DiseñO, ConstruccióN Y Medida De La Eficiencia De Un Prototipo De Cocina Rura...
Adriana Usp Algodao Brasil Peru
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Estudo Comparativo entre a Produção de Algodão no Brasil e
Peru: Levantamento de Dados e Revisão Bibliográfica
Adriana Yumi Sato Duarte, Regina Aparecida Sanches, Waldir Mantovani, Júlia
Baruque Ramos
Universidade de São Paulo; Curso de Têxtil e Moda (EACH-USP); Av. Arlindo Béttio,
1000, São Paulo-SP, 03828-000. E-mail: dri.duarte@usp.br
Resumo
A fibra de algodão é unicelular, composta em sua maioria por celulose (85,5%), além de
outros constituintes como óleos e ceras. A planta de algodão pertence à ordem natural
das Malváceas. O algodão produzido no Peru é considerado um dos melhores materiais
têxteis do mundo, com as variedades: Gossypium barbadense, Gossypium raimondii,
Upland, Hazera-Cerro, Pima e Tanguis. A cultura do algodão no Brasil era
predominante composta pelo algodão arbóreo, que foi substituído em grande parte pelo
algodão herbáceo a partir de 1860. Mesmo os dois Países se diferenciarem quanto à
produção, as deficiências de ambos apresentam soluções semelhantes: inovação e
tecnologia aplicada.
Palavras-chave: Algodão, Produção, Brasil, Peru
1. Introdução
A fibra de algodão é unicelular, composta em sua maioria por celulose (85,5%),
além de outros constituintes como óleos e ceras. A planta de algodão pertence à ordem
natural das Malváceas, sendo encontrada em áreas de clima subtropical como Ásia,
África, Egito e Américas do Norte e Sul. A espécie particular da ordem Malvácea da
qual a fibra é obtida é a Gossypium, e apresenta uma extensa variedade, cultivada de
acordo com a localização geográfica; a qualidade da fibra depende, além do clima, do
cultivo cuidadoso e manutenção da plantação (BEZERRA ET AL., 2003).
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Fig. 1: Algodão (WIKISUMAQPERU, 2009)
O algodão (Fig. 1) é uma fibra natural que se distingue de outras fibras devido
suas propriedades de qualidade, principalmente por sua exclusiva estrutura interna. Com
o advento da Revolução Industrial no início do século XIX, o uso do algodão como
matéria-prima ultrapassou as demais fibras naturais (linho, lã, seda, etc) utilizadas
anteriormente à Revolução (KECHAGIA ET AL., 2004).
As fibras individuais do algodão variam consideravelmente no que se refere às
propriedades físicas. Essas variações são causadas por fatores genéticos, determinados
por sua matriz e fisiologia da planta, e ambientais. A fiabilidade depende de
propriedades como comprimento, uniformidade de comprimento, quantidade de fibras
curtas, finura e maturidade, resistência e alongamento, que são estabelecidas durante o
desenvolvimento da fibra (KECHAGIA ET AL., 2004).
Cerca de 90% das fibras de algodão cultivadas no mundo são provenientes da
espécie Gossypium hirsutum. A taxonomia dessa espécie é apresentada como
(ALGODÃOBRASILEIRO, 2007):
Divisão: Embriophita sifanogamae
Subdivisão: Fanerogamae ou espermatophita
Filo: Angiospermae
Classe: Dicotiledoneae
Subclasse: Archichlamidae
Ordem: Malvales
Família: Malvaceae
Tribo: Hibisceae
Gênero: Gossypium
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Espécie: Gossypium hirsutum
Raça: G. hirsutum latifolium
2. Variedades Cultivadas No Peru
O algodão produzido no Peru é considerado um dos melhores materiais têxteis
no mundo. Isso se dá principalmente por sua qualidade e textura, como conforto gerado
pelo toque suave com a pele, resistência e alto poder de absorção de umidade
(WIKISUMAQPERU, 2009).
O uso do algodão é extremamente diversificado. As fibras, devido ao
comprimento, são utilizadas para produtos de alta qualidade, relacionados ao ramo de
camisaria. Além da fibra, o algodão gera matéria-prima para produção de óleos, sabão e
pólvora. Por ser composto em quase sua totalidade de celulose, também é utilizado na
indústria cosmética, em combustíveis e, recentemente comprovado, no papel-moeda
(WIKISUMAQPEU, 2009).
As variedades produzidas no Peru são (Fig. 2): Gossypium barbadense,
Gossypium raimondii, Upland, Hazera-Cerro, Pima e Tanguis. A primeira é conhecida
como “algodão nativo”, distribuída na Costa, Valle Interandinos e Amazônia. Já a
Gossypium raimondii, conhecida como “algodãozinho”, espécie silvestre da Costa e
Vertentes (Valle de Chicama; Valle de Santa Ana e Quebrada de Huertas; margem
esquerda do Rio Chilete) (EGG, 2004).
Fig. 2: Variedades de Algodão (SEMSA, 2009)
A variedade Pima (fig. 3), derivada do tipo egípcio Matafifi, apresenta melhores
propriedades devido ao tipo de planta, produção alta e rápida e por ter fibras mais
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longas e finas. Esta variedade, originária do Estado do Arizona, nos Estados Unidos, foi
introduzida no Peru em 1918, e é encontrada no vale de Piura, zona norte da costa
Peruana, por causa das condições climáticas e do solo que favorecem o
desenvolvimento da planta. A fibra é classificada como Fibra Extra Longa, juntamente
com as variedades Menufi e Giza 68 (Egito) e Sak (Sudão). O principal uso dessa fibra
é na camisaria (WIKISUMAQPEU, 2009). Essas fibras têm aparência semelhante às
fibras de lã, e por isso, compõem mesclas em tecidos lã/algodão (CABALLERO, 2009).
Fig. 3: Comprimento de Fibra – PIMA (IPAPERU, 2009)
Já a variedade Tangui, cujo nome é homenagem ao agricultor Tangui, apresenta
fibras longas, destinadas a fios de trama, para camisas e calças. Cultivada na costa
Central e Sul do Peru, é adaptável às intempéries e resistente a parasitas (SEMSA,
2009).
3. Variedades Cultivadas No Brasil
A cultura do algodão no Brasil, até o final do século XVIII e início de XIX, era
predominante composta pelo algodão arbóreo, e se concentrava na Região Nordeste,
como forma de renda complementar para os agricultores. Entretanto, a partir de 1860, o
algodão herbáceo foi introduzido no país pela Inglaterra, e começou a ser cultivado em
São Paulo. Nota-se que o fator responsável pelo desenvolvimento da cultura de algodão
herbáceo na Brasil foi o aumento da demanda britânica pela matéria-prima. Além disso,
o investimento em pesquisas trouxe o retorno do plantio e uso do algodão colorido no
Brasil (NATURALFASHION, 2008).
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O algodão arbóreo é uma árvore mediana, de cultivo permanente
(ALGODÃOBRASILEIRO, 2007). Já a espécie herbácea (Gossypium hirsutum L.r.
latifolium Hutch) é um arbusto de cultivo anual, uma entre as 50 espécies já
classificadas e descritas do gênero Gossypium (ALGODÃOBRASILEIRO, 2007), tem
origem tropical, também explorada comercialmente em países subtropicais, acima da
latitude de 30º N (EMBRAPA (1) (2), 2009)
Dentre as variedades, a forma de cultivo também diferencia a produção no País,
pois há produção comum, orgânica e geneticamente modificada.
4. Análise Comparativa
O Brasil é o quinto produtor mundial – depois de China, Índia, Estado Unidos e
Paquistão – e o quarto maior exportador da fibra. Os maiores produtores brasileiros são
os Estados do Mato Grosso, Bahia, Goiás e Mato Grosso do Sul. Cerca de 90% do
algodão brasileiro é produzido no Cerrado (centro oeste, oeste da Bahia, sul do
Maranhão e Piauí), região que oferece condições favoráveis à expansão da lavoura,
como clima, baixo custo de produção e condições topográficas ideais para a
mecanização do plantio e da colheita. O restante é plantado no norte e oeste do Paraná e
oeste e sul de São Paulo. O algodão de baixa tecnologia, de subsistência, é produzido no
Nordeste. Na safra 2006/2007, o Brasil produziu 1,5 milhões de toneladas. A safra
mundial bateu em 25,858 milhões de toneladas (BAYER, 2008).
Quando analisada produção e consumo dessa fibra, percebe-se que na década de
90 o Brasil apresentou consumo elevado e produção reduzida, devido à praga do bicudo,
que prejudicou as lavouras de forma marcante, e aumentou a taxa de importação da
fibra (Fig. 4). Atualmente o mercado está mais equilibrado, e a taxa de importação é
relativamente baixa.
6. 6
Fig. 4: Produção e Consumo de Algodão no Brasil (EMBRAPA (1), 2009)
No Peru a produção de algodão decaiu ao longo das décadas, como mostra a
Figura 5. Entretanto, a produção nacional ainda é maior do que a importação do insumo,
como ilustra a Figura 6.
Fig. 5: Produção de Algodão no Peru, entre 1950 a 2000. (CABALLERO, 2009)
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Fig. 6: Produção Peruana Versus Importações, entre 1998 e 2000. (CABALLERO,
2009)
Há também a produção de acordo com as variedades, no ano de 2005 (Fig. 7).
Percebe-se que a variedade Tanguis é responsável por quase a totalidade produzida
naquele ano, com o valor de 35,5 toneladas, uma vez que a produção total contabilizou
51,5 toneladas (CABALLERO, 2009).
Fig. 7: Produção Por Variedade no ano de 2005 (CABALLERO, 2009)
5. Possíveis Desdobramentos
Para o mercado peruano, após o ano de 2005 a produção de algodão desacelerou,
principalmente da variedade PIMA. A produção de algodões nativos foi drasticamente
diminuída por um longo período, entretanto, atualmente a “redescoberta” dessas
espécies tem sido apontada como fonte importante de conhecimento, inovação e geração
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de renda, direcionada para atingir um novo mercado em potencial: orgânicos e
coloridos.
De acordo com o Instituto Peruano de Algodão (IPAPERU, 2009), seleção de
sementes apropriadas para cada geografia e clima das diferentes zonas de plantio,
desenvolvimento de estratégias competitivas, expansão da produção e obtenção de
apoio de empresas privadas e financiamento de instituições internacionais são metas a
serem trabalhadas, para um resultado em longo prazo.
No Brasil, os produtores de algodão calculam a redução da área plantada, por
motivos relacionados ao custo do processo, desvalorização da moeda, e atraso na
implementação de novas tecnologias (BRASILATUAL, 2009). Mesmo com o volume
de produção triplicado, houve perda considerável em produtividade e lucros, então
mudanças e adaptações nesse setor terão como objetivo sanar as deficiências e otimizar
a produção.
Assim, para ambos os países, aplicação de tecnologias, estudos específicos
contemplando desde as sementes até o beneficiamento, políticas privadas e públicas e
estratégias econômicas irão gerar resultados positivos para o setor, e para toda cadeia
têxtil e de agronegócios.
6. Referências Bibliográficas
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http://www.algodao.agr.br/cms/index.php?option=com_content&task=view&id=79&Ite
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BAYER - Do campo até o consumidor. Revista Bayer Report, Jan/08: 34-9, 2008.
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Grande do Norte (UFRN), Centro de Tecnologia, Depto. De Eng. Produção e Têxtil,
nov/2003.
9. 9
BRASIL ATUAL. Produtores de algodão festejam safra de 2008, mas alertam para
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http://brasilatual.com.br/sistema/sistema/?p=1620 Arquivo capturado em 29/08/2009
CABALLERO, J. A. L; CHANGANAQUI, R. A. El algodón peruano y su
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KECHAGIA, U. E., XANTHOPOULOS, F. P., TSALIKI, E. Appropriate end use
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Brasileira de Técnicos Têxteis – ABBT), João Pessoa - PB, 2004.
NATURALFASHION. O nosso algodão já nasce colorido. Disponível em:
http://www.naturalfashion.com.br/ Arquivo capturado em 28/07/2008.
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SEMSA - Empresa de Agro-alimentícios. Disponível em http://www.semsa.com.pe
(acessado em setembro de 2009)
WIKISUMAQPERU. EL Algodón. Disponível em :
http://wiki.sumaqperu.com/es/El_Algod%C3%B3n Arquivo caturado em 29/08/2009