O documento discute os desafios ambientais e sociais da atualidade, incluindo a influência excessiva de corporações multinacionais, a desigualdade crescente, e os efeitos negativos do "neo-feudalismo" como bolhas imobiliárias e de commodities. Defende que os governos devem ter mais controle sobre setores estratégicos como energia para promover uma distribuição mais justa de riqueza e garantir a segurança alimentar, que é um dos principais problemas globais atuais.
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Opinião | Falas da Terra
AMBIENTE E ENERGIAS RENOVÁVEIS
Acreditar que é possível
cuidar do planeta, compensa
Texto_João Paulo Soares [Consultor]
Só concebo uma sociedade inteiramente livre e justa aquela em que ao Estado esteja possibilitada a
gestão de empresas estratégicas de cariz monopolista, como seja o caso da electricidade, energia,
águas e das mais variadas infra-estruturas, por forma a que este possa fazer alguma redistribuição de
riqueza e evitar rupturas nos sectores estratégicos.
O que assistimos numa aldeia global
é a completa ruptura das soberanias
dos Estados no sentido de as empresas
multinacionais derrubarem por debilidades
legais, a segurança alimentar, a segurança
energética e outros sectores produtivos
para obtenção de mais riqueza e monopólio.
Mais grave ainda a justiça ambiental,
a condição de género, o especismo e o
racismo ambiental perpetuam-se como
problemas insolúveis, numa sociedade
tendencialmente escolarizada.
A corrupção, mais que sistémica, é quase
condição de sobrevivência. Os 98% de
cidadãos não detentores de riquezas multi-
milionárias, são subjugados, vivem em vidas
rotineiras semi-consumistas e estão escravi-
zados ao máximo. O cidadão comum mais
informado é perseguido e vigiado, a maioria
baixa os braços, abstém-se, outros votam
em branco e, em geral, no seu dia-a-dia, é
convidado a participar no telelixo, incenti-
vando a mediocridade e a intolerância.
Recentemente a Greenpeace Brasil
denunciou um empresário envolvido em
negócios de madeira ilegal e que administra
um canal de TV aberta. Denuncia ainda
políticos que manipulam o eleitorado numa
guerra de jornais e aponta o dedo também
às mineradoras, que mantêm o monopólio
da comunicação nos municípios do interior
da Amazónia.
Estranho e contraditório este mundo
que em poucos anos retirou milhões de
pessoas de doenças mortais, aumentando
a sua esperança de vida e que assistiu tam-
bém a mudanças positivas no acesso ao
ensino e isso criou expectativa de mais de-
mocracia, estabeleceu-se, contudo, focos
político-económicos de neo-feudalismo,
acentuados pela criação de mega-aglo-
meração de bancos, mega-aglomeração
de seguradoras e mega-aglomeração de
multinacionais.
Os efeitos mais dramáticos deste neo-
-feudalismo são, nomeadamente, a bolha
imobiliária, a bolha dos cereais, a bolha dos
géneros petrolíferos e a especulação do
dinheiro digital, criando clivagens sócio-e-
conómicas muito desiguais, mais pobreza,
mais precariedade emais crimes ambientais.
Estes fenómenos constituem barreiras para
o desenvolvimento sustentável, questionam
a própria sobrevivência do Homo sapiens
e além disso a biodiversidade está a ser
diminuída e quase levada à extinção.
Na minha perspectiva a resolução para
travar os ímpetos de imperialismo passará
pelo reforço e o uso institucional do diálogo,
do entendimento profundo e da negociação
mais transparente em todas as áreas, de
modo a que o futuro seja melhor e sustentá-
vel, começando desde já a desfrutá-lo.
A segurança alimentar é, actualmente,
um dos principais problemas que o Planeta enfrenta