomia literária”
(COUTINHO, 1983, p. 29).
Arcadismo
Faz a imaginação de um bem amado
Que nele se transforme o peito amante;
Daqui vem que a minha alma delirante
Se não distingue já do meu cuidado.
Nesta doce loucura arrebatado.
Anarda cuido ver, bem que distante;
Mas ao passo que a busco, neste instante
Me vejo no seu mal desenganado.
Pois se Anarda em mim vive, e eu nela vivo,
E por força da idéia me converto
Na bela causa de meu fogo ativo,
Como nas tristes lágrimas que verto,
Ao querer contrastar seu gênio esquivo,
Tão longe dela estou, e estou tão perto!
Cláudio Manuel da
Costa

Era Nacional

 Busca por uma literatura nacional, diferente da
portuguesa;
 Procura-se o tipo brasileiro que melhor ilustrasse
essa fase da Literatura Nacional: o índio.
 Indianismo na poesia lírica e na ficção;
 Ao lado do índio, a paisagem;
 Representantes:
- Gonçalves Dias;
- José de Alencar.
Romantismo
“Além, muito além daquela serra, que ainda azula no
horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os
cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que
seu talhe de palmeira.
O favo da Jati era doce como seu sorriso; nem a baunilha
recendia no bosque como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem
corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua
guerreira tribo da grande nação tabajara. O pé grácil e nu,
mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a
terra com as primeiras águas”. (ALENCAR, Iracema, p. 20-21)
José de Alencar

 Instalou-se na literatura brasileira a voga do
regionalismo;
 Surgem vários ciclos regionais;
 Incorporação dos costumes brasileiros ou da vida
social;
Realismo
“Ocorre-me uma reflexão imoral, que é ao mesmo tempo
uma correção de estilo. Cuido haver dito, no capítulo 14, que
Marcela morria de amores pelo Xavier. Não morria, vivia.Viver
não é a mesma coisa que morrer; assim o afirmam todos os
joalheiros desse mundo, gente muito vista na gramática. Bons
joalheiros, que seria do amor se não fossem os vossos dixes e
fiados? Um terço ou um quinto do universal comércio dos
corações. Esta é a reflexão imoral que eu pretendia fazer, a qual
é ainda mais obscura do que imoral, porque não se entende bem
o que eu quero dizer. O que eu quero dizer é que a mais bela
testa do mundo não fica menos bela, se a cingir um diadema de
pedras finas; nem menos bela, nem menos amada. Marcela, por
exemplo, que era bem bonita, Marcela amou-me...
...Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis;
nada menos. Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos,
sobressaltou-se deveras; achou que o caso excedia as raias de
um capricho juvenil” (MACHADO DE ASSIS, Memórias Póstumas de Brás
Machado de Assis

 ALENCAR
- Linhagem Exteriorizante.
 MACHADO
- Linhagem Introspectiva.
Dois pilares da
Literatura Brasileira

 “Ao integrar o social, a ficção brasileira deu entrada a
elementos até então ausentes: o negro e o mestiço”;
 Polêmica Alencar x Nabuco;
 “Em resumo: paisagem, costumes, vida social, regiões
econômicas e geográficas, elementos da população, com
isso a literatura se foi diferenciando, tornando-se uma
literatura peculiar, distinta das demais” (COUTINHO,
1983, p. 32).
Importante!

 Língua Portuguesa x Língua Brasileira;
 Literatura brasileira em Língua Brasileira;
 Problemas editoriais: Brasil x Portugal/Exterior
 Atualmente: Língua literária > Língua falada;
 Saber ser americano/Saber ser brasileiro;
 “Não precisamos mais buscar inspiração fora para
criar imagens. É só ter força e capacidade para captar
a nossa realidade” (COUTINHO, 1983, p. 36).
O problema da língua

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Slide realismo naturalismo 09 ago 13
Slide realismo  naturalismo 09 ago 13Slide realismo  naturalismo 09 ago 13
Slide realismo naturalismo 09 ago 13
Ajudar Pessoas
 
Romantismo prosa
Romantismo prosaRomantismo prosa
Romantismo prosa
Rotivtheb
 
Cap06 quinhentismo
Cap06 quinhentismoCap06 quinhentismo
Cap06 quinhentismo
whybells
 
Barroco no Brasil - atividade hipermidiática - Plano de Aula
Barroco no Brasil - atividade hipermidiática - Plano de AulaBarroco no Brasil - atividade hipermidiática - Plano de Aula
Barroco no Brasil - atividade hipermidiática - Plano de Aula
Bibiana Souza
 
Literatura - Barroco
Literatura - BarrocoLiteratura - Barroco
Literatura - Barroco
CrisBiagio
 
VariaçãO LinguíStica
VariaçãO LinguíSticaVariaçãO LinguíStica
VariaçãO LinguíStica
Elza Silveira
 

Mais procurados (20)

Poesia 2ª fase modernista
Poesia 2ª fase modernistaPoesia 2ª fase modernista
Poesia 2ª fase modernista
 
Jose de Alencar e suas fases românticas
Jose de Alencar e suas fases românticasJose de Alencar e suas fases românticas
Jose de Alencar e suas fases românticas
 
Concretismo
ConcretismoConcretismo
Concretismo
 
A literatura brasileira ppt ok
A literatura brasileira   ppt okA literatura brasileira   ppt ok
A literatura brasileira ppt ok
 
Gêneros literários
Gêneros literáriosGêneros literários
Gêneros literários
 
Simbolismo teoria
Simbolismo teoriaSimbolismo teoria
Simbolismo teoria
 
Quinhentismo
QuinhentismoQuinhentismo
Quinhentismo
 
Marília de Dirceu
Marília de DirceuMarília de Dirceu
Marília de Dirceu
 
Romantismo prosa
Romantismo prosaRomantismo prosa
Romantismo prosa
 
Gêneros literários - 1º Ano do Ensino Médio
Gêneros literários - 1º Ano do Ensino MédioGêneros literários - 1º Ano do Ensino Médio
Gêneros literários - 1º Ano do Ensino Médio
 
Slide realismo naturalismo 09 ago 13
Slide realismo  naturalismo 09 ago 13Slide realismo  naturalismo 09 ago 13
Slide realismo naturalismo 09 ago 13
 
João Cabral de Melo Neto
João Cabral de Melo NetoJoão Cabral de Melo Neto
João Cabral de Melo Neto
 
Romantismo prosa
Romantismo prosaRomantismo prosa
Romantismo prosa
 
Introdução à literatura
Introdução à literaturaIntrodução à literatura
Introdução à literatura
 
Cap06 quinhentismo
Cap06 quinhentismoCap06 quinhentismo
Cap06 quinhentismo
 
Barroco no Brasil - atividade hipermidiática - Plano de Aula
Barroco no Brasil - atividade hipermidiática - Plano de AulaBarroco no Brasil - atividade hipermidiática - Plano de Aula
Barroco no Brasil - atividade hipermidiática - Plano de Aula
 
Modernismo 2 fase (geração de 30)
Modernismo 2 fase (geração de 30)Modernismo 2 fase (geração de 30)
Modernismo 2 fase (geração de 30)
 
Aula revisão formação de palavras
Aula revisão formação de palavrasAula revisão formação de palavras
Aula revisão formação de palavras
 
Literatura - Barroco
Literatura - BarrocoLiteratura - Barroco
Literatura - Barroco
 
VariaçãO LinguíStica
VariaçãO LinguíSticaVariaçãO LinguíStica
VariaçãO LinguíStica
 

Destaque

Literatura Brasileira [Quinhentismo, Barroco, Arcadismo]
Literatura Brasileira [Quinhentismo, Barroco, Arcadismo]Literatura Brasileira [Quinhentismo, Barroco, Arcadismo]
Literatura Brasileira [Quinhentismo, Barroco, Arcadismo]
Pedro Andrade
 
GENÉTICA DO SEXO E MUTAÇÕES
GENÉTICA DO SEXO E MUTAÇÕESGENÉTICA DO SEXO E MUTAÇÕES
GENÉTICA DO SEXO E MUTAÇÕES
biologiajean
 
Trabalho de lingua portuguesa
Trabalho de lingua portuguesaTrabalho de lingua portuguesa
Trabalho de lingua portuguesa
Ayrton Lucas
 
Quadro geral do desenvolvimento das literaturas portuguesa e
Quadro geral do desenvolvimento das literaturas portuguesa eQuadro geral do desenvolvimento das literaturas portuguesa e
Quadro geral do desenvolvimento das literaturas portuguesa e
Jomari
 
História da literatura brasileira barroco
História da literatura brasileira barrocoHistória da literatura brasileira barroco
História da literatura brasileira barroco
Júnior Souza
 
História da literatura brasileira romantismo
História da literatura brasileira romantismoHistória da literatura brasileira romantismo
História da literatura brasileira romantismo
Júnior Souza
 
História da literatura brasileira
História da literatura brasileiraHistória da literatura brasileira
História da literatura brasileira
Júnior Souza
 

Destaque (20)

Literatura Brasileira Historico
Literatura Brasileira  HistoricoLiteratura Brasileira  Historico
Literatura Brasileira Historico
 
Literatura Brasileira [Quinhentismo, Barroco, Arcadismo]
Literatura Brasileira [Quinhentismo, Barroco, Arcadismo]Literatura Brasileira [Quinhentismo, Barroco, Arcadismo]
Literatura Brasileira [Quinhentismo, Barroco, Arcadismo]
 
Livros essenciais da literatura brasileira
Livros essenciais da literatura brasileiraLivros essenciais da literatura brasileira
Livros essenciais da literatura brasileira
 
Realismo e Naturalismo - Literatura
Realismo e Naturalismo - LiteraturaRealismo e Naturalismo - Literatura
Realismo e Naturalismo - Literatura
 
Romantismo
RomantismoRomantismo
Romantismo
 
Romantismo
RomantismoRomantismo
Romantismo
 
GENÉTICA DO SEXO E MUTAÇÕES
GENÉTICA DO SEXO E MUTAÇÕESGENÉTICA DO SEXO E MUTAÇÕES
GENÉTICA DO SEXO E MUTAÇÕES
 
Ecologia.xps
Ecologia.xpsEcologia.xps
Ecologia.xps
 
Trabalho de lingua portuguesa
Trabalho de lingua portuguesaTrabalho de lingua portuguesa
Trabalho de lingua portuguesa
 
Vírus
VírusVírus
Vírus
 
Quadro geral do desenvolvimento das literaturas portuguesa e
Quadro geral do desenvolvimento das literaturas portuguesa eQuadro geral do desenvolvimento das literaturas portuguesa e
Quadro geral do desenvolvimento das literaturas portuguesa e
 
Primeiras manifestações literárias no Brasil (séc. xvi xviii)
Primeiras manifestações literárias no Brasil (séc. xvi   xviii)Primeiras manifestações literárias no Brasil (séc. xvi   xviii)
Primeiras manifestações literárias no Brasil (séc. xvi xviii)
 
FOTOGRAFIA E AUDIOVISUAL
FOTOGRAFIA E AUDIOVISUALFOTOGRAFIA E AUDIOVISUAL
FOTOGRAFIA E AUDIOVISUAL
 
Sistema imune
Sistema imuneSistema imune
Sistema imune
 
A literatura brasileira
A literatura  brasileiraA literatura  brasileira
A literatura brasileira
 
Literatura Brasileira Contemporaneidade
Literatura Brasileira ContemporaneidadeLiteratura Brasileira Contemporaneidade
Literatura Brasileira Contemporaneidade
 
História da literatura brasileira barroco
História da literatura brasileira barrocoHistória da literatura brasileira barroco
História da literatura brasileira barroco
 
História da literatura brasileira romantismo
História da literatura brasileira romantismoHistória da literatura brasileira romantismo
História da literatura brasileira romantismo
 
História da literatura brasileira
História da literatura brasileiraHistória da literatura brasileira
História da literatura brasileira
 
Quinhentismo no Brasil
Quinhentismo no BrasilQuinhentismo no Brasil
Quinhentismo no Brasil
 

Semelhante a O que é literatura brasileira

Exercícios especiais literatura 2
Exercícios especiais literatura 2Exercícios especiais literatura 2
Exercícios especiais literatura 2
Sergio Proença
 
literaturabrasileira-resumo-150521005228-lva1-app6891.pdf
literaturabrasileira-resumo-150521005228-lva1-app6891.pdfliteraturabrasileira-resumo-150521005228-lva1-app6891.pdf
literaturabrasileira-resumo-150521005228-lva1-app6891.pdf
Kennedy430427
 
Literatura afrobrasileira.
Literatura afrobrasileira.Literatura afrobrasileira.
Literatura afrobrasileira.
dartfelipe
 
Dinah silveira de_queiroz_-_a_muralha
Dinah silveira de_queiroz_-_a_muralhaDinah silveira de_queiroz_-_a_muralha
Dinah silveira de_queiroz_-_a_muralha
Virginia Moreira
 
Gregório de Matos Guerra
Gregório de Matos GuerraGregório de Matos Guerra
Gregório de Matos Guerra
aluna1f
 

Semelhante a O que é literatura brasileira (20)

Romantismo no brasil
Romantismo no brasilRomantismo no brasil
Romantismo no brasil
 
Exercícios especiais literatura 2
Exercícios especiais literatura 2Exercícios especiais literatura 2
Exercícios especiais literatura 2
 
literaturabrasileira-resumo-150521005228-lva1-app6891.pdf
literaturabrasileira-resumo-150521005228-lva1-app6891.pdfliteraturabrasileira-resumo-150521005228-lva1-app6891.pdf
literaturabrasileira-resumo-150521005228-lva1-app6891.pdf
 
Romantismo
RomantismoRomantismo
Romantismo
 
Literatura brasileira resumo
Literatura brasileira resumoLiteratura brasileira resumo
Literatura brasileira resumo
 
Romantismo.ppt
Romantismo.pptRomantismo.ppt
Romantismo.ppt
 
Romantismo.ppt
Romantismo.pptRomantismo.ppt
Romantismo.ppt
 
Romantismo no Brasil
Romantismo no BrasilRomantismo no Brasil
Romantismo no Brasil
 
Literatura afrobrasileira.
Literatura afrobrasileira.Literatura afrobrasileira.
Literatura afrobrasileira.
 
Arcadismo em portugal e no brasil.
Arcadismo em portugal e no brasil.Arcadismo em portugal e no brasil.
Arcadismo em portugal e no brasil.
 
Barroco
BarrocoBarroco
Barroco
 
Dinah silveira de_queiroz_-_a_muralha
Dinah silveira de_queiroz_-_a_muralhaDinah silveira de_queiroz_-_a_muralha
Dinah silveira de_queiroz_-_a_muralha
 
Literatura de Cordel
Literatura de CordelLiteratura de Cordel
Literatura de Cordel
 
Aula 16 machado de assis
Aula 16   machado de assisAula 16   machado de assis
Aula 16 machado de assis
 
Gregório de Matos Guerra
Gregório de Matos GuerraGregório de Matos Guerra
Gregório de Matos Guerra
 
Arcadismo
ArcadismoArcadismo
Arcadismo
 
Biografia 4º A
Biografia 4º ABiografia 4º A
Biografia 4º A
 
Prosa gótica
Prosa góticaProsa gótica
Prosa gótica
 
Prosagtica
ProsagticaProsagtica
Prosagtica
 
Barroco 2011
Barroco 2011Barroco 2011
Barroco 2011
 

Último

Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
AntonioVieira539017
 
Expansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XV
Expansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XVExpansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XV
Expansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XV
lenapinto
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
TailsonSantos1
 
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
azulassessoria9
 

Último (20)

Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptxEducação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
 
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
 
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de LedAula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
 
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptxCartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
 
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
 
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretaçãoLENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
 
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptxSlides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
 
3 2 - termos-integrantes-da-oracao-.pptx
3 2 - termos-integrantes-da-oracao-.pptx3 2 - termos-integrantes-da-oracao-.pptx
3 2 - termos-integrantes-da-oracao-.pptx
 
Expansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XV
Expansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XVExpansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XV
Expansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XV
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do séculoSistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
 
Cópia de AULA 2- ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS - LÍNGUA PORTUGUESA.pptx
Cópia de AULA 2- ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS - LÍNGUA PORTUGUESA.pptxCópia de AULA 2- ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS - LÍNGUA PORTUGUESA.pptx
Cópia de AULA 2- ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS - LÍNGUA PORTUGUESA.pptx
 
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.docGUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
 
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
 
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
 
Renascimento Cultural na Idade Moderna PDF
Renascimento Cultural na Idade Moderna PDFRenascimento Cultural na Idade Moderna PDF
Renascimento Cultural na Idade Moderna PDF
 
Aula prática JOGO-Regencia-Verbal-e-Nominal.pdf
Aula prática JOGO-Regencia-Verbal-e-Nominal.pdfAula prática JOGO-Regencia-Verbal-e-Nominal.pdf
Aula prática JOGO-Regencia-Verbal-e-Nominal.pdf
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptxPlano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
 
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
 

O que é literatura brasileira

  • 1. COUTINHO, Afrânio, “Que é Literatura Brasileira”. In: O processo de descolonização literária. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983.
  • 2.  “A literatura brasileira é o resultado de um longo e contínuo processo de busca de uma forma de expressão nacional brasileira. É a procura da identidade nacional. É a busca do caráter brasileiro para a expressão da literatura” (COUTINHO, 1983, p. 19). Tentativa de conceito:
  • 4.   Espírito sincrético;  Polilinguísmo;  Iniciador da Literatura Brasileira;  Introdutor do espírito contra-reformista entre nós;  A catequese do gentio e o estilo Jesuítico; Literatura Jesuítica: Anchieta
  • 5. “Dois fogos trazia n’alma, com que as brasas resfriou, a no fogo em que se assou, com tão gloriosa palma, dos tiranos triunfou. Um fogo foi o temor do bravo fogo infernal, e, como servo leal, por honrar a seu Senhor, fugiu da culpa mortal. Outro foi o Amor fervente de Jesus, que tanto amava, que muito mais se abrasava com esse fervor ardente que co’o fogo, em que se assava, Estes o fizeram forte. Com estes purificado como ouro refinado, padeceu tão crua morte por Jesus, seu doce amado. Estes vos manda o Senhor a ganhar vossa frieza, para que vossa alma acesa de seu fogo gastador, fique cheio de pureza. Deixai-vos deles queimar como o mártir São Lourenço, e sereis um vivo incenso que sempre haveis de cheirar na corte de Deus imenso. “ Auto de São Lourenço
  • 6.   Transição do Classicismo renascentista para o Barroco: Maneirismo
  • 7.   Longa duração: do século XVII ao início do século XIX;  “O Brasil mental nasceu pela mão barroca dos jesuítas” (COUTINHO, 1983, p. 22);  Inicia-se com a obra Prosopopeia, de Bento Teixeira;  Predomina a poesia lírica, satírica, religiosa, erótica, encomiástica e laudatória;  Na prosa, exibe-se principalmente na oratória sacra ou acadêmica; Barroco
  • 8.   Representantes: - Gregório de Matos Guerra; - Manuel Botelho de Oliveira; - Pe. Antônio Vieira.  Características: - Cultismo e conceptismo; - Sincretismo cultural; - Preocupação com o nativismo; - Início da narrativa ficcional brasileira (historiografia). Barroco
  • 9. Aos caramurus da Bahia Um calção de pindoba à meia zorra Camisa de urucu, mantéu de arara, Em lugar de cotó arco e taquara Penacho de guarás em vez de gorra. Furado o beiço, e sem temor que morra O pai, que lho envasou cuma titara Porém a Mãe a pedra lhe aplicara Por reprimir-lhe o sangue que não corra. Alarve sem razão, bruto sem fé, Sem mais leis que a do gosto, quando erra De Paiaiá tornou-se em Abaité. Não sei onde acabou, ou em que guerra: Só sei que deste Adão de Massapé Procedem os fidalgos desta terra. Gregório de Matos
  • 10.  “A noção da cronologia rigorosa em história da literatura está superada pelo critério dos estilos de época, os quais repelem as delimitações cronológicas absolutas” (COUTINHO, 1983, p. 22-23); “Não se deve esquecer que a definição de um estilo de época exige que os traços formais se encontrem, não isolados, porém, constituindo conjuntos de traços estilísticos” (COUTINHO, 1983, p. 23). Observações importantes!
  • 11.   Movimento antibarroco;  Reação lusitanizante de volta ao renascimento;  Lirísmo bucolista e pastoralista;  Denota também a vertente nacionalizante;  Representantes: Santa Rita Durão e Basílio da Gama; “No que concerne à literatura, não foi a independência política de 1822 que determinou a autonomia literária” (COUTINHO, 1983, p. 29). Arcadismo
  • 12. Faz a imaginação de um bem amado Que nele se transforme o peito amante; Daqui vem que a minha alma delirante Se não distingue já do meu cuidado. Nesta doce loucura arrebatado. Anarda cuido ver, bem que distante; Mas ao passo que a busco, neste instante Me vejo no seu mal desenganado. Pois se Anarda em mim vive, e eu nela vivo, E por força da idéia me converto Na bela causa de meu fogo ativo, Como nas tristes lágrimas que verto, Ao querer contrastar seu gênio esquivo, Tão longe dela estou, e estou tão perto! Cláudio Manuel da Costa
  • 14.   Busca por uma literatura nacional, diferente da portuguesa;  Procura-se o tipo brasileiro que melhor ilustrasse essa fase da Literatura Nacional: o índio.  Indianismo na poesia lírica e na ficção;  Ao lado do índio, a paisagem;  Representantes: - Gonçalves Dias; - José de Alencar. Romantismo
  • 15. “Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da Jati era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas”. (ALENCAR, Iracema, p. 20-21) José de Alencar
  • 16.   Instalou-se na literatura brasileira a voga do regionalismo;  Surgem vários ciclos regionais;  Incorporação dos costumes brasileiros ou da vida social; Realismo
  • 17. “Ocorre-me uma reflexão imoral, que é ao mesmo tempo uma correção de estilo. Cuido haver dito, no capítulo 14, que Marcela morria de amores pelo Xavier. Não morria, vivia.Viver não é a mesma coisa que morrer; assim o afirmam todos os joalheiros desse mundo, gente muito vista na gramática. Bons joalheiros, que seria do amor se não fossem os vossos dixes e fiados? Um terço ou um quinto do universal comércio dos corações. Esta é a reflexão imoral que eu pretendia fazer, a qual é ainda mais obscura do que imoral, porque não se entende bem o que eu quero dizer. O que eu quero dizer é que a mais bela testa do mundo não fica menos bela, se a cingir um diadema de pedras finas; nem menos bela, nem menos amada. Marcela, por exemplo, que era bem bonita, Marcela amou-me... ...Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos. Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou que o caso excedia as raias de um capricho juvenil” (MACHADO DE ASSIS, Memórias Póstumas de Brás Machado de Assis
  • 18.   ALENCAR - Linhagem Exteriorizante.  MACHADO - Linhagem Introspectiva. Dois pilares da Literatura Brasileira
  • 19.   “Ao integrar o social, a ficção brasileira deu entrada a elementos até então ausentes: o negro e o mestiço”;  Polêmica Alencar x Nabuco;  “Em resumo: paisagem, costumes, vida social, regiões econômicas e geográficas, elementos da população, com isso a literatura se foi diferenciando, tornando-se uma literatura peculiar, distinta das demais” (COUTINHO, 1983, p. 32). Importante!
  • 20.   Língua Portuguesa x Língua Brasileira;  Literatura brasileira em Língua Brasileira;  Problemas editoriais: Brasil x Portugal/Exterior  Atualmente: Língua literária > Língua falada;  Saber ser americano/Saber ser brasileiro;  “Não precisamos mais buscar inspiração fora para criar imagens. É só ter força e capacidade para captar a nossa realidade” (COUTINHO, 1983, p. 36). O problema da língua