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Liana d´Urso de Souza Mendes        Cap. 4: A sinalização e Copacabana



                                               4 A SINALIZAÇÃO e COPACABANA


                                                    “O desenvolvimento das cidades e a complexidade das vias de transportes e
                                               das comunicações faz com que a sinalização desempenhe um papel essencial na
                                               orientação e na circulação das pessoas. Faz parte do nosso ambiente, é
                                               fundamental para a organização dos espaços, para a utilização segura das
                                               instalações urbanas, para a promoção de negócios e a difusão de conhecimentos e
                                               idéias”, afirmam Velho e Magalhães (2006). Os autores acreditam que outros
                                               valores são incorporados a ela, além da transmissão de informações utilizando o
                                               design funcionalista e os conceitos de ergonomia. Segundo eles:
                                                    A sinalização passa a incorporar outros valores: promove o bem-estar e o conforto
                                                    dos usuários, reforça a identidade visual e é uma poderosa ferramenta de marketing
                                                    e de divulgação, o que representa um novo conceito de design de sinalização,
                                                    muito mais amplo e abrangente. O designer tem que desenvolver os projetos, com
                                                    visão global e interdisciplinar, não somente definindo os conceitos gráficos e
                                                    formais, mas considerando também os demais aspectos relacionados aos espaços
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                                                    tais como arquitetura, arquitetura de interiores, paisagismo, marketing,
                                                    merchandising, publicidade, luminotécnica, engenharia, segurança, entre outros.

                                                    O ambiente é a estrutura das atividades do ser humano, interferindo
                                               diretamente nos seus padrões de uso. Os autores continuam:
                                                    Pode-se dizer que existem dois ambientes: os externos, do âmbito da arquitetura e
                                                    do planejamento urbano, e os internos, em geral determinados por arquitetos,
                                                    engenheiros e construtores. As relações do ser humano com o ambiente, seja em
                                                    situações de lazer, em moradias, em situações de viagem ou de trabalho são
                                                    atualmente muito diferentes das que tínhamos há cinqüenta anos atrás.

                                                    Até os anos 50, o campo dos letreiros, sinais e placas não tinham
                                               importância: eram considerados efêmeros e do domínio da publicidade.
                                               Desacreditado culturalmente como bom design, foi redescoberto pelo movimento
                                               pop, em Londres e Nova York. Atualmente, os espaços urbanos tornaram-se tão
                                               complexos e com tantos apelos que estacionamentos, shoppings, ambientes de
                                               lazer, entretenimento, centros de convenções, entre outros, investem em
                                               sofisticados programas de sinalização. As placas podem apontar para atrações,
                                               apresentar aspectos históricos importantes, criar ambientes agradáveis e
                                               harmônicos. Independente dos aspectos funcionais, é de grande importância a
                                               característica destes projetos em dotar os espaços de uma imagem, de um
                                               conceito. A história e a cultura devem ser observadas e podem ser expressas no
                                               ambiente.
Liana d´Urso de Souza Mendes        Cap. 4: A Sinalização e Copacabana                 50



                                                      O ambiente da tese aqui apresentada é o da sinalização externa das ruas
                                               movimentadas de Copacabana e é estudado a partir de critérios ergonômicos.


                                               4.1 A sinalização e o ambiente para o idoso
                                                      Conforme Perracini (2002), "Os problemas relacionados ao ambiente
                                               incluem qualquer fator que cause insegurança e ofereça risco, restrinja o acesso,
                                               restrinja a escolha de preferências, limite o desempenho ou cause desconforto".
                                               Para a autora, os aspectos básicos relacionados ao desenvolvimento de ambientes
                                               são:
                                               1. Acessibilidade e uso.
                                               2. Facilidade de circulação, especificamente no que diz respeito ao conforto,
                                                   conveniência e possibilidade de escolha.
                                               3. Conservação de energia.
                                               4. Comunicação: aspectos sensoriais e interação social.
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                                               5. Segurança: sem riscos de lesões e acidentes.
                                               6. Proteção: que não cause medo ou ansiedade e que seja previsível (confiável).
                                                      As modificações ambientais têm o objetivo de fazer com que as tarefas
                                               sejam facilitadas, diminuir acidentes e riscos e dar suporte à vida independente e
                                               autônoma. É preciso lembrar que os idosos podem ser dependentes em certos
                                               domínios e independentes em outros, e necessitam do apoio de ambientes
                                               protegidos e amigáveis. A partir do que Perracini (2002) apresenta, percebe-se que
                                               a sinalização criada a partir de um bom design ajuda a minimizar a sobrecarga de
                                               informação visual que o pedestre idoso recebe nas ruas movimentadas de
                                               Copacabana, principalmente quando o designer usa no seu projeto algumas
                                               técnicas visuais aplicadas1 tais como a da Simplicidade, da Clareza,
                                               e da Minimidade (Gomes Filho, 2003).


                                               4.2 A sinalização e a Ergonomia
                                                      Montmollin (1970) apud Moraes (2002) define Ergonomia como a
                                               “tecnologia das comunicações nos sistemas homens-máquinas”. Para a autora:
                                                      A realização do trabalho implica na interação entre o homem, homens, máquinas e
                                                      ambiente, e essa interação se explicita através de atividades de tomada de
                                                      informações, visuais e auditivas, acionamento de comandos - ações, comunicações

                                               1
                                                 As técnicas visuais aplicadas favorecem a leitura visual da forma, e ajudam na criação e
                                               desenvolvimento de projetos, etc. São normas e parâmetros de expressão visual.
Liana d´Urso de Souza Mendes          Cap. 4: A Sinalização e Copacabana                        51



                                                     orais e gestuais, movimentação corporal e deslocamentos espaciais. O homem
                                                     recebe os sinais e decodifica os signos e age.

                                                     Como ocorrem mudanças de estado ao reiniciar-se o ciclo de envio de novas
                                               mensagens, a interação entre os protagonistas implica em coações e
                                               constrangimentos, chamados pela autora de ruídos, que perturbam essa
                                               comunicação. Entre esses ruídos ergonômicos que perturbam a comunicação entre
                                               homens e máquinas, principalmente no que se refere à ergonomia informacional 2,
                                               segundo Moraes (2002), estão:
                                                     - a apresentação das informações tipográficas, em termos de visibilidade,
                                               legibilidade e leiturabilidade3 (dificulta a percepção e conseqüentemente o
                                               processamento das informações verbais);
                                                     - a apresentação das informações pictográficas em termos de decodificação
                                               e compreensibilidade (dificulta a cognição e tomada de decisões pelos usuários);
                                                     - a mesma dificuldade quando da tomada de informações se dá como
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                                               decorrência da deficiência de iluminação (que prejudica a acuidade visual), ou o
                                               excesso (que produz reflexos e ofuscamentos da visão);
                                                     - o barulho das máquinas ou da manipulação de determinados materiais,
                                               como chapas de aço, implica redução da capacidade de atenção, com prejuízos
                                               para a recepção de mensagens e perturbações para a seleção de informações;
                                                     - a topologia dos componentes informacionais (mostradores, telas, painéis),
                                               assim como as alturas, profundidades e angulação (...) que implicam em
                                               problemas interfaciais que determinam constrangimentos posturais que perturbam,
                                               também, a tomada de informações;
                                                     - a desconsideração dos modelos mentais dos usuários, quando do projeto
                                               do modelo conceitual acarreta uma sobrecarga cognitiva para os operadores
                                               e produz ruídos semânticos.
                                                     Moraes (2002) então, enfatiza que esses ruídos resultam em desconfortos,
                                               dores, fadiga, incidentes e acidentes, sobrecarga psíquica e cognitiva que
                                               dificultam o desempenho sensório-motor e cognitivo do homem e perturbam
                                               ainda mais a comunicação entre os homens e homens, e homens e máquinas.
                                                     Carr (1973) mostra que a sinalização utilizada em determinado local


                                               2
                                                 A ergonomia Informacional estuda avisos e advertências, manuais de instrução, e sistemas de
                                               sinalização.
                                               3
                                                 Ver capítulo 5 Percepção Visual e Requisitos Técnicos para a Sinalização.
Liana d´Urso de Souza Mendes     Cap. 4: A Sinalização e Copacabana             52



                                               depende de muitas coisas envolvidas: as atividades que são executadas ali, quem
                                               as executa, como, quando, onde, e de que forma. O autor acredita que as
                                               mensagens beneficiam naquilo que é essencial para a segurança, ajudam na
                                               orientação no espaço e no tempo, aumentam a informação sobre as atividades
                                               públicas e privadas, e potencializam a expressão de diversos itens sociais e
                                               valores. A sinalização e a iluminação, que têm como fundamental o bem estar
                                               público, ajudam o fluxo do trafego e a segurança, e aumentam o conhecimento
                                               sobre o que a cidade tem a oferecer. Dessa forma ela apresenta-se mais educativa
                                               e agradável, e, a tornando menos inconveniente e feia, pode contribuir para a
                                               saúde mental dos seus cidadãos. Por isso, segundo o autor, limites devem ser
                                               colocados nas mensagens privadas que tendem a “esquecer” as prioridades
                                               públicas por razões de vantagens competitivas e econômicas. É necessário uma
                                               restrição da sinalização privada para reduzir a interferência competitiva, e para
                                               que seja mais fácil ao observador achar a informação que precisa.
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                                                     Desta forma, Carr (1973) defende uma sinalização para as pessoas nos
                                               veículos e outra para as pessoas a pé. O sistema para as pessoas a pé consiste em
                                               núcleos onde haja um grande acúmulo de pessoas e transporte coletivo. Por sua
                                               vez, o sistema para motoristas consiste no controle de tráfego, nas advertências, e
                                               nas informações sobre o modo de dirigir sobre condições urbanas típicas,
                                               apresentadas sob a forma de signos, sinais, iluminação, e marcas no pavimento
                                               das ruas e estradas.


                                               4.3 Categorias dos elementos de informação da sinalização
                                                     De acordo com Follis e Hammer (1979) os elementos de sinalização caem
                                               em 4 categorias básicas de acordo com a função ou informação apresentada:
                                               1) direcionais
                                                     Como o termo implica, essa indica direção. Podem ser sinais indicando um
                                               só destino, ou muitos sinais em listagem com destinos diversos, tais como direita,
                                               esquerda, ou à frente.
                                               2) de identificação
                                                     Sinais que nomeiam locais ou coisas: uma sala de conferência, uma caixa de
                                               equipamento de incêndio, ou o escritório de um diretor. Basicamente é quando a
                                               pessoa chega em algum lugar, e nela tem o nome do local, onde ela está, e fica no
                                               acesso principal.
Liana d´Urso de Souza Mendes             Cap. 4: A Sinalização e Copacabana        53



                                               3) informacionais
                                                        Todas as sinalizações dão informação porém, para uso comum, esses sinais
                                               apresentam informações específicas, detalhadas, sobre horários de trabalho ou
                                               procedimentos especiais.
                                               4) restritivos ou proibitivos
                                                        São sinalizações com algum tipo de restrição ou proibição. Exemplo:
                                               “Acesso restrito”, “Somente funcionários”, ou dá ênfase a algum perigo
                                               “Radiação”, “Perigo” , “Não Entre”.
                                                        Existe a placa de circulação, que mostra a direção. A placa não é colocada
                                               no local, e sim antes dele, e tem o complemento indispensável que é a seta.
                                                        Por outro lado, existem regulamentações oficiais sobre diferentes tipos de
                                               sinalizações. A ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas apresenta a
                                               NBR 14891 sobre a sinalização vertical viária (placas), e o CTB Código Brasileiro
                                               de Trânsito4, reúne as Normas Gerais de Circulação e Conduta. Estas apresentam
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                                               o direito à via, e velocidade, os sentidos de circulação, as normas de circulação, as
                                               normas de advertência, as normas de indicação, e aquelas de serviços auxiliares.
                                                        A NBR 14891 (set. de 2002) especifica requisitos para projeto, construção e
                                               implantação da sinalização vertical, contendo:
                                               a) as referências normativas;
                                               b) a classificação das placas:
                                                            - sinalização de regulamentação
                                                            - sinalização de advertência
                                                            - a sinalização de indicação;
                                               c) a função: de regulamentar, advertir ou orientar o tráfego nas vias;
                                               d) a eficiência, que depende:
                                                            - da colocação correta no campo visual;
                                                            - do entendimento por parte do usuário;
                                                            - da propriedade e da clareza da mensagem emitida;
                                                            - e da legibilidade;
                                               e) o que se deve levar em consideração para que essas exigências sejam
                                               alcançadas;




                                               4
                                                   CTB Código de Trânsito Brasileiro - Lei nº 9.503 de 23 de setembro de 1997.
Liana d´Urso de Souza Mendes         Cap. 4: A Sinalização e Copacabana                    54



                                               f) a padronização das formas em octógono, circular, triangular, quadrada,
                                               retangular, cruz, e formas especiais para rodovias;
                                               g) as cores:
                                               - vermelha: para fundo da placa de parada obrigatória, orla e tarja das placas de
                                                   regulamentação em geral,
                                               - verde: indicativas de localização, direção, distância e via interrompida;
                                               - azul: para serviços auxiliares,
                                               - amarela: para advertências,
                                               - preta: para símbolos e legendas das placas de regulamentação, advertência,
                                                   educativas e de obras,
                                               - branca: para fundo de placas de regulamentação e educativas legenda de placas
                                                   de indicação e de parada obrigatória,
                                               - laranja: para fundo de placas de obras;
                                               h) as dimensões, que dependem da velocidade de aproximação do veículo, da
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                                               localização da placa, do tamanho e da forma das letras, da iluminação ou
                                               refletorização , e do tempo de reação do usuário;
                                               i) o tipo de letra (helvética bold e narrow);
                                               j) a refletividade e iluminação, especificando que podem ser luminosas dotadas de
                                               iluminação própria, iluminadas através de iluminação externa, pintadas e
                                               retrorreflexivas, que apresentam a mesma visibilidade forma e cor de dia e à noite;
                                               k) os materiais;
                                               l) os suportes;
                                               m) os materiais;
                                               n) a implantação;
                                               o) os sistemas de fixação;
                                               p) a localização, que trata também dos sinais suspensos e pórticos, nas vias.
                                                       Quanto ao CTB, este dispõe o Art. 7º: Compõem o Sistema Nacional de
                                               Trânsito os seguintes órgãos e entidades: I - o Conselho Nacional de Trânsito -
                                               CONTRAN5, coordenador do Sistema e órgão máximo normativo e consultivo;
                                               II - os Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e o Conselho de Trânsito do
                                               Distrito Federal - CONTRANDIFE, órgãos normativos, consultivos e



                                               5
                                                 Art. 12. do CTB Código de Trânsito Brasileiro: compete ao CONTRAN: I - estabelecer as normas
                                               regulamentares referidas neste Código e as diretrizes da Política Nacional de Trânsito.
Liana d´Urso de Souza Mendes               Cap. 4: A Sinalização e Copacabana                   55



                                               coordenadores6. Foram encontradas várias normatizações a respeito do trânsito de
                                               veículos, e poucas a respeito de pedestres.
                                                        O Capítulo IV do CTB trata “Dos Pedestres e Condutores de Veículos Não
                                               Motorizados: Art. 68”, e descreve: “É assegurada ao pedestre a utilização dos
                                               passeios ou passagens apropriadas das vias urbanas e dos acostamentos das vias
                                               rurais para circulação, podendo a autoridade competente permitir a utilização de
                                               parte da calçada para outros fins, desde que não seja prejudicial ao fluxo de
                                               pedestres”.
                                                        O Capítulo V, que trata do cidadão, apresenta o Art. 72. “Todo cidadão ou
                                               entidade civil tem o direito de solicitar, por escrito, aos órgãos ou entidades do
                                               Sistema Nacional de Trânsito, a sinalização, fiscalização e implantação de
                                               equipamentos de segurança, bem como sugerir alterações em normas, legislação e
                                               outros assuntos pertinentes a este Código”.
                                                        No Anexo II do CTB, conforme Resolução nº 160 de 22 de abril de 2004,
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                                               são apresentados os tipos de sinalização existentes, verticais e horizontais,
                                               mostrando que cada placa ou linha pintada no chão, tem uma característica visual,
                                               e uma função. Por exemplo: “Estacionamento Proibido” e “Mão Única”, etc.
                                                        Conforme esse Anexo, a sinalização vertical “É um subsistema da
                                               sinalização viária cujo meio de comunicação está na posição vertical,
                                               normalmente em placa, fixado ao lado ou suspenso sobre a pista, transmitindo
                                               mensagens de caráter permanente, e, eventualmente, variáveis, através de
                                               legendas e/ou símbolos pré-reconhecidos e legalmente instituídos”.
                                                        As placas circulares, com um anel vermelho, fundo branco, imagem preta,
                                               são de regulamentação, e representam leis. Se não forem cumpridas, a pessoa
                                               pode ir presa, pagar multa etc. Já as placas de advertência têm uma outra forma, e
                                               não são consideradas como leis: existem para a segurança do cidadão, e se
                                               apresentam em forma de um quadrado amarelo, na diagonal. Figuras 9 e 10,
                                               placas de regulamentação. Figuras 11, 12 e 13 placas de advertência.




                                                                                   Fig. 9: Pedestre, ande pela direita. Fonte: Manual básico
                                                                                   de segurança no trânsito (1998).



                                               6
                                                   No Rio de Janeiro, a CET-Rio.
Liana d´Urso de Souza Mendes               Cap. 4: A Sinalização e Copacabana                     56




                                                                                     Fig. 10: Proibido trânsito de pedestre. Fonte: site DNIT
                                                                                     (2007)




                                                                                     Fig. 11: Área escolar. Fonte: Manual básico de segurança
                                                                                     no trânsito (1998)




                                                                                     Fig. 12: Cuidado crianças. Fonte: site DNIT (2007).
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                                                                                     Fig. 13: Placa de advertência simples, de obras.
                                                                                     Fonte: Manual da CET-Rio (2006).




                                                                                     Fig. 14: Placa de advertência composta de
                                                                                     travessia de pedestres. Fonte: Manual da CET-
                                                                                     Rio (2006).




                                                          Sobre os elementos gráficos empregados nas placas, a CTB, a CET-Rio e
                                               outros órgãos ligados ao trânsito utilizam os glifos7 do IPHAN Instituto do
                                               Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, e outros signos desenvolvidos pela
                                               EMBRATUR                Empresa        Brasileira       de     Turismo.   Segundo        o       site
                                               Institucional.Turismo.Gov.Br (2007) a Embratur é a autarquia especial do

                                               7
                                                   Glifo = símbolo pictórico = sinal pictórico = pictograma
Liana d´Urso de Souza Mendes        Cap. 4: A Sinalização e Copacabana                 57



                                               Ministério do Turismo responsável pela execução da Política Nacional de
                                               Turismo no que diz respeito à promoção, marketing e apoio à comercialização dos
                                               destinos, serviços e produtos turísticos brasileiros no mercado internacional.
                                                     A CLF – Coordenação de Licenciamento e Fiscalização da Secretaria de
                                               Fazenda, com a coordenação e o design feitos pelo IplanRio Instituto de
                                               Planejamento, regulamenta os anúncios de identificação de estabelecimentos,
                                               letreiros, totens, etc., segundo o site oficial do Estado do Rio de Janeiro
                                               Rio.RJ.Gov.Br. Através do Decreto n° 5725 de 19 de março de 1986, a CLF
                                               dispõe sobre a veiculação de publicidade a ar livre ou em local exposto ao
                                               público, e a Lei n° 1921 de 05 de novembro de 1992 sobre a veiculação de
                                               propaganda em tabuletas, painéis e letreiros nos logradouros públicos e em local
                                               exposto ao público. A Secretaria de Fazenda permite ou não, e cobra taxas, para
                                               colocar esses letreiros, painéis e tabuletas na rua. Estes são considerados um tipo
                                               de sinalização, porém uma sinalização específica, comercial, de anúncios, de
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                                               propaganda, são os outdoors, são letreiros comerciais de lojas, de postos de
                                               gasolina, etc.
                                                     O departamento de Transportes da Prefeitura do Rio, através da CET-Rio
                                               Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio de Janeiro (2005), elaborou o
                                               Manual de Sinalização do Trânsito8 com a finalidade de estabelecer critérios para
                                               a execução de projetos de sinalização gráfica vertical de orientação para o trânsito
                                               de veículos na cidade, amparando-se nas normas e padrões brasileiros vigentes.
                                                     Com o passar dos anos e a evolução urbana experimentada pela cidade, o
                                               manual adotou referenciais adequados destacando-se as cores de fundo das placas
                                               retangulares, ou sejam, o branco, o verde, o azul e o marrom. Segundo a
                                               orientação no sentido do tráfego e de fluxo, a cor do fundo da placa é verde, azul
                                               ou marrom; quanto à localização, o fundo é branco.


                                               4.4 A sinalização em Copacabana
                                                     Em Copacabana existem vários tipos de sinalização normatizados pelo
                                               CTB, pela CET-Rio, e aquelas do mobiliário urbano coordenadas pelo IPP
                                               Instituto Pereira Passos, na cidade do Rio. Os “pirulitos” do Aloísio, como são
                                               apelidados os suportes redondos em cima das placas azuis retangulares,

                                               8
                                                O CONTRAN Conselho Nacional de Trânsito editou a Resolução nº 180 que estabelece o Manual
                                               Brasileiro de Sinalização de Trânsito, em 6 volumes sobre sinalização.
Liana d´Urso de Souza Mendes            Cap. 4: A Sinalização e Copacabana                       58



                                               indicativas de ruas, formam o tipo de sinalização mais comum e respeitada pelas
                                               pessoas, pedestres e motoristas (principalmente os de taxi).
                                                      BATELLA apud site Designbrasil.org.br (2007), observa a importância
                                               desse tipo de sinalização e dos designers que efetivamente redesenharam esse
                                               artefato urbano, como, por exemplo, Aloísio Magalhães9 em 1977. A fig. 13 é um
                                               exemplo de “pirulito”, e foi substituído em 2007 por um mais moderno (fig. 14),
                                               com a parte superior retangular, por ocasião do evento esportivo do Pan
                                               Americano, no Rio de Janeiro.
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                                                                                           Fig. 16: placa baixa de rua, com formato
                                                                                           abaulado, e propaganda em suporte retangular.
                                                                                           Av. Atlântica com a Princesa Isabel (junho 2007).




                                               Fig. 15: placa tradicional azul
                                               na Praça Edmundo Bittencourt no
                                               Bairro Peixoto (novembro 2007).


                                                      O autor explica que os postes tradicionais (E) foram considerados
                                               equipamentos de utilidade pública em 1999, através de decreto do prefeito da
                                               época, Marcos Tamoio. Em 1999, receberam o índice de 90% de aprovação da
                                               população. Em Copacabana essas placas azuis são encontradas nas ruas
                                               transversais à Av. Nª Sª de Copacabana. Nessa grande avenida elas não existem

                                               9
                                                Aloísio Magalhães, designer, professor, artista plástico, com a equipe do seu escritório PVDI
                                               Projeto Visual Desenho Industrial, participou da reformulação visual da cidade, incluindo o
                                               mobiliário urbano, proposta pelo prefeito Marcos Tamoio.
Liana d´Urso de Souza Mendes    Cap. 4: A Sinalização e Copacabana            59



                                               porque foram substituídas por um poste alto com placas amarelas compridas na
                                               horizontal e com letras escuras (fig.17) durante a reforma do 1º RioCidade,
                                               realizada na primeira gestão de Cesar Maia, prefeito da cidade em 1994.
                                                    O projeto RioCidade reformulou a paisagem de diversos bairros,
                                               modificando vários equipamentos urbanos. Esses postes luminosos permaneceram
                                               nas ruas laterais e na Av. Atlântica., mesmo com a remodelação na orla, que não
                                               foi feita pelo RioCidade, e sim através de outro programa chamado RioMar. O site
                                               do IPP Instituto Pereira Passos, traz a informação que o programa RioCidade,
                                               iniciado em 1993 e ainda em implantação em alguns bairros, tinha e continua a ter
                                               como meta o resgate das principais artérias da cidade, através de intervenções
                                               urbanísticas voltadas para as melhorias sociais, econômicas e culturais de cada
                                               localidade.
                                                    Nessa época, através de licitações públicas, foram contratados vários
                                               escritórios de arquitetura para projetarem o RioCidade nas diversas áreas
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                                               pretendidas pelo prefeito. Entre esses escritórios destacou-se o de L.A. Rangel &
                                               Cláudio Cavalcanti, que foi encarregado de planejar o RioCidade de Copacabana
                                               e apresentou o seu projeto para a Prefeitura em 7 de março de 1994.




                                               Fig. 17: placa amarela na rua Joaquim Nabuco e os “fradinhos” do RioCidade (julho
                                               2005).

                                                    As placas amarelas com o nome da rua substituíram as azuis escuras
Liana d´Urso de Souza Mendes           Cap. 4: A Sinalização e Copacabana                        60



                                               luminosas somente onde o RioCidade passou: na Av. Nª Sª de Copacabana, rua
                                               Barata Ribeiro, na Av. Princesa Isabel, e em algumas ruas perpendiculares. A
                                               figura 17 mostra também os “fradinhos” projetados por Cláudio Cavalcanti, que
                                               formavam um tipo de banco de cimento, para evitar que veículos subissem na
                                               calçada e estacionassem irregularmente.
                                                     Por outro lado, foi observado que a Prefeitura10 implantou, através de
                                               serviço licitado de mobiliário urbano, uma sinalização ao mesmo tempo voltada
                                               para o fluxo de veículos quanto também para os pedestres.
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                                               Fig. 18: placa da Prefeitura criada pela equipe do IPP Instituto Pereira Passos, na rua
                                               Barata Ribeiro, Posto 3, a cargo da firma concessionária licitada (setembro 2006).


                                                     Nessas placas específicas foram utilizados vários elementos gráficos (letras,
                                               setas, símbolos e pictogramas), além de cores para sinalizar informações distintas
                                               como o laranja, o verde e o vermelho. O laranja indica bens de serviço, esporte e
                                               lazer como o Maracanã, a Confeitaria Colombo. A delegacia de polícia, o posto de
                                               saúde, entre outros, também no laranja. O verde indica bens naturais como o
                                               parque Chico Mendes na Barra, o Jardim Botânico, etc. No vermelho, os bens
                                               culturais, os bens tombados, por exemplo, o Paço Imperial.
                                                     As placas mais utilizadas pelas pessoas em Copacabana é a da parada dos
                                               ônibus. Como exemplo as placas conjugadas de sinalização de parada de ônibus e
                                               placa de orientação de trânsito, como as do Metrô / ônibus.



                                               10
                                                 O órgão da Prefeitura que cuida dessas placas é o IPP Instituto Pereira Passos, na cidade do
                                               Rio de Janeiro, e subordinado à Secretaria Municipal de Urbanismo.
Liana d´Urso de Souza Mendes       Cap. 4: A Sinalização e Copacabana                  61




                                               Fig. 19: parada da integração Metrô-ônibus na Siqueira Campos, Posto 4 (abril 2006).
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610650/CB




                                               Fig. 20: placa de parada de ônibus, várias linhas da mesma empresa (set. 2006).


                                                     Outras placas para situações, como estacionamento regulamentado para
                                               motos e para farmácias, foram colocadas durante o ano de 2007, acompanhando o
                                               crescimento dessas atividades.




                                               Fig. 21: placa de estacionamento de motos (nov. 2007).
Liana d´Urso de Souza Mendes        Cap. 4: A Sinalização e Copacabana          62



                                                     Placas retangulares na vertical, do RioRotativo, que não tinham a cor verde
                                               no friso circundante, também surgiram nessa época.




                                               Fig. 22: placa do RioRotativo (nov. 2007).
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610650/CB




                                               4.5 Conclusão do capítulo
                                                     A afirmação de Carr (1973) que “as mensagens beneficiam naquilo que é
                                               essencial para a segurança, potencializam a orientação no espaço e no tempo,
                                               aumentam a informação sobre as atividades públicas e privadas, e potencializam a
                                               expressão de diversos itens sociais e valores”, representa tudo o que há de mais
                                               essencial em uma sinalização voltada para o indivíduo, seja ele motorista ou
                                               pedestre.
                                                     Ao serem pesquisadas certas normas brasileiras nacionais (exemplo
                                               Capítulo V do CTB), estaduais e municipais específicas sobre o pedestre, conclui-
                                               se que há distância entre o que se normatiza fazer, e a realidade que se observa no
                                               dia-a-dia dos pedestres de Copacabana. Além disso não é dada a suficiente
                                               importância ao pedestre na qualidade de idoso, não só através de poucas normas e
                                               regulamentações para protegê-lo, como também na falta de projetos efetivos de
                                               sinalização e de design voltadas para esse cidadão, tanto por parte do Poder
                                               Público quanto por parte da iniciativa privada.

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  • 1. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 4: A sinalização e Copacabana 4 A SINALIZAÇÃO e COPACABANA “O desenvolvimento das cidades e a complexidade das vias de transportes e das comunicações faz com que a sinalização desempenhe um papel essencial na orientação e na circulação das pessoas. Faz parte do nosso ambiente, é fundamental para a organização dos espaços, para a utilização segura das instalações urbanas, para a promoção de negócios e a difusão de conhecimentos e idéias”, afirmam Velho e Magalhães (2006). Os autores acreditam que outros valores são incorporados a ela, além da transmissão de informações utilizando o design funcionalista e os conceitos de ergonomia. Segundo eles: A sinalização passa a incorporar outros valores: promove o bem-estar e o conforto dos usuários, reforça a identidade visual e é uma poderosa ferramenta de marketing e de divulgação, o que representa um novo conceito de design de sinalização, muito mais amplo e abrangente. O designer tem que desenvolver os projetos, com visão global e interdisciplinar, não somente definindo os conceitos gráficos e formais, mas considerando também os demais aspectos relacionados aos espaços PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610650/CB tais como arquitetura, arquitetura de interiores, paisagismo, marketing, merchandising, publicidade, luminotécnica, engenharia, segurança, entre outros. O ambiente é a estrutura das atividades do ser humano, interferindo diretamente nos seus padrões de uso. Os autores continuam: Pode-se dizer que existem dois ambientes: os externos, do âmbito da arquitetura e do planejamento urbano, e os internos, em geral determinados por arquitetos, engenheiros e construtores. As relações do ser humano com o ambiente, seja em situações de lazer, em moradias, em situações de viagem ou de trabalho são atualmente muito diferentes das que tínhamos há cinqüenta anos atrás. Até os anos 50, o campo dos letreiros, sinais e placas não tinham importância: eram considerados efêmeros e do domínio da publicidade. Desacreditado culturalmente como bom design, foi redescoberto pelo movimento pop, em Londres e Nova York. Atualmente, os espaços urbanos tornaram-se tão complexos e com tantos apelos que estacionamentos, shoppings, ambientes de lazer, entretenimento, centros de convenções, entre outros, investem em sofisticados programas de sinalização. As placas podem apontar para atrações, apresentar aspectos históricos importantes, criar ambientes agradáveis e harmônicos. Independente dos aspectos funcionais, é de grande importância a característica destes projetos em dotar os espaços de uma imagem, de um conceito. A história e a cultura devem ser observadas e podem ser expressas no ambiente.
  • 2. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 4: A Sinalização e Copacabana 50 O ambiente da tese aqui apresentada é o da sinalização externa das ruas movimentadas de Copacabana e é estudado a partir de critérios ergonômicos. 4.1 A sinalização e o ambiente para o idoso Conforme Perracini (2002), "Os problemas relacionados ao ambiente incluem qualquer fator que cause insegurança e ofereça risco, restrinja o acesso, restrinja a escolha de preferências, limite o desempenho ou cause desconforto". Para a autora, os aspectos básicos relacionados ao desenvolvimento de ambientes são: 1. Acessibilidade e uso. 2. Facilidade de circulação, especificamente no que diz respeito ao conforto, conveniência e possibilidade de escolha. 3. Conservação de energia. 4. Comunicação: aspectos sensoriais e interação social. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610650/CB 5. Segurança: sem riscos de lesões e acidentes. 6. Proteção: que não cause medo ou ansiedade e que seja previsível (confiável). As modificações ambientais têm o objetivo de fazer com que as tarefas sejam facilitadas, diminuir acidentes e riscos e dar suporte à vida independente e autônoma. É preciso lembrar que os idosos podem ser dependentes em certos domínios e independentes em outros, e necessitam do apoio de ambientes protegidos e amigáveis. A partir do que Perracini (2002) apresenta, percebe-se que a sinalização criada a partir de um bom design ajuda a minimizar a sobrecarga de informação visual que o pedestre idoso recebe nas ruas movimentadas de Copacabana, principalmente quando o designer usa no seu projeto algumas técnicas visuais aplicadas1 tais como a da Simplicidade, da Clareza, e da Minimidade (Gomes Filho, 2003). 4.2 A sinalização e a Ergonomia Montmollin (1970) apud Moraes (2002) define Ergonomia como a “tecnologia das comunicações nos sistemas homens-máquinas”. Para a autora: A realização do trabalho implica na interação entre o homem, homens, máquinas e ambiente, e essa interação se explicita através de atividades de tomada de informações, visuais e auditivas, acionamento de comandos - ações, comunicações 1 As técnicas visuais aplicadas favorecem a leitura visual da forma, e ajudam na criação e desenvolvimento de projetos, etc. São normas e parâmetros de expressão visual.
  • 3. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 4: A Sinalização e Copacabana 51 orais e gestuais, movimentação corporal e deslocamentos espaciais. O homem recebe os sinais e decodifica os signos e age. Como ocorrem mudanças de estado ao reiniciar-se o ciclo de envio de novas mensagens, a interação entre os protagonistas implica em coações e constrangimentos, chamados pela autora de ruídos, que perturbam essa comunicação. Entre esses ruídos ergonômicos que perturbam a comunicação entre homens e máquinas, principalmente no que se refere à ergonomia informacional 2, segundo Moraes (2002), estão: - a apresentação das informações tipográficas, em termos de visibilidade, legibilidade e leiturabilidade3 (dificulta a percepção e conseqüentemente o processamento das informações verbais); - a apresentação das informações pictográficas em termos de decodificação e compreensibilidade (dificulta a cognição e tomada de decisões pelos usuários); - a mesma dificuldade quando da tomada de informações se dá como PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610650/CB decorrência da deficiência de iluminação (que prejudica a acuidade visual), ou o excesso (que produz reflexos e ofuscamentos da visão); - o barulho das máquinas ou da manipulação de determinados materiais, como chapas de aço, implica redução da capacidade de atenção, com prejuízos para a recepção de mensagens e perturbações para a seleção de informações; - a topologia dos componentes informacionais (mostradores, telas, painéis), assim como as alturas, profundidades e angulação (...) que implicam em problemas interfaciais que determinam constrangimentos posturais que perturbam, também, a tomada de informações; - a desconsideração dos modelos mentais dos usuários, quando do projeto do modelo conceitual acarreta uma sobrecarga cognitiva para os operadores e produz ruídos semânticos. Moraes (2002) então, enfatiza que esses ruídos resultam em desconfortos, dores, fadiga, incidentes e acidentes, sobrecarga psíquica e cognitiva que dificultam o desempenho sensório-motor e cognitivo do homem e perturbam ainda mais a comunicação entre os homens e homens, e homens e máquinas. Carr (1973) mostra que a sinalização utilizada em determinado local 2 A ergonomia Informacional estuda avisos e advertências, manuais de instrução, e sistemas de sinalização. 3 Ver capítulo 5 Percepção Visual e Requisitos Técnicos para a Sinalização.
  • 4. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 4: A Sinalização e Copacabana 52 depende de muitas coisas envolvidas: as atividades que são executadas ali, quem as executa, como, quando, onde, e de que forma. O autor acredita que as mensagens beneficiam naquilo que é essencial para a segurança, ajudam na orientação no espaço e no tempo, aumentam a informação sobre as atividades públicas e privadas, e potencializam a expressão de diversos itens sociais e valores. A sinalização e a iluminação, que têm como fundamental o bem estar público, ajudam o fluxo do trafego e a segurança, e aumentam o conhecimento sobre o que a cidade tem a oferecer. Dessa forma ela apresenta-se mais educativa e agradável, e, a tornando menos inconveniente e feia, pode contribuir para a saúde mental dos seus cidadãos. Por isso, segundo o autor, limites devem ser colocados nas mensagens privadas que tendem a “esquecer” as prioridades públicas por razões de vantagens competitivas e econômicas. É necessário uma restrição da sinalização privada para reduzir a interferência competitiva, e para que seja mais fácil ao observador achar a informação que precisa. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610650/CB Desta forma, Carr (1973) defende uma sinalização para as pessoas nos veículos e outra para as pessoas a pé. O sistema para as pessoas a pé consiste em núcleos onde haja um grande acúmulo de pessoas e transporte coletivo. Por sua vez, o sistema para motoristas consiste no controle de tráfego, nas advertências, e nas informações sobre o modo de dirigir sobre condições urbanas típicas, apresentadas sob a forma de signos, sinais, iluminação, e marcas no pavimento das ruas e estradas. 4.3 Categorias dos elementos de informação da sinalização De acordo com Follis e Hammer (1979) os elementos de sinalização caem em 4 categorias básicas de acordo com a função ou informação apresentada: 1) direcionais Como o termo implica, essa indica direção. Podem ser sinais indicando um só destino, ou muitos sinais em listagem com destinos diversos, tais como direita, esquerda, ou à frente. 2) de identificação Sinais que nomeiam locais ou coisas: uma sala de conferência, uma caixa de equipamento de incêndio, ou o escritório de um diretor. Basicamente é quando a pessoa chega em algum lugar, e nela tem o nome do local, onde ela está, e fica no acesso principal.
  • 5. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 4: A Sinalização e Copacabana 53 3) informacionais Todas as sinalizações dão informação porém, para uso comum, esses sinais apresentam informações específicas, detalhadas, sobre horários de trabalho ou procedimentos especiais. 4) restritivos ou proibitivos São sinalizações com algum tipo de restrição ou proibição. Exemplo: “Acesso restrito”, “Somente funcionários”, ou dá ênfase a algum perigo “Radiação”, “Perigo” , “Não Entre”. Existe a placa de circulação, que mostra a direção. A placa não é colocada no local, e sim antes dele, e tem o complemento indispensável que é a seta. Por outro lado, existem regulamentações oficiais sobre diferentes tipos de sinalizações. A ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas apresenta a NBR 14891 sobre a sinalização vertical viária (placas), e o CTB Código Brasileiro de Trânsito4, reúne as Normas Gerais de Circulação e Conduta. Estas apresentam PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610650/CB o direito à via, e velocidade, os sentidos de circulação, as normas de circulação, as normas de advertência, as normas de indicação, e aquelas de serviços auxiliares. A NBR 14891 (set. de 2002) especifica requisitos para projeto, construção e implantação da sinalização vertical, contendo: a) as referências normativas; b) a classificação das placas: - sinalização de regulamentação - sinalização de advertência - a sinalização de indicação; c) a função: de regulamentar, advertir ou orientar o tráfego nas vias; d) a eficiência, que depende: - da colocação correta no campo visual; - do entendimento por parte do usuário; - da propriedade e da clareza da mensagem emitida; - e da legibilidade; e) o que se deve levar em consideração para que essas exigências sejam alcançadas; 4 CTB Código de Trânsito Brasileiro - Lei nº 9.503 de 23 de setembro de 1997.
  • 6. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 4: A Sinalização e Copacabana 54 f) a padronização das formas em octógono, circular, triangular, quadrada, retangular, cruz, e formas especiais para rodovias; g) as cores: - vermelha: para fundo da placa de parada obrigatória, orla e tarja das placas de regulamentação em geral, - verde: indicativas de localização, direção, distância e via interrompida; - azul: para serviços auxiliares, - amarela: para advertências, - preta: para símbolos e legendas das placas de regulamentação, advertência, educativas e de obras, - branca: para fundo de placas de regulamentação e educativas legenda de placas de indicação e de parada obrigatória, - laranja: para fundo de placas de obras; h) as dimensões, que dependem da velocidade de aproximação do veículo, da PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610650/CB localização da placa, do tamanho e da forma das letras, da iluminação ou refletorização , e do tempo de reação do usuário; i) o tipo de letra (helvética bold e narrow); j) a refletividade e iluminação, especificando que podem ser luminosas dotadas de iluminação própria, iluminadas através de iluminação externa, pintadas e retrorreflexivas, que apresentam a mesma visibilidade forma e cor de dia e à noite; k) os materiais; l) os suportes; m) os materiais; n) a implantação; o) os sistemas de fixação; p) a localização, que trata também dos sinais suspensos e pórticos, nas vias. Quanto ao CTB, este dispõe o Art. 7º: Compõem o Sistema Nacional de Trânsito os seguintes órgãos e entidades: I - o Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN5, coordenador do Sistema e órgão máximo normativo e consultivo; II - os Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e o Conselho de Trânsito do Distrito Federal - CONTRANDIFE, órgãos normativos, consultivos e 5 Art. 12. do CTB Código de Trânsito Brasileiro: compete ao CONTRAN: I - estabelecer as normas regulamentares referidas neste Código e as diretrizes da Política Nacional de Trânsito.
  • 7. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 4: A Sinalização e Copacabana 55 coordenadores6. Foram encontradas várias normatizações a respeito do trânsito de veículos, e poucas a respeito de pedestres. O Capítulo IV do CTB trata “Dos Pedestres e Condutores de Veículos Não Motorizados: Art. 68”, e descreve: “É assegurada ao pedestre a utilização dos passeios ou passagens apropriadas das vias urbanas e dos acostamentos das vias rurais para circulação, podendo a autoridade competente permitir a utilização de parte da calçada para outros fins, desde que não seja prejudicial ao fluxo de pedestres”. O Capítulo V, que trata do cidadão, apresenta o Art. 72. “Todo cidadão ou entidade civil tem o direito de solicitar, por escrito, aos órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito, a sinalização, fiscalização e implantação de equipamentos de segurança, bem como sugerir alterações em normas, legislação e outros assuntos pertinentes a este Código”. No Anexo II do CTB, conforme Resolução nº 160 de 22 de abril de 2004, PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610650/CB são apresentados os tipos de sinalização existentes, verticais e horizontais, mostrando que cada placa ou linha pintada no chão, tem uma característica visual, e uma função. Por exemplo: “Estacionamento Proibido” e “Mão Única”, etc. Conforme esse Anexo, a sinalização vertical “É um subsistema da sinalização viária cujo meio de comunicação está na posição vertical, normalmente em placa, fixado ao lado ou suspenso sobre a pista, transmitindo mensagens de caráter permanente, e, eventualmente, variáveis, através de legendas e/ou símbolos pré-reconhecidos e legalmente instituídos”. As placas circulares, com um anel vermelho, fundo branco, imagem preta, são de regulamentação, e representam leis. Se não forem cumpridas, a pessoa pode ir presa, pagar multa etc. Já as placas de advertência têm uma outra forma, e não são consideradas como leis: existem para a segurança do cidadão, e se apresentam em forma de um quadrado amarelo, na diagonal. Figuras 9 e 10, placas de regulamentação. Figuras 11, 12 e 13 placas de advertência. Fig. 9: Pedestre, ande pela direita. Fonte: Manual básico de segurança no trânsito (1998). 6 No Rio de Janeiro, a CET-Rio.
  • 8. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 4: A Sinalização e Copacabana 56 Fig. 10: Proibido trânsito de pedestre. Fonte: site DNIT (2007) Fig. 11: Área escolar. Fonte: Manual básico de segurança no trânsito (1998) Fig. 12: Cuidado crianças. Fonte: site DNIT (2007). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610650/CB Fig. 13: Placa de advertência simples, de obras. Fonte: Manual da CET-Rio (2006). Fig. 14: Placa de advertência composta de travessia de pedestres. Fonte: Manual da CET- Rio (2006). Sobre os elementos gráficos empregados nas placas, a CTB, a CET-Rio e outros órgãos ligados ao trânsito utilizam os glifos7 do IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, e outros signos desenvolvidos pela EMBRATUR Empresa Brasileira de Turismo. Segundo o site Institucional.Turismo.Gov.Br (2007) a Embratur é a autarquia especial do 7 Glifo = símbolo pictórico = sinal pictórico = pictograma
  • 9. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 4: A Sinalização e Copacabana 57 Ministério do Turismo responsável pela execução da Política Nacional de Turismo no que diz respeito à promoção, marketing e apoio à comercialização dos destinos, serviços e produtos turísticos brasileiros no mercado internacional. A CLF – Coordenação de Licenciamento e Fiscalização da Secretaria de Fazenda, com a coordenação e o design feitos pelo IplanRio Instituto de Planejamento, regulamenta os anúncios de identificação de estabelecimentos, letreiros, totens, etc., segundo o site oficial do Estado do Rio de Janeiro Rio.RJ.Gov.Br. Através do Decreto n° 5725 de 19 de março de 1986, a CLF dispõe sobre a veiculação de publicidade a ar livre ou em local exposto ao público, e a Lei n° 1921 de 05 de novembro de 1992 sobre a veiculação de propaganda em tabuletas, painéis e letreiros nos logradouros públicos e em local exposto ao público. A Secretaria de Fazenda permite ou não, e cobra taxas, para colocar esses letreiros, painéis e tabuletas na rua. Estes são considerados um tipo de sinalização, porém uma sinalização específica, comercial, de anúncios, de PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610650/CB propaganda, são os outdoors, são letreiros comerciais de lojas, de postos de gasolina, etc. O departamento de Transportes da Prefeitura do Rio, através da CET-Rio Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio de Janeiro (2005), elaborou o Manual de Sinalização do Trânsito8 com a finalidade de estabelecer critérios para a execução de projetos de sinalização gráfica vertical de orientação para o trânsito de veículos na cidade, amparando-se nas normas e padrões brasileiros vigentes. Com o passar dos anos e a evolução urbana experimentada pela cidade, o manual adotou referenciais adequados destacando-se as cores de fundo das placas retangulares, ou sejam, o branco, o verde, o azul e o marrom. Segundo a orientação no sentido do tráfego e de fluxo, a cor do fundo da placa é verde, azul ou marrom; quanto à localização, o fundo é branco. 4.4 A sinalização em Copacabana Em Copacabana existem vários tipos de sinalização normatizados pelo CTB, pela CET-Rio, e aquelas do mobiliário urbano coordenadas pelo IPP Instituto Pereira Passos, na cidade do Rio. Os “pirulitos” do Aloísio, como são apelidados os suportes redondos em cima das placas azuis retangulares, 8 O CONTRAN Conselho Nacional de Trânsito editou a Resolução nº 180 que estabelece o Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito, em 6 volumes sobre sinalização.
  • 10. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 4: A Sinalização e Copacabana 58 indicativas de ruas, formam o tipo de sinalização mais comum e respeitada pelas pessoas, pedestres e motoristas (principalmente os de taxi). BATELLA apud site Designbrasil.org.br (2007), observa a importância desse tipo de sinalização e dos designers que efetivamente redesenharam esse artefato urbano, como, por exemplo, Aloísio Magalhães9 em 1977. A fig. 13 é um exemplo de “pirulito”, e foi substituído em 2007 por um mais moderno (fig. 14), com a parte superior retangular, por ocasião do evento esportivo do Pan Americano, no Rio de Janeiro. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610650/CB Fig. 16: placa baixa de rua, com formato abaulado, e propaganda em suporte retangular. Av. Atlântica com a Princesa Isabel (junho 2007). Fig. 15: placa tradicional azul na Praça Edmundo Bittencourt no Bairro Peixoto (novembro 2007). O autor explica que os postes tradicionais (E) foram considerados equipamentos de utilidade pública em 1999, através de decreto do prefeito da época, Marcos Tamoio. Em 1999, receberam o índice de 90% de aprovação da população. Em Copacabana essas placas azuis são encontradas nas ruas transversais à Av. Nª Sª de Copacabana. Nessa grande avenida elas não existem 9 Aloísio Magalhães, designer, professor, artista plástico, com a equipe do seu escritório PVDI Projeto Visual Desenho Industrial, participou da reformulação visual da cidade, incluindo o mobiliário urbano, proposta pelo prefeito Marcos Tamoio.
  • 11. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 4: A Sinalização e Copacabana 59 porque foram substituídas por um poste alto com placas amarelas compridas na horizontal e com letras escuras (fig.17) durante a reforma do 1º RioCidade, realizada na primeira gestão de Cesar Maia, prefeito da cidade em 1994. O projeto RioCidade reformulou a paisagem de diversos bairros, modificando vários equipamentos urbanos. Esses postes luminosos permaneceram nas ruas laterais e na Av. Atlântica., mesmo com a remodelação na orla, que não foi feita pelo RioCidade, e sim através de outro programa chamado RioMar. O site do IPP Instituto Pereira Passos, traz a informação que o programa RioCidade, iniciado em 1993 e ainda em implantação em alguns bairros, tinha e continua a ter como meta o resgate das principais artérias da cidade, através de intervenções urbanísticas voltadas para as melhorias sociais, econômicas e culturais de cada localidade. Nessa época, através de licitações públicas, foram contratados vários escritórios de arquitetura para projetarem o RioCidade nas diversas áreas PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610650/CB pretendidas pelo prefeito. Entre esses escritórios destacou-se o de L.A. Rangel & Cláudio Cavalcanti, que foi encarregado de planejar o RioCidade de Copacabana e apresentou o seu projeto para a Prefeitura em 7 de março de 1994. Fig. 17: placa amarela na rua Joaquim Nabuco e os “fradinhos” do RioCidade (julho 2005). As placas amarelas com o nome da rua substituíram as azuis escuras
  • 12. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 4: A Sinalização e Copacabana 60 luminosas somente onde o RioCidade passou: na Av. Nª Sª de Copacabana, rua Barata Ribeiro, na Av. Princesa Isabel, e em algumas ruas perpendiculares. A figura 17 mostra também os “fradinhos” projetados por Cláudio Cavalcanti, que formavam um tipo de banco de cimento, para evitar que veículos subissem na calçada e estacionassem irregularmente. Por outro lado, foi observado que a Prefeitura10 implantou, através de serviço licitado de mobiliário urbano, uma sinalização ao mesmo tempo voltada para o fluxo de veículos quanto também para os pedestres. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610650/CB Fig. 18: placa da Prefeitura criada pela equipe do IPP Instituto Pereira Passos, na rua Barata Ribeiro, Posto 3, a cargo da firma concessionária licitada (setembro 2006). Nessas placas específicas foram utilizados vários elementos gráficos (letras, setas, símbolos e pictogramas), além de cores para sinalizar informações distintas como o laranja, o verde e o vermelho. O laranja indica bens de serviço, esporte e lazer como o Maracanã, a Confeitaria Colombo. A delegacia de polícia, o posto de saúde, entre outros, também no laranja. O verde indica bens naturais como o parque Chico Mendes na Barra, o Jardim Botânico, etc. No vermelho, os bens culturais, os bens tombados, por exemplo, o Paço Imperial. As placas mais utilizadas pelas pessoas em Copacabana é a da parada dos ônibus. Como exemplo as placas conjugadas de sinalização de parada de ônibus e placa de orientação de trânsito, como as do Metrô / ônibus. 10 O órgão da Prefeitura que cuida dessas placas é o IPP Instituto Pereira Passos, na cidade do Rio de Janeiro, e subordinado à Secretaria Municipal de Urbanismo.
  • 13. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 4: A Sinalização e Copacabana 61 Fig. 19: parada da integração Metrô-ônibus na Siqueira Campos, Posto 4 (abril 2006). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610650/CB Fig. 20: placa de parada de ônibus, várias linhas da mesma empresa (set. 2006). Outras placas para situações, como estacionamento regulamentado para motos e para farmácias, foram colocadas durante o ano de 2007, acompanhando o crescimento dessas atividades. Fig. 21: placa de estacionamento de motos (nov. 2007).
  • 14. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 4: A Sinalização e Copacabana 62 Placas retangulares na vertical, do RioRotativo, que não tinham a cor verde no friso circundante, também surgiram nessa época. Fig. 22: placa do RioRotativo (nov. 2007). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610650/CB 4.5 Conclusão do capítulo A afirmação de Carr (1973) que “as mensagens beneficiam naquilo que é essencial para a segurança, potencializam a orientação no espaço e no tempo, aumentam a informação sobre as atividades públicas e privadas, e potencializam a expressão de diversos itens sociais e valores”, representa tudo o que há de mais essencial em uma sinalização voltada para o indivíduo, seja ele motorista ou pedestre. Ao serem pesquisadas certas normas brasileiras nacionais (exemplo Capítulo V do CTB), estaduais e municipais específicas sobre o pedestre, conclui- se que há distância entre o que se normatiza fazer, e a realidade que se observa no dia-a-dia dos pedestres de Copacabana. Além disso não é dada a suficiente importância ao pedestre na qualidade de idoso, não só através de poucas normas e regulamentações para protegê-lo, como também na falta de projetos efetivos de sinalização e de design voltadas para esse cidadão, tanto por parte do Poder Público quanto por parte da iniciativa privada.