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Texto da Sessão
1. O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares: problemáticas
e conceitos implicados

O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares enquadra-se na estratégia
global de desenvolvimento das bibliotecas escolares portuguesas, com o objectivo de
facultar um instrumento pedagógico e de melhoria contínua que permita aos órgãos
directivos e aos professores bibliotecários avaliar o trabalho da biblioteca escolar e o
impacto desse trabalho no funcionamento global da escola e nas aprendizagens dos
alunos e identificar as áreas de sucesso e aquelas que, por apresentarem resultados
menores, requerem maior investimento, determinando, nalguns casos, uma inflexão
das práticas.

Os conceitos ou ideias chave que presidiram à sua construção e aplicação são, de
acordo com o documento, os seguintes:

      Fundamenta-se na noção de valor. O valor não é algo intrínseco às coisas mas
       tem sobretudo a ver com a experiência e benefícios que se retira delas: se é
       importante a existência de uma BE agradável e bem apetrechada, a esse facto
       deve estar associada uma utilização consequente nos vários domínios que
       caracterizam a missão da BE, capaz de produzir resultados que contribuam de
       forma efectiva para os objectivos da escola em que se insere.

      Parte do princípio que a auto-avaliação deve ser encarada como um processo
       pedagógico e regulador, inerente à gestão e procura de uma melhoria contínua
       da BE.


       Aponta para as áreas nucleares em que se deverá processar o trabalho
       da/com a Biblioteca Escolar e que têm sido identificadas como elementos
       determinantes e com um impacto positivo no ensino e na aprendizagem,
       salvaguardando que a avaliação não constitui um fim, devendo ser entendida
       como um processo que, idealmente, conduzirá à reflexão e originará mudanças
       concretas na prática.

      Apresenta um quadro referencial que pretende ser, em si mesmo, um
       instrumento pedagógico, permitindo orientar as escolas, através da definição
       de factores críticos de sucesso nucleares ao funcionamento e sucesso da BE e
       sugerindo possíveis acções para melhoria. [...] Os exemplos de acções para a
       melhoria e os próprios factores críticos de sucesso apontam pistas importantes,
       mas em cada caso a auto-avaliação, através da recolha de evidências, ajudará
       cada BE a identificar o caminho que deve seguir com vista à melhoria do seu
       desempenho. A auto-avaliação deverá contribuir para a elaboração do novo
       plano de desenvolvimento, ao possibilitar a identificação mais clara dos pontos
       fracos e fortes, o que orientará o estabelecimento de objectivos e prioridades,
       de acordo com uma perspectiva realista face à BE e ao contexto em que se
       insere.

      Engloba os diferentes níveis de escolaridade, definindo indicadores a ser
       aplicados por diferentes níveis.

                                           1
Modelo de Auto-Avaliação (2008) Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares

Na sua construção foram integrados os princípios definidos nos documentos
fundadores (IFLA/ UNESCO e IASL) que orientam o trabalho das bibliotecas escolares
e o conhecimento que a investigação e os diferentes estudos têm revelado,
apresentando caminhos e possibilidades num contexto global de mudança, no qual as
bibliotecas escolares devem evoluir.


Conceitos referentes à missão da biblioteca escolar no contexto da escola/
agrupamento e que a relacionam com as aprendizagens, com o desenvolvimento
curricular e com o sucesso educativo. (Perspectiva do conceito de biblioteca
escolar subjacente à construção do Modelo)

- Novos contextos e conceitos de aprendizagem em que o sujeito/aluno se apresenta
como actor activo, construtor do próprio conhecimento (Construtivismo).

- Novas estratégias de abordagem à realidade e ao conhecimento baseadas no
questionamento e inquirição contínuas e no trabalho baseado na pesquisa e no uso de
fontes de informação (livros, outros suportes impressos ou digitais e World Wide Web)
(Inquiry Based Learning).

- Modificação global das estruturas sociais e dos processos de aprendizagem e de
acesso à informação – introdução das TIC, desenvolvimento de redes sociais,
surgimento de novos ambientes de disponibilização da informação, de trabalho e de
construção do conhecimento (Web 2.0) que obrigam ao desenvolvimento de novas
literacias e a uma aprendizagem contínua ao longo da vida.

- Necessidade de gerir a mudança, adaptando as práticas que tradicionalmente foram
desenvolvidas aos novos desafios e mudança de paradigma. A biblioteca escolar
deixa de ser um espaço que disponibiliza e organiza recursos para passar a ser um
espaço que interage com a escola através da participação em projectos e actividades
em desenvolvimento na escola, e do trabalho articulado com os docentes. À biblioteca
escolar cabe, neste contexto, transformar-se:

- Num espaço de acesso (em contexto de uso do espaço adaptado ao horário de
funcionamento da escola e em acesso online vinte e quatro horas através do sítio da
BE).

- Num espaço com oportunidades de leitura e aprendizagem acrescidas:

     Através de uma colecção de recursos organizados de acordo com os
       interesses dos utilizadores e com os conteúdos curriculares de cada disciplina.
     Através da produção de instrumentos de apoio ao desenvolvimento da leitura e
       do desenvolvimento curricular.
     Através da orientação dada aos alunos nas suas pesquisas e na realização dos
       trabalhos.
     Através da promoção/ formação para a leitura/ literacias digitais e da
       informação (orientadas pela BE ou integrada no trabalho curricular
       colaborativo com os docentes).
     Através do trabalho articulado com a escola no cumprimento da sua missão e
       com os docentes, com sentido e virado para objectivos formativos e de
aprendizagem bem definidos no âmbito do trabalho de projecto ou do
        desenvolvimento curricular.



- Num espaço valorizado e usado pela escola:

      Porque o professor bibliotecário e a escola desenvolvem um trabalho planeado,
       integrado nos objectivos funcionais e de ensino, com impacto no
       funcionamento global da escola e nas aprendizagens.
      Porque o professor bibliotecário efectiva uma prática avaliativa e de recolha de
       evidências contínuas (prática baseada em evidências - evidence based
       practice) e usa essas evidências junto da escola para demonstrar que a BE
       serve para alguma coisa e tem impacto na formação e na aprendizagem dos
       alunos.



2. O conceito de avaliação no contexto das organizações:


Para entender o Modelo é, também, necessário entender os conceitos que subjazem à
avaliação no contexto das organizações e que estão incluídos na concepção e
estrutura do Modelo:

Avaliar é:

      Exercer um julgamento através da avaliação das condições existentes e dos
       serviços prestados, perspectivando como deveriam ser essas condições/
       serviços. (Van House et. al. 1990: 3).

      Um processo de recolha de evidências e de inquirição sistemáticos, em
       detrimento de uma avaliação determinada por uma norma standardizada.
       Cronin (1982b).

      A medição sistemática do impacto que um sistema (por exemplo, uma
       biblioteca) alcançou no cumprimento dos seus objectivos num período de
       tempo determinado. Mackenzie (1990)

      O processo sistemático de avaliação do valor (em termos de benefícios
       ganhos) e da qualidade (reflectida na satisfação dos utilizadores) de um
       sistema/ bilioteca.



KEBEDE (1999) “Performance Evaluation in Library and Information Systems of
Developing Countries: A Study of the Literature”




                                          3
3 . O conceito de Evidence-Based practice e de pesquisa/ acção

O conceito “Evidence-Based practice” traduz-se no desenvolvimento de práticas
sistemáticas de recolha de evidências, associadas ao trabalho do dia-a-dia. A
quantidade e qualidade das evidências recolhidas deverão informar a prática diária ou
fornecer informação acerca de determinada questão chave para a qual procuramos
melhoria ou solução.
Este conceito tem sido explorado por vários especialistas. Ross Todd associa o
conceito às práticas das bibliotecas escolares e à necessidade que estas têm de fazer
diferença na escola que servem e de provar o impacto que têm nas aprendizagens.
Valoriza a necessidade de provar esse impacto no contexto da escola, onde
desenvolvemos trabalho.
A prática baseada em evidências combina o saber profissional, a prática reflexiva e o
conhecimento das necessidades dos estudantes e requer uma prática de uso judicioso
dessas evidências para tomar decisões acerca da melhor forma de adequar as
práticas aos objectivos educativos da escola.
Conseguir este objectivo implica que as bibliotecas escolares recolham evidências que
mostrem como as suas práticas têm impacto nos resultados dos estudantes […].
Uma abordagem holística à prática baseada em evidências envolve três dimensões:
evidências para a prática; evidências na prática e evidências da prática.
A ênfase é dada, em suma, a uma necessidade de valorizar a recolha e o uso de
evidências para fundamentar as práticas que desenvolvemos, mas também às práticas
que efectivamos e sobretudo aos resultados, ao impacto que alcançamos. As
evidências permitem-nos provar que a biblioteca escolar faz a diferença e tem impacto
na melhoria do funcionamento da escola e das aprendizagens.
A diferença ou impacto residem não nos inputs (recursos) ou processos mas na mais-
valia que estes trazem à escola e à aprendizagem
Todd (2008) “The Evidence-Based Manifesto for School Librarians”

O Modelo de Auto-Avaliação perspectiva, também, práticas de pesquisa-acção.

Segundo Markless (2006:120), as práticas de pesquisa-acção estabelecem a relação
entre os processos e o impacto ou valor que originam.
Durante este processo:

      Identifica-se um problema;
      Recolhem-se evidências;
      Avaliam-se, interpretam-se as evidências recolhidas;
      Procura-se extrair conhecimento que oriente futuras acções e que delineie
       caminhos. Centra-se a pesquisa, mais uma vez, no impacto e não nos inputs.



4. Avaliação da biblioteca escolar. Questões em torno do impacto da BE


Tradicionalmente, o impacto das bibliotecas aferia-se através da relação directa entre
os inputs (colecção existente, staff, verba gasta com o funcionamento da biblioteca
escolar...) e os outputs (número de empréstimos, número de visitas, sessões
realizadas pela equipa...). A relação custo/ eficiência foi, nos últimos tempos,
ultrapassada pela necessidade de medir o impacto, os benefícios que os utilizadores
retiram do seu contacto e uso dos serviços.
                                                 ·
Hoje, a avaliação centra-se, essencialmente,
no impacto qualitativo da biblioteca, isto é, na
aferição das modificações positivas que o
seu funcionamento tem nas atitudes, valores
e conhecimento dos utilizadores.

Interessa-nos aferir o sucesso do serviço,
centrado, essencialmente, nos resultados,
vistos como as consequências ou impactos
dos serviços que prestamos junto dos
utilizadores.

Trata-se, neste contexto, de aferir não a
eficiência, mas a eficácia dos serviços – os
resultados que os serviços produziram.

                                               ·




(Cram, 1999)



O que verdadeiramente interessa e justifica a acção e a existência da biblioteca
escolar não são os processos, as acções e intenções que colocamos no seu
funcionamento ou os processos implicados, mas sim o resultado, o valor que eles
acrescentam nas atitudes e nas competências dos utilizadores.

Cram (1999), em “SIX IMPOSSIBLE THINGS BEFORE BREAKFAST”, descreve esse
processo valorativo: […] A questão do valor das bibliotecas não é de ordem imanente
– o valor não e uma propriedade intrínseca da biblioteca enquanto entidade. O valor é
(subjectivamente) atribuído e resulta de uma percepção de benefício real e potencial.
As bibliotecas geram valor porque mobilizam recursos e desencadeiam processos
capazes de produzir mais-valia e de criar benefícios. A sua função de gestão
compreende os processos, as actividades e as decisões que possam conduzir a
efectiva produção de valor para os seus utilizadores e para a organização em que se
enquadra.

Numa época em que as tecnologias e as pressões económicas acentuam a
necessidade de fazer valer o papel e a necessidade de bibliotecas, a avaliação tem
um papel determinante, permitindo-nos validar o que fazemos, como fazemos, onde
estamos e até onde queremos ir, mas sobretudo o papel e intervenção, as mais-valias
que acrescentamos.
                                        5
- Como trabalham as bibliotecas escolares?

- Que impacto têm nas escolas e no sucesso educativo dos alunos?

A Literatura Internacional na área das bibliotecas escolares evidencia, de forma clara,
o impacto das bibliotecas na aprendizagem e no sucesso educativo dos alunos.

Os Estudos realizados sobre o papel das bibliotecas escolar associam esse papel ao
currículo, às aprendizagens dos alunos e ao sucesso educativo.

Identificam ainda os domínios que são considerados críticos a uma biblioteca escolar
efectiva e de qualidade.




5. Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares. Objectivos e
processos implicados.
A criação de um Modelo para avaliação das bibliotecas escolares permite dotar as
escolas/ bibliotecas de um quadro de referência e de um instrumento que lhes permite
a melhoria contínua da qualidade, a busca de uma perspectiva de inovação. Pretende-
se induzir a transformação das bibliotecas escolares em organizações capazes de
aprender e de crescer através da recolha sistemática de evidências de uma auto-
avaliação sistemática.

O Modelo baseia-se no Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares Inglesas,
com adaptações, nomeadamente aquelas que reportam às especificidades das
bibliotecas escolares e do sistema de ensino Português.

Organiza-se em quatro domínios e num conjunto de indicadores sobre os quais
assenta o trabalho da biblioteca escolar. Procurou-se que a sua estruturação e os
processos implicados na sua implementação fossem clara e facilmente perceptíveis
pela direcção e pelas escola, por forma a transformá-lo num instrumento de melhoria
ao serviço da bibliotecas.

Os domínios que compõem a sua estrutura estão identificados em diferentes estudos
internacionais como cruciais ao desenvolvimento e qualidade das bibliotecas
escolares. Existe, nestes estudos, o reconhecimento de que a biblioteca escolar é
usada enquanto espaço equipado com um conjunto significativo de recursos e de
equipamentos (as condições externas, as condições físicas e a qualidade da colecção
são fundamentais) e como espaço formativo e de aprendizagem, intrinsecamente
relacionado com a escola, com o processo de ensino/ aprendizagem, com a leitura e
com as diferentes Literacias.

Podemos agrupar estes domínios em três áreas
chave:
                                                          Scholastic Research
 Integração na escola e no processo de ensino/            (2008) “School Libraries
aprendizagem                                              Work!”
- Integração institucional e programática, de acordo      Williams, Dorothy & Coles,
com os objectivos educacionais e programáticos da
                                                          Caroline (2001) “Impact of
escola;
                                                          School Libraries Services on
                                                          Achievement and…” Learning
- Desenvolvimento de competências de leitura e de literacias digitais e da informação.

- Articulação com departamentos, professores e alunos na planificação e
desenvolvimento de actividades educativas e de aprendizagem;

- Integração das potencialidades formativas e de trabalho da biblioteca escolar nos
diferentes projectos.

Acesso. Qualidade da Colecção.
- Organização e equipamento de acordo com os standards definidos, facultando
condições de acesso e de trabalho individual ou em grupo;

- Disponibilização de um conjunto de recursos de informação, em diferentes ambientes
e suportes, actualizada e em extensão e qualidade adequadas às necessidades dos
utilizadores;

- Garantia de acesso a documentação online.

Gestão da BE

- Afectação de um professor bibliotecário qualificado e de uma equipa que assegure as
rotinas inerentes à gestão, que articule e trabalhe com a escola, professores e alunos.

- Liderança do professor bibliotecário e da equipa.

- Desenvolvimento de estratégias de gestão e de integração da BE na escola e no
desenvolvimento curricular.



De entre os factores críticos à sua apropriação e implementação, destacamos os
seguintes. É fundamental que o Modelo:

- Tenha reconhecimento por parte das escolas e das equipas e se assuma como um
instrumento agregador, capaz de unir a escola e a equipa em torno do valor da BE e
do impacto que pode ter na escola e nas aprendizagens.

- Se assuma como instrumento de mudança e de melhoria da qualidade do
funcionamento das bibliotecas escolares, através do uso estratégico das evidências/
informação recolhida no processo. Esta informação deve ser utilizada na planificação
futura, com vista à continuidade ou melhoria dos níveis atingidos.

- Tenha pontos de intersecção com a avaliação da escola e seja conhecida e
reconhecida pela direcção e pela escola que, desta forma, toma conhecimento do
trabalho e impacto da biblioteca escolar.


6. Qualidade e Inovação. O necessário envolvimento de todos

O modelo indica o caminho, a metodologia, a operacionalização. A obtenção da
melhoria contínua da qualidade exige que a organização esteja preparada para a
aprendizagem contínua. Pressupõe a motivação individual dos seus membros e a

                                           7
liderança forte do professor coordenador, que tem de mobilizar a escola para a
necessidade e implementação do processo avaliativo.

Exige uma metodologia de sensibilização e de readiness, que requer:

   1. O conhecimento aprofundado do Modelo e a mobilização da equipa para a
      necessidade de fazer diagnósticos/ avaliar o impacto e o valor da BE na escola
      que serve.

   2. Jornadas formativas para a escola. Definição precisa de conceitos e processos
      cuja calendarização deve ser previamente definida.

   3. A comunicação constante com o órgão directivo, justificando a necessidade e o
      valor da implementação do processo de avaliação.

   4. A apresentação e discussão do processo no Conselho Pedagógico.

   5. A criação de instrumentos de divulgação (Cartazes, folhetos, página da
      biblioteca, Facebook, correio electrónico, outros…) com o objectivo de alertar a
      comunidade e informá-la acerca de um processo que envolve todos.

   6. Aproximação/ diálogo com departamentos e professores. Criação e difusão de
      informação/ calendarização sobre o processo e sobre o contributo de cada um
      no processo.


O professor bibliotecário deve, neste processo, evidenciar as seguintes competências:


   a. Ser um comunicador efectivo no seio da instituição;
   b. Ser proactivo;
   c. Saber exercer influência junto de professores
      e do órgão directivo;                                  Eisenberg e Miller (2002)
   d. Ser útil, relevante e considerado pelos outros         “This Man Wants to
      membros da comunidade educativa;                       Change Your Job”
   e. Ser observador e investigativo;
   f.   Ser capaz de ver o todo - “the big picture”;
   g. Saber estabelecer prioridades;
   h. Realizar uma abordagem construtiva aos
      problemas e à realidade;
   i.   Ser gestor de serviços de aprendizagem no seio da escola;
   j.   Saber gerir recursos no sentido lato do termo;
   k. Ser promotor dos serviços e dos recursos;
   l.    Ser tutor, professor e um avaliador de recursos, com o objectivo de apoiar e
        contribuir para as aprendizagens;
   m. Saber gerir e avaliar de acordo com a missão e objectivos da escola.
   n. Saber trabalhar com departamentos e colegas.
Tilke (1999) “The role of the school librarian in providing conditions for discovery and
personal growth in the school library. How will the school library fulfill this purpose in
the next century?”
A optimização do processo pode, ainda ser atingida:
       Através da identificação dos pontos críticos, conducentes à selecção do
       domínio.
       Através da capacidade de determinar o conjunto de relações e de intersecções
       que se estabelecem entre cada um dos domínios (a realidade é única e o
       Modelo cria uma separação artificial), rentabilizando evidências e processos.
       Através da análise do impacto e da percepção de situações isoladas ou inter-
       relacionadas e cumulativas.
   Farmer (2003:21).



Uma liderança forte associada a uma visão e gestão estratégica é, também,
determinante para o sucesso o desenrolar do processo:

- Pensar estrategicamente;
- Gerir estrategicamente, de acordo com as prioridades da escola e para o sucesso;
- Promover uma cultura de avaliação;
- Comunicar permanentemente. Articular prioridades.



7 - Implementação do processo
O Modelo adopta uma aproximação à realidade por etapas que, tendo em conta o
contexto interno e externo da BE, devem levar o professor coordenador a seleccionar
o domínio a ser objecto de aplicação dos instrumentos. O ciclo completa-se ao fim de
quatro anos e deve fornecer uma visão holística e global da BE. Cada etapa
compreende um ciclo:

- Identificação de um problema ou de um desafio;

- Recolha de evidências;

- Interpretação da informação recolhida;

- Realização das mudanças necessárias;

- Recolha de novas evidências acerca do impacto dessas mudanças.

A avaliação não é um fim em si mesma. É um processo de melhoria que deve facultar
informação de qualidade capaz de apoiar a tomada de decisão.

 Os resultados devem ser partilhados com o director, ser divulgados e discutidos nos
órgãos de gestão pedagógica. Esses resultados têm impacto no processo de
planificação e na gestão, obrigando a que:

  a. Se defina a ambição, decidindo as melhorias, apostando na mobilização e no
  esforço de todos;
  b. Se estabeleçam e coordenem políticas, isto é, linhas orientadoras dos planos de
  acção, de modo a que estejam concertadas com a estratégia da escola e também
  com os factores críticos de sucesso;

                                           9
c. Se analisem rumos estratégicos possíveis, no sentido de ser escolhida a
  direcção mais viável e enriquecedora;
  d. Se identifiquem oportunidades e constrangimentos e definam fins e objectivos,
  operacionalizando-os em planos que realizam as estratégias;
  e. Se diagnostiquem possíveis áreas em que a BE pode adquirir vantagens
  competitivas face a outras bibliotecas;
  f. Se proceda à recolha sistemática de informação e a metodologias de controlo.


7.1 - A ligação ao processo de planeamento

A metáfora da Alice no seu encontro com o gato Cheshire assume-se aqui como um
meio excelente para reforçar a ligação da avaliação aos processos de decisão e à
mudança, indicando caminhos sustentados e seguros, porque baseados nas
evidências recolhidas no processo de avaliação.

Poderias dizer-me, por favor, que caminho hei-de tomar para sair daqui?
- Isso depende do sítio onde queres chegar! - Disse o Gato.
- Não interessa muito para onde vou... - retorquiu Alice.
- Nesse caso, pouco importa o caminho que tomes - interpôs o Gato.
Alice no País das Maravilhas

Alice in Wonderland - Cheshire Cat



O Modelo de avaliação está directamente ligado ao processo de planeamento da BE
que deve corresponder em timing, objectivos, propriedades e estratégias definidas
pela escola/ agrupamento. O Modelo identifica as condições de uma realidade. As
decisões a tomar devem, assim, basear-se nos resultados obtidos, mas devem
sempre ter em conta o ambiente interno (condições estruturais) e externo da
biblioteca: oportunidades e ameaças, prioridades da escola, adequação aos objectivos
e estratégias de ensino/ aprendizagem.




7.2 - Modelo de avaliação das bibliotecas Escolares como promotor do
reconhecimento da biblioteca escolar


O que é importante é que as evidências recolhidas mostrem como o professor
bibliotecário e a biblioteca escolar têm um papel crucial no sucesso educativo dos
alunos e na criação de atitudes, valores e de um ambiente de aprendizagem acolhedor
e efectivo. (Todd, 2003)
Esta afirmação de Todd condensa a importância da comunicação da informação
obtida através do processo de avaliação. A demonstração do valor e do impacto da BE
tem como vantagens:
a) A responsabilização perante a escola e outros stakeholders. A pressão sobre a
existência de resultados em diferentes sectores e organismos a que a escola não é
alheia (o sistema de avaliação da escola, dos professores e dos resultados é hoje uma
realidade) requer que também a biblioteca investigue os resultados da sua acção,
identificando o sucesso e o impacto dos seus serviços e os gaps condicionantes desse
sucesso. A avaliação da BE permite, ao mesmo tempo, prestar contas do impacto dos
seus serviços perante a escola e todos os que estão ligados ao seu funcionamento.

b) É hoje comum e consensual o valor da informação fundamentada em evidências,
como suporte à decisão. A designada evidence-informed ou evidence-based policy é
uma prática cada vez mais comum. Governos e organismos com responsabilidades na
definição de políticas de standards precisam validar o que funciona e identificar
possíveis gaps ou constrangimentos.

A informação resultante do processo de auto-avaliação das bibliotecas escolares terá,
assim, um valor estratégico para a escola, com a qual a biblioteca escolar tem
intersecções e links directos, mas é também indispensável à tomada de decisões do
Programa que gere a instalação e o desenvolvimento da rede de bibliotecas escolares
– Programa RBE.




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<http://www.schoollibraryjournal.com/article/CA287119.html> [20/10/2010]


Todd, Ross (2004) “School libraries: Making them a class act.” Broome-Tioga BOCES
School Library system Annual Librarian/Administrator Breakfast. Binghamton, NY.
<http://www.scils.rutgers.edu/~rtodd/WA%20School%20Libraries%20A%20Class%20A
ct.ppt#540> [20/10/2010]


Williams, Dorothy & Coles, Caroline (2001) Impact of School Libraries Services on
Achievement and Learning. Aberdeen: The School of Information and Media, Robert
Gordon                                                                 University.
<http://www.rgu.ac.uk/files/Impact%20of%20School%20Library%20Services1.pdf>
(20/10/2010)

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Modelo Auto-Avaliação Bibliotecas Escolares

  • 1. Texto da Sessão 1. O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares: problemáticas e conceitos implicados O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares enquadra-se na estratégia global de desenvolvimento das bibliotecas escolares portuguesas, com o objectivo de facultar um instrumento pedagógico e de melhoria contínua que permita aos órgãos directivos e aos professores bibliotecários avaliar o trabalho da biblioteca escolar e o impacto desse trabalho no funcionamento global da escola e nas aprendizagens dos alunos e identificar as áreas de sucesso e aquelas que, por apresentarem resultados menores, requerem maior investimento, determinando, nalguns casos, uma inflexão das práticas. Os conceitos ou ideias chave que presidiram à sua construção e aplicação são, de acordo com o documento, os seguintes:  Fundamenta-se na noção de valor. O valor não é algo intrínseco às coisas mas tem sobretudo a ver com a experiência e benefícios que se retira delas: se é importante a existência de uma BE agradável e bem apetrechada, a esse facto deve estar associada uma utilização consequente nos vários domínios que caracterizam a missão da BE, capaz de produzir resultados que contribuam de forma efectiva para os objectivos da escola em que se insere.  Parte do princípio que a auto-avaliação deve ser encarada como um processo pedagógico e regulador, inerente à gestão e procura de uma melhoria contínua da BE.  Aponta para as áreas nucleares em que se deverá processar o trabalho da/com a Biblioteca Escolar e que têm sido identificadas como elementos determinantes e com um impacto positivo no ensino e na aprendizagem, salvaguardando que a avaliação não constitui um fim, devendo ser entendida como um processo que, idealmente, conduzirá à reflexão e originará mudanças concretas na prática.  Apresenta um quadro referencial que pretende ser, em si mesmo, um instrumento pedagógico, permitindo orientar as escolas, através da definição de factores críticos de sucesso nucleares ao funcionamento e sucesso da BE e sugerindo possíveis acções para melhoria. [...] Os exemplos de acções para a melhoria e os próprios factores críticos de sucesso apontam pistas importantes, mas em cada caso a auto-avaliação, através da recolha de evidências, ajudará cada BE a identificar o caminho que deve seguir com vista à melhoria do seu desempenho. A auto-avaliação deverá contribuir para a elaboração do novo plano de desenvolvimento, ao possibilitar a identificação mais clara dos pontos fracos e fortes, o que orientará o estabelecimento de objectivos e prioridades, de acordo com uma perspectiva realista face à BE e ao contexto em que se insere.  Engloba os diferentes níveis de escolaridade, definindo indicadores a ser aplicados por diferentes níveis. 1
  • 2. Modelo de Auto-Avaliação (2008) Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares Na sua construção foram integrados os princípios definidos nos documentos fundadores (IFLA/ UNESCO e IASL) que orientam o trabalho das bibliotecas escolares e o conhecimento que a investigação e os diferentes estudos têm revelado, apresentando caminhos e possibilidades num contexto global de mudança, no qual as bibliotecas escolares devem evoluir. Conceitos referentes à missão da biblioteca escolar no contexto da escola/ agrupamento e que a relacionam com as aprendizagens, com o desenvolvimento curricular e com o sucesso educativo. (Perspectiva do conceito de biblioteca escolar subjacente à construção do Modelo) - Novos contextos e conceitos de aprendizagem em que o sujeito/aluno se apresenta como actor activo, construtor do próprio conhecimento (Construtivismo). - Novas estratégias de abordagem à realidade e ao conhecimento baseadas no questionamento e inquirição contínuas e no trabalho baseado na pesquisa e no uso de fontes de informação (livros, outros suportes impressos ou digitais e World Wide Web) (Inquiry Based Learning). - Modificação global das estruturas sociais e dos processos de aprendizagem e de acesso à informação – introdução das TIC, desenvolvimento de redes sociais, surgimento de novos ambientes de disponibilização da informação, de trabalho e de construção do conhecimento (Web 2.0) que obrigam ao desenvolvimento de novas literacias e a uma aprendizagem contínua ao longo da vida. - Necessidade de gerir a mudança, adaptando as práticas que tradicionalmente foram desenvolvidas aos novos desafios e mudança de paradigma. A biblioteca escolar deixa de ser um espaço que disponibiliza e organiza recursos para passar a ser um espaço que interage com a escola através da participação em projectos e actividades em desenvolvimento na escola, e do trabalho articulado com os docentes. À biblioteca escolar cabe, neste contexto, transformar-se: - Num espaço de acesso (em contexto de uso do espaço adaptado ao horário de funcionamento da escola e em acesso online vinte e quatro horas através do sítio da BE). - Num espaço com oportunidades de leitura e aprendizagem acrescidas:  Através de uma colecção de recursos organizados de acordo com os interesses dos utilizadores e com os conteúdos curriculares de cada disciplina.  Através da produção de instrumentos de apoio ao desenvolvimento da leitura e do desenvolvimento curricular.  Através da orientação dada aos alunos nas suas pesquisas e na realização dos trabalhos.  Através da promoção/ formação para a leitura/ literacias digitais e da informação (orientadas pela BE ou integrada no trabalho curricular colaborativo com os docentes).  Através do trabalho articulado com a escola no cumprimento da sua missão e com os docentes, com sentido e virado para objectivos formativos e de
  • 3. aprendizagem bem definidos no âmbito do trabalho de projecto ou do desenvolvimento curricular. - Num espaço valorizado e usado pela escola:  Porque o professor bibliotecário e a escola desenvolvem um trabalho planeado, integrado nos objectivos funcionais e de ensino, com impacto no funcionamento global da escola e nas aprendizagens.  Porque o professor bibliotecário efectiva uma prática avaliativa e de recolha de evidências contínuas (prática baseada em evidências - evidence based practice) e usa essas evidências junto da escola para demonstrar que a BE serve para alguma coisa e tem impacto na formação e na aprendizagem dos alunos. 2. O conceito de avaliação no contexto das organizações: Para entender o Modelo é, também, necessário entender os conceitos que subjazem à avaliação no contexto das organizações e que estão incluídos na concepção e estrutura do Modelo: Avaliar é:  Exercer um julgamento através da avaliação das condições existentes e dos serviços prestados, perspectivando como deveriam ser essas condições/ serviços. (Van House et. al. 1990: 3).  Um processo de recolha de evidências e de inquirição sistemáticos, em detrimento de uma avaliação determinada por uma norma standardizada. Cronin (1982b).  A medição sistemática do impacto que um sistema (por exemplo, uma biblioteca) alcançou no cumprimento dos seus objectivos num período de tempo determinado. Mackenzie (1990)  O processo sistemático de avaliação do valor (em termos de benefícios ganhos) e da qualidade (reflectida na satisfação dos utilizadores) de um sistema/ bilioteca. KEBEDE (1999) “Performance Evaluation in Library and Information Systems of Developing Countries: A Study of the Literature” 3
  • 4. 3 . O conceito de Evidence-Based practice e de pesquisa/ acção O conceito “Evidence-Based practice” traduz-se no desenvolvimento de práticas sistemáticas de recolha de evidências, associadas ao trabalho do dia-a-dia. A quantidade e qualidade das evidências recolhidas deverão informar a prática diária ou fornecer informação acerca de determinada questão chave para a qual procuramos melhoria ou solução. Este conceito tem sido explorado por vários especialistas. Ross Todd associa o conceito às práticas das bibliotecas escolares e à necessidade que estas têm de fazer diferença na escola que servem e de provar o impacto que têm nas aprendizagens. Valoriza a necessidade de provar esse impacto no contexto da escola, onde desenvolvemos trabalho. A prática baseada em evidências combina o saber profissional, a prática reflexiva e o conhecimento das necessidades dos estudantes e requer uma prática de uso judicioso dessas evidências para tomar decisões acerca da melhor forma de adequar as práticas aos objectivos educativos da escola. Conseguir este objectivo implica que as bibliotecas escolares recolham evidências que mostrem como as suas práticas têm impacto nos resultados dos estudantes […]. Uma abordagem holística à prática baseada em evidências envolve três dimensões: evidências para a prática; evidências na prática e evidências da prática. A ênfase é dada, em suma, a uma necessidade de valorizar a recolha e o uso de evidências para fundamentar as práticas que desenvolvemos, mas também às práticas que efectivamos e sobretudo aos resultados, ao impacto que alcançamos. As evidências permitem-nos provar que a biblioteca escolar faz a diferença e tem impacto na melhoria do funcionamento da escola e das aprendizagens. A diferença ou impacto residem não nos inputs (recursos) ou processos mas na mais- valia que estes trazem à escola e à aprendizagem Todd (2008) “The Evidence-Based Manifesto for School Librarians” O Modelo de Auto-Avaliação perspectiva, também, práticas de pesquisa-acção. Segundo Markless (2006:120), as práticas de pesquisa-acção estabelecem a relação entre os processos e o impacto ou valor que originam. Durante este processo:  Identifica-se um problema;  Recolhem-se evidências;  Avaliam-se, interpretam-se as evidências recolhidas;  Procura-se extrair conhecimento que oriente futuras acções e que delineie caminhos. Centra-se a pesquisa, mais uma vez, no impacto e não nos inputs. 4. Avaliação da biblioteca escolar. Questões em torno do impacto da BE Tradicionalmente, o impacto das bibliotecas aferia-se através da relação directa entre os inputs (colecção existente, staff, verba gasta com o funcionamento da biblioteca escolar...) e os outputs (número de empréstimos, número de visitas, sessões
  • 5. realizadas pela equipa...). A relação custo/ eficiência foi, nos últimos tempos, ultrapassada pela necessidade de medir o impacto, os benefícios que os utilizadores retiram do seu contacto e uso dos serviços. · Hoje, a avaliação centra-se, essencialmente, no impacto qualitativo da biblioteca, isto é, na aferição das modificações positivas que o seu funcionamento tem nas atitudes, valores e conhecimento dos utilizadores. Interessa-nos aferir o sucesso do serviço, centrado, essencialmente, nos resultados, vistos como as consequências ou impactos dos serviços que prestamos junto dos utilizadores. Trata-se, neste contexto, de aferir não a eficiência, mas a eficácia dos serviços – os resultados que os serviços produziram. · (Cram, 1999) O que verdadeiramente interessa e justifica a acção e a existência da biblioteca escolar não são os processos, as acções e intenções que colocamos no seu funcionamento ou os processos implicados, mas sim o resultado, o valor que eles acrescentam nas atitudes e nas competências dos utilizadores. Cram (1999), em “SIX IMPOSSIBLE THINGS BEFORE BREAKFAST”, descreve esse processo valorativo: […] A questão do valor das bibliotecas não é de ordem imanente – o valor não e uma propriedade intrínseca da biblioteca enquanto entidade. O valor é (subjectivamente) atribuído e resulta de uma percepção de benefício real e potencial. As bibliotecas geram valor porque mobilizam recursos e desencadeiam processos capazes de produzir mais-valia e de criar benefícios. A sua função de gestão compreende os processos, as actividades e as decisões que possam conduzir a efectiva produção de valor para os seus utilizadores e para a organização em que se enquadra. Numa época em que as tecnologias e as pressões económicas acentuam a necessidade de fazer valer o papel e a necessidade de bibliotecas, a avaliação tem um papel determinante, permitindo-nos validar o que fazemos, como fazemos, onde estamos e até onde queremos ir, mas sobretudo o papel e intervenção, as mais-valias que acrescentamos. 5
  • 6. - Como trabalham as bibliotecas escolares? - Que impacto têm nas escolas e no sucesso educativo dos alunos? A Literatura Internacional na área das bibliotecas escolares evidencia, de forma clara, o impacto das bibliotecas na aprendizagem e no sucesso educativo dos alunos. Os Estudos realizados sobre o papel das bibliotecas escolar associam esse papel ao currículo, às aprendizagens dos alunos e ao sucesso educativo. Identificam ainda os domínios que são considerados críticos a uma biblioteca escolar efectiva e de qualidade. 5. Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares. Objectivos e processos implicados. A criação de um Modelo para avaliação das bibliotecas escolares permite dotar as escolas/ bibliotecas de um quadro de referência e de um instrumento que lhes permite a melhoria contínua da qualidade, a busca de uma perspectiva de inovação. Pretende- se induzir a transformação das bibliotecas escolares em organizações capazes de aprender e de crescer através da recolha sistemática de evidências de uma auto- avaliação sistemática. O Modelo baseia-se no Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares Inglesas, com adaptações, nomeadamente aquelas que reportam às especificidades das bibliotecas escolares e do sistema de ensino Português. Organiza-se em quatro domínios e num conjunto de indicadores sobre os quais assenta o trabalho da biblioteca escolar. Procurou-se que a sua estruturação e os processos implicados na sua implementação fossem clara e facilmente perceptíveis pela direcção e pelas escola, por forma a transformá-lo num instrumento de melhoria ao serviço da bibliotecas. Os domínios que compõem a sua estrutura estão identificados em diferentes estudos internacionais como cruciais ao desenvolvimento e qualidade das bibliotecas escolares. Existe, nestes estudos, o reconhecimento de que a biblioteca escolar é usada enquanto espaço equipado com um conjunto significativo de recursos e de equipamentos (as condições externas, as condições físicas e a qualidade da colecção são fundamentais) e como espaço formativo e de aprendizagem, intrinsecamente relacionado com a escola, com o processo de ensino/ aprendizagem, com a leitura e com as diferentes Literacias. Podemos agrupar estes domínios em três áreas chave: Scholastic Research Integração na escola e no processo de ensino/ (2008) “School Libraries aprendizagem Work!” - Integração institucional e programática, de acordo Williams, Dorothy & Coles, com os objectivos educacionais e programáticos da Caroline (2001) “Impact of escola; School Libraries Services on Achievement and…” Learning
  • 7. - Desenvolvimento de competências de leitura e de literacias digitais e da informação. - Articulação com departamentos, professores e alunos na planificação e desenvolvimento de actividades educativas e de aprendizagem; - Integração das potencialidades formativas e de trabalho da biblioteca escolar nos diferentes projectos. Acesso. Qualidade da Colecção. - Organização e equipamento de acordo com os standards definidos, facultando condições de acesso e de trabalho individual ou em grupo; - Disponibilização de um conjunto de recursos de informação, em diferentes ambientes e suportes, actualizada e em extensão e qualidade adequadas às necessidades dos utilizadores; - Garantia de acesso a documentação online. Gestão da BE - Afectação de um professor bibliotecário qualificado e de uma equipa que assegure as rotinas inerentes à gestão, que articule e trabalhe com a escola, professores e alunos. - Liderança do professor bibliotecário e da equipa. - Desenvolvimento de estratégias de gestão e de integração da BE na escola e no desenvolvimento curricular. De entre os factores críticos à sua apropriação e implementação, destacamos os seguintes. É fundamental que o Modelo: - Tenha reconhecimento por parte das escolas e das equipas e se assuma como um instrumento agregador, capaz de unir a escola e a equipa em torno do valor da BE e do impacto que pode ter na escola e nas aprendizagens. - Se assuma como instrumento de mudança e de melhoria da qualidade do funcionamento das bibliotecas escolares, através do uso estratégico das evidências/ informação recolhida no processo. Esta informação deve ser utilizada na planificação futura, com vista à continuidade ou melhoria dos níveis atingidos. - Tenha pontos de intersecção com a avaliação da escola e seja conhecida e reconhecida pela direcção e pela escola que, desta forma, toma conhecimento do trabalho e impacto da biblioteca escolar. 6. Qualidade e Inovação. O necessário envolvimento de todos O modelo indica o caminho, a metodologia, a operacionalização. A obtenção da melhoria contínua da qualidade exige que a organização esteja preparada para a aprendizagem contínua. Pressupõe a motivação individual dos seus membros e a 7
  • 8. liderança forte do professor coordenador, que tem de mobilizar a escola para a necessidade e implementação do processo avaliativo. Exige uma metodologia de sensibilização e de readiness, que requer: 1. O conhecimento aprofundado do Modelo e a mobilização da equipa para a necessidade de fazer diagnósticos/ avaliar o impacto e o valor da BE na escola que serve. 2. Jornadas formativas para a escola. Definição precisa de conceitos e processos cuja calendarização deve ser previamente definida. 3. A comunicação constante com o órgão directivo, justificando a necessidade e o valor da implementação do processo de avaliação. 4. A apresentação e discussão do processo no Conselho Pedagógico. 5. A criação de instrumentos de divulgação (Cartazes, folhetos, página da biblioteca, Facebook, correio electrónico, outros…) com o objectivo de alertar a comunidade e informá-la acerca de um processo que envolve todos. 6. Aproximação/ diálogo com departamentos e professores. Criação e difusão de informação/ calendarização sobre o processo e sobre o contributo de cada um no processo. O professor bibliotecário deve, neste processo, evidenciar as seguintes competências: a. Ser um comunicador efectivo no seio da instituição; b. Ser proactivo; c. Saber exercer influência junto de professores e do órgão directivo; Eisenberg e Miller (2002) d. Ser útil, relevante e considerado pelos outros “This Man Wants to membros da comunidade educativa; Change Your Job” e. Ser observador e investigativo; f. Ser capaz de ver o todo - “the big picture”; g. Saber estabelecer prioridades; h. Realizar uma abordagem construtiva aos problemas e à realidade; i. Ser gestor de serviços de aprendizagem no seio da escola; j. Saber gerir recursos no sentido lato do termo; k. Ser promotor dos serviços e dos recursos; l. Ser tutor, professor e um avaliador de recursos, com o objectivo de apoiar e contribuir para as aprendizagens; m. Saber gerir e avaliar de acordo com a missão e objectivos da escola. n. Saber trabalhar com departamentos e colegas. Tilke (1999) “The role of the school librarian in providing conditions for discovery and personal growth in the school library. How will the school library fulfill this purpose in the next century?”
  • 9. A optimização do processo pode, ainda ser atingida: Através da identificação dos pontos críticos, conducentes à selecção do domínio. Através da capacidade de determinar o conjunto de relações e de intersecções que se estabelecem entre cada um dos domínios (a realidade é única e o Modelo cria uma separação artificial), rentabilizando evidências e processos. Através da análise do impacto e da percepção de situações isoladas ou inter- relacionadas e cumulativas. Farmer (2003:21). Uma liderança forte associada a uma visão e gestão estratégica é, também, determinante para o sucesso o desenrolar do processo: - Pensar estrategicamente; - Gerir estrategicamente, de acordo com as prioridades da escola e para o sucesso; - Promover uma cultura de avaliação; - Comunicar permanentemente. Articular prioridades. 7 - Implementação do processo O Modelo adopta uma aproximação à realidade por etapas que, tendo em conta o contexto interno e externo da BE, devem levar o professor coordenador a seleccionar o domínio a ser objecto de aplicação dos instrumentos. O ciclo completa-se ao fim de quatro anos e deve fornecer uma visão holística e global da BE. Cada etapa compreende um ciclo: - Identificação de um problema ou de um desafio; - Recolha de evidências; - Interpretação da informação recolhida; - Realização das mudanças necessárias; - Recolha de novas evidências acerca do impacto dessas mudanças. A avaliação não é um fim em si mesma. É um processo de melhoria que deve facultar informação de qualidade capaz de apoiar a tomada de decisão. Os resultados devem ser partilhados com o director, ser divulgados e discutidos nos órgãos de gestão pedagógica. Esses resultados têm impacto no processo de planificação e na gestão, obrigando a que: a. Se defina a ambição, decidindo as melhorias, apostando na mobilização e no esforço de todos; b. Se estabeleçam e coordenem políticas, isto é, linhas orientadoras dos planos de acção, de modo a que estejam concertadas com a estratégia da escola e também com os factores críticos de sucesso; 9
  • 10. c. Se analisem rumos estratégicos possíveis, no sentido de ser escolhida a direcção mais viável e enriquecedora; d. Se identifiquem oportunidades e constrangimentos e definam fins e objectivos, operacionalizando-os em planos que realizam as estratégias; e. Se diagnostiquem possíveis áreas em que a BE pode adquirir vantagens competitivas face a outras bibliotecas; f. Se proceda à recolha sistemática de informação e a metodologias de controlo. 7.1 - A ligação ao processo de planeamento A metáfora da Alice no seu encontro com o gato Cheshire assume-se aqui como um meio excelente para reforçar a ligação da avaliação aos processos de decisão e à mudança, indicando caminhos sustentados e seguros, porque baseados nas evidências recolhidas no processo de avaliação. Poderias dizer-me, por favor, que caminho hei-de tomar para sair daqui? - Isso depende do sítio onde queres chegar! - Disse o Gato. - Não interessa muito para onde vou... - retorquiu Alice. - Nesse caso, pouco importa o caminho que tomes - interpôs o Gato. Alice no País das Maravilhas Alice in Wonderland - Cheshire Cat O Modelo de avaliação está directamente ligado ao processo de planeamento da BE que deve corresponder em timing, objectivos, propriedades e estratégias definidas pela escola/ agrupamento. O Modelo identifica as condições de uma realidade. As decisões a tomar devem, assim, basear-se nos resultados obtidos, mas devem sempre ter em conta o ambiente interno (condições estruturais) e externo da biblioteca: oportunidades e ameaças, prioridades da escola, adequação aos objectivos e estratégias de ensino/ aprendizagem. 7.2 - Modelo de avaliação das bibliotecas Escolares como promotor do reconhecimento da biblioteca escolar O que é importante é que as evidências recolhidas mostrem como o professor bibliotecário e a biblioteca escolar têm um papel crucial no sucesso educativo dos alunos e na criação de atitudes, valores e de um ambiente de aprendizagem acolhedor e efectivo. (Todd, 2003) Esta afirmação de Todd condensa a importância da comunicação da informação obtida através do processo de avaliação. A demonstração do valor e do impacto da BE tem como vantagens:
  • 11. a) A responsabilização perante a escola e outros stakeholders. A pressão sobre a existência de resultados em diferentes sectores e organismos a que a escola não é alheia (o sistema de avaliação da escola, dos professores e dos resultados é hoje uma realidade) requer que também a biblioteca investigue os resultados da sua acção, identificando o sucesso e o impacto dos seus serviços e os gaps condicionantes desse sucesso. A avaliação da BE permite, ao mesmo tempo, prestar contas do impacto dos seus serviços perante a escola e todos os que estão ligados ao seu funcionamento. b) É hoje comum e consensual o valor da informação fundamentada em evidências, como suporte à decisão. A designada evidence-informed ou evidence-based policy é uma prática cada vez mais comum. Governos e organismos com responsabilidades na definição de políticas de standards precisam validar o que funciona e identificar possíveis gaps ou constrangimentos. A informação resultante do processo de auto-avaliação das bibliotecas escolares terá, assim, um valor estratégico para a escola, com a qual a biblioteca escolar tem intersecções e links directos, mas é também indispensável à tomada de decisões do Programa que gere a instalação e o desenvolvimento da rede de bibliotecas escolares – Programa RBE. Bibliografia: Cram, Jennifer (1999) “SIX IMPOSSIBLE THINGS BEFORE BREAKFAST: A multidimensional approach to measuring the value of libraries”. 3rd Northumbria International Conference on Performance Measurement in Libraries and Information Services, 27-31 August. <http://www.alia.org.au/~jcram/six_things.html > [20/10/2010] Farmer, Lesley (2003) Student success and Library Media Program, London, Libraries Unlimited. Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares. Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares (2008). <http://www.rbe.min-edu.pt/np4/830.html> [20/10/2010] Hartzell, Gary (1997) “The Invisible School Librarian: Why Other Educators Are Blind to Your Value”. School Library Journal, 11/1/1997 <http://www.schoollibraryjournal.com/article/CA152978.html?q=quality+school+libraries > [20/10/2010] Kenney, Brian. "Rutgers" Ross Todd"s Quest to Renew School Libraries." http://www.schoollibraryjournal.com/article/CA6320013.html [20/10/2010] Lyonton, Lynn (1992) “Transformational Leadership”. ERIC Digest, Number 72. <http://www.ericdigests.org/1992-2/leadership.htm> [20/10/2010] Markless, Steatfield (2006) Evaluating the Impact of your library, London, Facet Publishing. McNicol, Sarah (2004) Incorporating library provision in school self-evaluation. Educational Review, 56 (3), 287-296. Poll, Roswhita (2003) “Impact/Outcome Measures for Libraries” 11
  • 12. Liber Quarterly 1435-5205. <http://liber.library.uu.nl/publish/articles/000060/article.pdf> [20/10/2010] Scholastic Research (2008) “School Libraries Work! Scholastic Research & Results”. < http://www2.scholastic.com/content/collateral_resources/pdf/s/slw3_2008.pdf > (20/10/2010) Todd, Ross (2001) “Transitions for preferred futures of school libraries: knowledge space, not information space; connection, not collections; actions, not positions; evidence, not advocacy”. Keynote address, International Association of Schools Libraries (IASL) Conference. Auckland, New Zealand. <http://www.iasl- online.org/events/conf/virtualpaper2001.html?print=1> [20/10/2010] Todd, Ross (2002) “School librarian as teachers: learning outcomes and evidence- based practice”. 68th IFLA Council and General Conference August. <http://www.ifla.org/IV/ifla68/papers/084-119e.pdf> [20/10/2010] Todd, Ross (2003). “Irrefutable evidence. How to prove you boost student achievement”. School Library Journal, 4/1/2003 <http://www.schoollibraryjournal.com/article/CA287119.html> [20/10/2010] Todd, Ross (2004) “School libraries: Making them a class act.” Broome-Tioga BOCES School Library system Annual Librarian/Administrator Breakfast. Binghamton, NY. <http://www.scils.rutgers.edu/~rtodd/WA%20School%20Libraries%20A%20Class%20A ct.ppt#540> [20/10/2010] Williams, Dorothy & Coles, Caroline (2001) Impact of School Libraries Services on Achievement and Learning. Aberdeen: The School of Information and Media, Robert Gordon University. <http://www.rgu.ac.uk/files/Impact%20of%20School%20Library%20Services1.pdf> (20/10/2010)