SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 21
Simbologia


e ainda



          Indícios
          Trágicos
Estrutura da Acção
  Introdução      (dois primeiros parágrafos) – apresentação       das
  personagens e descrição do ambiente em que vivem;


Desenvolvimento (até ao penúltimo parágrafo) – Descoberta do
tesouro, decisão de partilha e esforços para eliminar os concorrentes;

 Por sua vez, o desenvolvimento tem também uma estrutura tripartida:
                                                         tripartida
   •Descoberta do tesouro e decisão de o partilhar;
   • Rui e Rostabal decidem matar Guanes;
       morte de Guanes;
       morte de Rostabal;
   • Rui apodera-se do cofre e morre envenenado.
Conclusão     (dois últimos parágrafos) – Situação final.

   Da     conclusão      infere-se      que,      se
considerarmos a história dos “três irmãos de
Medranhos”, estamos perante uma narrativa
fechada; ao invés, se nos centrarmos sobre o
“tesouro”, teremos de considerar a narrativa
aberta, dado que ele continua por descobrir
(“...ainda lá está, na mata de Roquelanes.”).

        A articulação das sequências narrativas (momentos de avanço)
faz-se por encadeamento.
           encadeamento
        Os momentos de pausa abrem e fecham a narrativa e
interrompem regularmente a narração com descrições (espaço, objectos,
personagens) e reflexões.
Personagens
RUI
Caracterização física: gordo e ruivo.
Caracterização psicológica: “avisado”, calculista,
traiçoeiro.


GUANES
 Caracterização física: pele negra, pescoço de grou.
 Caracterização psicológica: desconfiado, calculista,
 traiçoeiro.


ROSTABAL
 Caracterização física: alto, cabelo comprido, barba longa,
 olhos raiados de sangue.
 Caracterização psicológica: ingénuo, impulsivo.
Predomina        o     processo        de

caracterização directa, visto que a
maior parte das informações são-nos dadas
pelo narrador. No entanto, os traços de traição
e   premeditação    de   Rui   e   Guanes     são
deduzidos a partir do seu comportamento
(caracterização indirecta).
        As personagens começam por ser
apresentadas colectivamente (“Os três irmãos
de Medranhos...”), mas, à medida que a acção
progride,   a    sua     caracterização     vai-se
individualizando, como que sublinhando o
predomínio do egoísmo individual sobre a
aparente fraternidade.
TEMPO
  Tempo histórico
        A referência ao “Reino das Astúrias” permite localizar a
acção por volta do século IX, já que os árabes invadiram a península
ibérica no século VIII (a ocupação iniciou-se em 711 e prolongou-se
por vários anos, sem nunca ter sido concluída); por outro lado, no
século X encontramos já constituído o Reino de Leão, que sucedeu
ao das Astúrias.
Tempo da história

       A acção decorre entre o Inverno e a Primavera,
mas concentra-se num domingo de Primavera,
estendendo-se de manhã até à noite.



         Quanta à ordenação dos acontecimentos, predomina o
 respeito pela sequência cronológica. Só na parte final nos surge uma
 analepse (recuo no tempo). o narrador abandona a postura de
 observador e adopta uma focalização omnisciente, para revelar o
 modo como Guanes tinha planeado o envenenamento dos irmãos,
 manifestando dessa forma a natureza traiçoeira do seu carácter.
Narrador
         No final da narrativa o narrador
 abandona    a   postura   de   observador

 (focalização externa)      e adopta uma

 focalização omnisciente, para revelar
 o modo como Guanes tinha planeado o
 envenenamento dos irmãos, manifestando
 dessa forma a natureza traiçoeira do seu
 carácter.
ESPAÇO
       A   acção    é   localizada       nas
Astúrias   e decorre, a parte inicial,   nos
“Paços de Medranhos” e, a parte central,
na mata de Roquelanes.           Somente o
episódio do envenenamento do vinho é situado

num local um pouco mais longínquo,   na vila
de Retorquilho.
O paço de Medranhos é descrito
negativamente, por exclusão (“...a que o vento da serra levara vidraça e
telha...”) , e os três irmãos circulam entre a cozinha (sem lume, nem
comida) e a estrebaria, onde dormem, “para aproveitar o calor das três
éguas lazarentas”.



    O facto de três fidalgos passarem os seus dias entre
    a cozinha e a estrebaria, os lugares menos nobres de
    um palácio, é significativo: caracteriza bem o grau de
    decadência económica em que vivem. A miséria em
    que vivem é acompanhada por uma degradação
    moral que o narrador não esconde (“E a miséria
    tornara estes senhores mais bravios que lobos.”).
De igual modo, o espaço exterior,     a mata de
Roquelanes,                 não é um simples cenário onde

decorre a acção.

              As descrições da natureza têm também um
   carácter    significativo.   A   “relva   nova   de   Abril”,
   manifestação visível do renascimento da natureza,
   sugere o renascimento espiritual que as personagens,
   como veremos, não são capazes de concretizar. Do
   mesmo modo, a “moita de espinheiros” e a “cova de
   rocha” simbolizam as dificuldades, os sacrifícios, que é
   necessário enfrentar para alcançar o objecto pretendido
   — são obstáculos que é necessário ultrapassar.
A     natureza,       calma,       pacífica,
renascente      (“...um fio de água, brotando entre
rochas, caía sobre uma vasta laje escavada, onde fazia
como um tanque, claro e quieto, antes de se escoar

para as relvas altas.”), contrasta   com o espaço
interior das personagens, que facilmente
imaginamos            inquietas,           agitadas,
perturbadas       pela     visão      do   ouro     e
ansiosas por dele se apoderarem, com
exclusão dos demais.
Enquanto isso “as duas éguas retouçavam
a boa erva pintalgada de papoulas e botões-de-
ouro”. Esse contraste tinha já sido posto em
evidência antes, depois dos três terem contemplado
o ouro (“...estalaram a rir, num riso de tão larga
rajada que as folhas tenras dos olmos, em roda,
tremiam...”). E, quando Rui e Rostabal esperam,
emboscados, o irmão, “um vento leve arrepiou na
encosta as folhas dos álamos”, como se a natureza
sentisse o horror do crime que estava para ser
cometido. Depois de assassinado Guanes, os dois
regressam à “clareira onde o sol já não dourava as
folhas”.
Simbologia
      A referência insistente
          ao número três
        Desde logo, são três os irmãos; e o três é também um símbolo da
família — pai, mãe, filho(s). Mas aqui encontramos uma família truncada,
imperfeita — nem pais, nem filhos, apenas três irmãos. Não há, aliás, a mais
leve referência aos progenitores dos fidalgos de Medranhos, como se eles
nunca tivessem existido. Essa ausência da narração é, de certo modo, um
símbolo da sua ausência na educação dos filhos. Sem a presença
modeladora dos pais (ou alguém que os substituísse), Rui, Guanes e
Rostabal dificilmente poderiam desenvolver sentimentos humanos: vivem
como “lobos”, porque — imaginamos nós — cresceram como lobos.
O cofre
        Um cofre protege, preserva, permite que o seu
conteúdo permaneça intocado ao longo do tempo. A sua
utilização é significativa do carácter precioso do conteúdo.
Igualmente significativo é o facto de o cofre ser de ferro,
material resistente, simultaneamente, à força e à corrupção.
O Ouro
        Material precioso e incorruptível, é ele próprio símbolo de perfeição.
Obviamente, para além do seu valor material, simboliza a salvação, a
elevação a uma forma superior de vida, mais espiritual, menos animal. É
esse o verdadeiro bem, o verdadeiro tesouro. Os fidalgos de Medranhos
vivem mergulhados na decadência material e na degradação moral. Não se
lhes conhece uma actividade útil, um sentimento mais elevado, um afecto.
Vivem com os animais e como animais. Mas para eles, como para todo o ser
humano, há uma possibilidade de redenção. O “tesouro” está ali, à sua
frente, é possível alcançá-lo; mas, para isso, é necessário enfrentar
dificuldades, largar a cobiça, vencer o egoísmo, criar laços de solidariedade
e verdadeira fraternidade.
A água
         Símbolo de vida (vemo-la na
clareira, escoando-se por entre a
relva   que   cresce   e   Rui procura
combater o veneno com ela) e de
purificação (com a água, Rostabal
pretende livrar-se do sangue do irmão
que assassinou).
INDÍCIOS TRÁGICOS
            Frequentemente,       na    narrativa,      a   tragédia    é
   anunciada        antecipadamente     por     indícios,     que      as
   personagens ignoram, mas não passam despercebidos ao
   leitor atento.



    A cantiga         que Guanes entoa ao dirigir-se à vila e continua a
cantarolar quando regressa.
                                   Olé! Olé!
                          Sale la cruz de la iglesia,
                           Vestida de negro luto...
    A “cruz” e o “negro luto” são referências claras à morte que Guanes
planeia para os irmãos. Mas ironicamente prenuncia também a sua própria
morte. Como se vê, nenhuma das três personagens é capaz de reconhecer
esse sinal.
As duas garrafas                 que
Guanes trouxe de Retorquilho. Rui
estranha o facto, mas não suspeita
da   traição.   Se   as   personagens
fossem capazes de interpretar esses
indícios poderiam fugir ao destino.
Mas são incapazes disso e é desse
lento aproximar do desenlace e da
incapacidade das personagens para
o evitar que resulta a dimensão
trágica da narrativa.
FIM
Adaptado do trabalho, na Internet, de JORGE SANTOS
         • ESC. SEC. D.MARIA II • BRAGA

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Análise do episódio "Inês de Castro"
Análise do episódio "Inês de Castro"Análise do episódio "Inês de Castro"
Análise do episódio "Inês de Castro"
Inês Moreira
 
Cantigas de escárnio e maldizer
Cantigas de escárnio e maldizerCantigas de escárnio e maldizer
Cantigas de escárnio e maldizer
Helena Coutinho
 
A Aia - Trabalhos de grupo (alunos)
A Aia - Trabalhos de grupo (alunos)A Aia - Trabalhos de grupo (alunos)
A Aia - Trabalhos de grupo (alunos)
Lurdes Augusto
 
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...
FilipaFonseca
 

Mais procurados (20)

Simbologia do conto o tesouro
Simbologia do conto  o tesouroSimbologia do conto  o tesouro
Simbologia do conto o tesouro
 
Proposição
ProposiçãoProposição
Proposição
 
Os maias-resumo-e-analise
Os maias-resumo-e-analiseOs maias-resumo-e-analise
Os maias-resumo-e-analise
 
Auto/ Farsa de Inês Pereira
Auto/ Farsa de Inês PereiraAuto/ Farsa de Inês Pereira
Auto/ Farsa de Inês Pereira
 
Auto de inês pereira
Auto de inês pereiraAuto de inês pereira
Auto de inês pereira
 
Os Planos d'Os Lusíadas
Os Planos d'Os LusíadasOs Planos d'Os Lusíadas
Os Planos d'Os Lusíadas
 
Análise do episódio "Inês de Castro"
Análise do episódio "Inês de Castro"Análise do episódio "Inês de Castro"
Análise do episódio "Inês de Castro"
 
Auto da Feira de Gil Vicente
Auto da Feira de Gil VicenteAuto da Feira de Gil Vicente
Auto da Feira de Gil Vicente
 
Os Maias - análise
Os Maias - análise Os Maias - análise
Os Maias - análise
 
Cantigas de escárnio e maldizer
Cantigas de escárnio e maldizerCantigas de escárnio e maldizer
Cantigas de escárnio e maldizer
 
Apresentação do Simbolismo N`Os Maias
Apresentação do Simbolismo N`Os MaiasApresentação do Simbolismo N`Os Maias
Apresentação do Simbolismo N`Os Maias
 
Os maias: Características trágicas da intriga
Os maias: Características trágicas da intrigaOs maias: Características trágicas da intriga
Os maias: Características trágicas da intriga
 
OCEANO NOX_Análise.ppsx
OCEANO NOX_Análise.ppsxOCEANO NOX_Análise.ppsx
OCEANO NOX_Análise.ppsx
 
A Aia - Trabalhos de grupo (alunos)
A Aia - Trabalhos de grupo (alunos)A Aia - Trabalhos de grupo (alunos)
A Aia - Trabalhos de grupo (alunos)
 
Os Lusíadas - a estrutura
Os Lusíadas - a estruturaOs Lusíadas - a estrutura
Os Lusíadas - a estrutura
 
Farsa de Inês Pereira
Farsa de Inês PereiraFarsa de Inês Pereira
Farsa de Inês Pereira
 
Os Maias - Jantar no Hotel Central
Os Maias - Jantar no Hotel CentralOs Maias - Jantar no Hotel Central
Os Maias - Jantar no Hotel Central
 
Episodios maias
Episodios maiasEpisodios maias
Episodios maias
 
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...
 
Os Maias - simbolismo
Os Maias - simbolismoOs Maias - simbolismo
Os Maias - simbolismo
 

Destaque

Resumo do conto o tesouro
Resumo do conto o tesouroResumo do conto o tesouro
Resumo do conto o tesouro
Profmaria
 
Relatório da visita de estudo s. filipe
Relatório da visita de estudo s. filipeRelatório da visita de estudo s. filipe
Relatório da visita de estudo s. filipe
Tina Lima
 
Categorias da narrativa 9º ano
Categorias da narrativa   9º anoCategorias da narrativa   9º ano
Categorias da narrativa 9º ano
ElisabeteMarques
 
ApresentaçãO Publicidade
ApresentaçãO PublicidadeApresentaçãO Publicidade
ApresentaçãO Publicidade
MARIA NOGUE
 
"Saga", de Sophia de Mello Breyner
"Saga", de Sophia de Mello Breyner "Saga", de Sophia de Mello Breyner
"Saga", de Sophia de Mello Breyner
inessalgado
 

Destaque (17)

Resumo do conto o tesouro
Resumo do conto o tesouroResumo do conto o tesouro
Resumo do conto o tesouro
 
Eca de-queiros-o-tesouro
Eca de-queiros-o-tesouroEca de-queiros-o-tesouro
Eca de-queiros-o-tesouro
 
25 de Abril O tesouro e ficha de trabalho
25 de Abril O tesouro e ficha de trabalho25 de Abril O tesouro e ficha de trabalho
25 de Abril O tesouro e ficha de trabalho
 
1ª Ficha De AvaliaçãO
1ª Ficha De AvaliaçãO1ª Ficha De AvaliaçãO
1ª Ficha De AvaliaçãO
 
O tesouro
O tesouroO tesouro
O tesouro
 
O tesouro liberdade
O tesouro  liberdadeO tesouro  liberdade
O tesouro liberdade
 
Eça de Queirós
Eça de QueirósEça de Queirós
Eça de Queirós
 
Publicidade Institucional
Publicidade InstitucionalPublicidade Institucional
Publicidade Institucional
 
Teste o tesouro[1][1]
Teste o tesouro[1][1]Teste o tesouro[1][1]
Teste o tesouro[1][1]
 
Relatório da visita de estudo s. filipe
Relatório da visita de estudo s. filipeRelatório da visita de estudo s. filipe
Relatório da visita de estudo s. filipe
 
Categorias da narrativa 9º ano
Categorias da narrativa   9º anoCategorias da narrativa   9º ano
Categorias da narrativa 9º ano
 
O casamento da gata
O casamento da gataO casamento da gata
O casamento da gata
 
Eça de Queirós
Eça de QueirósEça de Queirós
Eça de Queirós
 
Texto poético
Texto poéticoTexto poético
Texto poético
 
Texto poético
Texto poéticoTexto poético
Texto poético
 
ApresentaçãO Publicidade
ApresentaçãO PublicidadeApresentaçãO Publicidade
ApresentaçãO Publicidade
 
"Saga", de Sophia de Mello Breyner
"Saga", de Sophia de Mello Breyner "Saga", de Sophia de Mello Breyner
"Saga", de Sophia de Mello Breyner
 

Semelhante a O Tesouro_Eça_Queirós_Categorias Narrativa

Espaço - Eça de Queiroz - O Tesouro
Espaço - Eça de Queiroz - O TesouroEspaço - Eça de Queiroz - O Tesouro
Espaço - Eça de Queiroz - O Tesouro
Hugo Moreira
 
Lirismo e surrealismo em joão ternura, de aníbal machado
Lirismo e surrealismo em joão ternura, de aníbal machadoLirismo e surrealismo em joão ternura, de aníbal machado
Lirismo e surrealismo em joão ternura, de aníbal machado
ma.no.el.ne.ves
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, terceira aula de cábulas
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, terceira aula de cábulasApresentação para décimo segundo ano de 2016 7, terceira aula de cábulas
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, terceira aula de cábulas
luisprista
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, primeira aula de cábulas
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, primeira aula de cábulasApresentação para décimo segundo ano de 2013 4, primeira aula de cábulas
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, primeira aula de cábulas
luisprista
 

Semelhante a O Tesouro_Eça_Queirós_Categorias Narrativa (20)

Resumoexamelp
ResumoexamelpResumoexamelp
Resumoexamelp
 
Resumoexamelp
ResumoexamelpResumoexamelp
Resumoexamelp
 
Espaço - Eça de Queiroz - O Tesouro
Espaço - Eça de Queiroz - O TesouroEspaço - Eça de Queiroz - O Tesouro
Espaço - Eça de Queiroz - O Tesouro
 
Espaço
EspaçoEspaço
Espaço
 
Eçadequeirós
EçadequeirósEçadequeirós
Eçadequeirós
 
Lirismo e surrealismo em joão ternura, de aníbal machado
Lirismo e surrealismo em joão ternura, de aníbal machadoLirismo e surrealismo em joão ternura, de aníbal machado
Lirismo e surrealismo em joão ternura, de aníbal machado
 
Salamanca do Jarau (Ensaio de Luiz Cosme)
Salamanca do Jarau (Ensaio de Luiz Cosme)Salamanca do Jarau (Ensaio de Luiz Cosme)
Salamanca do Jarau (Ensaio de Luiz Cosme)
 
Modernismo geração de 45: Clarice Lispector e Guimarães Rosa
Modernismo geração de 45: Clarice Lispector e Guimarães RosaModernismo geração de 45: Clarice Lispector e Guimarães Rosa
Modernismo geração de 45: Clarice Lispector e Guimarães Rosa
 
GENEROS_LITERARIOS_ANGELICA_SOARES_1.pptx
GENEROS_LITERARIOS_ANGELICA_SOARES_1.pptxGENEROS_LITERARIOS_ANGELICA_SOARES_1.pptx
GENEROS_LITERARIOS_ANGELICA_SOARES_1.pptx
 
Slide e..(1)
Slide   e..(1)Slide   e..(1)
Slide e..(1)
 
Revista Literatura e Música-Especial livro Black Wings
Revista Literatura e Música-Especial livro Black WingsRevista Literatura e Música-Especial livro Black Wings
Revista Literatura e Música-Especial livro Black Wings
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, terceira aula de cábulas
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, terceira aula de cábulasApresentação para décimo segundo ano de 2016 7, terceira aula de cábulas
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, terceira aula de cábulas
 
Os Maias de A a Z
Os Maias de A a ZOs Maias de A a Z
Os Maias de A a Z
 
Os Maias
Os MaiasOs Maias
Os Maias
 
Análise dos contos de Sagarana, de João Guimarães Rosa
Análise dos contos de Sagarana, de João Guimarães RosaAnálise dos contos de Sagarana, de João Guimarães Rosa
Análise dos contos de Sagarana, de João Guimarães Rosa
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, primeira aula de cábulas
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, primeira aula de cábulasApresentação para décimo segundo ano de 2013 4, primeira aula de cábulas
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, primeira aula de cábulas
 
A galeria dos serui plautinos
A galeria dos serui plautinosA galeria dos serui plautinos
A galeria dos serui plautinos
 
A hora e vez de augusto matraga
A hora e vez de augusto matragaA hora e vez de augusto matraga
A hora e vez de augusto matraga
 
Os Maias(1)
Os Maias(1)Os Maias(1)
Os Maias(1)
 
Os Maias(1)
Os Maias(1)Os Maias(1)
Os Maias(1)
 

Mais de armindaalmeida

Introdução texto poético
Introdução texto poéticoIntrodução texto poético
Introdução texto poético
armindaalmeida
 
A estrela vergílio_ferreira
A estrela vergílio_ferreiraA estrela vergílio_ferreira
A estrela vergílio_ferreira
armindaalmeida
 
Categoriasdanarrativa i
Categoriasdanarrativa iCategoriasdanarrativa i
Categoriasdanarrativa i
armindaalmeida
 
Fi literatura oral_tradicional
Fi literatura oral_tradicionalFi literatura oral_tradicional
Fi literatura oral_tradicional
armindaalmeida
 
Literaturaoraletradicionaltipologia
LiteraturaoraletradicionaltipologiaLiteraturaoraletradicionaltipologia
Literaturaoraletradicionaltipologia
armindaalmeida
 
Sintese funcoes sintaticas
Sintese funcoes sintaticasSintese funcoes sintaticas
Sintese funcoes sintaticas
armindaalmeida
 
Frase grupos constituintes
Frase grupos constituintesFrase grupos constituintes
Frase grupos constituintes
armindaalmeida
 
Frase classificacao oracoes
Frase classificacao oracoesFrase classificacao oracoes
Frase classificacao oracoes
armindaalmeida
 
Insdecastro apresentao
Insdecastro apresentaoInsdecastro apresentao
Insdecastro apresentao
armindaalmeida
 
Inesdecastro exposioconflitoedesenlace
Inesdecastro exposioconflitoedesenlaceInesdecastro exposioconflitoedesenlace
Inesdecastro exposioconflitoedesenlace
armindaalmeida
 
Inesdecastro exposioconflitoedesenlace
Inesdecastro exposioconflitoedesenlaceInesdecastro exposioconflitoedesenlace
Inesdecastro exposioconflitoedesenlace
armindaalmeida
 
Insdecastro apresentao
Insdecastro apresentaoInsdecastro apresentao
Insdecastro apresentao
armindaalmeida
 
Processos morfologicos formação_palavras
Processos morfologicos formação_palavrasProcessos morfologicos formação_palavras
Processos morfologicos formação_palavras
armindaalmeida
 
Idade Media Renascimento
Idade Media RenascimentoIdade Media Renascimento
Idade Media Renascimento
armindaalmeida
 

Mais de armindaalmeida (20)

Descrição aa
Descrição aaDescrição aa
Descrição aa
 
Conto igagc
Conto igagcConto igagc
Conto igagc
 
Introdução texto poético
Introdução texto poéticoIntrodução texto poético
Introdução texto poético
 
A estrela vergílio_ferreira
A estrela vergílio_ferreiraA estrela vergílio_ferreira
A estrela vergílio_ferreira
 
Gigante adamastor
Gigante adamastorGigante adamastor
Gigante adamastor
 
Categoriasdanarrativa i
Categoriasdanarrativa iCategoriasdanarrativa i
Categoriasdanarrativa i
 
Fi literatura oral_tradicional
Fi literatura oral_tradicionalFi literatura oral_tradicional
Fi literatura oral_tradicional
 
Conto popular aa
Conto popular aaConto popular aa
Conto popular aa
 
Literaturaoraletradicionaltipologia
LiteraturaoraletradicionaltipologiaLiteraturaoraletradicionaltipologia
Literaturaoraletradicionaltipologia
 
Sintese funcoes sintaticas
Sintese funcoes sintaticasSintese funcoes sintaticas
Sintese funcoes sintaticas
 
Frase grupos constituintes
Frase grupos constituintesFrase grupos constituintes
Frase grupos constituintes
 
Frase classificacao oracoes
Frase classificacao oracoesFrase classificacao oracoes
Frase classificacao oracoes
 
Classes palavras
Classes palavrasClasses palavras
Classes palavras
 
Insdecastro apresentao
Insdecastro apresentaoInsdecastro apresentao
Insdecastro apresentao
 
Inesdecastro exposioconflitoedesenlace
Inesdecastro exposioconflitoedesenlaceInesdecastro exposioconflitoedesenlace
Inesdecastro exposioconflitoedesenlace
 
Inesdecastro exposioconflitoedesenlace
Inesdecastro exposioconflitoedesenlaceInesdecastro exposioconflitoedesenlace
Inesdecastro exposioconflitoedesenlace
 
Insdecastro apresentao
Insdecastro apresentaoInsdecastro apresentao
Insdecastro apresentao
 
Processos morfologicos formação_palavras
Processos morfologicos formação_palavrasProcessos morfologicos formação_palavras
Processos morfologicos formação_palavras
 
A Publicidade
A PublicidadeA Publicidade
A Publicidade
 
Idade Media Renascimento
Idade Media RenascimentoIdade Media Renascimento
Idade Media Renascimento
 

Último

8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
tatianehilda
 
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
PatriciaCaetano18
 
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
AntonioVieira539017
 

Último (20)

Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptxPlano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
 
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
 
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Estudar, para quê?  Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2Estudar, para quê?  Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
 
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptxCartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
 
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptxMonoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
 
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptxEducação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
 
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenosmigração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
 
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
 
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
 
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do séculoSistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
 
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
 
GÊNERO CARTAZ - o que é, para que serve.pptx
GÊNERO CARTAZ - o que é, para que serve.pptxGÊNERO CARTAZ - o que é, para que serve.pptx
GÊNERO CARTAZ - o que é, para que serve.pptx
 
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
 
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretaçãoLENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
 

O Tesouro_Eça_Queirós_Categorias Narrativa

  • 1.
  • 2. Simbologia e ainda Indícios Trágicos
  • 3. Estrutura da Acção Introdução (dois primeiros parágrafos) – apresentação das personagens e descrição do ambiente em que vivem; Desenvolvimento (até ao penúltimo parágrafo) – Descoberta do tesouro, decisão de partilha e esforços para eliminar os concorrentes; Por sua vez, o desenvolvimento tem também uma estrutura tripartida: tripartida •Descoberta do tesouro e decisão de o partilhar; • Rui e Rostabal decidem matar Guanes; morte de Guanes; morte de Rostabal; • Rui apodera-se do cofre e morre envenenado.
  • 4. Conclusão (dois últimos parágrafos) – Situação final. Da conclusão infere-se que, se considerarmos a história dos “três irmãos de Medranhos”, estamos perante uma narrativa fechada; ao invés, se nos centrarmos sobre o “tesouro”, teremos de considerar a narrativa aberta, dado que ele continua por descobrir (“...ainda lá está, na mata de Roquelanes.”). A articulação das sequências narrativas (momentos de avanço) faz-se por encadeamento. encadeamento Os momentos de pausa abrem e fecham a narrativa e interrompem regularmente a narração com descrições (espaço, objectos, personagens) e reflexões.
  • 5. Personagens RUI Caracterização física: gordo e ruivo. Caracterização psicológica: “avisado”, calculista, traiçoeiro. GUANES Caracterização física: pele negra, pescoço de grou. Caracterização psicológica: desconfiado, calculista, traiçoeiro. ROSTABAL Caracterização física: alto, cabelo comprido, barba longa, olhos raiados de sangue. Caracterização psicológica: ingénuo, impulsivo.
  • 6. Predomina o processo de caracterização directa, visto que a maior parte das informações são-nos dadas pelo narrador. No entanto, os traços de traição e premeditação de Rui e Guanes são deduzidos a partir do seu comportamento (caracterização indirecta). As personagens começam por ser apresentadas colectivamente (“Os três irmãos de Medranhos...”), mas, à medida que a acção progride, a sua caracterização vai-se individualizando, como que sublinhando o predomínio do egoísmo individual sobre a aparente fraternidade.
  • 7. TEMPO Tempo histórico A referência ao “Reino das Astúrias” permite localizar a acção por volta do século IX, já que os árabes invadiram a península ibérica no século VIII (a ocupação iniciou-se em 711 e prolongou-se por vários anos, sem nunca ter sido concluída); por outro lado, no século X encontramos já constituído o Reino de Leão, que sucedeu ao das Astúrias.
  • 8. Tempo da história A acção decorre entre o Inverno e a Primavera, mas concentra-se num domingo de Primavera, estendendo-se de manhã até à noite. Quanta à ordenação dos acontecimentos, predomina o respeito pela sequência cronológica. Só na parte final nos surge uma analepse (recuo no tempo). o narrador abandona a postura de observador e adopta uma focalização omnisciente, para revelar o modo como Guanes tinha planeado o envenenamento dos irmãos, manifestando dessa forma a natureza traiçoeira do seu carácter.
  • 9. Narrador No final da narrativa o narrador abandona a postura de observador (focalização externa) e adopta uma focalização omnisciente, para revelar o modo como Guanes tinha planeado o envenenamento dos irmãos, manifestando dessa forma a natureza traiçoeira do seu carácter.
  • 10. ESPAÇO A acção é localizada nas Astúrias e decorre, a parte inicial, nos “Paços de Medranhos” e, a parte central, na mata de Roquelanes. Somente o episódio do envenenamento do vinho é situado num local um pouco mais longínquo, na vila de Retorquilho.
  • 11. O paço de Medranhos é descrito negativamente, por exclusão (“...a que o vento da serra levara vidraça e telha...”) , e os três irmãos circulam entre a cozinha (sem lume, nem comida) e a estrebaria, onde dormem, “para aproveitar o calor das três éguas lazarentas”. O facto de três fidalgos passarem os seus dias entre a cozinha e a estrebaria, os lugares menos nobres de um palácio, é significativo: caracteriza bem o grau de decadência económica em que vivem. A miséria em que vivem é acompanhada por uma degradação moral que o narrador não esconde (“E a miséria tornara estes senhores mais bravios que lobos.”).
  • 12. De igual modo, o espaço exterior, a mata de Roquelanes, não é um simples cenário onde decorre a acção. As descrições da natureza têm também um carácter significativo. A “relva nova de Abril”, manifestação visível do renascimento da natureza, sugere o renascimento espiritual que as personagens, como veremos, não são capazes de concretizar. Do mesmo modo, a “moita de espinheiros” e a “cova de rocha” simbolizam as dificuldades, os sacrifícios, que é necessário enfrentar para alcançar o objecto pretendido — são obstáculos que é necessário ultrapassar.
  • 13. A natureza, calma, pacífica, renascente (“...um fio de água, brotando entre rochas, caía sobre uma vasta laje escavada, onde fazia como um tanque, claro e quieto, antes de se escoar para as relvas altas.”), contrasta com o espaço interior das personagens, que facilmente imaginamos inquietas, agitadas, perturbadas pela visão do ouro e ansiosas por dele se apoderarem, com exclusão dos demais.
  • 14. Enquanto isso “as duas éguas retouçavam a boa erva pintalgada de papoulas e botões-de- ouro”. Esse contraste tinha já sido posto em evidência antes, depois dos três terem contemplado o ouro (“...estalaram a rir, num riso de tão larga rajada que as folhas tenras dos olmos, em roda, tremiam...”). E, quando Rui e Rostabal esperam, emboscados, o irmão, “um vento leve arrepiou na encosta as folhas dos álamos”, como se a natureza sentisse o horror do crime que estava para ser cometido. Depois de assassinado Guanes, os dois regressam à “clareira onde o sol já não dourava as folhas”.
  • 15. Simbologia A referência insistente ao número três Desde logo, são três os irmãos; e o três é também um símbolo da família — pai, mãe, filho(s). Mas aqui encontramos uma família truncada, imperfeita — nem pais, nem filhos, apenas três irmãos. Não há, aliás, a mais leve referência aos progenitores dos fidalgos de Medranhos, como se eles nunca tivessem existido. Essa ausência da narração é, de certo modo, um símbolo da sua ausência na educação dos filhos. Sem a presença modeladora dos pais (ou alguém que os substituísse), Rui, Guanes e Rostabal dificilmente poderiam desenvolver sentimentos humanos: vivem como “lobos”, porque — imaginamos nós — cresceram como lobos.
  • 16. O cofre Um cofre protege, preserva, permite que o seu conteúdo permaneça intocado ao longo do tempo. A sua utilização é significativa do carácter precioso do conteúdo. Igualmente significativo é o facto de o cofre ser de ferro, material resistente, simultaneamente, à força e à corrupção.
  • 17. O Ouro Material precioso e incorruptível, é ele próprio símbolo de perfeição. Obviamente, para além do seu valor material, simboliza a salvação, a elevação a uma forma superior de vida, mais espiritual, menos animal. É esse o verdadeiro bem, o verdadeiro tesouro. Os fidalgos de Medranhos vivem mergulhados na decadência material e na degradação moral. Não se lhes conhece uma actividade útil, um sentimento mais elevado, um afecto. Vivem com os animais e como animais. Mas para eles, como para todo o ser humano, há uma possibilidade de redenção. O “tesouro” está ali, à sua frente, é possível alcançá-lo; mas, para isso, é necessário enfrentar dificuldades, largar a cobiça, vencer o egoísmo, criar laços de solidariedade e verdadeira fraternidade.
  • 18. A água Símbolo de vida (vemo-la na clareira, escoando-se por entre a relva que cresce e Rui procura combater o veneno com ela) e de purificação (com a água, Rostabal pretende livrar-se do sangue do irmão que assassinou).
  • 19. INDÍCIOS TRÁGICOS Frequentemente, na narrativa, a tragédia é anunciada antecipadamente por indícios, que as personagens ignoram, mas não passam despercebidos ao leitor atento. A cantiga que Guanes entoa ao dirigir-se à vila e continua a cantarolar quando regressa. Olé! Olé! Sale la cruz de la iglesia, Vestida de negro luto... A “cruz” e o “negro luto” são referências claras à morte que Guanes planeia para os irmãos. Mas ironicamente prenuncia também a sua própria morte. Como se vê, nenhuma das três personagens é capaz de reconhecer esse sinal.
  • 20. As duas garrafas que Guanes trouxe de Retorquilho. Rui estranha o facto, mas não suspeita da traição. Se as personagens fossem capazes de interpretar esses indícios poderiam fugir ao destino. Mas são incapazes disso e é desse lento aproximar do desenlace e da incapacidade das personagens para o evitar que resulta a dimensão trágica da narrativa.
  • 21. FIM Adaptado do trabalho, na Internet, de JORGE SANTOS • ESC. SEC. D.MARIA II • BRAGA