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UNIDADE II
Claudino Piletti
Professor na Pontifícia Universidade Católica
de Campinas (SP)
Nelson Piletti
Professor com o titulo de livre-docente, na Faculdade de Educação
da Universidade de São Paulo
História da Educação
Editora Ática
Importantes transformações na vida da humanidade marcam a passagem
de uma idade histórica a outra. Assim, alguns fatos de decisiva importância para
o futuro da espécie humana assinalaram a transição da Idade Média para a
Idade Moderna: no campo econômico, o mercantilismo (fase inicial do
capitalismo) suplanta o feudalismo; em termos culturais, desenvolve-se a
ciência moderna, ao lado de inúmeras invenções; a sociedade assiste a
formação e ao desenvolvimento de uma nova classe social, a burguesia; na
política, forma-se o Estado moderno, fundado no poder absoluto do rei e da
aristocracia que o sustenta; a Reforma protestante caracteriza a evolução
religiosa.
Novas e importantes transformações deram início ao que se
convencionou chamar de Idade Contemporânea: a Revolução Industrial; o
surgimento das ciências humanas; o nascimento de uma nova classe social: o
proletariado, formado pelos trabalhadores assalariados; a derrubada do Estado
absolutista pela burguesia, que passa a assumir o poder político; a separação
entre o Estado e a Igreja.
A educação, tanto em suas idéias orientadoras quanta em seus fatos
escolares, não poderia deixar de interagir com essas transformações, mais no
sentido de sofrer sua influência do que atuando em sua ocorrência.
Nesta unidade, procuramos captar as principais linhas da evolução da
interação entre a educação e as transformações históricas mais gerais, em
cinco capítulos, cujos temas são os seguintes: a educação no inicio dos
tempos modernos (capitulo 12); a educação na época do absolutismo
(capitulo 13); a educação burguesa (capitulo 14); a educação nova (capitulo
15); tendências atuais (capítulo 16).
UNIDADE II
EDUCAÇÃO MODERNA E
CONTEMPORÂNEA
A EDUCAÇÃO NO INÍCIO
DOS TEMPOS MODERNOS
1. Reforma e Contra-reforma
2. Religião e escola
3. A ciência moderna: Bacon, Galileu e Descartes
4. Comenius e o método moderno
Este capítulo e o seguinte são dedicados à educação moderna. Enquanto
no próximo capitulo daremos mais atenção ao absolutismo, As suas implicações
educacionais e as idéias sobre a educação, que se desenvolveram principalmente
no decorrer do século XVIII, neste focalizamos as reformas religiosas protestantes
e católicas, a ciência moderna e suas repercussões no desenvolvimento da
educação.
1. Reforma e Contra-reforma
Até o final da Idade Média (meados do século XV), todos os cristãos, isto é,
aqueles que seguiam os ensinamentos de Jesus Cristo, permaneceram unidos em
torno da autoridade do Papa, o bispo de Roma. Mas, no inicio da Idade Moderna
(século XVI), alguns lideres religiosos passaram a protestar contra o que
consideravam abusos da autoridade papal e a não mais obedecer ao Papa,
separando-se da Igreja de Roma. Assim, Calvino criou o calvinismo na Suíça,
Lutero fundou o luteranismo na Alemanha e Henrique VIII iniciou o movimento
anglicano na Inglaterra.
A partir desses fatos, os cristãos dividiram-se em dois grandes grupos
opostos: de um lado, os católicos, que permaneceram fiéis à autoridade papal; de
outro lado, os protestantes, submetidos a várias autoridades, dependendo de sua
orientação.
Mas esse movimento não foi tão simples: houve muitas guerras religiosas -
os católicos querendo manter a hegemonia e os protestantes pretendendo
aumentar a sua influência - e milhares de pessoas morreram. Ainda nos últimos
anos, na Irlanda do Norte, verificaram-se inúmeros conflitos armados entre
católicos e protestantes.
A partir do Concílio Vaticano II, convocado pelo Papa João XXIII na primeira
metade da década de 196O, começou a ser desenvolvido um movimento de
aproximação e cooperação entre católicos e protestantes, chamado ecumenismo.
Embora predominantemente religiosa, a Reforma protestante teve
implicações e econômicas, políticas e sociais:
• A expansão marítima e comercial fortaleceu a burguesia européia,
interessada na reforma religiosa que lhe desse mais liberdade de ação;
para os protestantes, os homens não se justificavam pelas obras -
controladas externamente pelo clero -, mas pela fé, que é intima e
individual. A partir do protestantismo, os lucros deixaram de ser
condenados e passaram a ser vistos como expressão da vontade de Deus
e prova de sucesso na vocação escolhida pelo individuo, o que favoreceu o
desenvolvimento do capitalismo.
• Com a queda do feudalismo e o surgimento dos Estados centralizados, o
poder real entrou em conflito com a Igreja. Em sua luta contra os obstáculos
por ela criados com relação ao fortalecimento do poder dos reis, estes
viram-se apoiados pelos reformadores protestantes.
• O renascimento cultural desenvolveu uma cultura centralizada no homem, e
não mais em Deus, e favoreceu o surgimento do espírito crítico e do
individualismo, aspectos ligados às idéias protestantes.
Alguns aspectos internos da Igreja contribuíram para a divisão e o surgimento
do protestantismo. Os protestantes insurgiram-se contra a venda de indulgências
e de cargos feita pela Igreja de Roma, fato que lhe dava características
mercantilistas: salvava-se quem tinha dinheiro para comprar indulgências.
Os católicos também viram a necessidade de reformar a Igreja. Desse modo, a
Reforma protestante acelerou o movimento de reforma da própria Igreja Católica,
que ficou conhecido como Contra-reforma; esta procurou evitar que católicos se
convertessem ao protestantismo, através de várias providências:
• O Concilio de Trento (1545-1563), que reorganizou a Igreja Católica.
• A fundação da Companhia de Jesus por Inácio de Loyola, em 1534, para
manter os católicos fiéis ao Papa, através da pregação religiosa e da
educação.
• O Tribunal da Santa Inquisição, para julgar e punir aqueles que se
desviassem da doutrina católica - os hereges.
2. Religião e escola
Durante toda a Idade Média a educação foi controlada pela Igreja e tinha
como principal finalidade educar o indivíduo segundo os ensinamentos das
Sagradas Escrituras, interpretados pelas autoridades eclesiásticas. E durante a
Idade Moderna a religião não deixou de exercer sua influência quase exclusiva
sobre a educação. Entretanto, agora os cristãos estavam divididos e o controle
educacional exercido pela Igreja de Roma começou a ser contestado pelos
protestantes.
Para Martinho Lutero (1483-1546), a educação deveria se libertar das
amarras que a prendiam à Igreja e subordinar-se ao Estado. Só assim o ensino
poderia atingir todo o povo, nobres e plebeus, ricos e pobres, meninos e meninas.
Caberia ao Estado tornar a freqüência à escola obrigatória e cuidar para que todos
os seus súditos cumprissem a obrigação de enviar seus filhos à escola.
O currículo proposto por Lutero para as escolas protestantes continuava
dando preponderância ao grego e ao latim. Entretanto, acrescentou a língua
hebraica, incluiu a lógica e as matemáticas e deu grande ênfase à ciência, a
música e a ginástica.
Sob orientação protestante, vários Estados da época começaram a
organizar sistemas próprios de escolas, transferindo para seu controle as antigas
escolas monacais e paroquiais. Assim aconteceu, por exemplo, em grande parte
dos Estados alemães.
Os Estados alemães foram os que deram mais atenção à educação. Em
linhas gerais, o sistema educacional, implantado a partir da segunda metade do
século XVI, previa a instalação de escolas elementares vernáculas em todas as
aldeias, com o ensino de leitura, escrita, religião e música sacra. Em todas as
cidades e vilas haveria escolas de latim, divididas em seis classes. Depois vinham
as escolas superiores de latim que, mais tarde, juntamente com as escolas
elementares de latim, passaram a constituir o ginásio. Em seguida, estavam os
estudos universitários.
Já em 1619 estabeleceu-se a freqüência obrigatória, dos seis aos doze
anos, no Estado de Weimar. No Estado de Gotha a freqüência obrigatória era a
partir dos cinco anos. O ano letivo durava dez meses e o horário era das 9 às 12 e
das 13 às 16 horas, em todos os dias úteis, menos nas tardes de quarta e sábado.
Os pais cujos filhos não freqüentassem a escola eram multados.
Perante esses fatos, a Igreja Católica reagiu criando novas ordens
religiosas, que dessem especial atenção ao ensino. A principal delas foi a
Companhia de Jesus, que passou a ter grande influência sobre a educação da
juventude. As ordens religiosas controlaram a educação dos paises católicos até o
inicio do século XIX.
O êxito da Companhia de Jesus na educação da juventude foi tão grande
que atraiu até mesmo estudantes das comunidades protestantes. O objetivo
principal da Ordem era a educação de lideres, tendo, portanto, pouco interesse
pela educação elementar. Os jesuítas dedicaram-se de modo especial a dois tipos
de escolas: os colégios inferiores ou ginásios e os colégios superiores, que
correspondiam às universidades e aos seminários teológicos.
Segundo Paul Monroe (op. cit., p. 183-7), a sua perfeita organização, o
cuidado na preparação dos professores e os métodos de ensino foram os
principais fatores de sucesso da educação jesuítica.
O método de ensino tinha como principal característica à revisão freqüente
da matéria: no inicio de cada dia fazia-se a revisão da matéria do dia anterior; no
fim de cada semana também havia uma revisão geral; e no final do ano todo o
trabalho anual era revisado.
Cada classe era dividida em grupos de dez, presididos por decuriões, que
tomavam as lições sob a orientação do professor e coordenavam as discussões
de pontos de Gramática, Retórica e História. A classe também era dividida em
grupos de dois, os rivais: cada aluno corrigia e incentivava seu rival, vigiando seus
estudos e seu comportamento. Os alunos mais brilhantes reuniam-se em
academias, onde ocorriam discussões, apresentações de ensaios, traduções, etc.
Um dos princípios básicos do ensino jesuítico era o de que é melhor
aprender pouco, mas bem aprendido do que muito e superficialmente. Por isso,
desde as palavras mais simples até os assuntos mais complicados eram objeto de
estudos pormenorizados e aprofundados, ate que não restassem dúvidas.
3. A ciência moderna: Bacon, Galileu e Descartes
Da mesma forma que a educação, a ciência medieval viveu submetida ao
controle da Igreja e dirigida pelo método da autoridade. Isto é, todos os
conhecimentos deviam estar de acordo com as verdades reveladas pela Bíblia,
interpretada pela autoridade papal. "Roma locuta, causa finita" (Roma falou,
acabou a discussão) é o provérbio que sintetiza a realidade medieval.
As grandes transformações que ocorreram na passagem da Idade Média
para a Idade Moderna - grandes navegações, surgimento dos Estados nacionais,
Reforma protestante, imprensa, desenvolvimento da burguesia e do capitalismo,
etc. - fortaleceram o movimento no sentido de que a autoridade da Igreja ficasse
restrita aos assuntos religiosos, deixando de controlar a política, a economia, a
ciência e a educação. Esse movimento cresceu durante toda a Idade Moderna,
conseguindo impor-se a partir da Revolução Francesa (1789), com a separação
entre a Igreja e o Estado.
Um exemplo ajuda-nos a esclarecer a questão da mudança nas relações
entre a Igreja e a ciência. Durante toda a Idade Média aceitava-se como ponto
pacífico e verdade cientifica a teoria de que o Sol girava ao redor da Terra.
A teoria geocêntrica, que concebia a Terra como centro do Universo, era
sustentada pela Igreja com base na passagem bíblica em que Josué mandou
parar o Sol até que conseguisse vencer uma cidade inimiga. No inicio da Idade
Moderna, com base em suas observações através de instrumentos telescópicos,
Copérnico contestou a teoria geocêntrica, propondo em seu lugar a teoria
heliocêntrica, segundo a qual o Sol é o centro e a Terra gira ao redor dele. Hoje
sabemos que o Sol é apenas uma estrela entre milhões de outras.
Mas a Igreja de forma alguma queria admitir a contestação a sua "verdade".
Tanto que Galileu, que adotara a teoria formulada por Copérnico, foi obrigado a
recuar diante do Tribunal da Santa Inquisição, para não. acabar queimado numa
fogueira. Mas, apesar de renegar a doutrina do movimento da Terra diante do
tribunal, Galileu continuou seu trabalho científico e persistiu na defesa da teoria
heliocêntrica. A ele é atribuída a seguinte frase, referindo-se à Terra: "Eppur si
muove" (Entretanto ela se movimenta).
Francis Bacon (1561-1626), Galileu (Galileo Galilei, 1564-1642) e René
Descartes foram três pensadores que contribuíram de maneira toda especial para
o desenvolvimento da ciência moderna, independente da autoridade eclesiástica e
construída a partir da observação e do estudo experimental da natureza.
Ao método dedutivo, em que todos os conhecimentos particulares são
derivados dedutivamente a partir de verdades universais e absolutas,
preestabelecidas pela autoridade, Bacon opôs o método indutivo, através do qual,
pela observação e estudo de fatos particulares, podemos chegar a conhecimentos
e verdades mais gerais. O método indutivo tomou-se a mola mestra da ciência
moderna.
Para Galileu, o verdadeiro cientista é aquele que observa diretamente o
mundo da natureza, ao invés de limitar-se a consultar os textos aristotélicos e
bíblicos. É próprio de mentes vulgares, tímidas e servis preferir dirigir os olhos a
um mundo de papel em lugar de orientá-los para o verdadeiro e real mundo da
natureza, fabricado por Deus. Só a experiência permite-nos ler e interpretar o livro
da natureza. E a experiência não engana. A ordem do Universo e uma ordem
matemática, expressa através de triângulos, círculos e outras figuras geométricas.
A contribuição de Descartes para a mudança de atitude frente ao
conhecimento também é grande. Basta observamos as quatro regras que
estabeleceu em seu Discurso do método, para que tenhamos uma idéia de sua
contribuição para o desenvolvimento da ciência:
1º) Nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que não se conheça como
evidente, e só admitir juízos compostos de idéias claras e distintas.
2º) Dividir cada uma das dificuldades em tantas partes quantas for possível e
necessário para sua mais fácil solução.
3º) Conduzir por ordem os conhecimentos, começando pelos mais simples e
fáceis para chegar, depois, pouco a pouco, aos mais complexos.
4º) Fazer sempre enumerações tão completas e revisões tão gerais que se
possa ter segurança de nada haver omitido.
Embora mais orientadas ao desenvolvimento da ciência, as contribuições de
Bacon, Galileu e Descartes tiveram repercussões na educação. Esta, a partir de
então, passou a dar mais ênfase ao método indutivo, através do qual o próprio
aluno chega à descoberta do conhecimento, ao estudo da natureza e a preocupar-
se com a sistematização dos procedimentos didáticos. Seria preciso estudar e
aprender de forma cientifica, segundo métodos bem planejados.
4. Comenius e o método moderno
Comenius (João Amós Comênio, 1592-167O), pastor e bispo dos morávios,
foi sem dúvida o mais importante pensador educacional do século XVII. Escreveu
mais de cem tratados e livros educacionais, sobre os mais diversos assuntos e
sua maior influência ocorreu no campo do ensino de línguas, em que propôs um
método mais cientifico. Em seu livro Porta aberta das línguas, Comenius adotou
um plano simples e natural: partindo de palavras simples e familiares da língua
latina, organizava-as em sentenças, começando das mais simples e chegando
progressivamente às mais complexas. Em cada página Comenius colocava a
sentença latina e a equivalente em vernáculo, em colunas paralelas.
As principais idéias educacionais de Comenius estão contidas em sua obra
Didactica magna, completada em 1632 em língua tcheca, traduzida para o latim e
publicada em 1657. Dos numerosos assuntos tratados, damos atenção especial a
quatro: a finalidade da educação, o conteúdo da educação, o método e a
organização das escolas.
A finalidade da educação. O objetivo da educação é ajudar a alcançar o
último fim do homem, que é a felicidade eterna com Deus. Entretanto, tal fim não
seria alcançado através da destruição dos desejos naturais, instintos e emoções
como até então vinha sendo feito, mas em consonância com a natureza. O fim
religioso seria conseguido pelo conhecimento de si mesmo, que inclui o
conhecimento de todas as coisas. O conhecimento, a virtude e a piedade são os
fins da educação. O conhecimento leva à virtude e esta à piedade.
O conteúdo da educação. Para Comenius seria possível ensinar tudo a todos. Por
isso foi considerado adepto da pansofia, o conhecimento de tudo. Entretanto, não
seria possível nem útil o conhecimento de todas as ciências e de todas as artes:
"Pretendemos apenas que se ensine a todos a conhecer os fundamentos, as
razões e os objetivos de todas as coisas principais, das que existem na natureza
como das que se fabricam, pois somos colocados no mundo não somente como
espectadores, mas também como atores". Comenius deu grande ênfase em suas
obras ao conhecimento dos fenômenos físicos, os quais, a partir de então,
passaram a ter maior participação nos conferidos da educação.
O método. Influenciado por Bacon, Comenius advogou o uso de um método
que estivesse de acordo com a natureza, procurando aplicar ao ensino o método
indutivo. A partir de sua própria experiência como professor, Comenius chegou a
nove princípios metódicos, que constituíam notável mudança nos processos
educativos:
1º) Aquilo que é para ser aprendido deve ser ensinado, isto é, o objeto ou a
idéia apresentada diretamente à criança - e não por meio de sua forma ou
símbolo.
2º) Tudo que se ensina deve ser ensinado tendo em vista a sua aplicação
prática na vida diária e a sua utilidade específica.
3º) Tudo que se ensina deve ser ensinado abertamente e não de modo
obscuro e complicado.
4º) Tudo que se ensina deve ser ensinado com referência a sua verdadeira
natureza e origem, quer dizer, através das suas causas.
5º) Para se aprender qualquer coisa deve-se primeiro explicar os seus
princípios gerais. Os detalhes serão considerados depois e só depois.
6º) Todas as partes de um objeto (ou matéria), mesmo a menor, sem uma
única exceção, devem ser aprendidas na sua respectiva ordem, posição e
relação com as demais.
7º) Todas as coisas devem ser ensinadas na sua devida ordem e nunca mais
de uma coisa de uma só vez.
8º) Não devemos deixar nenhum assunto antes de vê-lo completamente
compreendido.
9º) Devem-se acentuar as diferenças que existem entre as coisas, a fim de que
qualquer conhecimento delas possa ser claro e distinto.
A organização das escolas. Em relação à organização escolar, Comenius fez
uma proposta que só seria posta em prática dois séculos depois: trata-se da
escola da infância ou escola maternal. Depois desta, viria a escola vernácula, uma
espécie de substituição do ginásio para aqueles que não pudessem prosseguir os
estudos em nível superior. Depois, vinha a escola latina - o verdadeiro ginásio -,
que era seguida pela universidade. Como continuação desta, Comenius propunha
o Colégio da Luz, uma instituição dedicada ao estudo cientifico de todo e qualquer
assunto.
Resumo
1. A reforma religiosa e a ciência moderna contribuíram para o surgimento de
novas idéias e novos fatos educacionais no inicio dos tempos modernos.
2. A reforma religiosa, dividindo os cristãos em católicos e protestantes, teve
profundas repercussões econômicas, políticas, sociais, culturais e
educacionais, acelerando a renovação da própria Igreja Católica. através:
a. do Concilio de Trento;
b. da fundação das ordens religiosas,em especial da Companhia de
Jesus;
c. do Tribunal da Santa Inquisição.
3. Os protestantes, especialmente Martinho Lutero, contribuíram para que a
educação se libertasse das amarras da Igreja e para que se ampliasse o
acesso à escola, com a freqüência obrigatória imposta pelo Estado.
4. Os católicos reagiram ao avanço protestante com a complexa organização
da Companhia de Jesus, que montou um sistema educacional eficiente,
abrangendo de modo especial à educação secundária e a superior, visando
a formação de lideres.
5. A ciência moderna também contribuiu para a modificação dos métodos
educacionais, principalmente através das idéias de:
a. Bacon: propôs a utilização do método indutivo;
b. Galileu: só a experiência permite ler e interpretar o livro da natureza;
c. Descartes: formulou as regras do método cientifico.
6. Comenius foi o principal pensador da educação da época. Tentou aplicar o
método cientifico ao estudo das línguas e formulou os princípios gerais da
didática, em seu livro Didactica magna. Algumas das suas idéias:
a. Finalidade da educação: felicidade eterna com Deus, em
consonância com a natureza.
b. Conteúdo da educação: ensinar tudo a todos (pansofia).
c. Método: indutivo, de acordo com a natureza; propôs o ensino direto,
prático e sistemático, começando do mais simples.
Leitura Complementar
Didática magna
que expõe
o artifício universal para ensinar a todos todas as cousas
ou seja
modo certo e raro, para todas as comunidades, praças e aldeias de qualquer reino
cristão, de erigir escolas de tal natureza, que toda a juventude, de um e outro
sexo, sem executar ninguém, possa ser instruída nas letras, reformada nos
costumes, educada na piedade, durante os anos da puberdade, em tudo aquilo
que se relaciona com esta vida e a futura,
com BREVIDADE, AGRADO
e SOLIDEZ
O fundamento de tudo quanto se expõe aqui é tirado da própria natureza
das cousas;
Sua verdade se demonstra com exemplos equivalentes das artes
mecânicas;
Sua série se dispõe por anos, meses, dias e horas e, por fim, se mostra
O caminho fácil e certo para levar a cabo tudo com o mais feliz êxito. (p. 29)
Fundamentos da solidez para aprender e ensinar
1 - Lamenta muita gente - e as próprias matérias o confirmam – que seja
reduzido o número dos que saiam da escola com um preparo sólido; a maior parte
não passa da superfície e da aparência.
2 - Se investigarmos as causas, veremos que são duas. Ou porque as
escolas se dedicam ao superficial, abandonando o fundamental, ou porque os
escolares se esquecem do que aprenderam, fazendo passar para sua inteligência
muitos estudos, sem proveito. E este defeito é tão comum que serão poucos os
que não o terão lamentado.
3 - Haverá remédio para este mal? Certamente. Se entrarmos, de novo, na
escola da Natureza, e investigarmos como procede ela, para que produza
criaturas duradouras. Pode-se encontrar o modo de que cada am possa saber,
não somente o que aprende, mas mais do que aprenda, isto é: não só
reproduzindo integralmente o que os preceptores e autores lhes ensinam, mas
julgando ele próprio das cousas pelos seus princípios. (p. 212-3)
Fins e objetivos das escolas comuns
Firme, pois, é nossa hipótese sobre a necessidade de quatro espécies de
escolas. O fim e objeto da escola comum é que todos os meninos entre 6 e 12 ou
13 anos se instruam em tudo aquilo cuja utilidade é para toda a vida.
Isto é:
I - Ler com facilidade o próprio idioma, já impresso ou manuscrito.
II - Escrever, primeiro devagar: depois, mais depressa e, por fim, com
propriedade, conforme as leis da gramática, que deverão ser expostas de modo
claro e segundo as quais se devem organizar os exercícios.
III - Numerar cifras e operações para as necessidades comuns.
IV - Medir longitudes, latitudes etc.
V - Cantar melodias muito conhecidas, e os que tiverem aptidão,
começarão os rudimentos da música figurada.
VI -Saber de memória a maior parte dos salmos e Livros sagrados mais
freqüentes na Igreja de cada lugar, a fim de que, nutridos com os louvores de
Deus, saibam (como diz o Apóstolo) ensinar e estimular a si próprios com os
salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando com fervor a Deus em seus
corações.
VII - Além do Catecismo, saibam bem as histórias e principais versículos de
toda a Sagrada Escritura, de modo que possam recitá-los de cor.
VIII - Retenham, compreendam e comecem a praticar a doutrina moral
encerrada nas regras e ilustrada com exemplos ao alcance de sua inteligência.
IX - Sobre a ordem econômica e política, sé devem conhecer o suficiente
para compreenderem o que vêem fazer, diariamente, em casa e na cidade.
X - Não devem ignorar as generalidades da história da criação do mundo,
sua perdição e reparação e o sábio governo de Deus.
XI - Aprenderão o principal da Cosmografia, a redondeza do céu e da terra,
a extensão do oceano, a situação dos mares e rios, a distribuição de terras e
principais Reinos da Europa, e, especialmente, cidades, montes e rios e o que há
de notável em sua pátria.
XII - Por último, devem conhecer o mais geral das artes mecânicas, ainda
que por alto, com o fim de não ignorar o que acontece nas cousas humanas e,
desse modo, poder manifestar, com mais facilidade, sua inclinação natural. (p.
370-1)
(COMÊNIO, João Amós. Didática magna. Rio de Janeiro, Simões, 1954.)

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Evolução da Educação Moderna e Contemporânea

  • 1. UNIDADE II Claudino Piletti Professor na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (SP) Nelson Piletti Professor com o titulo de livre-docente, na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo História da Educação Editora Ática Importantes transformações na vida da humanidade marcam a passagem de uma idade histórica a outra. Assim, alguns fatos de decisiva importância para o futuro da espécie humana assinalaram a transição da Idade Média para a Idade Moderna: no campo econômico, o mercantilismo (fase inicial do capitalismo) suplanta o feudalismo; em termos culturais, desenvolve-se a ciência moderna, ao lado de inúmeras invenções; a sociedade assiste a formação e ao desenvolvimento de uma nova classe social, a burguesia; na política, forma-se o Estado moderno, fundado no poder absoluto do rei e da aristocracia que o sustenta; a Reforma protestante caracteriza a evolução religiosa. Novas e importantes transformações deram início ao que se convencionou chamar de Idade Contemporânea: a Revolução Industrial; o surgimento das ciências humanas; o nascimento de uma nova classe social: o proletariado, formado pelos trabalhadores assalariados; a derrubada do Estado absolutista pela burguesia, que passa a assumir o poder político; a separação entre o Estado e a Igreja. A educação, tanto em suas idéias orientadoras quanta em seus fatos escolares, não poderia deixar de interagir com essas transformações, mais no sentido de sofrer sua influência do que atuando em sua ocorrência. Nesta unidade, procuramos captar as principais linhas da evolução da interação entre a educação e as transformações históricas mais gerais, em cinco capítulos, cujos temas são os seguintes: a educação no inicio dos tempos modernos (capitulo 12); a educação na época do absolutismo (capitulo 13); a educação burguesa (capitulo 14); a educação nova (capitulo 15); tendências atuais (capítulo 16). UNIDADE II EDUCAÇÃO MODERNA E CONTEMPORÂNEA
  • 2. A EDUCAÇÃO NO INÍCIO DOS TEMPOS MODERNOS 1. Reforma e Contra-reforma 2. Religião e escola 3. A ciência moderna: Bacon, Galileu e Descartes 4. Comenius e o método moderno Este capítulo e o seguinte são dedicados à educação moderna. Enquanto no próximo capitulo daremos mais atenção ao absolutismo, As suas implicações educacionais e as idéias sobre a educação, que se desenvolveram principalmente no decorrer do século XVIII, neste focalizamos as reformas religiosas protestantes e católicas, a ciência moderna e suas repercussões no desenvolvimento da educação. 1. Reforma e Contra-reforma Até o final da Idade Média (meados do século XV), todos os cristãos, isto é, aqueles que seguiam os ensinamentos de Jesus Cristo, permaneceram unidos em torno da autoridade do Papa, o bispo de Roma. Mas, no inicio da Idade Moderna (século XVI), alguns lideres religiosos passaram a protestar contra o que consideravam abusos da autoridade papal e a não mais obedecer ao Papa, separando-se da Igreja de Roma. Assim, Calvino criou o calvinismo na Suíça, Lutero fundou o luteranismo na Alemanha e Henrique VIII iniciou o movimento anglicano na Inglaterra. A partir desses fatos, os cristãos dividiram-se em dois grandes grupos opostos: de um lado, os católicos, que permaneceram fiéis à autoridade papal; de outro lado, os protestantes, submetidos a várias autoridades, dependendo de sua orientação. Mas esse movimento não foi tão simples: houve muitas guerras religiosas - os católicos querendo manter a hegemonia e os protestantes pretendendo aumentar a sua influência - e milhares de pessoas morreram. Ainda nos últimos anos, na Irlanda do Norte, verificaram-se inúmeros conflitos armados entre católicos e protestantes. A partir do Concílio Vaticano II, convocado pelo Papa João XXIII na primeira metade da década de 196O, começou a ser desenvolvido um movimento de aproximação e cooperação entre católicos e protestantes, chamado ecumenismo. Embora predominantemente religiosa, a Reforma protestante teve implicações e econômicas, políticas e sociais: • A expansão marítima e comercial fortaleceu a burguesia européia, interessada na reforma religiosa que lhe desse mais liberdade de ação; para os protestantes, os homens não se justificavam pelas obras - controladas externamente pelo clero -, mas pela fé, que é intima e individual. A partir do protestantismo, os lucros deixaram de ser
  • 3. condenados e passaram a ser vistos como expressão da vontade de Deus e prova de sucesso na vocação escolhida pelo individuo, o que favoreceu o desenvolvimento do capitalismo. • Com a queda do feudalismo e o surgimento dos Estados centralizados, o poder real entrou em conflito com a Igreja. Em sua luta contra os obstáculos por ela criados com relação ao fortalecimento do poder dos reis, estes viram-se apoiados pelos reformadores protestantes. • O renascimento cultural desenvolveu uma cultura centralizada no homem, e não mais em Deus, e favoreceu o surgimento do espírito crítico e do individualismo, aspectos ligados às idéias protestantes. Alguns aspectos internos da Igreja contribuíram para a divisão e o surgimento do protestantismo. Os protestantes insurgiram-se contra a venda de indulgências e de cargos feita pela Igreja de Roma, fato que lhe dava características mercantilistas: salvava-se quem tinha dinheiro para comprar indulgências. Os católicos também viram a necessidade de reformar a Igreja. Desse modo, a Reforma protestante acelerou o movimento de reforma da própria Igreja Católica, que ficou conhecido como Contra-reforma; esta procurou evitar que católicos se convertessem ao protestantismo, através de várias providências: • O Concilio de Trento (1545-1563), que reorganizou a Igreja Católica. • A fundação da Companhia de Jesus por Inácio de Loyola, em 1534, para manter os católicos fiéis ao Papa, através da pregação religiosa e da educação. • O Tribunal da Santa Inquisição, para julgar e punir aqueles que se desviassem da doutrina católica - os hereges. 2. Religião e escola Durante toda a Idade Média a educação foi controlada pela Igreja e tinha como principal finalidade educar o indivíduo segundo os ensinamentos das Sagradas Escrituras, interpretados pelas autoridades eclesiásticas. E durante a Idade Moderna a religião não deixou de exercer sua influência quase exclusiva sobre a educação. Entretanto, agora os cristãos estavam divididos e o controle educacional exercido pela Igreja de Roma começou a ser contestado pelos protestantes. Para Martinho Lutero (1483-1546), a educação deveria se libertar das amarras que a prendiam à Igreja e subordinar-se ao Estado. Só assim o ensino poderia atingir todo o povo, nobres e plebeus, ricos e pobres, meninos e meninas. Caberia ao Estado tornar a freqüência à escola obrigatória e cuidar para que todos os seus súditos cumprissem a obrigação de enviar seus filhos à escola. O currículo proposto por Lutero para as escolas protestantes continuava dando preponderância ao grego e ao latim. Entretanto, acrescentou a língua hebraica, incluiu a lógica e as matemáticas e deu grande ênfase à ciência, a música e a ginástica.
  • 4. Sob orientação protestante, vários Estados da época começaram a organizar sistemas próprios de escolas, transferindo para seu controle as antigas escolas monacais e paroquiais. Assim aconteceu, por exemplo, em grande parte dos Estados alemães. Os Estados alemães foram os que deram mais atenção à educação. Em linhas gerais, o sistema educacional, implantado a partir da segunda metade do século XVI, previa a instalação de escolas elementares vernáculas em todas as aldeias, com o ensino de leitura, escrita, religião e música sacra. Em todas as cidades e vilas haveria escolas de latim, divididas em seis classes. Depois vinham as escolas superiores de latim que, mais tarde, juntamente com as escolas elementares de latim, passaram a constituir o ginásio. Em seguida, estavam os estudos universitários. Já em 1619 estabeleceu-se a freqüência obrigatória, dos seis aos doze anos, no Estado de Weimar. No Estado de Gotha a freqüência obrigatória era a partir dos cinco anos. O ano letivo durava dez meses e o horário era das 9 às 12 e das 13 às 16 horas, em todos os dias úteis, menos nas tardes de quarta e sábado. Os pais cujos filhos não freqüentassem a escola eram multados. Perante esses fatos, a Igreja Católica reagiu criando novas ordens religiosas, que dessem especial atenção ao ensino. A principal delas foi a Companhia de Jesus, que passou a ter grande influência sobre a educação da juventude. As ordens religiosas controlaram a educação dos paises católicos até o inicio do século XIX. O êxito da Companhia de Jesus na educação da juventude foi tão grande que atraiu até mesmo estudantes das comunidades protestantes. O objetivo principal da Ordem era a educação de lideres, tendo, portanto, pouco interesse pela educação elementar. Os jesuítas dedicaram-se de modo especial a dois tipos de escolas: os colégios inferiores ou ginásios e os colégios superiores, que correspondiam às universidades e aos seminários teológicos. Segundo Paul Monroe (op. cit., p. 183-7), a sua perfeita organização, o cuidado na preparação dos professores e os métodos de ensino foram os principais fatores de sucesso da educação jesuítica. O método de ensino tinha como principal característica à revisão freqüente da matéria: no inicio de cada dia fazia-se a revisão da matéria do dia anterior; no fim de cada semana também havia uma revisão geral; e no final do ano todo o trabalho anual era revisado. Cada classe era dividida em grupos de dez, presididos por decuriões, que tomavam as lições sob a orientação do professor e coordenavam as discussões de pontos de Gramática, Retórica e História. A classe também era dividida em grupos de dois, os rivais: cada aluno corrigia e incentivava seu rival, vigiando seus estudos e seu comportamento. Os alunos mais brilhantes reuniam-se em academias, onde ocorriam discussões, apresentações de ensaios, traduções, etc. Um dos princípios básicos do ensino jesuítico era o de que é melhor aprender pouco, mas bem aprendido do que muito e superficialmente. Por isso, desde as palavras mais simples até os assuntos mais complicados eram objeto de estudos pormenorizados e aprofundados, ate que não restassem dúvidas.
  • 5. 3. A ciência moderna: Bacon, Galileu e Descartes Da mesma forma que a educação, a ciência medieval viveu submetida ao controle da Igreja e dirigida pelo método da autoridade. Isto é, todos os conhecimentos deviam estar de acordo com as verdades reveladas pela Bíblia, interpretada pela autoridade papal. "Roma locuta, causa finita" (Roma falou, acabou a discussão) é o provérbio que sintetiza a realidade medieval. As grandes transformações que ocorreram na passagem da Idade Média para a Idade Moderna - grandes navegações, surgimento dos Estados nacionais, Reforma protestante, imprensa, desenvolvimento da burguesia e do capitalismo, etc. - fortaleceram o movimento no sentido de que a autoridade da Igreja ficasse restrita aos assuntos religiosos, deixando de controlar a política, a economia, a ciência e a educação. Esse movimento cresceu durante toda a Idade Moderna, conseguindo impor-se a partir da Revolução Francesa (1789), com a separação entre a Igreja e o Estado. Um exemplo ajuda-nos a esclarecer a questão da mudança nas relações entre a Igreja e a ciência. Durante toda a Idade Média aceitava-se como ponto pacífico e verdade cientifica a teoria de que o Sol girava ao redor da Terra. A teoria geocêntrica, que concebia a Terra como centro do Universo, era sustentada pela Igreja com base na passagem bíblica em que Josué mandou parar o Sol até que conseguisse vencer uma cidade inimiga. No inicio da Idade Moderna, com base em suas observações através de instrumentos telescópicos, Copérnico contestou a teoria geocêntrica, propondo em seu lugar a teoria heliocêntrica, segundo a qual o Sol é o centro e a Terra gira ao redor dele. Hoje sabemos que o Sol é apenas uma estrela entre milhões de outras. Mas a Igreja de forma alguma queria admitir a contestação a sua "verdade". Tanto que Galileu, que adotara a teoria formulada por Copérnico, foi obrigado a recuar diante do Tribunal da Santa Inquisição, para não. acabar queimado numa fogueira. Mas, apesar de renegar a doutrina do movimento da Terra diante do tribunal, Galileu continuou seu trabalho científico e persistiu na defesa da teoria heliocêntrica. A ele é atribuída a seguinte frase, referindo-se à Terra: "Eppur si muove" (Entretanto ela se movimenta). Francis Bacon (1561-1626), Galileu (Galileo Galilei, 1564-1642) e René Descartes foram três pensadores que contribuíram de maneira toda especial para o desenvolvimento da ciência moderna, independente da autoridade eclesiástica e construída a partir da observação e do estudo experimental da natureza. Ao método dedutivo, em que todos os conhecimentos particulares são derivados dedutivamente a partir de verdades universais e absolutas, preestabelecidas pela autoridade, Bacon opôs o método indutivo, através do qual, pela observação e estudo de fatos particulares, podemos chegar a conhecimentos e verdades mais gerais. O método indutivo tomou-se a mola mestra da ciência moderna. Para Galileu, o verdadeiro cientista é aquele que observa diretamente o mundo da natureza, ao invés de limitar-se a consultar os textos aristotélicos e bíblicos. É próprio de mentes vulgares, tímidas e servis preferir dirigir os olhos a um mundo de papel em lugar de orientá-los para o verdadeiro e real mundo da
  • 6. natureza, fabricado por Deus. Só a experiência permite-nos ler e interpretar o livro da natureza. E a experiência não engana. A ordem do Universo e uma ordem matemática, expressa através de triângulos, círculos e outras figuras geométricas. A contribuição de Descartes para a mudança de atitude frente ao conhecimento também é grande. Basta observamos as quatro regras que estabeleceu em seu Discurso do método, para que tenhamos uma idéia de sua contribuição para o desenvolvimento da ciência: 1º) Nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que não se conheça como evidente, e só admitir juízos compostos de idéias claras e distintas. 2º) Dividir cada uma das dificuldades em tantas partes quantas for possível e necessário para sua mais fácil solução. 3º) Conduzir por ordem os conhecimentos, começando pelos mais simples e fáceis para chegar, depois, pouco a pouco, aos mais complexos. 4º) Fazer sempre enumerações tão completas e revisões tão gerais que se possa ter segurança de nada haver omitido. Embora mais orientadas ao desenvolvimento da ciência, as contribuições de Bacon, Galileu e Descartes tiveram repercussões na educação. Esta, a partir de então, passou a dar mais ênfase ao método indutivo, através do qual o próprio aluno chega à descoberta do conhecimento, ao estudo da natureza e a preocupar- se com a sistematização dos procedimentos didáticos. Seria preciso estudar e aprender de forma cientifica, segundo métodos bem planejados. 4. Comenius e o método moderno Comenius (João Amós Comênio, 1592-167O), pastor e bispo dos morávios, foi sem dúvida o mais importante pensador educacional do século XVII. Escreveu mais de cem tratados e livros educacionais, sobre os mais diversos assuntos e sua maior influência ocorreu no campo do ensino de línguas, em que propôs um método mais cientifico. Em seu livro Porta aberta das línguas, Comenius adotou um plano simples e natural: partindo de palavras simples e familiares da língua latina, organizava-as em sentenças, começando das mais simples e chegando progressivamente às mais complexas. Em cada página Comenius colocava a sentença latina e a equivalente em vernáculo, em colunas paralelas. As principais idéias educacionais de Comenius estão contidas em sua obra Didactica magna, completada em 1632 em língua tcheca, traduzida para o latim e publicada em 1657. Dos numerosos assuntos tratados, damos atenção especial a quatro: a finalidade da educação, o conteúdo da educação, o método e a organização das escolas. A finalidade da educação. O objetivo da educação é ajudar a alcançar o último fim do homem, que é a felicidade eterna com Deus. Entretanto, tal fim não seria alcançado através da destruição dos desejos naturais, instintos e emoções como até então vinha sendo feito, mas em consonância com a natureza. O fim religioso seria conseguido pelo conhecimento de si mesmo, que inclui o conhecimento de todas as coisas. O conhecimento, a virtude e a piedade são os fins da educação. O conhecimento leva à virtude e esta à piedade.
  • 7. O conteúdo da educação. Para Comenius seria possível ensinar tudo a todos. Por isso foi considerado adepto da pansofia, o conhecimento de tudo. Entretanto, não seria possível nem útil o conhecimento de todas as ciências e de todas as artes: "Pretendemos apenas que se ensine a todos a conhecer os fundamentos, as razões e os objetivos de todas as coisas principais, das que existem na natureza como das que se fabricam, pois somos colocados no mundo não somente como espectadores, mas também como atores". Comenius deu grande ênfase em suas obras ao conhecimento dos fenômenos físicos, os quais, a partir de então, passaram a ter maior participação nos conferidos da educação. O método. Influenciado por Bacon, Comenius advogou o uso de um método que estivesse de acordo com a natureza, procurando aplicar ao ensino o método indutivo. A partir de sua própria experiência como professor, Comenius chegou a nove princípios metódicos, que constituíam notável mudança nos processos educativos: 1º) Aquilo que é para ser aprendido deve ser ensinado, isto é, o objeto ou a idéia apresentada diretamente à criança - e não por meio de sua forma ou símbolo. 2º) Tudo que se ensina deve ser ensinado tendo em vista a sua aplicação prática na vida diária e a sua utilidade específica. 3º) Tudo que se ensina deve ser ensinado abertamente e não de modo obscuro e complicado. 4º) Tudo que se ensina deve ser ensinado com referência a sua verdadeira natureza e origem, quer dizer, através das suas causas. 5º) Para se aprender qualquer coisa deve-se primeiro explicar os seus princípios gerais. Os detalhes serão considerados depois e só depois. 6º) Todas as partes de um objeto (ou matéria), mesmo a menor, sem uma única exceção, devem ser aprendidas na sua respectiva ordem, posição e relação com as demais. 7º) Todas as coisas devem ser ensinadas na sua devida ordem e nunca mais de uma coisa de uma só vez. 8º) Não devemos deixar nenhum assunto antes de vê-lo completamente compreendido. 9º) Devem-se acentuar as diferenças que existem entre as coisas, a fim de que qualquer conhecimento delas possa ser claro e distinto. A organização das escolas. Em relação à organização escolar, Comenius fez uma proposta que só seria posta em prática dois séculos depois: trata-se da escola da infância ou escola maternal. Depois desta, viria a escola vernácula, uma espécie de substituição do ginásio para aqueles que não pudessem prosseguir os estudos em nível superior. Depois, vinha a escola latina - o verdadeiro ginásio -, que era seguida pela universidade. Como continuação desta, Comenius propunha o Colégio da Luz, uma instituição dedicada ao estudo cientifico de todo e qualquer assunto.
  • 8. Resumo 1. A reforma religiosa e a ciência moderna contribuíram para o surgimento de novas idéias e novos fatos educacionais no inicio dos tempos modernos. 2. A reforma religiosa, dividindo os cristãos em católicos e protestantes, teve profundas repercussões econômicas, políticas, sociais, culturais e educacionais, acelerando a renovação da própria Igreja Católica. através: a. do Concilio de Trento; b. da fundação das ordens religiosas,em especial da Companhia de Jesus; c. do Tribunal da Santa Inquisição. 3. Os protestantes, especialmente Martinho Lutero, contribuíram para que a educação se libertasse das amarras da Igreja e para que se ampliasse o acesso à escola, com a freqüência obrigatória imposta pelo Estado. 4. Os católicos reagiram ao avanço protestante com a complexa organização da Companhia de Jesus, que montou um sistema educacional eficiente, abrangendo de modo especial à educação secundária e a superior, visando a formação de lideres. 5. A ciência moderna também contribuiu para a modificação dos métodos educacionais, principalmente através das idéias de: a. Bacon: propôs a utilização do método indutivo; b. Galileu: só a experiência permite ler e interpretar o livro da natureza; c. Descartes: formulou as regras do método cientifico. 6. Comenius foi o principal pensador da educação da época. Tentou aplicar o método cientifico ao estudo das línguas e formulou os princípios gerais da didática, em seu livro Didactica magna. Algumas das suas idéias: a. Finalidade da educação: felicidade eterna com Deus, em consonância com a natureza. b. Conteúdo da educação: ensinar tudo a todos (pansofia). c. Método: indutivo, de acordo com a natureza; propôs o ensino direto, prático e sistemático, começando do mais simples.
  • 9. Leitura Complementar Didática magna que expõe o artifício universal para ensinar a todos todas as cousas ou seja modo certo e raro, para todas as comunidades, praças e aldeias de qualquer reino cristão, de erigir escolas de tal natureza, que toda a juventude, de um e outro sexo, sem executar ninguém, possa ser instruída nas letras, reformada nos costumes, educada na piedade, durante os anos da puberdade, em tudo aquilo que se relaciona com esta vida e a futura, com BREVIDADE, AGRADO e SOLIDEZ O fundamento de tudo quanto se expõe aqui é tirado da própria natureza das cousas; Sua verdade se demonstra com exemplos equivalentes das artes mecânicas; Sua série se dispõe por anos, meses, dias e horas e, por fim, se mostra O caminho fácil e certo para levar a cabo tudo com o mais feliz êxito. (p. 29) Fundamentos da solidez para aprender e ensinar 1 - Lamenta muita gente - e as próprias matérias o confirmam – que seja reduzido o número dos que saiam da escola com um preparo sólido; a maior parte não passa da superfície e da aparência. 2 - Se investigarmos as causas, veremos que são duas. Ou porque as escolas se dedicam ao superficial, abandonando o fundamental, ou porque os escolares se esquecem do que aprenderam, fazendo passar para sua inteligência muitos estudos, sem proveito. E este defeito é tão comum que serão poucos os que não o terão lamentado. 3 - Haverá remédio para este mal? Certamente. Se entrarmos, de novo, na escola da Natureza, e investigarmos como procede ela, para que produza criaturas duradouras. Pode-se encontrar o modo de que cada am possa saber, não somente o que aprende, mas mais do que aprenda, isto é: não só reproduzindo integralmente o que os preceptores e autores lhes ensinam, mas julgando ele próprio das cousas pelos seus princípios. (p. 212-3) Fins e objetivos das escolas comuns Firme, pois, é nossa hipótese sobre a necessidade de quatro espécies de escolas. O fim e objeto da escola comum é que todos os meninos entre 6 e 12 ou 13 anos se instruam em tudo aquilo cuja utilidade é para toda a vida. Isto é:
  • 10. I - Ler com facilidade o próprio idioma, já impresso ou manuscrito. II - Escrever, primeiro devagar: depois, mais depressa e, por fim, com propriedade, conforme as leis da gramática, que deverão ser expostas de modo claro e segundo as quais se devem organizar os exercícios. III - Numerar cifras e operações para as necessidades comuns. IV - Medir longitudes, latitudes etc. V - Cantar melodias muito conhecidas, e os que tiverem aptidão, começarão os rudimentos da música figurada. VI -Saber de memória a maior parte dos salmos e Livros sagrados mais freqüentes na Igreja de cada lugar, a fim de que, nutridos com os louvores de Deus, saibam (como diz o Apóstolo) ensinar e estimular a si próprios com os salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando com fervor a Deus em seus corações. VII - Além do Catecismo, saibam bem as histórias e principais versículos de toda a Sagrada Escritura, de modo que possam recitá-los de cor. VIII - Retenham, compreendam e comecem a praticar a doutrina moral encerrada nas regras e ilustrada com exemplos ao alcance de sua inteligência. IX - Sobre a ordem econômica e política, sé devem conhecer o suficiente para compreenderem o que vêem fazer, diariamente, em casa e na cidade. X - Não devem ignorar as generalidades da história da criação do mundo, sua perdição e reparação e o sábio governo de Deus. XI - Aprenderão o principal da Cosmografia, a redondeza do céu e da terra, a extensão do oceano, a situação dos mares e rios, a distribuição de terras e principais Reinos da Europa, e, especialmente, cidades, montes e rios e o que há de notável em sua pátria. XII - Por último, devem conhecer o mais geral das artes mecânicas, ainda que por alto, com o fim de não ignorar o que acontece nas cousas humanas e, desse modo, poder manifestar, com mais facilidade, sua inclinação natural. (p. 370-1) (COMÊNIO, João Amós. Didática magna. Rio de Janeiro, Simões, 1954.)