O documento discute a relação entre cultura underground, mídia e mercado. Apresenta como a mídia sensacionaliza aspectos da cultura jovem para vender notícias, ao mesmo tempo em que promove essa cultura e a torna parte do mainstream. Também mostra como a cena underground cria seus próprios meios de comunicação para rebater a visão distorcida da mídia.
1. O PÂNICO MORAL
ou de como o underground será
parte do mainstream
por Cláudio M.
2. A descoberta da subjetividade
• Os Estudos Culturais olham para as
subculturas e para a cultura jovem como
temas científicos: a subjetividade, alteridade
e diferença, as análises de recepção e as
configurações identitárias
3. O sentido (por trás) da
comunicação
• A linguagem não basta em si mesma como
"expressão física da comunicação“
• O sentido se desloca para o receptor.
• Não são mais os signos, apenas; mas se
esses signos são reconhecidos e de que
forma.
• A interpretação é fundamental; mais
fundamental do que a linguagem ela mesma.
4. O sentido é produzido
• As manifestações identitárias passam a
assumir um posto de destaque nos
estudos culturais, pois é a partir delas
que podemos pensar de uma forma
mais concreta na recepção, na
linguagem, na interpretação dos signos:
a produção de sentido está na
recepção também.
5. Pensando interdisciplinar...
• A comunicação envolve agora vários
aspectos, inclusive o antropológico,
identificando a linguagem alinhada
também ao comportamento de grupos
identitários
6.
7. A cultura jovem, por exemplo
• Essa cultura se firma num corpo substancial
de conhecimento
• Num ativo senso de escolha por parte dos
músicos e público
• Há uma base “interna” que possibilita o
julgamento de valor e significado
8.
9. Auto-referência
• A "originalidade“: a música significa a
identidade de cada um
• A performance (a apresentação das bandas):
ponto vital, o principal ritual, onde tanto o
público como os próprios músicos assumem
enorme importância: a verdadeira experiência
da realização
• A música articula a comunidade, juntado
pessoas para uma experiência
(com)partilhada, estabelecendo vínculos
efetivos e afetivos.
10.
11.
12. Eis a “cena”
• As cenas são as visibilidades
• Cena é a superprodução de uma comunidade
musical
• Ao se tornar pública – essa superprodução,
essa cena - é alvo de olhares diversos de
outras cenas, de outras interpretações,
inclusive da mídia, ressaltando-a
positivamente ou vitimado-a
• A cena é apropriada pela indústria cultural
porque chama a atenção do público
consumidor: é consumível, é vendável.
16. Além do som
• "Cena" (scene): o caráter amplificador além
da própria expressão artística (música),
envolvendo outros níveis de trabalho e
informação: um "mundo" além da música, ela
mesma
• A cena se daria a partir do link da "prática
musical contemporânea" e da "herança
musical“ (informação anterior + atualização)
• Eis o CAPITAL CULTURAL
17. O “original” no mainstream?
• Apropriada ou não os elementos de uma
cena – moda, música, gíria... – chega ao
mercadão
• Underground no mainstream: overground
• Os punks circulam impunes pela mídia nos
anos 80.
18. Criticando os estudos culturais
• Os Estudos Culturais anteriores sempre
procuram recuperar a idéia de que
"cultura" é o que está fora das mídias.
• (Pois) a mídia produziria algo sem
valoração (estética, simbólica, não
transgressora, “pastel”...)
19. Anti-mídia
• A academia científica reforça esse
equívoco: utiliza termos que trazem um
discurso anti-mídia: “comercial,
hegemonia, produtor vendável,
incorporado, experimental,
underground...“ para falar de culturas
que “brigam” entre si, por estarem
dentro ou fora das grandes mídias
20. O espaço é mercadológico
• A vinculação direta entre a mídia
tradicional e as culturas, inclusive as
populares, sempre esteve presente.
• Uma não sobrevive sem a outra: uma
se fortalece com a outra.
• Na tríade mercadológica “produção,
circulação e consumo” tudo é produto
21. Festas com público de 8 mil a 15 mil pessoas
aconteciam nos campos da Inglaterra (1990 - 1993)
22. Passaram a ser uma preocupação oficial: o
governo britânico criou legislação específica
que proibia festas fora da cidade com
"música repetitiva".
23. A cena inglesa Acid House Parties
• Sempre sofreu uma cobertura
sensacionalista dos tradicionais jornais
tablóides ingleses, que destacavam o
uso de drogas, em detrimento da
música (acid house)
• Ao atacar a cena underground inglesa
esses tablóides publicizavam-na cada
vez mais e terminavam por fortalecê-la
24.
25. Ao (contra) ataque!
• a mídia fazia discurso sensacionalista,
distorcia a informação
• cena da acid house inventava seus
instrumentos de comunicação para
rebater as informações
• fanzines, flyers, uso de redes de
computadores: low e high tech midia
26.
27.
28.
29. A construção de sentido
• Se a cultura underground é tida como
ilícita, a mídia (ao invés da polícia) é
quem a criminaliza, através da
interpretação dos fatos para as outras
camadas sociais
• A necessidade de instrumentos de
respostas (da cena) para desconstruir
sentidos
30. O prazer e o novo causam medo
• Ao desaprovar moralmente as acid
house parties, os tablóides mostram um
pânico moral que é nada mais que a
"metáfora que descreve uma sociedade
moderna cheia de medos sobre suas
próprias virtudes" (Thornton).
31. Estudos Culturais insistiam...
• A cultura jovem como inocente vítimas
das versões negativas da mídia?
• No entanto a mídia trata a cultura jovem
como qualquer outro produto de
mercado, vendável, enquanto notícia.
32. O perigo vendável
• O pânico moral se dá sempre na relação entre
mídia e cultura jovem, mas é, significativamente,
uma estratégia eficaz de marketing
• A indústria cultural, ao contrário do que se
defendia, gera idéias e incita a própria
subcultura (underground)
• Subcultura X Mídia: Interdependência histórica
33. Os mass media tornam as
subculturas politicamente
relevantes