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Trovadorismo1

  1. TROVADORISMO Edited by: Caio César P. Gabriel
  2. O Trovadorismo é a primeira manifestação literária da Língua Portuguesa. Seu surgimento ocorreu no mesmo período em que Portugal começou a despontar como nação independente, no século XII. Os textos foram escritos em galego-português, em virtude da integração cultural e linguística que existia, na época, entre Portugal e Galícia, região que hoje pertence à Espanha. É o período literário que reúne basicamente os poemas feitos pelos trovadores para serem cantados em feiras, festas e nos castelos durante os últimos séculos da Idade Média, uma vez que a escrita era pouco difundida na época. A poesia não era escrita para ser lida por um leitor solitário. Eram poemas cantados e acompanhados de instrumentos musicais e de danças. Por esse motivo, foram denominados CANTIGAS. Os autores dessas cantigas eram os trovadores (pessoas que compunham as poesias, as melodias, faziam trovas e rimas). A designação "trovador" aplicava-se aos autores de origem nobre ou clero, sendo que os autores de origem vilã (camada popular) tinham o nome de jogral, cantavam e executavam as canções, mas não as criavam.
  3. As cantigas foram manuscritas em cadernos de apontamentos, que mais tarde foram postas em coletâneas de canções chamadas Cancioneiros (livros que reuniam grande número de trovas). Uma quantidade razoável de cantigas chegaram até nossos dias graças às obras que reuniram parte dessas produções . Existem três cancioneiros importantes: Cancioneiro da Ajuda (compilado provavelmente no século XIII), Cancioneiro da Vaticana (cópia de cantigas provavelmente no século XV) e o Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa ou Cancioneiro Colocci - Brancutti (compilado possivelmente no século XIV). A cantiga mais antiga que se tem registro é a Cantiga da Ribeirinha ou Cantiga de Guarvaia (Cantiga de Amor), de Paio Soares de Taveirós, de 1189 ou 1198.
  4. Cantiga da Ribeirinha No mundo non me sei parelha Glossário: mentre me for como me vai, non me sei parelha: não conheço ninguém igual ca ja moiro por vós e ai! a mim. mia senhor branca e vermelha, mentre: enquanto.ca: pois. queredes que vos retraia branca e vermelha: a cor branca da pele, quando vos eu vi em saia. contrastando com o rosado do rosto. Mao dia me levantei retraia: pinte, retrate, descreva. que vos entom nom vi fea! en saia: sem manto. que: pois E, mia senhor, des aquelha dês: desde me foi a mi mui mal di’ai! semelha: parece d’aver eu por vós: receber por seu intermédio. E vós, filha de Dom Paai guarvaia: manto luxuoso, provavelmente Moniz, e bem vos semelha vermelho, usado pela nobreza. d’aver eu por vós guarvaia, alfaia: presente pois eu, mia senhor, d’alfaia valia d’un correa: objeto de pequeno valor. nunca de vós ouve nem ei valia d’ua correa.                   
  5. TRADUÇÃO – CANTIGA DA RIBEIRINHA No mundo não conheço outro como eu, enquanto me acontecer como me acontece: porque já morro por vós, e ai!, minha senhora branca e vermelha, quereis que vos censure quando vos eu vi em saia? (em corpo bem feito) Mau dia me levantei que vos então não vi feia! E, minha senhora, desde então, passei muitos maus dias, ai! E vós, filha de D. Paio Moniz, parece-vos bem ter eu de vós uma garvaia? (manto) Pois eu, minha senhora, de presente nunca de vós tive nem tenho nem a mais pequenina coisa.
  6. LITERATURA MEDIEVAL
  7. Classificação das cantigas Com base na maioria das cantigas reunidas nos cancioneiros, podemos, classificá-las da seguinte forma: GÊNERO LÍRICO Cantigas de Amor  Cantigas de Amigo GÊNERO SATÍRICO Cantigas de Escárnio Cantigas de Maldizer
  8. Cantiga de amigo: tem raízes nas tradições da península Ibérica, em suas festas rurais e populares, em sua música e música. Apresentam normalmente ambientação rural, linguagem e estrutura simples; seu tema mais frequente é o lamento da moça pela ausência do amado. O eu-lírico é uma mulher (mas o autor era masculino, devido à sociedade feudal e o restrito acesso ao conhecimento da época), que canta seu amor pelo amigo (amigo = namorado). Também destacam-se, como características, o paralelismo (refrão), a presença da natureza e o amor NÃO cortês. Ai flores, ai flores do verde pino, Se sabedes novas do meu amigo, se sabedes novas do meu amigo! aquel que mentiu do que pôs comigo! ai Deus, e u é? ai Deus, e u é? Ai flores, ai flores do verde ramo, Se sabedes novas do meu amado, se sabedes novas do meu amado! aquel que mentiu do que mi há ai Deus, e u é? jurado! ai Deus, e u é?
  9. DIFERENÇA ENTRE AS CANTIGAS DE AMIGO E AS DE AMOR: CANTIGAS DE AMIGO CANTIGAS DE AMOR Eu lírico feminino Eu lírico masculino Presença de paralelismo Ausência de paralelismo de par e estrofes Predomínio da musicalidade Predomínio das idéias Assunto principal é o lamento da Assunto principal é o sofrimento amoroso do eu moça cujo namorado partiu lírico perante uma mulher idealizada e distante Amor natural e espontâneo Amor cortês; convencionalismo amoroso Ambientação popular rural ou urbana Ambientação aristocrática das cortes Influência da tradição oral ibérica Forte influência provençal
  10. A NOVELA DE CAVALARIA E O AMOR CORTÊS As novelas de cavalaria, representantes da prosa medieval, evocavam ideais como amizade incondicional, respeito às damas, prontidão em ajudar os necessitados, honra à cristandade e obediência ao código como um todo. É nesse contexto que se inserem os textos do ciclo arturiano. Além dessas características, é fundamental também a presença do chamado amor cortês. Amor cortês foi um conceito europeu medieval de atitudes, mitos e etiqueta para enaltecer o amor, e que gerou vários gêneros de literatura medieval, incluindo o romance. Ele surgiu nas cortes ducais e principescas das regiões onde hoje se situa a França meridional, em fins do século XI (o “Tratado do Amor Cortês” foi escrito por um religioso do século 12 e define de modo rigoroso as regras para o amor nobre elevado ). Em sua essência, o amor cortês era uma experiência contraditória entre o desejo erótico e a realização espiritual, "um amor ao mesmo tempo ilícito e moralmente elevado, passional e auto-disciplinado, humilhante e exaltante, humano e transcendente".
  11. A expressão "amor cortês" foi popularizada no século XIX. Sua interpretação, origens e influência continuam a ser assunto de discussão. Por exemplo, um ponto de contínua controvérsia é se o amor cortês era puramente literário ou se era realmente praticado na vida real. No amor cortês, um homem devota uma grande paixão a uma mulher casada ou comprometida com outro. A ligação entre homem e mulher não é apenas carnal; havia entre os dois certa identificação, intimidade que não havia no casamento. Por causa do costume medieval - quase todos os casamentos eram feitos por interesse -, o amor cortês funcionava como o único e verdadeiro sentimento na vida da maioria das pessoas.
  12. Mais do que a conquista do objeto, da mulher amada, são importantes a relação de vassalagem, o período de espera e pequenas recompensas (o guerredon) e o sentimento de coita. Embora as regras do amor cortês contrariem a moral cristã, foi a própria a Igreja que colaborou, de certa forma, para que amores assim existissem, uma vez que o casamento religioso imposto nada mais era do que um sacramento instituído, sem muita consulta à vontade dos cônjuges. O amor cortês, assim, era como uma “perfeição do espírito” que não era possível por meio do casamento.
  13. REGRAS DO JOGO DO AMOR CORTÊS  Submissão absoluta à dama.  Vassalagem humilde e paciente.  Promessa de honrar e servir a dama com fidelidade.  Prudência para não abalar a reputação da dama, sendo o cavaleiro, por essa razão, proibido de falar diretamente dos sentimentos que tem por ela.  A dama é vista como a mais bela de todas as mulheres.  Pela amada o trovador despreza todos os títulos, as riquezas e a posse de todos os impérios.
  14. AS CANTIGAS SATÍRICAS Cantigas de escárnio: Esta cantiga é uma composição satírica em que se critica alguém através da zombaria do sarcasmo , traço típico da sátira . A cantiga de escárnio exige unicamente a alusão indireta e cheia de duplos sentidos, para que o destinatário não seja reconhecido, estimula a imaginação do poeta e sugere-lhe uma expressão irônica, embora, por vezes, bastante mordaz. Na cantiga de escárnio, o eu-lírico faz uma sátira a alguma pessoa. As cantigas de escárnio definem-se, pois, como sendo aquelas feitas pelos trovadores para dizer mal de alguém, por meio de ambigüidades, trocadilhos, ironias e sutilezas. Un cavalo non comeu creceu a erva, á seis meses nen s’ergueu e paceu, e arriçou, mais prougu’a Deus que choveu, e já se leva! creceu a erva, Seu dono non lhi quis dar e per cabo si paceu, cevada, neno ferrar; e já se leva! [foi embora] mais, cabo dum lamaçal Seu dono non lhi buscou creceu a erva, cevada neno ferrou: e paceu, e arriç’ar, mai-lo bon tempo tornou, e já se leva!
  15. Cantigas de maldizer: Esse tipo de cantiga traz uma sátira direta e sem duplos sentidos. É comum a agressão verbal à pessoa satirizada, e muitas vezes, são utilizados até palavrões. O nome da pessoa satirizada costuma ser identificado. As críticas referem-se a comportamentos políticos , sexuais , a nobres traidores , a compositores incapazes , a rivais amorosos , a mulheres de hábitos feios ou imorais , a pessoas , profissionais ou proprietários pretensiosos . A linguagem é mais grosseira e até obscena. Que vos eu loe en esta razon, "Ai dona fea! Foste-vos queixar Vos quero já loar toda via; Que vos nunca louv'en meu trobar E vedes qual será a loaçon: Mais ora quero fazer un cantar Dona fea, velha e sandia! En que vos loarei toda via; Dona fea, nunca vos eu loei E vedes como vos quero loar: En meu trobar, pero muito trobei; Dona fea, velha e sandia! Mais ora já en bom cantar farei Ai dona fea! Se Deus mi pardon! En que vos loarei toda via; E pois havedes tan gran coraçon E direi-vos como vos loarei: Dona fea, velha e sandia!" Joan Garcia de Guilhade
  16. DIFERENÇA ENTRE AS CANTIGAS DE ESCÁRNIO E AS DE MALDIZER: CANTIGAS DE ESCÁRNIO CANTIGAS DE MALDIZER  indiretas;  diretas, sem equívocos;  uso da ironia e do equívoco.  intenção difamatória;  palavrões e xingamentos 
  17. Trovador da lírica medieval
  18. Escrita Medieval                                                                                              
  19. Iluminura de trovadores nas Cantigas de Santa Iluminura do Cancioneiro da Ajuda Maria, século XIII-XIV
  20. Canção de amor                         D. Dinis Quer’eu em maneira de proença! fazer agora um cantar d’amor e querrei muit’i loar lmia senhor a que prez nem fremosura nom fal, nem bondade; e mais vos direi ém: Ca mia senhor nunca Deus pôs mal, tanto a fez Deus comprida de bem mais pôs i prez e beldad’e loor que mais que todas las do mundo val. e falar mui bem, e riir melhor que outra molher; desi é leal Ca mia senhor quizo Deus fazer tal, muit’, e por esto nom sei oj’eu quem quando a faz, que a fez sabedord e todo bem e de mui gram valor, possa compridamente no seu bem e com tod’est[o] é mui comunal falar, ca nom á, tra-lo seu bem, al. ali u deve; er deu-lhi bom sém, e desi nom lhi fez pouco de bem quando nom quis lh’outra foss’igual
  21. Tradução: Porque em minha senhora nunca Deus pôs mal, mas pôs nela honra e beleza e mérito e capacidade de falar bem, e de rir melhor que outra mulher também é muito leal e por isto não sei hoje quem possa cabalmente falar no seu próprio bem pois não há outro bem, para além do seu. 
  22. Canção de amigo                                      Martim Codax Ondas do mar de Vigo, Se vistes meu amigo, se vistes meu amigo? o por que eu sospiro? E ai Deus, se verra cedo! E ai Deus, se verra cedo! Ondas do mar levado, Se vistes meu amado, se vistes meu amado? por que ei gran coitado? E ai Deus, se verra cedo! E ai Deus, se verra cedo!
  23. Tradução: Ondas do mar de Vigo, Acaso vistes meu amigo acaso vistes meu amigo? aquele por quem suspiro? Queira Deus que ele venha cedo! Queira Deus que ele venha cedo! Ondas do mar agitado, Acaso vistes meu amado, acaso vistes meu amado? por quem tenho grande cuidado (preocupado) ? Queira Deus que ele venha cedo! Queira Deus que ele venha cedo!
  24. CANTIGAS DE ESCÁRNIO  Pero Larouco                       De vós, senhor, quer’eu dizer verdade e nom ja sobr’[o] amor que vos ei: senhor, bem [moor] é vossa torpicidade de quantas outras eno mundo sei; assi de fea come de maldade nom vos vence oje senom filha dum rei [Eu] nom vos amo nem me perderei, u vos nom vir, por vós de soidade[...]                                           
  25. Tradução: Sobre vós, senhora, eu quero dizer verdade e não já sobre o amor que tenho por vós: senhora, bem maior é vossa estupidez do que a de quantas outras conheço no mundo tanto na feiúra quanto na maldade não vos vence hoje senão a filha de um rei Eu não vos amo nem me perderei de saudade por vós, quando não vos vir. 
  26. CANTIGA DE MALDIZER                                                                         João Garcia de Ghilhade Ai, dona fea, fostes-vos queixar que vos nunca louv[o] em meu cantar; mais ora quero fazer um cantar Dona fea, nunca vos eu loei em que vos loarei toda via; em meu trobar, pero muito trobei; e vedes como vos quero loar: mais ora ja um bom cantrar farei, dona fea, velha e sandia! em que vos loarei toda via; e direi-vos como vos loarei: Dona fea, se Deus mi pardom, dona fea, velha e sandia! pois avedes [a]tam gram coraçom que vos eu loe, em esta razom vos quero ja loar toda via; e vedes qual sera a loaçom: dona fea, velha e sandia!
  27. Tradução: Ai, dona feia, foste-vos queixar  que nunca vos louvo em meu cantar; mas agora quero fazer um cantar em que vos louvares de qualquer modo; e vede como quero vos louvar Dona feia, eu nunca vos louvei dona feia, velha e maluca! em meu trovar, embora tenha trovado muito; mas agora já farei um bom cantar; Dona feia, que Deus me perdoe, em que vos louvarei de qualquer modo;  pois tendes tão grande desejo e vos direi como vos louvarei:  de que eu vos louve, por este motivo dona feia, velha e maluca! quero vos louvar já de qualquer modo; e vede qual será a louvação: dona feia, velha e maluca!
  28. Mãos de afeto (Ivan Lins e Vitor Martins) Preparei minhas mãos de afeto Preparei minhas mãos de afeto Pra esse rapaz encantado Pra esse rapaz encantado Pra esse rapaz namorado. Pra esse rapaz namorado O mais belo capataz de todos Que partiu pra nunca mais Os cafezais Traído nos cafezais O mais belo vaqueiro de todos E os seus olhos roubaram o verde dos cerrados Os cerrados E os meus olhos lavaram todos os seus pecados O mais belo vaqueiro de todos Os cerrados Eu tinha um ombro de algodão Pra ajeitar seu sono Eu tinha uma água morna Pra lavar o seu suor E o meu corpo uma fogueira Pra esquentar seu frio E minha barriga livre Pra gerar seu filho
  29. Idade Média De acordo com a maioria dos historiadores, a idade média ou idade medieval é o período da história européia compreendida entre os séculos V e XV. Durante esse período a sociedade assumiu características que a diferenciaram do período imediatamente anterior (antiguidade) e do posterior (idade moderna). Algumas dessas características verificaremos agora. A economia da idade média era baseada no feudo, que era principal unidade de produção. Tudo que era produzido no feudo era consumido no próprio feudo, ou seja, era uma economia auto suficiente. Por isso, a circulação monetária era tão escassa durante quase toda a idade média. Tal fato também contribuiu para a ruralização da sociedade, já que o renascimento das cidades acontecerá somente a partir do século XIII.
  30. A igreja católica estruturou religiosamente a sociedade feudal, mas também era grande proprietária de terras. Uma vez detentora do poder espiritual, influenciava o modo de pensar e o comportamento na idade média. Os monges eram responsáveis pela proteção espiritual da sociedade e também tiveram a grande missão de copiar livros e a bíblia, preservando grande parte da cultura ocidental. Até meados do século XI, a sociedade era dividida em três grande grupos: Nobreza, Clero e Servos. O clero tinha a missão de dirigir espiritualmente a sociedade, a nobreza participava das guerras e da proteção de todos e os servos deveriam trabalhar para sustentar toda a sociedade.
  31. Porém, nos séculos finais da idade média surgiu uma nova camada social. Os burgueses, detentores do poder político e econômico nas cidades, alteraram o panorama social da sociedade medieval, provocando uma nova maneira de olhar o mundo.
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