O documento descreve a situação pré-revolucionária na França, caracterizada por uma crise econômica, financeira e política devido aos gastos excessivos da corte real e aos privilégios da nobreza e clero. A convocação dos Estados Gerais em 1789 não resolveu o impasse sobre a votação e levou à formação da Assembleia Nacional pelo Terceiro Estado, marcando o início da Revolução Francesa.
5. “ A Grã-Bretanha forneceu o modelo para os caminhos de ferro e fábricas, o motor económico que rompeu com as estruturas tradicionais do mundo não-europeu. Mas foi a França que fez a revolução , a ponto de bandeiras tricolores de um tipo ou de outro terem-se tornado o emblema de praticamente todas as nações emergentes, e a política europeia (ou mesmo mundial) entre 1789 e 1917 foi em grande parte a luta a favor e contra os princípios de 1789, ou os ainda mais incendiários de 1793. A França forneceu o vocabulário e os temas da política liberal e radical-democrática para a maior parte do mundo. A França deu o primeiro grande exemplo, o conceito e o vocabulário do nacionalismo. A França forneceu os códigos legais, o modelo de organização técnica e científica e o sistema métrico de medidas para a maioria dos países.” (HOBSBAWM, E.J . A Era das Revoluções, p.71)
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10. Enquanto na América se afirmavam os novos valores da Liberdade , no Velho Continente, e particularmente em França, o Antigo Regime resistia aos ventos da mudança. Joseph Siffred Duplessis Retrato de Luís XVI com os trajes da coroação Museu do Palácio de Versalhes 1777 Lê os documentos da página 23
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12. Uma sociedade anacrónica Em Paris e nas grandes cidades , a burguesia era superior em riquezas, em talento e em mérito pessoal. Tinha nas cidades de província a mesma superioridade sobre a nobreza rural; ela sentia essa superioridade e , contudo, era por toda a parte humilhada; via-se excluída , pelos regulamentos militares dos empregos no exército: era- o também , de certa maneira, o alto clero , pela escolha dos bispos entre a alta nobreza e dos grandes vigários em geral entre os nobres. A alta magistratura também as repelia e a maior parte dos tribunais soberanos não admitiam entre si senão nobres. Marquês de Bouillé
20. No último quartel do séc. XVIII, viveram-se tempos difíceis em França. Aumentavam os preços dos géneros alimentares, pairava a insegurança do desemprego, as manufacturas pagavam salários baixos pois não suportavam a concorrência dos têxteis ingleses, os trabalhadores revoltavam-se. Verificaram-se vários tumultos populares. A violência saiu à rua.
21. Os pesados impostos lançados para cobrir os deficits do Estado, em grande parte resultantes dos custos das várias guerras em que a França se envolveu, não eram suportados de igual modo por todos os grupos sociais. François Boucher Retrato de Mme Pompadour 1756 Alte Pinakothek, Munique A corte vivia num ambiente de luxo e esbanjamento, completamente alheada da realidade social.
23. No princípio do Verão de 1789, Paris está febril. Após vários meses, a situação é difícil. O Inverno de 1788 foi duro, e as colheitas foram desastrosas. Na Primavera, tempestades e chuvas sucederam-se, anunciando sombrias perspectivas para as futuras colheitas. O preço do pão passou de oito soldos para vinte, em poucos dias. Marceneiros do bairro de Saint-Antoine, sapateiros e estofadores do bairro de Saint-Marcel, peixeiras das Halles que não ganham mais de trinta soldos por dia, murmuram contra os governantes e os comerciantes de cereais. Pelo menos, espera-se que os deputados dos Estados Gerais trabalhem para um futuro melhor. A Era das Revoluções
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27. Um motivo poderoso nos determina: a injustiça da aplicação das Corveias. Todo o peso desta carga recai sobre a parte mais pobre dos súbditos, sobre aqueles cuja única propriedade consiste nos seus braços e no seu trabalho. Dela estão isentos os proprietários , quase todos privilegiados . Artigo 1: Não mais será exigido aos nossos súbditos nenhum trabalho gratuito e forçado, sob a o nome de corveia, ou sob qualquer designação Artigo 2: As obras que eram até aqui feitas por corveia, tais como as reparações de estradas e outras formas de comunicação,das províncias, das cidades e entre elas, sê-lo- ão para futuro por meio de uma contribuição de todos os proprietários de bens fundiários e de direitos reais. Reformas de Turgot
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35. A Assembleia Nacional , considerando que chamada a fixar a Constituição do reino, operar a regeneração da ordem pública e manter os verdadeiros princípios da monarquia , nada pode impedir que ela continue as suas deliberações em qualquer local em que seja forçada a estabelecer-se e, que enfim, em toda a parte onde os seus membros estejam reunidos , aí é a Assembleia nacional: decreta que todos os membros desta assembleia prestarão , neste instante juramento solene de nunca se separarem e de se reunirem em toda a parte onde as circunstâncias o exigirem, até que a constituição do reino seja estabelecida e firmada em fundamentos sólidos e que sendo prestado juramento, todos os membros e cada um em particular confirmarão com a sua assinatura esta resolução inabalável. 20 de Junho de 1789 Juramento da sala do Jogo da Péla
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37. Luis XVI cede às exigências do Terceiro Estado, depois de alguns membros do clero e nobreza se terem juntado à Assembleia. Em 9 de Julho de 1789, a Assembleia Nacional declara-se Constituinte, isto é, com o objectivo de redigir uma Constituição que, naturalmente, determinaria o fim do Antigo Regime e dos privilégios do clero e da nobreza. O despertar do terceiro estado Sans-cullotes
38. A transformação dos Estados Gerais em Assembleia Constituinte marcou o início do processo revolucionário. A 14 de Julho , o povo de Paris revoltado com a subida do preço do pão e com a desconfiança do rei em relação à Assembleia ( este tinha pedido o apoio a exércitos estrangeiros para derrubar a Assembleia) leva a cabo aquele que pode ser considerado o acontecimento que despoletou a Revolução Francesa.
39. A 14 de Julho de 1789 , atacam a Bastilha , prisão que simbolizava o poder do rei. O povo em fúria atacou o forte, libertou os prisioneiros, matou o governador da fortaleza e passeou a sua cabeça espetada num pau pelas ruas de Paris.
40. A violência alastra, cometem-se barbaridades nunca vistas. Os palácios da nobreza e os conventos e igrejas são assaltados, incendiados e destruídos, obrigando muitos nobres à fuga e à conspiração. São assaltados os túmulos reais da abadia de S. Dinis, destruída a abadia de Cluny, símbolos máximos do Antigo Regime e do poder da Igreja. Léon-Maxime Faivre (1856-1941) Morte de Mme Lamballe Musée national du Château de Versailles
41. A revolta em bastilha alastrou-se de Paris ao campo. Há invasões e incêndios de castelos e palácios, e as multidões começam a massacrar elementos da nobreza. Queimaram os arquivos senhoriais onde constavam os encargos feudais e mataram os Senhores que lhe fizeram frente. Verificou-se assim uma autêntica revolução camponesa que salvou a Assembleia e assegurou a vitória da Burguesia. Este movimento irracional e impulsivo ficou conhecido por Grande Medo e levaria os nobres a consentirem na supressão dos direitos feudais .