A abordagem mais imediata, sobre um dado
evento relacionado à saúde-doença em nível
coletivo, consiste em se buscar distribuir a
ocorrência do problema segundo as suas diversas
características representadas por uma ou por
mais de uma variável circunstancial.
As variáveis circunstanciais ligam-se a fatos ou
medidas de TEMPO (quando ou em que período
ocorreu?)/ Qual o padrão da curva de ocorrência
no tempo?/ Qual a sua tendência a longo prazo?
LUGAR (onde ocorreu?) ou
PESSOA (quais as características demográficas,
econômicas e sociais das pessoas afetadas?)
Estuda a distribuição de frequência das doenças
e dos agravos à saúde coletiva, em função de
variáveis ligadas ao TEMPO, ao ESPAÇOambientais e populacionais- e às PESSOAS,
possibilitando o detalhamento do perfil
epidemiológico, com vistas ao aprimoramento das
ações de assistência e prevenção da doença, de
promoção da saúde e também do refinamento
das hipóteses causais.
São três:
QUEM: quais pessoas foram atingidas pelo dano.
ONDE: em que local as pessoas foram atingidas
pelo dano.
QUANDO: em que época as pessoas foram
atingidas pelo dano.
O QUE: representa o tipo de evento em foco.
COMO: os eventos variam na população.
POR QUÊ: esclarece as diferentes frequências
com que os eventos ocorrem.
E mais uma questão que fica implícita:
(O quê fazer?)
Na Epidemiologia é fundamental conhecer as
circunstâncias sob as quais se desenvolve o
processo saúde-doença na população:
Onde, quando e sobre quem ocorre determinada
doença?
Há grupos especiais mais vulneráveis?
Existe alguma época do ano em que aumenta o
número de casos?
Em que áreas do município ou regiões do país a
doença é mais frequente? Há disparidades
regionais ou locais?
Indivíduos idosos são mais atingidos do que
crianças?
Pertencer a uma dada classe social determina
diferenças nos riscos?
As informações sobre a distribuição temporal dos
agravos à saúde são utilizadas para:
Indicar os riscos a que as pessoas estão sujeitas
Monitorizar a saúde da população
Prever a ocorrência de eventos
Fornecer subsídios para explicações causais
Auxiliar o planejamento de saúde
Avaliar o impacto das intervenções
Segundo a variável tempo (distribuição
cronológica ou temporal), os agravos à saúde
(morbidade ou mortalidade) podem apresentar:
Variação ou Tendência Geral (Histórica ou
Secular)
Variação Cíclica
Variação Sazonal (Estacional)
Variação Atípica (Epidêmica)
A incidência de doenças, a mortalidade por
causas ou qualquer outro evento, quando
observados por longos períodos de tempo, podem
apresentar estabilidade, aumento ou decréscimo
de suas taxas, em função do fenômeno ou do
período de tempo considerado.
Exemplos: de tendências atuais do
comportamento de algumas doenças:
Aumento dos coeficientes de incidência das doenças
crônico-degenerativas, tais como, infartos do
miocárdio, câncer, diabetes, hipertensão, etc;
Estabilidade, nos países subdesenvolvidos, de níveis
elevados de incidência das doenças vinculadas à
pobreza: diarréias, subnutrição, verminose, fome, etc;
Diminuição, principalmente nos países desenvolvidos,
da incidência de algumas doenças transmissíveis;
Aumento da incidência de doenças sexualmente
transmissíveis (aids, sífilis, gonorréia, hepatite).
Um dado padrão de variação é repetido de
intervalo a intervalo, alternam-se valores máximos
e mínimos, independente da época do ano.
Ex.: sarampo, febre amarela, rubéola.
Ocorre quando a incidência de certas doenças ou
agravos aumenta ou diminui sempre no mesmo
período, seja do ano, do mês, da semana ou do dia.
Denomina-se sazonalidade a propriedade segundo a
qual o fenômeno considerado é periódico e repete-se
sempre na mesma estação do ano.
Ex. Doença meningocócica – é mais elevada nos
meses mais frios do ano. Em dias de baixa
temperatura, o ajuntamento com longa permanência
de grupos confinados em ambientes restritos pode
favorecer o contágio e a disseminação do agente
infeccioso.
É a ocorrência, em uma população, durante um
determinado período de tempo, de um número de
casos de uma doença, significativamente maior
do que o esperado, em função da frequência em
anos anteriores.
Usualmente são utilizados, para calcular esse
valor, os dados de 10 ou 20 anos anteriores,
quando se trata de doença de caráter endêmico.
Entende-se por endemia ou doença de caráter
endêmico aquela doença habitualmente presente
entre os membros de um determinado grupo, em
uma determinada área.
Quando essa doença assume proporções
maiores do que aquela habitualmente presente,
tem-se a epidemia e quando essa epidemia
atinge vários países ou continentes, recebe o
nome de pandemia.
Ex.: cólera, aids, gripe.
As informações sobre a distribuição geográfica
dos agravos à saúde são utilizados para:
Indicar os riscos a que a população está exposta.
Acompanhar a disseminação dos eventos
Fornecer subsídios para explicações causais
Definir as prioridades de intervenção
Avaliar o impacto das intervenções
Quanto a distribuição geográfica, os agravos a
saúde podem apresentar:
Variação geopolítica (ou internacional)
Variação político-administrativa (nacional ou
regional)
Variação urbano-rural
Movimento migratório
Quando as enfermidades (morbidade ou mortalidade) se
distribuem de forma mundial ou abrangendo alguns países.
Em qualquer das condições, a coleta e a divulgação dos
dados estão a cargo da Organização Mundial da Saúde
(OMS) e de seu órgão regional para as Américas, a
Organização Pan-americana da Saúde (OPAS).
Ex.: - distribuição da cólera no Mundo;
- distribuição da aids;
- distribuição da freqüência de doenças nos
países pobres e ricos;
- mortalidade infantil em alguns países; etc.
Quando as enfermidades se apresentam mais ou
menos frequentes em determinadas regiões,
estados, municípios, ou seja, de acordo com a
divisão político-administrativa do país.
Esse tipo de estudo é útil para orientar a alocação
de recursos e a adoção de medidas de
prevenção, pois expõe as diferenças entre as
regiões, estados e municípios em relação aos
níveis de saúde, apontando problemas
localizados.
Ex.: - distribuição de casos notificados de aids
segundo Unidades da Federação;
- distribuição da mortalidade infantil
segundo as regiões metropolitanas do
país.
Embora existam especificidades regionais, pode-se
esperar que nas áreas rurais haja maior risco de
doenças infecciosas e parasitárias.
Nas áreas urbanas, devido ao melhor saneamento
básico, há comparativamente menor risco de doenças
infecciosas e parasitárias. É possível que
predominem, nestas áreas, as DST’s, a gripe e
demais infecções respiratórias agudas, bem como
aquelas ligadas ao consumo de drogas, à poluição
atmosférica, à violência e aos acidentes de trânsito.
O surgimento de casos isolados de doença,
sem foco conhecido na região, pode ser atribuído
ao fato de as pessoas afetadas ser em
imigrantes.
Os migrantes podem veicular doenças de regiões
endêmicas para outros locais, podem disseminar
focos de doença no seu trajeto migratório e,
também, adquirir agentes etiológicos típicos do
novo local de domicílio (onde a população
residente naquele local, já é resistente).
1. Características Gerais
Idade
Sexo
2. Características Familiares
Estado civil
Idade do pais
Dimensão da família
Posição na ordem de nascimento
Morbidade familiar por causas específicas
3. Características étnicas
Raça
Cultura
Religião
Grupo étnico
4. Nível socioeconômico
Ocupação
Renda pessoal, familiar ou renda familiar per
capita
Nível de instrução
Tipo e zona de residência
Há doenças que predominam:
Grupo infantil e pré-escolar (coqueluche,
sarampo, difteria, disenteria);
Adultos jovens (tuberculose, malária, febre
amarela, doenças profissionais);
Pessoas de meia-idade ou idosas (doenças
cardiovasculares, câncer de pulmão, artrite,
hipertensão, etc.).
Normalmente os estudos epidemiológicos
discriminam o sexo da pessoa acometida:
Existem doenças para as quais há diferente
suscetibilidade entre o sexo masculino e o
feminino;
Existem outras, no entanto, em que ambos os
sexos são igualmente suscetíveis, nestes casos, a
variação da frequência da doença ocorre mais por
motivos culturais, ocupacionais ou biológicos.
A morbidade e mortalidade são diferentes entre os
indivíduos solteiros, casados, viúvos e divorciados.
Estudos de mortalidade segundo o estado civil das
pessoas têm demonstrado que a mais baixa taxa,
corresponde aos casados e, a mais alta, aos
viúvos e divorciados; a mortalidade entre os
solteiros é mais baixa que nos dois últimos grupos,
mas é maior do que entre os casados.
Com relação à morbidade, se tem observado que
nas pessoas não casadas são mais frequentes as
doenças mentais, suicídios e acidentes, as
doenças de transmissão sexual e o câncer de
mama; nas mulheres casadas, há uma maior
incidência do câncer de colo de útero.