Este documento apresenta fotografias e descreve a beleza da linha ferroviária do Tua e do rio entre as estações de Tua e Ribeirinha. A linha acompanha de perto as curvas do rio através de túneis, pontes e cortes na rocha. No entanto, o estado de abandono da linha e das estações é evidente. Uma barragem planeada irá inundar parte deste património cultural e natural.
1. Toda esta beleza é “TUA” Na sequência de vários postais que vos tenho destinado, “Vila do Conde é um poema”, “Vila Flor em dia de noivado”, “Açores, tesouro no Atlântico”, “O Douro sob o meu olhar”, entre outros, proponho-me hoje a escrever mais um, alusivo ao rio Tua e à inseparável, até hoje, linha com o mesmo nome. Viso apenas o trecho mais acidentado, mais selvagem, compreendido entre a estações do Tua e Ribeirinha, cerca de 30 quilómetros, reunindo um bloco de fotografias que retratam toda a beleza do percurso. Por uma questão de orientação, para melhor se situarem neste roteiro, esclareço que quando, nas fotografias, a linha se situar do lado direito do rio, estamos voltados para montante (sentido ascendente), como neste caso. Quando se situar do lado esquerdo, é o contrário, estamos voltados, portanto, para jusante (sentido descendente).
2. Apertem bem os ténis e iniciemos então a caminhada a partir da estação do Tua, em direcção a montante.
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4. Foz do rio Tua, vendo-se ao fundo a ponte da linha do Douro.
5. Eis a beleza do primeiro túnel, uma obra d’arte, escavado na escarpa granítica e reparem também no penhasco do lado esquerdo.
19. A beleza da linha suspensa na escarpa, à passagem duma composição do Metro de Mirandela, vendo-se a abertura do túnel de Tralhariz, no lado direito.
20. Um dos quatro ou cinco túneis a vencer o maciço rochedo.
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22. Não passa despercebida a simetria da abóbada do túnel, bem visível em contraste de dentro para fora.
42. Trecho rectilíneo da linha, algures entre Brunheda e Codeçais, pouco frequente neste percurso, indiciando a aproximação de terreno mais plano.
43. Estação de Codeçais. O autor tomou aqui o combóio muitas vezes, depois de percorrer cerca de quatro quilómetros por caminhos sinuosos, vindo de Folgares, passando pelas aldeias de Pereiros e Codeçais.
44. Ponte da Cabreira, sob a qual passa uma ribeira, afluente do rio Tua, que passa em Freixiel, Vila Flor, freguesia da naturalidade do autor.
53. Perspectiva a partir da ponte rodoviária de Abreiro, em direcção a montante. A seta indica o que resta de uma ponte que ali existiu antes da actual.
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55. Já é visível a aproximação de terreno mais plano, algures entre Abreiro e Ribeirinha.
56. Chegámos ao destino. Como podem ver o terreno já é plano, em direcção a Mirandela. Estação de Ribeirinha.
60. Em jeito de conclusão, ao longo do percurso, como devem ter notado, não obstante toda a beleza do desfiladeiro, é bem visível o estado de abandono deste importante património, quer no que se refere à linha, quer quanto às instalações das estações. Até aos anos 70 do século passado, ainda me lembro bem, a linha estava cuidada, as instalações, no contexto da época, eram um luxo, tal era o seu estado de conservação, e eram utilizadas pelos funcionários da CP, quer como espaço de trabalho, quer como residências. Os espaços envolventes das estações estavam caprichosamente ajardinadas, onde dava gosto estar enquanto se aguardava a chegado do combóio. Para cúmulo, para grande tristeza de muitos, em que eu estou incluído, vai aqui ser construída uma barragem, neste trecho de rio visível, depois do túnel, cuja albufeira vai submergir a linha. Assim, as imagens que vos proporcionei, dentro em breve, passarão a ser recordações deste tesouro submerso. Se estiver ao vosso alcance fazer alguma coisa para o evitar… Passando as imagens para os vossos contactos, por exemplo, como forma de sensibilizar a opinião pública, tantas vezes importante para pressionar a classe política a desistir das suas desastrosas decisões, como esta. Estações essas que outrora foram palco de tantas emoções: As lágrimas de tristeza dos que partiam, muitas vezes para nunca mais regressarem e, ao invés, as lágrimas de alegria para os que tinham a sorte de voltar.
61. Gostei da vossa companhia. Até breve. Fotografias: Pesquisadas no windows internet explorer. Música: ABBA ( Tiger). Edição: Manuel Sousa, Folgares, Vila Flor. Janeiro 2011 F I M