O documento descreve a situação econômica e política de Portugal durante a Regeneração no final do século XIX. A estabilização e modernização do país exigiam financiamento que o governo não tinha, levando a um aumento da dívida externa e dependência do estrangeiro. Isto, juntamente com crises econômicas na década de 1880, enfraqueceram ainda mais a economia portuguesa. A instabilidade política e econômica levaram eventualmente à queda da monarquia e estabelecimento da Primeira República em 1910.
3. A REGENERAÇÃO
Iniciado em 1851 e saído da época cabralista, o regime de
Fontes Pereira de Melo - a Regeneração – caracterizou-se por
uma muito necessitada estabilidade política e pelo impulso dado
à renovação do país. Defensor de um sistema livre cambista,
Fontes procura modernizar o país, de forma a torná-lo
competitivo perante os outros países europeus.
Como forma de suportar as crescentes exigências de financiamento, o governo
regenerador recorreu a uma política de empréstimos contraídos ao estrangeiro e à abertura
ao investimento externo.
Os empréstimos venciam juros altos que o país não possuía forma de pagar, o que
conduzia a novos pedidos de empréstimo e a um endividamento estatal e à crescente
dependência face ao estrangeiro.
4. A REGENERAÇÃO
A estabilização e a
modernização do país
precisavam de verbas de que
o governo não dispunha,
agravado pelo endividamento
face ao estrangeiro. Nesse
sentido, Fontes Pereira de
Melo viu-se forçado a encetar
uma política de aumento de
impostos, que apenas
agravou a situação do país, já
de si precária.
6. A REGENERAÇÃO
Número de
Anos telegramas
nacionais Internac.
1860 45 776 16 224
1880 454 867 139 051
1900 877 974 410 447
7. A REGENERAÇÃO
• Aumento da mecanização;
• Aumento da produtividade industrial;
• Importação de matérias-primas para a indústria e
afirmação de novos setores industriais;
• Crescimento (ainda que lento) do operariado;
• Crescimento do investimento financeiro.
9. A CRISE ECONÓMICA
DE 1880/91
Crise marcada pela especulação financeira, grande desenvolvimento bancário,
sociedades anónimas e investimento estrangeiro;
Quebra nas exportações e aumento do desemprego;
Revolta da Janeirinha (1868) e protestos contra o aumento dos impostos;
Dependências das remessas do dinheiro dos emigrantes no Brasil;
Total dependência económica face à Inglaterra (e consequente falta de
desenvolvimento do mercado nacional)…
10. A CRISE ECONÓMICA
DE 1880/91
Vertente diplomática e colonial:
Portugal foi forçado a ocupar efetivamente as suas colónias, de acordo com o
estipulado na Conferência de Berlim;
Incidente com a Inglaterra: o mapa cor-de-rosa e o ultimato.
11. A CRISE ECONÓMICA
DE 1880/91
Vertente económico-financeira:
Dificuldades de escoamento da produção agrícola;
Agravamento da dependência aos países capitalistas;
Abolição da escravatura no Brasil e diminuição das remessas de dinheiro;
Déficit orçamental crónico;
Aumento das importações de matéria prima;
Endividamento progressivo do estado;
Bancarrota do estado em 1891 (falência da Baring & Brothers).
“O banco londrino Baring Brothers – que colocava a divida pública de países nos mercados francês e
inglês – abanou com a insolvência da Argentina e Uruguai. Gerou-se o pânico internacional e os
mercados fecharam-se. Em Portugal, a solução foi mais uma vez austeridade. Tornam-se patentes as
más aplicações da banca. Em Maio, dá-se uma corrida aos depósitos e é suspensa por 90 dias a
conversão das notas de banco.”
in http://causamonarquica.com/2011/03/29/portugal-ja-declarou-bancarrota-parcial-em-1891-e-saiu-se-bem/
12. A CRISE ECONÓMICA
DE 1880/91
Vertente política:
Cansaço face ao rotativismo político;
Fracassos da politica externa;
Crise financeira e desconfiança face ao
governo;
Aumento dos preços e quebra dos
salários, o que provoca tensões e revoltas
sociais;
Escândalos económicos associados à
coroa – adiantamentos para despesas de
representação; António Luís Gomes, Bernardino Machado,
Celestino de Almeida, António José de
Fundação dos partidos de oposição – Almeida e Afonso Costa.
Partido Socialista Português (Antero de
Quental) e Partido Republicano Português
(Teófilo Braga).
13. O SURTO INDUSTRIAL
O livre-cambismo é progressivamente substituído pelo protecionismo.
Desenvolvimento do setor industrial.
Crescimento de companhias capitalistas.
Intensificação do nível tecnológico.
Aumento da concentração populacional.
Crescimento da população urbana.
14.
15. Nos inícios do século XX, Portugal era uma
Monarquia Constitucional, que oscilava entre duas
grandes forças no poder: o Partido Regenerador e o
Progressista.
Apesar de pouco se esforçarem para melhorar o
país, os políticos faziam tudo para se manter no
poder.
Em 1875 foi fundado o Partido Operário Socialista,
com o objetivo de lutar pela melhoria das condições
Política - “A Grande
Porca” de vida e trabalho das populações.
16. Educação - “A Grande Burra”
Progresso Nacional
“O Grande Caranguejo”
17. O desemprego e a inflação eram muito elevados, os
salários eram baixos e os impostos cada vez
aumentavam mais.
O povo sentia-se explorado pelo rei e pelos políticos
que o governavam.
Zé Povinho na guilhotina
18. A agricultura permanecia
atrasada e pouco
produtiva, a indústria pouco
desenvolvida e a balança
comercial deficitária.
A dívida externa aumentou
e com ela, o déficit
nacional.
O cão do déficit
19. Heróis do mar, Às armas, às armas
nobre povo
Sobre a terra e sobre o
Nação valente e mar
imortal.
Às armas, às armas
Levantai hoje de
novo Pela Pátria lutar...
O esplendor de
Portugal...
Contra os Bretões, marchar, marchar!
20. Fundado em 1876, o Partido Republicano, apoiado pela pequena e média Burguesia,
inicia o seu movimento de descrédito da Monarquia.
22. Assassinato de D. Carlos e seu herdeiro, Luís Filipe D. Manuel II - o novo rei
23.
24. A REVOLUÇÃO DO 5 DE
OUTUBRO
1 2
7
5
3
6
4
4
8
1 – Bombardeamento do Palácio das Necessidades 2 – Fuga de D. Manuel II para a Inglaterra
3 – Prisão dos padres Jesuítas pelos republicanos 4 e 6 – Barricadas republicanas na
Rotunda
5 – Desembarque da marinha no Terreiro do Paço 7 – Proclamação da República na Câmara
8 – Visita do Governo Provisório aos republicanos aquartelados na Rotunda
25. Os novos
símbolos:
- A Bandeira;
- O Hino, de
nome “A
Portuguesa”;
- A nova
moeda, o
escudo.
26. A Ação dos Governos
Republicanos
Um novo regime, uma nova Constituição...
A laicização do Estado
27. Legislação social
Direito à greve;
Laicização do Estado;
Permissão do divórcio;
Proteção na doença e na
velhice;
Horário de trabalho semanal de
48 h;
Igualdade de direitos dos
cônjuges;
Igualdade entre filhos legítimos
e ilegítimos.
28. Na Educação
Estabelecimento da
escolaridade obrigatória
entre os 7 e os 10 anos;
Criação de jardins-
escolas;
Aumento do número de
escolas primárias;
Reforma do ensino
técnico;
Criação das
Universidades de Lisboa
e do Porto.
É necessário saber ler e
escrever para votar....
29. Dificuldades da Ação
Republicana
ção
Pa rticipa
eira
na Prim
Guerra
al
Mundi A entrada na guerra:
- agravou a situação económica do país,
- conduziu ao desequilíbrio financeiro,
- aumentou o custo de vida,
- agravou o descontentamento social,
- provocou a instabilidade política,
- mostrou a incapacidade republicana de
solucionar os problemas,
- proporcionou o aparecimento de
ditaduras…
30. Descontentamento social:
- os católicos estão contra a laicização do
Estado,
- o operariado queixa-se da inexistência
de benefícios para a sua classe,
- a classe média está descontente com a
contínua quebra do poder de compra.
Guerras civis instauram várias
ditaduras: em 1915 um golpe liderado por
Pimenta de Castro, em 1917 é a vez de
Sidónio Pais.
Permanência da crise económica: os
preços agravam-se, a inflação sobe, as
greves sucedem-se...
31. Dissidências e divergências no Partido
Republicano. Afonso Costa lidera o
Partido Democrático. António José de
Almeida funda o Republicano
Evolucionista e Brito Camacho a União
Republicana.
Grande instabilidade governativa: 45
Governos, 8 Presidentes e 7 eleições.
Insegurança pública: agressões físicas,
ataques bombistas, assassinatos (por
ex., de Machado dos Santos ou Sidónio
Pais).
Persistência de algumas ideias
monárquicas (ex. A Monarquia do
Norte).
32. Face à agitação crescente, era necessário um poder forte e determinado...
33. O 28 DE MAIO DE 1926
Em 28 de Maio de 1926 dá-se a insurreição militar de Manuel Gomes da Costa que
marcha sobre Lisboa e impõe a renúncia do Governo e a dissolução do Parlamento.
A Primeira República cedia à Ditadura Militar.