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DESFAZENDO MITOS SOBRE ISRAEL NAS PROFECIAS DOS TEMPOS
                           FINAIS

Samuele Bacchiocchi

Há fundamentação bíblica para interpretações populares de profecias referentes à
restauração de Israel? Tal indagação é respondida com autoridade e consistência
exegética neste artigo.

Saiba também por que muitos judeus se sentem ofendidos com posturas de
estudiosos cristãos ao interpretarem o papel futuro de Israel segundo tradicional
visão escatológica de muitos intérpretes das profecias bíblicas.

A maioria dos cristãos evangélicos crê que a restauração do Estado de Israel em 1948
representa a “peça fundamental” nas profecias do tempo do fim. Tal ponto de vista é
vigorosamente ensinado por praticamente todos os pregadores populares atuais. Isso
significa que caso o que se crê e prega amplamente na atualidade quanto ao papel de
Israel na profecia baseia-se numa equivocada interpretação de importantes textos
bíblicos, há urgente necessidade de expor as falhas de tal ensino.

                               ISRAEL NA PROFECIA

Crê-se amplamente entre cristãos evangélicos que o firme retorno dos judeus à Palestina
durante este século, e o estabelecimento do Estado de Israel em 1948, representam um
extraordinário cumprimento de promessas específicas do Velho Testamento feitas aos
israelitas. Ademais, esse suposto cumprimento é visto como o prelúdio de eventos finais
tais como o Arrebatamento Secreto, a Tribulação, a reedificação do Templo de
Jerusalém, a conversão dos judeus, o Retorno de Cristo e o estabelecimento do reino
milenial judaico assumido por Cristo sobre o trono de Davi em Jerusalém.

Leon J. Wood adequadamente expressa esta opinião popular em The Bible and Future
Events [A Bíblia e os eventos futuros]: “O mais claro sinal do retorno de Cristo é o
moderno Estado de Israel. . . . Deve-se reconhecer que a cronologia de Deus poderia
permitir que Israel estivesse na terra por muitos anos antes de levá-la ao desfrute de sua
era gloriosa. Mas com a nação de fato ali, e com muitos fatores relacionados a isso
ajustando-se a condições estabelecidas nas Escrituras para os últimos dias, . . . pode-se
seguramente crer que a vinda de Cristo não está muito distante no futuro”.

Hal Lindsey é até mais específico ao garantir que a restauração política de Israel em
1948 não é só “um dos muitos eventos importantes de nossa época”, mas, “o mais
importante sinal profético para proclamar a era do retorno de Cristo”. Ele até predisse
ousadamente em 1970 que “dentro de quarenta anos ou próximo disso a partir de 1948,
todas essas coisas poderiam vir a ocorrer”.

Um Acontecimento Notável. O retorno de muitos judeus à Palestina e o
estabelecimento do Estado de Israel são acontecimentos muito notáveis, para dizer o
mínimo. Assim, não admira que muitos cristãos e judeus vêem em tais eventos que se
deram no Oriente Médio o cumprimento de profecias veterotestamentárias. Contudo,
seria esta uma interpretação legítima das profecias?
É bem possível crer pessoalmente que o povo judeu tenha um direito moral ou histórico
à terra da Palestina e que Deus haja providencialmente dirigido o estabelecimento do
Estado de Israel, mas pode tal convicção ser legitimamente firmada em profecias
bíblicas? Para responder a esta indagação é necessário examinar brevemente pelo menos
algumas das profecias em geral apresentadas em apoio a essa crença.

                     PROFECIAS DO VELHO TESTAMENTO

As Promessas de Deus aos Israelitas. Há, primeiramente, a promessa de Deus a
Abraão de que seus descendentes herdariam “toda a terra de Canaã, em possessão
perpétua” (Gên. 17:8; cf. 12:7; 13:15; 15:18'). Adicionalmente, há promessas em alguns
dos profetas que falam de um “segundo” retorno dos israelitas (Isa. 11:11) a sua terra
natal “de todas as nações” (Jer. 29:14). Os dispensacionalistas acreditam que esse
predito retorno supostamente se dará em descrença (Eze. 36:24-26; cf. Jer. 30). Acham
confirmação para tal posição no que se passa hoje em dia.

As promessas de restauração são vistas como promessas incondicionais literais cujo
cumprimento teve início pela primeira vez em 1948 com a dramática recuperação de
parte da Palestina pelos judeus. A posse ou perda de posse anteriores da terra de Canaã
pelos israelitas supostamente não cumprem as promessas territoriais por, pelo menos,
duas razões: Primeiro, Deus não prometeu posse temporária, mas “eterna” da terra
(Gên. 17:8'). Em segundo lugar, os israelitas nunca possuíram no passado toda a terra
prometida “desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates” (Gên. 15:18).

A Natureza Condicional da Promessa Divina. A interpretação literalística acima das
promessas territoriais de Deus ignora primeiramente toda a sua natureza condicional. A
promessa de terra à descendência de Abraão era condicional a sua contínua obediência
aos requisitos de Seu concerto: “Disse mais Deus a Abraão: Guardarás a minha aliança,
tu e a tua descendência no decurso das suas gerações” (Gên. 17:9; cf. 18:19).

A natureza condicional da promessa de terra no concerto abrâmico é claramente
reconhecida nas Escrituras. Moisés, por exemplo, após a rebelião de Cades, lembrou à
nova geração que a desobediência impediria seus pais de entrarem na terra da promessa:
“Certamente nenhum dos homens desta maligna geração verá a boa terra que jurei dar a
vossos pais” (Deut. 1:35; cf. Núm. 14:22-23).

Antecipando a expulsão dos israelitas da terra por causa da desobediência, Moisés
admoestou o povo a “voltar para o Senhor”, o qual, por seu turno, se lembraria “da
aliança que jurou a teus pais” (Deut. 4:30-31; cf. Deut. 30:2, 3; I Reis 8:47-50).

A natureza condicional das promessas de Deus é talvez melhor declarada em Jeremias
18:9-10, onde o Senhor declara: “E no momento em que eu falar acerca de uma nação
ou de um reino, para o edificar e plantar, se ela fizer o que é mal perante mim, e não der
ouvidos à minha voz, então me arrependerei do bem que houvera dito lhe faria”.

Os princípios estabelecidos nesta passagem é de que as predições de Deus de bênção ou
maldição para uma nação condicionam-se à obediência ou desobediência. Obviamente,
é somente pela graça de Deus que os crentes podem cumprir as condições, mas
permanece o fato de que as condições existem e que ninguém tem o direito de remover
os “se’s” da Bíblia.

O Retorno em Descrença. Os dispensacionalistas recusam aplicar o princípio da
natureza condicional das promessas de Deus às predições concernentes ao retorno dos
judeus à Palestina. Eles apelam a textos tais como Ezequiel 22:17 e 36:24-28 para
argumentar que “os judeus devem ser reunidos à sua terra num condição de descrença.
A conversão nacional a Jesus Cristo, o seu Messias, não terá lugar até após serem
restaurados à terra”.

Em outras palavras, a restauração territorial dos judeus deve supostamente preceder sua
conversão ao Messias.

Infelizmente essa crença tem por base uma interpretação defeituosa de passagens
bíblicas. Por exemplo, a declaração encontrada em Ezequiel 22:19-20, “vos ajuntarei na
minha ira e no meu furor”, é tomada como referindo-se à atual emigração dos judeus à
Palestina em descrença.

Essa interpretação está errada por duas razões, pelo menos: Primeiramente, nos versos
precedentes Ezequiel não está descrevendo o futuro, mas a situação de seus
contemporâneos israelitas ao enumerar os seus pecados que causariam o serem
espalhados “entre as nações” (v. 15). Em segundo lugar, a reunião dos judeus “na minha
ira e no meu furor” refere-se não ao seu retorno à Palestina em descrença, mas à
inevitabilidade do juízo de Deus por sua desobediência, o que historicamente teve lugar
quando das invasões e cativeiro sob os babilônios.

Esta passagem não permite qualquer dúvida de que o propósito da reunião é o juízo, não
a restauração. Isto é tornado claro nos versos seguintes, onde o Senhor declara:
“Congregar-vos-ei, e assoprarei sobre vós o fogo do meu furor ; e sereis fundidos no
meio de Jerusalém” (Eze. 22:21). Destarte, a reunião em Ezequiel, à semelhança do
ajuntamento em Jeremias (8:14), não visa à restauração e salvação, mas ao juízo e
destruição.

É bem possível crer pessoalmente que o povo judeu tenha um direito moral ou histórico
à terra da Palestina e que Deus haja providencialmente dirigido o estabelecimento do
Estado de Israel, mas pode tal convicção ser legitimamente firmada em profecias
bíblicas? Para responder a esta indagação é necessário examinar brevemente pelo menos
algumas das profecias em geral apresentadas em apoio a essa crença.

Reajuntamento e Purificação. O segundo “texto prova” geralmente citado para dar
apoio ao ponto de vista do retorno em descrença é Eze. 36:24-25: “Tomar-vos-ei de
entre as nações e vos congregarei de todos os países, e vos trarei para a vossa terra.
Então aspergirei água pura sobre vós e ficareis purificados; de todas as vossas
imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificareis”. O fato de que a promessa de
restauração territorial precede a purificação espiritual do povo nesta passagem é tida
como significando que primeiro os judeus retornarão à Palestina em descrença, e
posteriormente serão purificados e redimidos.

Tal conclusão tem por base numa seqüência cronológica artificial que não pode
proceder da passagem. Ezequiel não está dizendo que o Senhor primeiro reajuntará os
israelitas e daí, num período subseqüente, os purificará. Ele simplesmente declara que
Deus fará duas coisas para o Seu povo: Ele os reunirá e os purificará. Nenhum indício é
dado de que os dois acontecimentos serão separados por um período de tempo
indefinido.

O contexto do capítulo sugere que o reajuntamento e purificação terão lugar ao mesmo
tempo, com a purificação espiritual precedendo, antes que seguindo-se, à reunião. “No
dia em que eu vos purificar de todas as vossas iniqüidades, então farei que sejam
habitadas as cidades e sejam edificados os lugares desertos” (Eze. 36:33). Observações
tais como estas claramente demonstram que Ezequiel 36:24-28 não oferece prova de
predição quanto ao retorno dos judeus em descrença à Palestina no século vinte.

Duas Perspectivas Bíblicas. Apoio adicional para essa conclusão é propiciada por dois
ensinos bíblicos básicos concernentes à terra da promessa. Primeiro, historicamente foi
a descrença que impediu que os israelitas entrassem na terra de Canaã (Núm. 14:23; Sal.
95:7, 11). Essa verdade é reiterada pelo autor de Hebreus ao destacar o fato de que a
descrença desqualifica qualquer um de entrar no descanso tipificado pelo sábado, seja o
descanso político na terra de Canaã (Heb. 3:18-19; 4:6-8) ou o descanso espiritual da
salvação (Heb. 4:3, 9, 10). Se a descrença impediu a entrada inicial na terra de Canaã,
dificilmente poderia propiciar a condição que se segue a um retorno a tal terra.

Em segundo lugar, Deus recompensa a obediência, não a desobediência, com os
privilégios da aliança. A restauração predita pelos profetas é condicional em caráter.
Israel será restaurado “se se converterem a ti de todo o seu coração e de toda a sua alma
na terra de seus inimigos” (1 Reis 8:48; cf. Oséias 11:10, 11; Deut. 30: 2, 3, 9, 10).

Uma “Segunda” Reunião. Outra profecia vista por muitos como texto-prova para a
presente reconstituição de Israel acha-se em Isaías 11:11: “Naquele dia o Senhor tornará
a estender a mão para resgatar o restante do seu povo, que for deixado, da Assíria, do
Egito, de Patros, da Etiópia, de Elão, de Sinear, de Hamate e das terras do mar”.

A referência de Isaías a um “segundo” ajuntamento do remanescente de Israel de muitas
nações é vista como tendo cumprimento hoje pela primeira vez com o retorno de alguns
judeus para o restaurado Estado de Israel. A última é vista como o prelúdio para o
ajuntamento final de Israel, que, para empregar as palavras de J. F. Walvoord, “terá sua
culminação quando o Messias de Israel retornar à terra em poder e glória para reinar”.

Esse ponto de vista repousa sobre o pressuposto de que um “segundo” ajuntamento
predito por Isaías não foi cumprido quando um fiel remanescente de Israel retornou de
Babilônia para Jerusalém em 536 A.C. sob Zorobabel e novamente em 457 A.C. sob
Esdras. Duas razões principais são geralmente dadas. Em primeiro lugar, o retorno do
exílio babilônico foi somente de uma nação, Babilônia, e não de “todas as nações” (Jer.
29:14; cf. Isa. 11:11). Em segundo lugar, o retorno do exílio babilônico foi um pálido
reflexo do grandioso retorno previsto por Ezequiel, Jeremias e Isaías.

Um Retorno “De Todas as Nações”. A primeira razão ignora três fatos significativos.
Primeiro, era costumeiro naquele tempo vender prisioneiros de guerra a outras nações,
de modo que fossem dispersados o máximo possível (Joel 3:7; Jer. 42-44; Eze. 27:13;
Amós 1:6, 9). Num retorno gradual do cativeiro seria natural que alguns dos judeus
amplamente dispersos retornassem à Palestina a partir de muitas nações. Isso é o que
aparentemente teve lugar após o exílio babilônico, uma vez que os que retornaram não
pertenciam exclusivamente à tribo de Judá, mas também a outras tribos (Esdras 2:59;
6Z:17; 1 Crôn. 9:33, 34).

Em segundo lugar, os profetas às vezes fundiam referências a um retorno da “terra de
seu cativeiro” (isto é, Babilônia) com um retorno de “todas as nações”, porque em suas
mentes essas expressões eram simplesmente modos variantes de descrever a condição
dos judeus no exílio e a prometida restauração divina. Um bom exemplo disso se acha
em Jeremias 30:10-11, onde as duas expressões são empregadas intercambiavelmente
na mesma passagem: “Não temas, pois, servo meu Jacó, . . . pois eis que te livrarei das
terras de longe, e à tua descendência da terra do exílio. . . . por isso darei cabo de todas
as nações dentre as quais te espalhei” (cf. Jer. 31:8, 11; 46:27).

Em terceiro lugar, aplicar literal e coerentemente a predição de Isaías de um “segundo”
ajuntamento de Israel de muitas nações ao retorno contemporâneo dos judeus à
Palestina requereria que os judeus destruíssem ou despojassem ou subjugassem os
filisteus, os edomitas, os moabitas e os amonitas, como declarado no contexto da
profecia de Isaías: “Antes voarão para sobre os ombros dos filisteus ao Ocidente; juntos
despojarão os filhos do Oriente; contra Edom e Moabe lançarão as suas mãos, e os
filhos dos Amom lhes serão sujeitos” (Isa. 11:14). Uma vez que essas nações há muito
desapareceram, é difícil ver como os judeus hoje poderiam cumprir literalmente a
predição de Isaías de um “segundo” ajuntamento.

Essa interpretação profética fantasiosa poderia ser evitada simplesmente pela cuidadosa
leitura do contexto, que claramente fala de um “segundo” retorno de um remanescente
da Assíria, em relação com o primeiro retorno do Egito sob o comando de Moisés:
“Haverá caminho plano para o restante do seu povo, que for deixado da Assíria, como o
houve para Israel no dia em que subiu da terra do Egito” (Isa. 11:16). A Assíria é
mencionada primeiro (também no v. 11) provavelmente porque Isaías escreveu essas
palavras após o Reino do Norte ter sido deportado para a Assíria em 721 AC. Desse
modo, esta profecia teve um cumprimento literal quando os israelitas retornaram do
cativeiro no sexto século A.C.

             LIMITADO RETORNO DO CATIVEIRO BABILÔNICO

A segunda razão mantém que o pequeno grupo de judeus que retornou à Palestina sob a
condução de Zorobabel em 536 A.C. e Esdras em 457 A.C. seria apenas um pálido
reflexo do grandioso retorno predito pelos profetas. Ademais, os judeus não
experimentaram a prosperidade econômica e fertilidade agrícola preditas pelos profetas
(Isa. 35:1; 61:4). As nações circunvizinhas não foram destruídas e continuam a ameaçar
os judeus vez após vez. Conseqüentemente, deve-se considerar um cumprimento
posterior aos eventos de nosso tempo.

O retorno dos judeus à terra está agora em progresso. Israel tornou-se o mais forte poder
militar do Oriente Médio. O solo está sendo recuperado após séculos de negligência,
mediante o desvio de água do Jordão para irrigar o deserto do Negev. Esses
desenvolvimentos têm levado muitos cristãos a crer que as profecias sobre a
restauração estão de fato tendo cumprimento hoje. Uma propaganda de viagem a Israel
em Christianity Today [Cristianismo hoje, popular revista evangélica americana] (de 27
de outubro de 1967) apropriadamente expressa essa crença popularizada: “Está a
Profecia Sendo Cumprida Nas Terras Bíblicas Hoje? Venha Ver”.
CUMPRIMENTO TRÍPLICE DAS PROFECIAS DE RESTAURAÇÃO

Dificilmente se negará que as profecias de restauração não foram completamente
cumpridas no período pós-exílico. É apropriado esperar um cumprimento mais
completo em época posterior. Todavia, ao buscar-se um cumprimento maior é
importante reconhecer que as profecias relativas à Terra de Canaã e à restauração de
Israel podem ter cumprimento tríplice: literal, figurado e antitípico.

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Desfazendo mitos sobre israel nas profecias dos tempos finais

  • 1. DESFAZENDO MITOS SOBRE ISRAEL NAS PROFECIAS DOS TEMPOS FINAIS Samuele Bacchiocchi Há fundamentação bíblica para interpretações populares de profecias referentes à restauração de Israel? Tal indagação é respondida com autoridade e consistência exegética neste artigo. Saiba também por que muitos judeus se sentem ofendidos com posturas de estudiosos cristãos ao interpretarem o papel futuro de Israel segundo tradicional visão escatológica de muitos intérpretes das profecias bíblicas. A maioria dos cristãos evangélicos crê que a restauração do Estado de Israel em 1948 representa a “peça fundamental” nas profecias do tempo do fim. Tal ponto de vista é vigorosamente ensinado por praticamente todos os pregadores populares atuais. Isso significa que caso o que se crê e prega amplamente na atualidade quanto ao papel de Israel na profecia baseia-se numa equivocada interpretação de importantes textos bíblicos, há urgente necessidade de expor as falhas de tal ensino. ISRAEL NA PROFECIA Crê-se amplamente entre cristãos evangélicos que o firme retorno dos judeus à Palestina durante este século, e o estabelecimento do Estado de Israel em 1948, representam um extraordinário cumprimento de promessas específicas do Velho Testamento feitas aos israelitas. Ademais, esse suposto cumprimento é visto como o prelúdio de eventos finais tais como o Arrebatamento Secreto, a Tribulação, a reedificação do Templo de Jerusalém, a conversão dos judeus, o Retorno de Cristo e o estabelecimento do reino milenial judaico assumido por Cristo sobre o trono de Davi em Jerusalém. Leon J. Wood adequadamente expressa esta opinião popular em The Bible and Future Events [A Bíblia e os eventos futuros]: “O mais claro sinal do retorno de Cristo é o moderno Estado de Israel. . . . Deve-se reconhecer que a cronologia de Deus poderia permitir que Israel estivesse na terra por muitos anos antes de levá-la ao desfrute de sua era gloriosa. Mas com a nação de fato ali, e com muitos fatores relacionados a isso ajustando-se a condições estabelecidas nas Escrituras para os últimos dias, . . . pode-se seguramente crer que a vinda de Cristo não está muito distante no futuro”. Hal Lindsey é até mais específico ao garantir que a restauração política de Israel em 1948 não é só “um dos muitos eventos importantes de nossa época”, mas, “o mais importante sinal profético para proclamar a era do retorno de Cristo”. Ele até predisse ousadamente em 1970 que “dentro de quarenta anos ou próximo disso a partir de 1948, todas essas coisas poderiam vir a ocorrer”. Um Acontecimento Notável. O retorno de muitos judeus à Palestina e o estabelecimento do Estado de Israel são acontecimentos muito notáveis, para dizer o mínimo. Assim, não admira que muitos cristãos e judeus vêem em tais eventos que se deram no Oriente Médio o cumprimento de profecias veterotestamentárias. Contudo, seria esta uma interpretação legítima das profecias?
  • 2. É bem possível crer pessoalmente que o povo judeu tenha um direito moral ou histórico à terra da Palestina e que Deus haja providencialmente dirigido o estabelecimento do Estado de Israel, mas pode tal convicção ser legitimamente firmada em profecias bíblicas? Para responder a esta indagação é necessário examinar brevemente pelo menos algumas das profecias em geral apresentadas em apoio a essa crença. PROFECIAS DO VELHO TESTAMENTO As Promessas de Deus aos Israelitas. Há, primeiramente, a promessa de Deus a Abraão de que seus descendentes herdariam “toda a terra de Canaã, em possessão perpétua” (Gên. 17:8; cf. 12:7; 13:15; 15:18'). Adicionalmente, há promessas em alguns dos profetas que falam de um “segundo” retorno dos israelitas (Isa. 11:11) a sua terra natal “de todas as nações” (Jer. 29:14). Os dispensacionalistas acreditam que esse predito retorno supostamente se dará em descrença (Eze. 36:24-26; cf. Jer. 30). Acham confirmação para tal posição no que se passa hoje em dia. As promessas de restauração são vistas como promessas incondicionais literais cujo cumprimento teve início pela primeira vez em 1948 com a dramática recuperação de parte da Palestina pelos judeus. A posse ou perda de posse anteriores da terra de Canaã pelos israelitas supostamente não cumprem as promessas territoriais por, pelo menos, duas razões: Primeiro, Deus não prometeu posse temporária, mas “eterna” da terra (Gên. 17:8'). Em segundo lugar, os israelitas nunca possuíram no passado toda a terra prometida “desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates” (Gên. 15:18). A Natureza Condicional da Promessa Divina. A interpretação literalística acima das promessas territoriais de Deus ignora primeiramente toda a sua natureza condicional. A promessa de terra à descendência de Abraão era condicional a sua contínua obediência aos requisitos de Seu concerto: “Disse mais Deus a Abraão: Guardarás a minha aliança, tu e a tua descendência no decurso das suas gerações” (Gên. 17:9; cf. 18:19). A natureza condicional da promessa de terra no concerto abrâmico é claramente reconhecida nas Escrituras. Moisés, por exemplo, após a rebelião de Cades, lembrou à nova geração que a desobediência impediria seus pais de entrarem na terra da promessa: “Certamente nenhum dos homens desta maligna geração verá a boa terra que jurei dar a vossos pais” (Deut. 1:35; cf. Núm. 14:22-23). Antecipando a expulsão dos israelitas da terra por causa da desobediência, Moisés admoestou o povo a “voltar para o Senhor”, o qual, por seu turno, se lembraria “da aliança que jurou a teus pais” (Deut. 4:30-31; cf. Deut. 30:2, 3; I Reis 8:47-50). A natureza condicional das promessas de Deus é talvez melhor declarada em Jeremias 18:9-10, onde o Senhor declara: “E no momento em que eu falar acerca de uma nação ou de um reino, para o edificar e plantar, se ela fizer o que é mal perante mim, e não der ouvidos à minha voz, então me arrependerei do bem que houvera dito lhe faria”. Os princípios estabelecidos nesta passagem é de que as predições de Deus de bênção ou maldição para uma nação condicionam-se à obediência ou desobediência. Obviamente, é somente pela graça de Deus que os crentes podem cumprir as condições, mas permanece o fato de que as condições existem e que ninguém tem o direito de remover
  • 3. os “se’s” da Bíblia. O Retorno em Descrença. Os dispensacionalistas recusam aplicar o princípio da natureza condicional das promessas de Deus às predições concernentes ao retorno dos judeus à Palestina. Eles apelam a textos tais como Ezequiel 22:17 e 36:24-28 para argumentar que “os judeus devem ser reunidos à sua terra num condição de descrença. A conversão nacional a Jesus Cristo, o seu Messias, não terá lugar até após serem restaurados à terra”. Em outras palavras, a restauração territorial dos judeus deve supostamente preceder sua conversão ao Messias. Infelizmente essa crença tem por base uma interpretação defeituosa de passagens bíblicas. Por exemplo, a declaração encontrada em Ezequiel 22:19-20, “vos ajuntarei na minha ira e no meu furor”, é tomada como referindo-se à atual emigração dos judeus à Palestina em descrença. Essa interpretação está errada por duas razões, pelo menos: Primeiramente, nos versos precedentes Ezequiel não está descrevendo o futuro, mas a situação de seus contemporâneos israelitas ao enumerar os seus pecados que causariam o serem espalhados “entre as nações” (v. 15). Em segundo lugar, a reunião dos judeus “na minha ira e no meu furor” refere-se não ao seu retorno à Palestina em descrença, mas à inevitabilidade do juízo de Deus por sua desobediência, o que historicamente teve lugar quando das invasões e cativeiro sob os babilônios. Esta passagem não permite qualquer dúvida de que o propósito da reunião é o juízo, não a restauração. Isto é tornado claro nos versos seguintes, onde o Senhor declara: “Congregar-vos-ei, e assoprarei sobre vós o fogo do meu furor ; e sereis fundidos no meio de Jerusalém” (Eze. 22:21). Destarte, a reunião em Ezequiel, à semelhança do ajuntamento em Jeremias (8:14), não visa à restauração e salvação, mas ao juízo e destruição. É bem possível crer pessoalmente que o povo judeu tenha um direito moral ou histórico à terra da Palestina e que Deus haja providencialmente dirigido o estabelecimento do Estado de Israel, mas pode tal convicção ser legitimamente firmada em profecias bíblicas? Para responder a esta indagação é necessário examinar brevemente pelo menos algumas das profecias em geral apresentadas em apoio a essa crença. Reajuntamento e Purificação. O segundo “texto prova” geralmente citado para dar apoio ao ponto de vista do retorno em descrença é Eze. 36:24-25: “Tomar-vos-ei de entre as nações e vos congregarei de todos os países, e vos trarei para a vossa terra. Então aspergirei água pura sobre vós e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificareis”. O fato de que a promessa de restauração territorial precede a purificação espiritual do povo nesta passagem é tida como significando que primeiro os judeus retornarão à Palestina em descrença, e posteriormente serão purificados e redimidos. Tal conclusão tem por base numa seqüência cronológica artificial que não pode proceder da passagem. Ezequiel não está dizendo que o Senhor primeiro reajuntará os israelitas e daí, num período subseqüente, os purificará. Ele simplesmente declara que
  • 4. Deus fará duas coisas para o Seu povo: Ele os reunirá e os purificará. Nenhum indício é dado de que os dois acontecimentos serão separados por um período de tempo indefinido. O contexto do capítulo sugere que o reajuntamento e purificação terão lugar ao mesmo tempo, com a purificação espiritual precedendo, antes que seguindo-se, à reunião. “No dia em que eu vos purificar de todas as vossas iniqüidades, então farei que sejam habitadas as cidades e sejam edificados os lugares desertos” (Eze. 36:33). Observações tais como estas claramente demonstram que Ezequiel 36:24-28 não oferece prova de predição quanto ao retorno dos judeus em descrença à Palestina no século vinte. Duas Perspectivas Bíblicas. Apoio adicional para essa conclusão é propiciada por dois ensinos bíblicos básicos concernentes à terra da promessa. Primeiro, historicamente foi a descrença que impediu que os israelitas entrassem na terra de Canaã (Núm. 14:23; Sal. 95:7, 11). Essa verdade é reiterada pelo autor de Hebreus ao destacar o fato de que a descrença desqualifica qualquer um de entrar no descanso tipificado pelo sábado, seja o descanso político na terra de Canaã (Heb. 3:18-19; 4:6-8) ou o descanso espiritual da salvação (Heb. 4:3, 9, 10). Se a descrença impediu a entrada inicial na terra de Canaã, dificilmente poderia propiciar a condição que se segue a um retorno a tal terra. Em segundo lugar, Deus recompensa a obediência, não a desobediência, com os privilégios da aliança. A restauração predita pelos profetas é condicional em caráter. Israel será restaurado “se se converterem a ti de todo o seu coração e de toda a sua alma na terra de seus inimigos” (1 Reis 8:48; cf. Oséias 11:10, 11; Deut. 30: 2, 3, 9, 10). Uma “Segunda” Reunião. Outra profecia vista por muitos como texto-prova para a presente reconstituição de Israel acha-se em Isaías 11:11: “Naquele dia o Senhor tornará a estender a mão para resgatar o restante do seu povo, que for deixado, da Assíria, do Egito, de Patros, da Etiópia, de Elão, de Sinear, de Hamate e das terras do mar”. A referência de Isaías a um “segundo” ajuntamento do remanescente de Israel de muitas nações é vista como tendo cumprimento hoje pela primeira vez com o retorno de alguns judeus para o restaurado Estado de Israel. A última é vista como o prelúdio para o ajuntamento final de Israel, que, para empregar as palavras de J. F. Walvoord, “terá sua culminação quando o Messias de Israel retornar à terra em poder e glória para reinar”. Esse ponto de vista repousa sobre o pressuposto de que um “segundo” ajuntamento predito por Isaías não foi cumprido quando um fiel remanescente de Israel retornou de Babilônia para Jerusalém em 536 A.C. sob Zorobabel e novamente em 457 A.C. sob Esdras. Duas razões principais são geralmente dadas. Em primeiro lugar, o retorno do exílio babilônico foi somente de uma nação, Babilônia, e não de “todas as nações” (Jer. 29:14; cf. Isa. 11:11). Em segundo lugar, o retorno do exílio babilônico foi um pálido reflexo do grandioso retorno previsto por Ezequiel, Jeremias e Isaías. Um Retorno “De Todas as Nações”. A primeira razão ignora três fatos significativos. Primeiro, era costumeiro naquele tempo vender prisioneiros de guerra a outras nações, de modo que fossem dispersados o máximo possível (Joel 3:7; Jer. 42-44; Eze. 27:13; Amós 1:6, 9). Num retorno gradual do cativeiro seria natural que alguns dos judeus amplamente dispersos retornassem à Palestina a partir de muitas nações. Isso é o que aparentemente teve lugar após o exílio babilônico, uma vez que os que retornaram não
  • 5. pertenciam exclusivamente à tribo de Judá, mas também a outras tribos (Esdras 2:59; 6Z:17; 1 Crôn. 9:33, 34). Em segundo lugar, os profetas às vezes fundiam referências a um retorno da “terra de seu cativeiro” (isto é, Babilônia) com um retorno de “todas as nações”, porque em suas mentes essas expressões eram simplesmente modos variantes de descrever a condição dos judeus no exílio e a prometida restauração divina. Um bom exemplo disso se acha em Jeremias 30:10-11, onde as duas expressões são empregadas intercambiavelmente na mesma passagem: “Não temas, pois, servo meu Jacó, . . . pois eis que te livrarei das terras de longe, e à tua descendência da terra do exílio. . . . por isso darei cabo de todas as nações dentre as quais te espalhei” (cf. Jer. 31:8, 11; 46:27). Em terceiro lugar, aplicar literal e coerentemente a predição de Isaías de um “segundo” ajuntamento de Israel de muitas nações ao retorno contemporâneo dos judeus à Palestina requereria que os judeus destruíssem ou despojassem ou subjugassem os filisteus, os edomitas, os moabitas e os amonitas, como declarado no contexto da profecia de Isaías: “Antes voarão para sobre os ombros dos filisteus ao Ocidente; juntos despojarão os filhos do Oriente; contra Edom e Moabe lançarão as suas mãos, e os filhos dos Amom lhes serão sujeitos” (Isa. 11:14). Uma vez que essas nações há muito desapareceram, é difícil ver como os judeus hoje poderiam cumprir literalmente a predição de Isaías de um “segundo” ajuntamento. Essa interpretação profética fantasiosa poderia ser evitada simplesmente pela cuidadosa leitura do contexto, que claramente fala de um “segundo” retorno de um remanescente da Assíria, em relação com o primeiro retorno do Egito sob o comando de Moisés: “Haverá caminho plano para o restante do seu povo, que for deixado da Assíria, como o houve para Israel no dia em que subiu da terra do Egito” (Isa. 11:16). A Assíria é mencionada primeiro (também no v. 11) provavelmente porque Isaías escreveu essas palavras após o Reino do Norte ter sido deportado para a Assíria em 721 AC. Desse modo, esta profecia teve um cumprimento literal quando os israelitas retornaram do cativeiro no sexto século A.C. LIMITADO RETORNO DO CATIVEIRO BABILÔNICO A segunda razão mantém que o pequeno grupo de judeus que retornou à Palestina sob a condução de Zorobabel em 536 A.C. e Esdras em 457 A.C. seria apenas um pálido reflexo do grandioso retorno predito pelos profetas. Ademais, os judeus não experimentaram a prosperidade econômica e fertilidade agrícola preditas pelos profetas (Isa. 35:1; 61:4). As nações circunvizinhas não foram destruídas e continuam a ameaçar os judeus vez após vez. Conseqüentemente, deve-se considerar um cumprimento posterior aos eventos de nosso tempo. O retorno dos judeus à terra está agora em progresso. Israel tornou-se o mais forte poder militar do Oriente Médio. O solo está sendo recuperado após séculos de negligência, mediante o desvio de água do Jordão para irrigar o deserto do Negev. Esses desenvolvimentos têm levado muitos cristãos a crer que as profecias sobre a restauração estão de fato tendo cumprimento hoje. Uma propaganda de viagem a Israel em Christianity Today [Cristianismo hoje, popular revista evangélica americana] (de 27 de outubro de 1967) apropriadamente expressa essa crença popularizada: “Está a Profecia Sendo Cumprida Nas Terras Bíblicas Hoje? Venha Ver”.
  • 6. CUMPRIMENTO TRÍPLICE DAS PROFECIAS DE RESTAURAÇÃO Dificilmente se negará que as profecias de restauração não foram completamente cumpridas no período pós-exílico. É apropriado esperar um cumprimento mais completo em época posterior. Todavia, ao buscar-se um cumprimento maior é importante reconhecer que as profecias relativas à Terra de Canaã e à restauração de Israel podem ter cumprimento tríplice: literal, figurado e antitípico.