Sócrates é considerado o marco divisório da história da filosofia grega. Ele abandonou a preocupação dos filósofos pré-socráticos em entender a natureza e concentrou-se na problemática do ser humano, dos valores e do conhecimento.
Platão foi filósofo e matemático, fundador da “Academia de Atenas”, primeira instituição de ensino superior do ocidente, tendo como objetivo as investigações filosóficas e preparar as pessoas para uma atuação na política baseada na verdade e na justiça.
Aristóteles foi aluno de Platão e tutor de Alexandre, o Grande. Ele defendeu a ideia de que é possível fazer ciência sobre o real e concreto, por meio de definições e conceitos que permanecem inalterados.
Por Bruno Carrasco, psicoterapeuta existencial e professor.
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2020
2. Filosofia Clássica A partir do século V a.C., os filósofos
gregos passam a se interessar sobre
os seres humanos, especialmente para
as relações que estabelecem entre si
na vida política e social, com o mundo
em geral e com o conhecimento.
A filosofia clássica da Grécia Antiga
marcou profundamente o pensamento
e a cultura ocidental. Esta forma de
pensar coincidiu com o apogeu
político, econômico e cultural das
cidades gregas, entre os séculos VI e
IV a.C., especialmente em Atenas.
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3. Contextualização
histórica
Até meados do século VIII a.C., Atenas
havia vivido sob o regime monárquico.
Entre os séculos VII e VI a.C., diversas
reformas possibilitaram uma nova
forma de governar, que entendia que
todos os cidadãos teriam o mesmo
direito perante as leis.
A democracia ateniense era uma
democracia direta, onde cada cidadão
tinha, além do voto, o direito à palavra.
As discussões aconteciam na principal
praça pública da cidade, onde os
cidadãos se reuniam em assembléia.
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4. Cultura
democrática
A instituição da democracia em Atenas
favoreceu o desenvolvimento de uma
cultura que valorizava o uso da palavra
e da razão.
As habilidades argumentativas dos
cidadãos tornaram-se um bem cada
vez mais apreciado e necessário a ser
desenvolvido. Os filósofos passam a
se deter em questões discursivas e de
valores.
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5. (Escola de Atenas, afresco de Rafael Sanzio, 1509-1511)ex-isto www.ex-isto.com
6. Sócrates de Atenas
(469-399 a.C.)
Sócrates é considerado o marco
divisório da história da filosofia grega.
Ele abandonou a preocupação dos
filósofos pré-socráticos em entender a
natureza e concentrou-se na
problemática do ser humano, dos
valores e do conhecimento.
Foi filho de um escultor e uma parteira
– herança que o levou a buscar,
simbolicamente, a ajudar seus
discípulos a dar à luz suas próprias
ideias.
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7. “Só sei que nada sei.”
(Sócrates)
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8. Filosofia de
Sócrates
Ele não deixou nada escrito, o que se
sabe de seu pensamento vem dos
textos de seus discípulos e de seus
adversários.
Ele procurava um fundamento para as
interrogações humanas, tais como: o
que é o bem? o que é a virtude? o que é
a justiça? Buscando a investigação de
uma essência (da virtude, da justiça,
do bem) a partir da qual a própria
realidade empírica pudesse ser
avaliada.
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9. Dialética Socrática A filosofia de Sócrates surgia por conta
do diálogo crítico, ou dialética, com
seus interlocutores, podendo ser
dividida em dois momentos básicos:
1) Refutação ou ironia – quando o
filósofo interrogava seus interlocutores
sobre aquilo que pensavam saber,
perguntando e procurando evidenciar
suas contradições. Seu objetivo era
fazê-los tomar consciência profunda
de suas próprias respostas, muitas
vezes repletas de conceitos vagos e
imprecisos.
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10. Dialética Socrática 2) Maiêutica – etapa em que ele
propunha aos discípulos uma nova
série de questões, com o objetivo de
ajudá-los a conceber ou reconstruir
suas próprias ideias. Essa fase é
chamada de maiêutica, por ser um
termo grego que significa a “arte de
trazer à luz”. Sua intenção era, partindo
da constatação da ignorância, que a
pessoa trouxesse à luz suas ideias e
pensamentos.
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11. “A dialética socrática consistia, em
grande parte, em refutar as teses
apresentadas pelo interlocutor. Mas a
refutação socrática tinha uma
intenção catártica, isto é, purificadora.
Sócrates pretendia purificar o
interlocutor das opiniões falsas que
ele tinha a respeito daquilo que era
objeto da pesquisa. Com isso, forçava
um novo ponto de partida que
permitisse, eventualmente, chegar ao
conhecimento da verdade.”
(Antônio Rezende, em ‘Curso de Filosofia’)
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12. A dialética socrática consistia, em
grande parte, em refutar as teses
apresentadas pelo interlocutor. Mas a
refutação socrática tinha uma intenção
purificadora.
Sócrates pretendia purificar o
interlocutor das opiniões falsas que
ele tinha a respeito daquilo que
entendia, ou supunha que entendia.
Com isso, forçava um novo ponto de
partida que permitisse, eventualmente,
chegar ao conhecimento da verdade.
Método Socrático
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13. O método socrático propõe um
questionamento sobre o senso
comum, das crenças e opiniões que
temos derivadas de nossa experiência,
muitas vezes equivocadas, imparciais
e incompletas.
Sócrates nos mostra que, com
frequência, não sabemos aquilo que
pensamos saber. Esse método revela a
fragilidade de nossos entendimentos e
aponta para a necessidade
aperfeiçoá-lo por meio da reflexão.
Método Socrático
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14. A resposta correta nunca é dada por
Sócrates, mas é através do diálogo e
da discussão ele possibilitará seu
interlocutor, ao cair em contradição e
hesitar quando parecia seguro, passe
por um processo de revisão de suas
crenças e opiniões, transformando sua
maneira de ver as coisas e chegando,
por si mesmo, ao verdadeiro e
autêntico conhecimento.
Método Socrático
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15. Maiêutica Sócrates caracterizou seu método
como maiêutica, que significa a arte de
fazer o parto, uma analogia com o
ofício de sua mãe, que era parteira.
Ele se considerava um parteiro de
ideias. O papel do filósofo, portanto,
não é transmitir um saber pronto e
acabado, mas fazer com que outro
indivíduo, seu interlocutor, através da
dialética, da discussão no diálogo, dê à
luz suas próprias ideias.
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17. Sócrates Sócrates não fundou nenhuma escola
filosófica, debatia suas reflexões em
praça pública.
Por conta de sua consciência crítica e
gerar questionamentos dos cidadãos,
foi acusado por não acreditar nos
deuses e corromper os jovens, sendo
condenado à morte pelo estado e
aceitou sua condenação, mantendo-se
coerente com seus princípios.
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18. A Morte de Sócrates, 1787. Pintura de Jacques-Louis Davidex-isto www.ex-isto.com
19. Platão
(428-348 a.C.)
Platão foi filósofo e matemático,
fundador da “Academia de Atenas”,
primeira instituição de ensino superior
do ocidente, tendo como objetivo as
investigações filosóficas e preparar as
pessoas para uma atuação na política
baseada na verdade e na justiça.
A proposta filosófica da Academia não
era uma mera transmissão de
conhecimentos, mas um esforço para
buscar a verdade, uma filosofia em seu
sentido de amor à sabedoria.
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20. Importância de
Platão
Platão fazia parte de uma das mais
nobres famílias atenienses. Seu nome
verdadeiro era Arístocles, mas, devido
a sua constituição física, recebeu o
apelido de Platão, termo grego que
significa “de ombros largos”.
Foi discípulo de Sócrates, a quem
considerava o mais sábio e o mais
justo dos homens. Depois da morte de
seu mestre, Platão empreendeu
inúmeras viagens, período em que
amadureceu suas reflexões filosóficas.
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21. Seu pensamento é tão vasto e
sua influência tão importante
que deram origem a uma
expressão famosa:
“toda filosofia ocidental são
notas de rodapé a Platão”.
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22. Metafísica de Platão Seu interesse estava para a metafísica,
as essências, o teórico e o que não
pode ser visto ou percebido pelos
órgãos dos sentidos. Ele entendia que
haviam dois mundos, o mundo das
ideias e o mundo das aparências.
O mundo que vivemos é apenas
aparente, uma falsa realidade que nos
oculta o mundo real, que nos impede
de conhecer as coisas como realmente
são. E o real é o mundo ideal, onde
estão todas as essências verdadeiras,
acessível apenas pela razão.
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23. Metafísica de Platão Seu interesse estava para a metafísica,
as essências, o teórico e o que não
pode ser visto ou percebido pelos
órgãos dos sentidos. Ele entendia que
haviam dois mundos, o mundo das
ideias e o mundo das aparências.
O mundo em que vivemos é apenas
aparente, uma falsa realidade que nos
oculta o mundo real, que nos impede
de conhecer as coisas como realmente
são. E o real é o mundo ideal, onde
estão todas as essências verdadeiras,
acessível apenas pela razão.
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24. Teoria das ideias Platão propõe uma ontologia dualista,
onde destaca duas realidades opostas:
O mundo sensível: a matéria e as
coisas como as percebemos na vida
cotidiana por meio das sensações, que
surgem e desaparecem, são
temporárias, mutáveis e corruptíveis;
O mundo inteligível: as ideias, que são
sempre as mesmas, e nos permitem
experimentar a dimensão do eterno, do
imutável e do perfeito, pois todas as
ideias derivariam da ideia do bem.
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26. Dualismo de Platão
e filosofia anterior
A concepção dualista de Platão opera
uma mudança radical em relação aos
filósofos anteriores, situando o ser
verdadeiro fora do mundo sensível.
Os filósofos pré-socráticos buscavam
a arché das coisas nas próprias coisas,
Sócrates entendia que a essência ou o
ser verdadeiro se encontrava nas
coisas, ou em si mesmo, conforme sua
famosa frase “conhece-te a ti mesmo”.
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27. Alegoria da Caverna De acordo com essa alegoria, homens
eram prisioneiros desde pequenos
numa caverna escura e estão
amarrados de modo que os obriga a
permanecer de costas para a saída da
caverna.
Eles nunca saíram e eram impedidos
de ver o que havia fora dela. Porém,
devido à luz de um fogo que entra por
essa abertura, podem contemplar na
parede do fundo da caverna a projeção
das sombras dos seres que passam
em frente ao fogo lá fora.
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28. Alegoria da Caverna Acostumados a ver apenas as
sombras, acreditam que seja a
verdadeira realidade. Se saíssem da
caverna e vissem as coisas do mundo,
não as veriam como verdadeiras, pois
elas se diferem das imagens que eles
possuem como verdadeiras. Para
percebê-las levaria um tempo.
Estando acostumados às sombras, às
ilusões, teriam de habituar os olhos à
visão do real, até que pudessem
encarar diretamente o Sol e enxergar a
fonte de toda a luminosidade.
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29.
30. Verdade para Platão Segundo Platão, conhecer a verdade
implica num processo de passagem
progressiva do mundo sensível, das
sombras e aparências, para o mundo
das ideias, das essências e verdade.
Esse processo se inicia pelas
sensações dos sentidos, responsáveis
pela opinião (doxa) sobre a realidade.
O conhecimento deve ultrapassar a
esfera das impressões, e alcançar a
esfera racional de mundo (episteme),
que corresponde ao mundo das ideias.
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31. Inatismo e
reminiscência da
alma
Esse procedimento consiste na
contraposição de uma opinião à crítica
dela, pela afirmação de uma tese
seguida de uma negação desta tese,
com o objetivo de purificá-la dos erros,
alcançando as ideias verdadeiras.
Nesse processo vamos recordando as
verdades eternas e imutáveis que já
haviam sido contempladas por nossa
alma, antes de nossa existência
material. O conhecimento verdadeiro é
uma imagem do passado, uma
reminiscência da alma.
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32. Aristóteles
(385-323a.C.)
Aristóteles foi aluno de Platão e tutor
de Alexandre, o Grande.
Foi um dos filósofos mais influentes da
antiguidade e precursor da filosofia
ocidental. Sua obras tratam de
variados assuntos, desde a metafísica
até a música, governo, física e poesia.
Ele defendeu a ideia de que é possível
fazer ciência sobre o real e concreto,
por meio de definições e conceitos que
permanecem inalterados.
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33. Aristóteles Segundo Aristóteles, o universo é um
todo ordenado por leis constantes e
imutáveis, essa ordem não rege
apenas fenômenos da natureza, mas
também a política, moral e estética.
Rejeitou a teoria das ideias de Platão,
segundo ele, esta não explica o
movimento e mudança das coisas.
Para ele, a filosofia corresponde ao
abandono do senso comum para
despertar a consciência crítica, dando
lugar ao espanto, sendo este a origem
do filosofar.
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34. “Foi por conta do espanto e
do assombro que os homens
começaram a filosofar e,
pelo mesmo motivo,
filosofam até hoje.”
(Aristóteles)
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35. Breve biografia Por volta de 335 a.C., Aristóteles
fundou em Atenas, sua própria escola
filosófica, conhecida como Liceu.
Nesse local permaneceu ensinando
durante aproximadamente 12 anos.
Apaixonado pela biologia, dedicou
inúmeros estudos à observação da
natureza e à classificação dos seres
vivos, buscando elaborar um
entendimento científico da realidade,
usando a lógica como ferramenta do
raciocínio.
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36. Ciência e realidade
empírica
Segundo Aristóteles, a finalidade da
ciência era desvendar a constituição
essencial dos seres, procurando definir
em termos reais.
A ciência deveria partir da realidade
empírica para buscar as estruturas
essenciais de cada ser, partindo da
existência do ser individual para
atingir sua essência, seguindo um
processo de conhecimento que
caminharia do individual e específico
para o universal e genérico.
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37. Busca de
generalizações
O ser individual, concreto e único,
constituiria o objeto da ciência, mas
não seria o seu propósito. A finalidade
da ciência deveria ser a compreensão
do universal, estabelecendo definições
que possam ser utilizadas para todos.
Segundo ele, o conceito “ser humano” é
resultado da observação sistemática
de diversos seres que se atribui o
nome ‘humano’. Partindo do empírico
é possível estabelecer um conceito
generalista e universal.
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38. “As coisas são o que são em
sua própria natureza.”
(Aristóteles)
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39. Matéria e forma Para Aristóteles, o inteligível está neste
mundo e opera dentro das próprias
coisas. Ele concebeu que todas as
coisas eram constituídas de dois
princípios inseparáveis: matéria e
forma.
● Matéria: princípio indeterminado
dos seres, que é determinável pela
forma;
● Forma: o princípio determinado
em si próprio, que é determinante
em relação à matéria.
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40. Exemplo Nos processos de mudança, é a forma
que muda, enquanto que a matéria
mantém-se sempre a mesma. Por
exemplo, se um anel de ouro é
derretido para converter-se em uma
corrente de ouro, muda-se a forma (de
anel para corrente), mas mantém-se a
matéria (ouro).
Aristóteles não desprezava totalmente
a concepção de ideias eternas de seu
mestre Platão, mas apresenta neste
mundo, dando o nome de “forma”.
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41. Ato e potência Aristóteles observou que uma semente
não é uma planta, assim como um livro
não é uma árvore. Mas a semente
pode tornar-se uma árvore, o livro não.
Em todo ser, devemos distinguir:
● Ato: a manifestação atual do ser,
aquilo que ele já é (por exemplo: a
semente é, em ato, uma semente);
● Potência: as possibilidades do ser
(capacidade de ser), aquilo que
ainda não é, mas que pode vir a
ser (por exemplo: a semente é, em
potência, uma árvore).
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42. Como ocorre a
mudança?
Todas as coisas naturais são ato e
potência, são algo num momento e
podem vir a ser algo distinto. Uma
semente pode tornar-se uma árvore se
encontrar as condições para isso.
Ato e potência explicam a mudança no
mundo e a transitoriedade das coisas.
Relacionando esses de princípios nos
seres (matéria e forma; potência e ato),
podemos observar que a matéria
indeterminada é o ser em potência; a
forma é o ser em ato.
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43. Mudança nos seres
naturais e artificiais
Quando falamos de uma semente que
se transforma em árvore e em um anel
que se converte em corrente, estamos
nos referindo a duas classes distintas
de seres. No primeiro caso, temos um
ser natural, no qual a mudança ocorre
por um princípio interno. No segundo
caso, temos um ser artificial, cuja
transformação se dá por um princípio
externo. Há princípios internos e
externos que levam os seres ao
movimento, passando da potência ao
ato, esses princípios são o que o
filósofo denominou causas.
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44. Substância e
acidente
Por conta de condições climáticas,
uma árvore frutífera pode não vir a dar
frutos (contrariando sua potência),
Aristóteles classifica esses casos
como acidentes, que ocorre no ser, que
não fazem parte de sua essência.
Substância: atributo essencial do ser;
que mais intimamente corresponde ao
ser é e sem o qual ele não é;
Acidente: atributo circunstancial e não
essencial do ser; que ocorre no ser,
mas que não é necessário para definir
a natureza própria desse ser.
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45. Teoria das quatro
causas
Causa material: matéria de que é feita
uma coisa. Exemplo: o mármore
utilizado na confecção de uma estátua;
Causa formal: forma e configuração de
uma coisa. Exemplo: uma estátua em
forma de homem;
Causa eficiente: agente, àquele que
produz diretamente a coisa, que
transforma a matéria tendo em vista
uma forma. Exemplo: o escultor que
fez a estátua em forma de homem;
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46. Causa final
Causa final: refere-se ao objetivo, à
intenção, à finalidade ou à razão de ser
de uma coisa. Exemplo: a intenção de
exaltar a figura do soldado grego.
A causa final seria a mais importante
de todas, pois é ela que articula todas
as outras causas. No exemplo da
estátua do soldado ateniense, a
finalidade era exaltar o soldado grego.
O escultor (eficiente) necessita um
objetivo (finalidade) para trabalhar,
escolher a pedra mais adequada
(material) e uma figura (formal) para
entalhar.ex-isto www.ex-isto.com
48. “(...) para Aristóteles, causa se diz em quatro
sentidos: causa material (a matéria de que a
coisa é feita); causa formal (a essência, isto
é, aquilo que identifica a coisa como aquilo
que ela, fundamentalmente, é); causa
eficiente (aquilo que produz a coisa); causa
final (aquilo em vista do que a coisa é feita).
Explicar a coisa cientificamente, para
Aristóteles, significa explicar pelas quatro
causas. A grande crítica que ele faz aos
pensadores que o precederam é que eles se
ocuparam só de uma ou duas causas; no caso
dos físicos pré-socráticos, foi basicamente a
causa material, ou melhor, o princípio
material (uma vez que se tratava da primeira
causa) que eles buscaram.”
(Antônio Rezende, em ‘Curso de Filosofia’)
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49. Ética do
meio-termo
Segundo Aristóteles, para o ser
humano ser feliz, ele deve viver de
acordo com sua essência (razão).
A razão o conduz à prática da virtude,
orientando seus atos. Para ele, a
virtude consiste na justa medida de
equilíbrio entre o excesso e a falta.
A virtude da prudência é o meio-termo
entre a precipitação e a negligência; a
virtude da coragem é o meio-termo
entre a covardia e a valentia insana; a
perseverança é o meio-termo entre a
fraqueza de vontade e a vontade
obsessiva.ex-isto www.ex-isto.com
50. Referências
Bibliográficas
BOTELHO, José F. A Odisséia da Filosofia: uma
breve história do pensamento ocidental. São
Paulo: Abril, 2016.
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna.
Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva,
2013.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da
Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 12
ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
NIETZSCHE, Friedrich. A Filosofia na Época
Trágica dos Gregos. São Paulo: Escala, 2008.
REZENDE, Antonio. Curso de Filosofia. Rio de
Janeiro: Zahar, 2016.
51. Por Bruno Carrasco Psicoterapeuta existencial e professor.
Graduado em Psicologia, licenciado em
Filosofia e Pedagogia, pós-graduado em
Ensino de Filosofia e Psicologia
Existencial Humanista e
Fenomenológica, possui especialização
em Psicoterapia Fenomenológico
Existencial, formação em Arteterapia,
Educação Popular e Educação
Participativa.
www.brunopsiexistencial.tk
www.fb.com/brunopsiexistencial
www.instagram.com/brunopsiexistencial
52. ex-isto Ex-isto é um projeto dedicado ao estudo
e pesquisa sobre o existencialismo e
suas relações com a psicologia, filosofia,
psicoterapia, fenomenologia, literatura e
artes, iniciado no final de 2016.
Tem como intuito oferecer conteúdos
que facilitem a compreensão sobre os
temas pesquisados, por meio de textos,
vídeos, cursos ou livros, optando por
utilizar uma linguagem acessível, de
modo a promover reflexões sobre a
subjetividade, a condição humana e suas
possibilidades.