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Curso de Especialização em Turismo e
    Desenvolvimento Sustentável

       Universidade Federal de Minas Gerais
             Instituto de Geociências
            Departamento de Geografia




               Yash Rocha Maciel




   CAXAMBU, TURISMO ALÉM DAS ÁGUAS
                  MINERAIS.
     POTENCIALIDADES E ENTRAVES.




                 Belo Horizonte
                      2008
Curso de Especialização em Turismo e
    Desenvolvimento Sustentável


                 Yash Rocha Maciel




   Caxambu, turismo além das águas minerais.
         Potencialidades e entraves.




              Monografia apresentada ao Programa
              de Pós-graduação em Geografia do
              Instituto de Geociências da Universidade
              Federal de Minas Gerais como requisito
              parcial para obtenção do título de
              especialista      em      Turismo      e
              Desenvolvimento Sustentável
              Orientador: Prof. Dr. Allaoua Saadi




                      Belo Horizonte
           Instituto de Geociências da UFMG
                           2008
EPÍGRAFE




“a paisagem estudada sobre o ponto de vista estético deve fugir daquela genuinamente
                                  “bela” e profana que é montada como um cenário”


                                                                   Mariana Lacerda
Agradecimentos
Agradeço,



primeiramente a Deus por todas as bênçãos que me concedeu, aos meus pais, Paulo Maciel
Junior e Sandra Chaves Rocha, a minha avó Maria Lúcia Chaves Rocha, minha tia Sônia
Chaves Rocha e meus irmão Yam Lucas Maciel e Yuri Chaves que sempre me apoiaram em
cada etapa da minha vida, me ajudando e incentivando. Ao meu orientador Professor Allaoua
Saadi pela paciência e conversas que muito me ajudaram a prosseguir os estudos nesta área. A
todos os professores do curso de Turismo e Desenvolvimento Sustentável, pela contribuição
em minha formação das mais diferentes maneiras (aulas, trabalhos de campo, exemplos de
vida,...). Ao colega de sala Rodrigo, pelas explanações sempre poéticas sobre o turismo e
paisagem.


Enfim, a todos que participam positivamente da minha vida. Muito Obrigado.
Resumo
O presente estudo faz um diagnóstico do município de Caxambu, em seus aspectos físicos,
bióticos e socioeconômicos, trazendo a tona as problemáticas e os pontos importantes para
que o município retome sua função de atração de empreendimentos, pensamentos e ações
voltadas para seu principal viés econômico, o turismo. Caxambu encontra-se favoravelmente
posicionado no contexto geográfico do estado de Minas Gerais, ainda assim, a falta de um
planejamento técnico e democrático fez com que o município perdesse o foco de sua
evolução. Rodeado por fatores atrativos como serras, cachoeiras, remanescentes de mata
atlântica e cerrado, além de suas águas minerais e seu povo hospitaleiro, não só Caxambu,
mas todos municípios integrantes do Circuito das Águas carecem de imersões por parte dos
planejadores dos setores públicos, privados, acadêmicos e não governamentais. Para que o
potencial real que existe na região do sul de Minas, não continue sendo uma possibilidade
longínqua mais de desenvolvimento.


                                          Abstract

This study makes a diagnosis of the city of Caxambu, in terms of physical, biotic and socio-
economic and presents the problems and the important points to the municipality to restart
the function to attract businesses, thoughts and actions towards its main economic and tourism
topics. Caxambu is favorably positioned in the geographical context of the state of Minas
Gerais, but the lack of a democratic and technical planning has made the city lost the focus of
its development. Surrounded by attractive factors such as mountains, waterfalls, remnants of
rainforest and cerrado, in addition to its mineral waters and its friendly people, not only
Caxambu, but all municipality members of the Circuito das Águas have a lack of incentive
by the planners of the public, private , academics and NGOs sectors. For the true potential
that exists in the southern region Minas Gerais don’t be a distant possibility of more
development.
SUMÁRIO
1.      INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................9
     1.1.      PROBLEMÁTICA E JUSTIFICATIVA................................................................ 11
     1.2.   OBJETIVOS .............................................................................................. 11
        1.2.1.  GERAL.............................................................................................. 11
        1.2.2.  ESPECÍFICOS .................................................................................... 11
2.      REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................................13
     2.1.      A ÁGUA MINERAL PARA O TURISMO ............................................................ 13
     2.2.      DESAFIOS DO PLANEJAMENTO PARA O TURISMO .......................................... 15
     2.3.      INTERPRETAÇÃO DA PAISAGEM PARA O TURISMO ......................................... 18
     2.4.      CARTOGRAFIA PARA O TURISMO................................................................. 22
3.      METODOLOGIA..........................................................................................................................24
4.      DIAGNÓSTICO MUNICIPAL....................................................................................................29
     4.1.   CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO............................................................... 29
        4.1.1.  HISTÓRICO....................................................................................... 29
        4.1.2.  LOCALIZAÇÃO ................................................................................... 31
        4.1.3.  GEOLOGIA ........................................................................................ 33
        4.1.4.  CLIMA E HIDROGRAFIA ...................................................................... 35
        4.1.5.  GEOMORFOLOGIA .............................................................................. 39
        4.1.6.  PEDOLOGIA, VEGETAÇÃO, USO E OCUPAÇÃO DO SOLO .......................... 42
        4.1.7.  MEIO SÓCIO-ECONÔMICO .................................................................. 48
     4.2.      CONCLUSÃO DO DIAGNÓSTICO .................................................................. 56
5.   POTENCIALIDADES E ENTRAVES PARA A EXPANSÃO DA ATIVIDADE TURÍSTICA
– ANÁLISE ESPACIAL DE CAXAMBU ..............................................................................................58
     5.1.   PORÇÃO NORTE ........................................................................................ 58
        5.1.1.  CARACTERIZAÇÃO DOS COMPONENTES DA PAISAGEM PARA O TURISMO .. 58
        5.1.2.  POTENCIALIDADES E ENTRAVES .......................................................... 60
     5.2.   PORÇÃO CENTRAL..................................................................................... 61
        5.2.1.  CARACTERIZAÇÃO DOS COMPONENTES DA PAISAGEM PARA O TURISMO .. 61
        5.2.2.  POTENCIALIDADES E ENTRAVES .......................................................... 69
     5.3.   PORÇÃO SUL ............................................................................................ 77
        5.3.1.  CARACTERIZAÇÃO DOS COMPONENTES DA PAISAGEM PARA O TURISMO .. 77
        5.3.2.  POTENCIALIDADES E ENTRAVES .......................................................... 79
6.      CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................80
7.      REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................................86
8.      ANEXOS ........................................................................................................................................88
     8.1.      ANEXO 1 - PLANTA SÍNTESE DAS PORÇÕES NORTE E SUL .............................. 89
SUMÁRIO DE FIGURAS
Figura 3.1 – Metodologia para caracterização da paisagem. Fonte: Adaptado de
FERNANDES (2000). .................................................................................................... 26
Figura 3.2 – Porções estudadas....................................................................................... 27
Figura 4.1 - Início da obra da fonte Duque de Saxe. ...................................................... 30
Figura 4.2 – Mapa de localização do município............................................................. 32
Figura 4.3 – Articulação viária. ...................................................................................... 33
Figura 4.4 - Porções de quartzito muito alteradas. ......................................................... 34
Figura 4.5 - Morro do Caxambu formado por gnaisse. .................................................. 34
Figura 4.6 – Processo de mineralização das águas. ........................................................ 35
Figura 4.7 – Mapa hidrográfico. ..................................................................................... 38
Figura 4.8 – Mapa hipsométrico. .................................................................................... 41
Figura 4.9 - Vegetação ciliar localizada ao norte do município às margens do rio
Baependi. ........................................................................................................................ 45
Figura 4.10 – Mapa de solos de Caxambu...................................................................... 47
Figura 4.11 – População Economicamente Ativa - PEA ocupada por setores econômicos
em Caxambu. .................................................................................................................. 49
Figura 4.12 - Produto Interno Bruto – PIB de Caxambu a preços correntes, 1998-2002.
Unidade R$(mil). ............................................................................................................ 50
Figura 4.13 – Arrecadação da CFEM entre 2003 e 2006. .............................................. 52
Figura 4.14 – Concentração da população por faixas etárias de Caxambu, 2000. ......... 54
Figura 5.1 – Fonte D. Leopoldina................................................................................... 62
Figura 5.2 - Fonte D. Pedro. ........................................................................................... 62
Figura 5.3 - Fonte Viotti. ................................................................................................ 63
Figura 5.4 - Fonte Duque de Saxe. ................................................................................. 63
Figura 5.5 - Fonte Mayrink............................................................................................. 64
Figura 5.6 – Fonte Conde D’EU e Princesa Isabel. ........................................................ 65
Figura 5.7 – Fonte Beleza. .............................................................................................. 65
Figura 5.8 - Fonte Venâncio. .......................................................................................... 66
Figura 5.9 – Fonte Ernestina Guedes.............................................................................. 66
Figura 5.10 – Gêiser Floriano Lemos. ............................................................................ 67
Figura 5.11 – Balneário Hidroterápico. .......................................................................... 67
Figura 5.12 – Igreja Santa Isabel da Hungria, construída em homenagem a rainha da
Hungria. .......................................................................................................................... 68
Figura 5.13 – Praça 16 de setembro................................................................................ 68
Figura 5.14 - Escola Padre Correia de Almeida. ............................................................ 68
Figura 5.15 - Cadeira do Chico Cascateiro..................................................................... 69
Figura 5.16 - Estatueta do Conselheiro Mayrink............................................................ 69
Figura 5.17 – Paredes pichadas das instalações do topo do morro Caxambu. ............... 72
Figura 5.18 – Teleférico do parque das águas. ............................................................... 72
Figura 5.19 – Ocupações no sopé do morro Caxambu. .................................................. 72
Figura 5.20 – Rodoviária sem contexto e mal conservada. ............................................ 73
Figura 5.21 – Pontos de ônibus mal posicionados e mal cuidados................................. 73
Figura 5.22 – Pavimentação precária.............................................................................. 73
Figura 5.23 – Aterro controlado de Caxambu. ............................................................... 74
Figura 5.24 - Vista geral do centro de convenções......................................................... 74
Figura 5.25 – Secretaria Municipal de Turismo de Caxambu. ....................................... 76
Figura 6.1 – Circuito das Águas. .................................................................................... 82
Figura 6.2 – Mapa da Estrada Real. Fonte: www.estradareal.org.br.............................. 84

SUMÁRIO DE TABELAS
Tabela 4.1 – Significados do nome de Caxambu. Fonte: IEPHA – MG (Processo de
tombamento do Conjunto Paisagístico e Arquitetônico do Parque das Águas de
Caxambu -1998). ............................................................................................................ 31
Tabela 4.2 - População Total, População Urbana, População Rural e Grau de
Urbanização. ................................................................................................................... 53
Tabela 4.3 - Nível Educacional da População Jovem, 1991 e 2000 de Caxambu. Fonte:
Microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD, do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. ................................................................. 56
1.INTRODUÇÃO
Quando a bandeira do turismo é levantada como forma de diversificação das atividades
econômicas em um município, muitas especulações fazem com que potencialidades se
tornem frustrações ao longo de um processo mal planejado de exploração. A atividade
turística é conhecida como o deslocamento de pessoas de um lugar para o outro, em
busca de refúgios alternativos ao cotidiano e satisfação de necessidades muito próprias
que variam de acordo com a carga de vida do turista. Para SOUZA e CORRÊA (1998),
“turismo é o deslocamento de pessoas isoladas ou em grupos de um lugar para o outro,
por diferentes motivos e interesses, permitindo o intercâmbio de cultura e união entre os
povos”.


Desta forma, tem-se que o turismo tomou um caráter mais holístico durante o passar dos
tempos e deixou de ser uma atividade apenas contemplativa. Inserindo-se assim na vida
das pessoas como mais uma forma de convívio social, capaz de trazer novas
perspectivas de vida para todos os envolvidos na atividade. O turismo é multidisciplinar
e deve buscar a interdisciplinaridade, que trará assim a conexão entre os componentes
formadores da paisagem vivida e os viventes da mesma.


Geralmente, os municípios com potencialidades turísticas passam primeiro por um
processo de demanda espontânea de atratividade de pessoas. E nesse vácuo, vão sendo
construídas as características de aproveitamento da atividade que, se não forem
direcionadas de maneira correta, podem ser aproveitadas de forma equivocada.
Trazendo assim, péssimas conseqüências tanto ao meio onde se da o turismo, como para
as pessoas envolvidas.


O município de Caxambu é explorado pelo turismo há tempos, e a demanda foi gerada
pelo componente geofísico água mineral, alinhada a potencialidade de estar no
alinhamento da estrada real, mais especificamente no caminho velho que inicia em
Diamantina e finaliza em Paraty. Desta maneira, o município foi por muito tempo um
referencial no que diz respeito a destinos turísticos.


Não há como descrever o surgimento do município de Caxambu sem tangenciar sua




                                              9
formação geológica, sempre que o nome do mesmo é citado ou visto a relação com as
águas minerais logo é feita.


Como a associação/interpretação geológica era pouco desenvolvida à época de seu
descobrimento, o que sempre teve destaque na divulgação do município foi o poder de
cura de suas fontes que juntas, detêm para muitos, o título de maior diversidade de
águas minerais do mundo. Totalizando 12 fontes em exploração.


A cronologia exposta para o município em seu site oficial demonstra a importância da
descoberta das águas para o surgimento do mesmo, que culminou com a chegada da
Princesa Isabel em 1868 que, sabendo do potencial curativo das águas, buscou sanar-se
de uma possível infertilidade. A Princesa curou-se da anemia e engravidou, lançando
assim, a pedra fundamental para a construção da Igreja de Santa Isabel que hoje é
patrimônio tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio histórico - IEPHA.


Por essas e outras, o município encontrou no turismo de saúde uma fonte de
empregabilidade e de geração de renda, mas, por razões ainda não contornadas, esse
tipo de turismo entrou em decadência e o Circuito das Águas passa por dificuldades.
Isso se deve, pois, os municípios que compõem o mesmo não se preparam para atrair
outros tipos de público e, precisam ainda, reinventar o turismo em função das águas e
seus poderes “milagrosos”. Além disso, a má gestão pública e a falta de investimento do
estado e união culminaram com o surgimento de problemas estruturais difíceis de serem
resolvidos.


A não diversificação da atividade turística e a falta de cuidado com a expansão urbana
nas proximidades da sede municipal foram, entre outros, alguns dos principais fatores
preponderantes para a diminuição do fluxo turístico para Caxambu. Mas, nada disso é
mais importante do que a necessidade de um planejamento a longo prazo que envolva a
comunidade local com o turismo de forma mais profissional e direcionada. Para que
isso ocorra, as ações coordenadas entre o poder público e as empresas privadas que
usufruem da atividade no município devem sempre ser tomadas com o apoio técnico e
tecnológico necessário. Não deixando é claro, de incitar a participação da sociedade
civil em todo o processo.




                                          10
Além de Caxambu, outras instâncias hidrominerais deixaram de crescer através da
atividade turística, muito em função da falta de aprofundamento do real potencial de
cura de suas águas minerais. Esse aspecto tem sido um dos principais entraves para que
o Circuito das Águas se afirme como região atrativa.



   1.1.PROBLEMÁTICA E JUSTIFICATIVA
Mas, até que ponto a água mineral é capaz de dar sustentação ao turismo como
atividade geradora de emprego e renda no município? Quais são as medidas que estão
sendo tomadas para a proteção da mesma? Quais são as outras possibilidades de se
desenvolver o turismo fora da sede municipal, fazendo com que o meio rural também se
beneficie da atividade? São questões que permeiam um planejamento de médio a longo
prazo, que também deve prever a diversificação das categorias de atividades turísticas
condizentes com o que o município pode oferecer.


Diante da contextualização e da problemática exposta, o presente trabalho torna-se
necessário pois, o município precisa criar alternativas para fazer com que o turista tenha
uma gama variada de opções que podem ser criadas a partir das potencialidades
existentes em seu território e na região de entorno. Fazendo com que Caxambu não seja
mais refém de um único segmento de turismo.



   1.2.OBJETIVOS

       1.2.1.GERAL
Gerar um diagnóstico da situação do turismo no município e caracterizar as feições da
paisagem que podem ser apropriadas para a atividade turística, montando ao final uma
planta que espacialize essas informações. A partir dessa identificação, serão definidas as
potencialidades e entraves para que essa utilização aconteça dentro de um planejamento
coerente.

       1.2.2.ESPECÍFICOS
   •   Caracterização dos componentes biofísicos e do uso e ocupação do solo no
       município;
   •   definição das feições da paisagem que podem ser apropriadas para o




                                           11
desenvolvimento das vertentes do turismo no meio rural (Ecoturismo, Turismo
    de Aventura, Turismo Rural); e
•   indicação das potencialidades e fatores limitantes (entraves) do uso das feições
    da paisagem para o turismo no município;




                                       12
2.REFERENCIAL TEÓRICO
     2.1.A ÁGUA MINERAL PARA O TURISMO
O turismo em Caxambu surgiu em função de suas águas minerais, mas, até que ponto a
água mineral é atrativa de turistas e até onde as pessoas que procuram os locais para
consumi-la estão cientes dessa função da mesma?


Primeiramente, é necessário entender que as águas minerais sempre foram famosas por
suas propriedades terapêuticas, e não por um componente que pode ser formatado para
o turismo. Logicamente, as localidades onde as mesmas ascendem à superfície, podem
fazer dessa peculiaridade um diferencial a mais para uma vocação turística que deve ser
tratada além desse componente geofísico.


Além dessa questão, a medicina ainda é tímida na utilização da crenoterapia1 para
tratamentos médicos. O que se vê é a indicação das águas como sendo uma ajuda no
tratamento de certas patologias, mas nada em uma escala a ponto de colocá-las em
competição com as práticas medicinais contemporâneas e com a indústria farmacêutica.


Em artigo publicado (in memoriam) em 1956, do médico crenólogo Dr. Lysandro
Cardoso Guimarães, na sinopse do I Concurso Nacional de Monografias “O Poder
Curativo das Águas Minerais” (Caxambu: Prefeitura Municipal de Caxambu, 1989), o
autor já demonstrava sua preocupação em relação à crença médica sobre o real poder de
cura das águas minerais, e cita:


                                   A incredulidade da maioria dos médicos brasileiros tem sido a nossa maior
                                   barreira, em contraposição à credulidade popular que (....) tem sido o fator de
                                   estímulo ao desenvolvimento de nossas estâncias como cidades de cura. Nos
                                   países europeus, a classe médica é a vanguardeira desses estudos que
                                   constituem assunto de real interesse em todas as universidades. Nós, pelo
                                   contrário, somos caudatários remotos dessas conquistas e, por isso mesmo,
                                   não podemos apresentar trabalhos à altura das modernas descobertas
                                   científicas; contudo, essa carência de estudos e pesquisas só poderá ser


1
 A crenoterapia é o tratamento feito através de ingestão e banho de águas minerais. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Crenoterapia
Acesso em 12/07/2008.




                                                                13
sanada no dia em que os médicos brasileiros volverem seus olhos para esses
                       problemas, ... (apud in NETO, 2003. p27)


Segundo NETO (2003), “as águas minerais devem ser consideradas como águas
subterrâneas especiais, uma vez que, além de atender aos demais usos tradicionais,
apresentam propriedades terapêuticas”p.24. Diante dessa afirmação, o planejamento
dos municípios que têm na água mineral seu ponto forte para o turismo, deve levar em
consideração algumas questões, como por exemplo:


   1. o público que procura às águas minerais deve ser intensamente estudado, para
       que se possa implementar ações que venham a suprir o anseio terapêutico que o
       mesmo tem em relação à água mineral;
   2. a medicina local tem que se especializar em função da utilização das águas para
       o uso medicinal;
   3. o turismo deve procurar se diversificar para não se tornar refém de um único
       tipo de público e de segmento turístico.


Feitas essas etapas, a qualidade dos resultados da estadia dos turistas no município
estará a cargo do receptivo local, que tem nesse momento a oportunidade de mostrar ao
turista, outras possibilidades de se fazer turismo na região, além de ter a
responsabilidade de deixar claro o bem estar que a estadia do mesmo no município vai
causar. Não só pelo descanso que os municípios proporcionam e consumo das águas e
suas propriedades especiais, mas pelas opções variadas de interação com outros
segmentos turísticos possíveis de serem aproveitados.


Mas, é também nesse momento que a falta de uma aplicação mais difundida da
crenoterapia e da popularização científica das propriedades medicinais das águas, faz
com que exista uma redução no número de pessoas que procuram nos municípios com
fontes hidroterápicas mais do que descanso, cura.


É por essas e outras que Caxambu encontra dificuldades em reinventar o turismo em
função de seu potencial mais utilizado, a água mineral. Mas, através de um
planejamento de médio a longo prazo, o município tem totais condições de fazer com




                                             14
que seu produto turístico retome sua função medicinal e turística. Aliando a gama de
possibilidades de segmentação da atividade através das potencialidades naturais e
culturais de seu território e sua região de entorno.



   2.2.DESAFIOS DO PLANEJAMENTO PARA O TURISMO
Caxambu é um município mineiro tradicional, teve sua formação graças à corrida do
ouro fazendo parte da história da estrada real, sua arquitetura mais antiga é rica e
relativamente bem conservada. Possui ainda, um belo parque de águas minerais
considerado o mais diverso do mundo com diferentes propriedade químicas na
constituição das mesmas, localizado próximo da Serra da Mantiqueira, tem um relevo
diverso promovendo contornos que trazem grande beleza a paisagem. Mas, o turismo
que já foi a grande fonte de crescimento do município não promove um
desenvolvimento sustentado e o mesmo possui diversos pontos de fraqueza que devem
ser atacados para mudar esse quadro.


Quando a temática do turismo é levantada como forma de sustentação econômica de um
município ou determinada região, o efeito especulativo causa sintomas de ansiedade,
expectativa e esperança na população que será parte do processo de elaboração dos
produtos a serem desenvolvidos.


No caso de Caxambu, essa “suposta crise” instalada causa um efeito altamente negativo
com relação à real potencialidade turística do município.


Por esses motivos, o turismo não pode ser implantado como uma estrutura nova e física.
O mesmo deve ser implementado com cautela, com medidas de curto, médio e longo
prazo, visando uma integração sem alteração da paisagem de forma a considerar
aspectos que constituem um planejamento democrático e pautado em questões técnicas
e estruturais que devem ser desenvolvidas.


Fazer com que os atores que farão parte da atividade comprem a idéia, passa por um
processo que deve conseguir, primeiro; esclarecer que as perspectivas serão
interessantes economicamente e profissionalmente. Desta forma, o reconhecimento do




                                             15
turismo como fonte de geração de renda, emprego e conseqüente melhoria da qualidade
de vida das pessoas envolvidas deve desmascarar, no caso de Caxambu, a suposta crise
que o setor atravessa e as potencialidades que podem ser melhoradas e transformadas
em um renovado produto turístico.


Feitas as considerações das vantagens que o turismo pode trazer, chega-se ao segundo
momento; que é a criação de um planejamento que deverá fazer com que surjam agentes
de mudança em todos os setores da sociedade (instituições públicas, privadas e
sociedade organizada). Esses agentes serão responsáveis pela voz do planejamento,
fazendo com o máximo de pessoas se comprometam com as propostas que serão
colocadas.


O planejamento torna-se a função essencial na gestão do turismo. Turismo este que é o
deslocamento de pessoas de um lugar para o outro, gerando inerentemente a sua prática,
a possibilidade de mudanças sociais, culturais, ambientais e econômicas em seu destino
e nas pessoas que o praticam. Desta maneira, a gestão da atividade torna-se necessária,
pelas conseqüências positivas ou negativas que surgirão em função da existência ou não
de um planejamento estratégico.


O planejamento segundo ROBBINS (1978), nada mais é do que a escolha antecipada
dos objetivos a serem atingidos e dos meios pelos quais os mesmos serão alcançados.


CHIAVENATO (1987) (apud PETROCCHI, 2001) considera que:


                       O planejamento costuma configurar como a primeira função administrativa,
                       por ser exatamente aquela que serve de base para as demais. O planejamento
                       é a função administrativa que determina antecipadamente o que se deve fazer
                       e quais objetivos devem ser atingidos. O planejamento é um modelo teórico
                       para a ação futura. Visa dar condições para que o sistema seja organizado e
                       dirigido a partir de certas hipóteses acerca da realidade atual e futura. O
                       planejamento é uma atividade desenvolvida de maneira consistente para dar
                       continuidade às atividades, e seu focus principal é a consideração objetiva do
                       futuro.


                       [...] É uma técnica para absorver a incerteza e permitir mais consistência no




                                              16
desempenho das organizações.


                       [...] O planejamento implica fundamentalmente traçar o futuro e alcançá-lo.


                       [...] O planejamento é um processo que começa com a determinação de
                       objetivos. Define estratégias, políticas e detalha planos para consegui-los;
                       estabelece um sistema de decisões e inclui uma revisão de objetivos para
                       alimentar um novo ciclo de planificação.


O planejamento com o intuito de se desenvolver o potencial turístico de um município,
de forma organizada, equânime e com bons frutos é fundamentado na situação em que
se deseja alcançar. Para isso, os objetivos devem ser criados de forma a se construir
ações orientadas. Surgindo então, a necessidade da criação de um plano pró-ativo de
desenvolvimento turístico.


Para MARQUES e BISSOLI (2001):


                       O planejamento turístico é um processo que analisa a atividade turística de
                       um determinado espaço geográfico, diagnosticando seu desenvolvimento e
                       fixando um modelo de atuação mediante o estabelecimento de metas,
                       objetivos, estratégias e diretrizes com os quais se pretende impulsionar,
                       coordenar e integrar o turismo ao conjunto macroeconômico em que está
                       inserido. Deve ser entendido com uma ação social, no sentido de que vai ser
                       dirigido à comunidade e racional, na medida em que é um processo que tende
                       a estabelecer e a consolidar uma série de decisões com um alto grau de
                       racionalização.


                       No turismo, o plano de desenvolvimento constitui o instrumento fundamental
                       na determinação e seleção das prioridades para a evolução harmoniosa da
                       atividade, determinando suas dimensões ideais, para que a partir daí se possa
                       estimular regularmente ou restringir sua evolução.


                       A finalidade do planejamento turístico consiste em ordenar as ações do
                       homem sobre o território e ocupa-se em direcionar a construção de
                       equipamentos e facilidades de forma adequada, evitando assim efeitos
                       negativos nos recursos, como sua destruição e a redução de sua atratividade.




                                              17
O plano de desenvolvimento turístico deve possuir duas etapas distintas, mas
complementares, onde a primeira sustenta-se em um nível mais de conhecimento e
estratégias de desenvolvimento e a segunda mais operacional e tática. Cabendo ressaltar
que, o sucesso a ser atingido por um plano dependerá da qualidade em que as etapas se
realizam e do comprometimento dos envolvidos. Na primeira etapa os esforços se
concentram no direcionamento dos rumos a serem tomados, na visão de futuro, na
missão prevista e na criação de estratégias. Um dos elementos que constituem estas
estratégias é a leitura da paisagem, diagnóstico ambiental ou macro-ambiental como
denominado por alguns autores.


A segunda etapa de um plano de desenvolvimento turístico, é diferenciada por deter um
caráter mais operacional, é nessa fase que as ações se darão. Para o êxito de tais ações,
os planos setoriais devem ser realizados através de programas e projetos. Os planos
setoriais visam separar as ações, para que as mesmas em conjunto possam ser eficientes
e eficazes no desenvolvimento do turismo. Trata-se de programas para a estruturação da
oferta turística; sensibilização e formação profissional para o turismo; melhoria ou
criação da estrutura física dedicada à atividade ou a divulgação desta; pesquisa,
normatização e fiscalização; promoção e marketing; controle, apoio técnico e
coordenação regional participativa (PETROCCHI, 2001).


Diante destes aspectos de analise, é possível construir um plano de desenvolvimento
turístico que demonstre as oportunidades, as ameaças, as fortalezas diferenciais e as
fraquezas dos municípios e regiões foco.


Para Caxambu, será preciso que o reconhecimento de ações que não vem sendo
desenvolvidas de maneira correta e que as vezes nem existem, dêem lugar a discussão
democrática do objetivo a ser alcançado. Mostrando assim, as potencialidades ainda
existentes no turismo como forma de desenvolvimento local, com o aproveitamento da
água mineral e das potencialidades da paisagem na região como um todo.



   2.3.INTERPRETAÇÃO DA PAISAGEM PARA O TURISMO
Tomando como partida os pensamentos construídos sobre a paisagem, pode-se afirmar




                                           18
que os estudos ambientais trabalham principalmente com a interpretação da “Paisagem
Concreta” e da “Paisagem Simbólica”. Sendo a primeira, fonte do campo de estudo dos
geógrafos físicos, que tratam questões e fenômenos gerados a partir de forças endógenas
que representam as pressões magmáticas, evoluções da crosta terrestre e todos os
processos de inter-relação entre os componentes da litosfera. E as forças exógenas, que
ficam a cargo das interações entre os elementos da estratosfera, que abarcam as
dinâmicas climáticas e suas atuações diferenciadas sobre a litosfera a partir de sua
constituição, determinando inicialmente a biosfera que a ocupa.


Já a “Paisagem Simbólica”, é responsável pela subjetividade da interpretação, tomando
o homem, a função de interprete da mesma. Desta forma, a paisagem torna-se fonte de
discussão e contraposição de idéias a partir do pensamento dialético gerado pelas teses,
antíteses e sínteses que dão origem ao pensamento científico refinado da questão.


Deve-se pensar a paisagem como uma série de camadas sobrepostas e interdependentes.
Em linhas gerais, ela pode ser estudada a partir do tipo de rocha que, exposta a um tipo
de clima irá gerar um tipo de morfologia do terreno, esta condicionará a formação de
tipos de solos diferenciados a partir da litologia existente ou de dinâmicas peculiares.
Os solos, por sua vez, definirão as tipologias de vegetação que abrigarão uma fauna
específica e determinarão inicialmente o seu uso pelo homem. Inicialmente, pois, o
homem dotado de tecnologia pode condicionar a paisagem de acordo com sua
necessidade em alguns casos, como por exemplo, corrigir a fertilidade do solo de áreas
potenciais para a atividade agrícola.


A leitura da paisagem pode ser uma forte aliada do turismo dentro de um planejamento
consistente, mas deve ser usada de forma a não valorizar somente as questões estéticas
do espaço estudado. Para LACERDA (2005), a paisagem estudada sobre o ponto de
vista estético deve fugir daquela genuinamente “bela” e profana que é montada como
um cenário. Para a mesma autora, a paisagem fascina pela sua relação com o estudo dos
lugares. O que nos motiva na paisagem é a possibilidade de troca de conhecimento a
partir da incorporação do outro e da compreensão da estrutura subjetiva das coisas – o
sentimento, a personalidade ou caráter intrínseco ao lugar e sua atuação sobre os
indivíduos (SOLANO, apud in LACERDA 2005).




                                           19
As belezas naturais geralmente são vistas como produtos turísticos quase prontos e
fáceis de serem comercializados, é nesse momento que falta de capacidade técnica pode
fazer com o que hoje é uma potencialidade torne-se um problema no futuro. Diante
disso, o planejamento se enquadra como a única forma de se hipotetizar as
conseqüências negativas da implementação do turismo como alternativa de atividade
econômica. Mas, o conhecimento da paisagem deve extrapolar o que é “visto”,
aprofundando-se nos estudos dos ecossistemas e da cultura do espaço vivido pelas
pessoas dos municípios e regiões desenvolvidas turisticamente.


Segundo DUFRENNE citado por LACERDA (2005), a análise da paisagem meramente
estética deve ser trazida sob a forma de uma perspectiva cultural, pois “[...] a natureza
só é vista esteticamente porque é vista culturalmente” (DUFRENNE, apud in
LACERDA 2005).


Desta forma, LACERDA (2005) afirma que, “[...] ao considerar o aspecto cultural, a
definição de estética extrapola o conceito de beleza”. O conceito de estética é vendido
de forma errada na mídia, e tornou-se a principal ferramenta de inserção de produtos no
mercado. Existem situações em que o apelo estético é tão forte e poderoso, que se torna
uma negação dos aspectos da qualidade e de pertinência. Etimologicamente, a palavra
estética é originária do grego aisthesis, cujo significado é a “faculdade de sentir”,
“compreensão dos sentidos”, “percepção totalizante”. E não uma mera sedução visual,
como é tratada atualmente.


Desta forma, ao se analisar uma paisagem com olhares para o turismo, deve-se levar em
consideração os fatores físicos e simbólicos de formação da mesma. Isso se deve, pois, a
paisagem é formada pelo espaço criado, vivido e sentido e está em constante mutação.


O vertiginoso crescimento populacional mundial, aliado a um sistema político e
econômico, extremamente dependente da exploração dos recursos naturais para sua
sustentação, levou a um incremento da degradação ambiental, seja no ambiente natural
e/ou rural, como no urbano. Isto se deu pela necessidade de se abrir novas fronteiras que
suportassem a demanda pela produção de alimentos e bens de consumo. E também pela




                                           20
urbanização acelerada, promovida pela mudança dos setores econômicos que, de início,
se concentravam no primário, ou seja, com predominância da atividade agrária,
passando, a posteriori, para os setores secundários e terciários que se embasam em
atividades comerciais e industriais.


O turismo como atividade de apropriação do espaço, pode tanto contribuir para a
acentuação da degradação como para a proteção da natureza. São inúmeras as formas de
aproveitamento da paisagem para a atividade turística, tais como o turismo de aventura,
o ecoturismo, o turismo rural e etc, mas realizar um planejamento coerente de acordo
com os ambientes em que estes se darão é um desafio difícil. As paisagens são
carregadas de elementos físicos e simbólicos, que não devem ser analisados de forma
independente, a correlação entre os mesmos e sua valorização é o desafio dos fazedores
de turismo e do turismo.


Diante do exposto, tem-se que o turismo pode tomar uma fundamental importância para
a proteção da natureza das paisagens, já que a mesma é o principal atrativo para o
turista, que pode se sentir lesado ao se deparar com um ambiente sem harmonia. Esse é
outro desafio, pois, cada turista tem sua carga de experiência, sua expectativa e sua
maneira de se relacionar com a natureza e com outras pessoas e, muitas vezes o
desconhecimento dos ambientes visitados e a falta de limites nas imersões podem
causar efeitos devastadores aos recursos naturais e culturais.


É nesse momento que os produtos turísticos bem planejados obtém sucesso, trazendo
não só a natureza como fim da atividade turística, mas informando que a mesma é local
de grande importância social, ambiental e econômica e que outras pessoas devem ter o
direito ao meio ambiente devidamente equilibrado no futuro para esse uso. Essa
conscientização torna-se condição sinequanon para que a natureza e a cultura dos
lugares visitados não sofram as conseqüências negativas que a atividade turística pode
trazer. Fazendo assim, com que a paisagem seja consumida dentro dos preceitos da
sustentabilidade.




                                            21
2.4.CARTOGRAFIA PARA O TURISMO
Uma das ferramentas para o planejamento do turismo é a criação de um banco de dados
para o acompanhamento da evolução da exploração da natureza, além de ser
fundamental para a caracterização preliminar das paisagens com potencial para a
segmentação turística.


Nesse contexto, a cartografia dispõe de diversas técnicas para descrever os atributos da
superfície da terra em um determinado território, sendo assim, tais descrições tomam
grande importância da análise das formas e dos processos ocorrentes no espaço.


A evolução da cartografia acompanha as ferramentas tecnológicas que cada vez mais,
com a introdução de computadores e programas, facilitam a construção de modelos
digitais do terreno e a análise de uma grande quantidade de dados por meio dos
Sistemas de Informações Geográficas - SIG. Considerada uma ciência de apoio a
geografia, a cartografia utiliza o mapa como meio de comunicação, onde o mesmo é
construído por símbolos e signos que são destinados a representar os mais diversos fatos
e objetos dispostos no espaço geográfico.


Na geografia, existem duas vertentes principais que separam a cartografia, que segundo
OIVEIRA (1993), são:
                         •“a cartografia sistemática que é feita por engenheiros cartógrafos e
                             geodésicos, que fazem medições precisas do geóide terrestre, que é a
                             forma própria da esfera da Terra, a fim de localizar exatamente um ponto
                             em sua superfície. As cartas topográficas, em suas diferentes escalas, são
                             realizadas por esses profissionais e servem como instrumento de trabalho
                             tanto para geógrafos como para vários outros profissionais; e
                         •a cartografia temática que possui importância fundamental, pois permite
                             representar as formas e os processos que moldam o espaço geográfico. O
                             objetivo dos mapas temáticos é o de fornecer uma representação dos
                             fenômenos geográficos de qualquer natureza, bem como as relações
                             entre eles, ou seja, suas correlações, e isso se faz com o auxílio de
                             símbolos qualitativos e/ou quantitativos dispostos sobre uma base de
                             referência, geralmente extraída das cartas topográficas,...”.


A apropriação dos recursos cartográficos pelos atores da atividade turística é muito




                                                22
válida na tentativa de planejamento e posterior venda de seus produtos, desde que o tipo
de informação e o objetivo do mapa tenham consonância com o espaço a ser
representado, sendo assim, as diferentes vertentes de atividades turísticas devem aplicar
diferentes técnicas de representação.


Ou seja, primeiro deve-se analisar o produto que se está querendo mostrar e depois
adequá-lo a melhor maneira de representação gráfica.


No caso do turismo cultural, por exemplo, os mapas são mais flexíveis quanto às
normas usualmente exigidas pela cartografia. Ou seja, em vez de se mapear os atrativos
culturais utilizando-se de símbolos simples, é mais interessante fazê-lo através de signos
para atrair a curiosidade de quem está interpretando o mapa. Geralmente, são figuras
simples, mas, com um apelo cultural forte.


Diante do exposto, na atividade turística, a cartografia pode ser utilizada como uma
forte aliada no processo de aproveitamento dos produtos turísticos. A realidade dos
espaços geográficos a serem desenvolvidos deve ser interpretativa e não uma gama de
informações sem contexto, ao mesmo tempo, o apelo às belezas naturais e culturais
deve ser desenvolvido de modo a vender o todo, fazendo com que o turista se informe
sobre o local e não só passe por ele.


Para o presente trabalho, foram utilizados os recursos da cartografia digital sistemática e
temática, que possibilitou o mapeamento das porções estudadas no território municipal.
Levando em consideração a espacialização dos componentes da paisagem, e sua relação
entre as potencialidades e entraves para a formatação de produtos turísticos no
município.




                                             23
3.METODOLOGIA
O desenvolvimento do trabalho de monografia foi calcado em três etapas, a primeira de
planejamento das atividades, criação do banco de dados secundários e definição da
temática a ser desenvolvida, a segunda de realização dos trabalhos de campo e
levantamento de informações primárias e a terceira de produção dos resultados e
análises.


1. Etapa de planejamento:


Na etapa de planejamento, as atividades contemplaram os estudos preliminares, com a
análise e revisão bibliográfica sobre trabalhos já realizados em Caxambu e a busca de
informações junto à prefeitura municipal.


Basicamente, o objetivo desta etapa foi analisar os dados secundários disponíveis acerca
do Município, permitindo assim, uma caracterização geral do mesmo em seus aspectos
físicos (geologia, clima, geomorfologia, solos e hidrografia), bióticos (fauna e flora) e
socioeconômicos (setores econômicos, dinâmica populacional, usos da terra e infra-
estrutura básica). É nesta etapa que foram definidos os conceitos a serem utilizados no
desenvolvimento do trabalho, a temática a ser abordada nos resultados e a definição dos
objetivos do mesmo. As informações foram sempre direcionadas para serem
aproveitadas dentro de um planejamento turístico municipal.


2.Etapa de levantamento de campo:


De posse das informações coletadas, foi possível dimensionar o trabalho de campo
necessário para o presente estudo. A campanha de campo foi realizada nos dias 2, 3 ,4 e
5 de julho de 2008. Tais levantamentos tiveram como objetivo afinar a caracterização
das paisagens, agregar mais informações que considerassem o planejamento turístico e
avaliar as possibilidades de utilização do território municipal (em seus aspectos físicos,
bióticos e culturais) para o turismo.


Para auxiliar nos campos foram utilizados os mapeamentos sistemáticos do IBGE e,




                                            24
com um GPS foram levantados todos os componentes do território municipal que
poderiam ser considerados potenciais ou entraves para a expansão da atividade turística
em Caxambu.


3.Etapa de elaboração dos resultados:


A terceira etapa representou a elaboração dos resultados, cujo conteúdo foi baseado na
criação de um diagnóstico da situação do turismo em Caxambu e uma planta síntese
com as feições da paisagem, mostrando as potencialidades e entraves para a realização
de uma possível expansão do turismo municipal. Trazendo as potencialidades de
diversificação da atividade no município, através da apropriação da paisagem física e
simbólica do mesmo.


Os resultados foram elaborados levando-se em consideração a aplicação de um
planejamento amparado por informações técnicas da infra-estrutura já existente, da
atividade turística já desenvolvida no município e seus desafios, levando-se em
consideração as possibilidades de utilização da paisagem do restante do território
municipal.


Nesta etapa foi gerado um mapa com o objetivo de orientar geograficamente as
paisagens, seus componentes e as possibilidades de utilização ou não para o turismo.


Os estudos ambientais para fins de caracterização municipal, bem como outros
construídos com premissas em planejamento são fundamentalmente estudos da
paisagem. Mas, na maioria das vezes, a paisagem é fragmentada pela ausência de uma
linha de raciocínio lógica e vertebral.


Diante do exposto, é necessário que se obtenha êxito, uma linha norteadora que busque
a forma mais correta de se elevar a qualidade dos trabalhos através da conexão entre os
meios estudados que, a saber, em linhas gerais são:
   •   Meio físico: geologia, clima, geomorfologia e solos;
   •   Meio biótico: flora e fauna e
   •   Meio social: interação entre os meios anteriores e seus fatores determinantes no




                                           25
uso do solo das áreas e regiões estudadas.
A Figura 3.1 mostra de forma didática o resumo de uma das metodologias coerentes de
se entender as paisagens, que fazem parte de um ecossistema complexo e com
componentes que se interdependem. Definindo através de características físicas, bióticas
e simbólicas a sua potencialidade para a prática do turismo.




Figura 3.1 – Metodologia para caracterização da paisagem. Fonte: Adaptado de FERNANDES (2000).


O importante ao se iniciar uma caracterização, é tentar forçar ao máximo o raciocínio
sobre o curso natural da paisagem e os elementos de sua formação. Com a idéia do
turismo como fonte de renda, emprego e desenvolvimento sustentável alçada, é possível
estudar de forma preliminar as alternativas e medidas necessárias, tomando como meta
a melhoria da qualidade de vida dos envolvidos sem o comprometimento dos recursos
utilizados para o turismo, sejam eles naturais ou culturais. Tentando sempre
compreender a interferência em uma paisagem construída por fatores históricos, em
constante mutação e por ações e interações caracterizadas pelas dinâmicas entre os
meios. Desta forma, nos itens seguintes foram abordadas as temáticas que devem ser
levantadas, e aprofundadas caso necessário, para a caracterização do município de
Caxambu.


Para auxiliar na espacialização das análises sobre as potencialidades e entraves da
expansão da atividade turística no município, o mesmo foi dividido em três porções




                                               26
principais, e são:
    •   Norte;
    •   Central; e
    •   Sul.




Figura 3.2 – Porções estudadas.


Para a porção central, a análise foi diferenciada por tratar-se de área urbanizada e com
uma atividade turística já implantada e que passa por dificuldades. Sendo assim, para a
mesma, foi feito um levantamento do que se entende como produto turístico de
Caxambu e quais são as medidas que estão sendo tomadas para que o mesmo reassuma
sua função de desenvolvimento local.


Já para as porções norte e sul, o critério da divisão foi balizado de acordo com as
características peculiares de cada uma. Levando-se em consideração os componentes
físicos (geologia, geomorfologia, solos e hidrografia), as qualidades geo-ambientais
(conservação da flora e fauna), a beleza estética, os arranjos das estruturas sociais e seu
uso do solo, além da acessibilidade às áreas com maior potencial.




                                            27
A planta do anexo 1 traz uma síntese das principais feições das porções norte e sul,
dando ênfase à possibilidade de utilização da paisagem para a utilização turística. Para
que este capítulo seja mais bem compreendido, é necessário que o mesmo seja lido com
a planta aberta, pois, a todo momento são feitas inferências às informações constantes
nesta. Lembrando que, no mapa somente estão elencados os aspectos encontrados na
porção norte e sul. Já para porção central, todas as análises estão discorridas no texto.




                                             28
4.DIAGNÓSTICO MUNICIPAL
   4.1.CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

       4.1.1. HISTÓRICO

Segundo informações oficiais trazidas pelo resgate histórico realizado pela prefeitura
municipal de Caxambu, em 1674, a Bandeira de Lourenço Castanho Taques saiu de
Pinheiros, seguindo a trilha de Félix Jaques rumo ao vale do rio Verde. Nas imediações
do Morro Cachumbum (ou Caxambu), próximo de Baependy (hoje Baependi),
conseguiu vencer os índios Cataguases que habitavam a região.


No ano de 1714, o local onde se instalaria a sede era uma paragem conhecida como
Cachumbum, sítio e local onde habitava o Alferes Alberto Pires Ribeiro. Neste período,
"As Minas Gerais" pertenciam à Capitania de São Paulo e foram divididas em três
Comarcas. Cachumbum pertencia à Comarca do Rio das Mortes (Prefeitura Municipal
de Caxambu, 1998).


Em 02 de dezembro de 1720 foi criada a Capitania Independente de Minas Gerais,
mantendo os mesmos limites anteriores, cabendo à Capitania de São Paulo toda a área
das bacias dos rios Grande, Verde e Sapucaí (Prefeitura Municipal de Caxambu, 1998)..


As primeiras sesmarias no local onde hoje situa-se o município de Caxambu, datadas de
1766, pertenceram a Carlos Pedroso da Silveira e a Francisco Alves Correia. Mas é fato
que o que realmente marcou o desenvolvimento e a colonização de “Nossa Senhora dos
Remédios de Caxambu”, povoado pertencente ao município de Baependi, foi a
descoberta das fontes de águas minerais por volta de 1814 (segundo a tradição) que logo
ficaram famosas devido às surpreendentes curas obtidas pelos primeiros doentes que
delas se utilizaram, o que veio a dar ao povoado o nome de “Águas Virtuosas de
Baependi” e posteriormente de “Águas Virtuosas de Caxambu” (Prefeitura Municipal
de Caxambu, 1998).


Em 1844 começaram a surgir as primeiras edificações nas proximidades das minas, por
exemplo a captação da fonte Duque de Saxe visualizada na foto da Figura 4.1.




                                          29
Figura 4.1 - Início da obra da fonte Duque de Saxe.
                                                      Fonte: Secretaria Municipal de Turismo de Caxambu.
Em 1861 as fontes de águas minerais foram desapropriadas pelo governo da Província,
e a fama do local se propagou tão rapidamente que em 1868 a família real, através de D.
Isabel e do Conde d’Eu, vieram a já então Caxambu, em busca de cura para a
esterilidade do casal. A presença do casal real ao povoado teve como marco o
lançamento da pedra fundamental da igreja de Santa Isabel, rainha da Hungria
(Prefeitura Municipal de Caxambu, 1998).


No mês de Setembro de 1901, o povoado foi elevado à categoria de vila de acordo com
a Lei nº 319 do dia 16 de referido mês, nesta ocasião o município era composto pelo
distrito de Caxambu (Sede) e de Soledade. Em 18 de Setembro de 1915, a Lei nº 663
concedeu a Caxambu foro de cidade. O distrito de Soledade foi emancipado em 1938 e
o município de Caxambu manteve, desde então, apenas o distrito sede (Prefeitura
Municipal de Caxambu, 1998).


Etimologicamente o nome Caxambu tem cinco significados (Tabela 4.1).




                                                      30
Tabela 4.1 – Significados do nome de Caxambu. Fonte: IEPHA – MG (Processo de tombamento do
  Conjunto Paisagístico e Arquitetônico do Parque das Águas de Caxambu -1998).

  Origem           Derivação (significado)            Interpretação               Observações

                                                                            Referência ao instrumento
                                                                          usado pelos escravos e termo
                     Cachaça (Tambor)
                                                                           empregado em Minas Gerais
   África                                           Tambor de Música
                                                                            para marcar os morros que
                       Mubu (música)
                                                                          tinham configuração parecida
                                                                               com aquele tambor.
                         Caa (Mato)
                                                                             Ou ainda: caxa (mato) +
                                                                            umbu, mudado para ambu
   Tupi                   xa (Ver)                 Mato que vê o riacho
                                                                          (vermelho como fogo) = mato
                                                                              vermelho como fogo.
                        mbu (Riacho)
 Dicionário
                                                     Uma espécie de          Batuque que os negros
 Cândido de                  ___
                                                       batuque            dançam ao som de um tambor.
 Figueiredo
João Mendes
                   Catã (golfar, borbulhar)                               Referindo-se a água, é a bolha
 de Almeida
                                                   Água que borbulha        que o líquido faz como a
   (Índios
                        Mbu (ferver)                                        ferver – bolhas a ferver.
 Cataguases)
 H. Sanches
                        Caa + mubu                  Murmúrio da selva                  ___
    Quell



            4.1.2.LOCALIZAÇÃO
  Localizado no planalto da Mantiqueira e inserido na bacia hidrográfica do rio Verde e
  sub-bacia do rio Baependi, o município de Caxambu está localizado na mesorregião
  geográfica de planejamento denominada Sul/Sudoeste de Minas, que por sua vez é parte
  constituinte da microrregião de São Lourenço (Instituto Brasileiro de Geografia e
  Estatística - IBGE). O mesmo possui divisas com os municípios de Baependi (NE),
  Conceição do Rio Verde (NW), Soledade de Minas (W) e Pouso Alto (S) tendo uma
  área que abrange 100,50 Km². Sua sede está situada em uma altitude de 904 metros, e
  tem sua posição locada nas coordenadas geográficas 21°58’20” de latitude S e
  44°56’20” de longitude W.


  O município não possui distritos e sim duas localidades, uma ao norte denominada
  Morro Queimado e outra a sul com nome de Morro Cavado.




                                              31
:
            45°10'0"W                                                 45°0'0"W                                                                              44°50'0"W                                44°40'0"W


                                                                                                                          LM
                                                                                                                             G          86
                                                                                                                                             8




21°50'0"S                                                                                                                                                                        Cruzília                        21°50'0"S
                                                                                                                                                                             3
                                                                                                                                                                             &                                                     MAPA CHAVE
                                                                                                                                                                                                                        LOCALIZAÇÃO DE CAXAMBU NO ESTADO




                                                                                                                                                                        83
                                                                                                                                                                   MGT 3
                                              Conceição do Rio Verde
                                          3
                                          &




                                                                                           Morro Queimado                                                                                                                              Minas Gerais
                                                                                          *
                                                                                          #

                                                 BR 267
                                                                                                                      4
                                                                                                                 35
                                                                                                             T
                                                                                                     M
                                                                                                         G                                       Baependi                                                                                     Caxambu
                                                                                                                                   83
                                                                                                                                             3
                                                                                                                                             &                                                                                            !
                                                                                                                                                                                                                                          .
                                                                                                                               3
                                                                                                Caxambu                   BR
                                                                  3




                                                                                                                                                                                                                                 3
                                                                                                                                                                                                                                 &
                                                                 38




                                                                                                     3
                                                                                                     &
                                                                MG




 22°0'0"S                                                                                                                                                                                                        22°0'0"S




                                                              Soledade de Minas
                                                                                                                                                                                                                                     Localidades
                                                          3
                                                          &
                                                                                                                                                                                                                             *
                                                                                                                                                                                                                             #
                                                                                                      Morro Cavado

                                                                                                                                                                                                                                     Sede Municipal
                                                                                                     *
                                                                                                     #
                                                                                                                                                                                                                             3
                                                                                                                                                                                                                             &
                                                                                                                          354




                                                                                                                                                                                                                                     Principais Acessos
                                                                                                                  MGT
                        MG




                                                                                                                                                                                                                                     Município Estudado
                                                      São Lourenço MG 3
                        460




                                  Carmo de Minas                                 47
                                                                                                                                                                                                                                     Limites Municipais
                                                     3
                                                     &
                              3
                              &




22°10'0"S                                                                                                                                                                                                        22°10'0"S
                                                                                                                                                                                                                    3
                                                                                                                                                                                                                    &


                                                                                      3
                                                                                      &
            45°10'0"W                                                 45°0'0"W                                                                              44°50'0"W                                44°40'0"W




                                                                                                                                                                                                                                              ESCALA
                                                                                      3
                                                                                      &
NOTAS                                                                                                                                                                                       TÍTULO
  BASE CARTOGRÁFICA DO GEOMINAS/IBGE
                                                                                                                                   TURISMO E                                                                                                      1:200.000
  PROJEÇÃO GEOGRÁFICA - SAD 69 ZONA 23S                                                                                                             DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL                  MAPA DE LOCALIZAÇÃO                          FIGURA
                                                                                                                                                                                                                                                 4.2
Com relação às distâncias viárias, Caxambu encontra-se a 350km da capital do estado
Belo Horizonte, a ligação é feita através da BR 381 (ou rodovia Fernão Dias). O
município dista, aproximadamente, 250 km do Rio de Janeiro (BR-116) e 300 km de
São Paulo (BR381). As principais rodovias que dão acesso à região são: BR 240,
BR354, BR460, BR267, MG347, MG 456. Todas se encontram relativamente bem
conservadas, cabendo necessidades de recuperação do calçamento em algumas.




                                                                   Fonte:
                                   www.caxambu.mg.gov.br
Figura 4.3 – Articulação viária.



         4.1.3.GEOLOGIA
O substrato geológico de Caxambu é composto por meta-sedimentos do grupo
Andrelândia. Na porção sudoeste (SW) do município, é possível perceber a ocorrência
de rochas xistosas predominantes. Também são ocorrentes no município algumas
porções de quartzito muito alterado. (COMIG/CPRM, 1999)




                                            33
Depósitos aluvionares quaternários são encontrados em grandes porções acompanhando
as planícies/terraços fluviais principalmente do rio Baependi e ribeirão Bengo.


O restante é caracterizado pelo domínio do embasamento cristalino (granito/gnaisse)
com predomínio dos gnaisses. Mais especificamente no morro Caxambu, as rochas
gnáissicas são cortadas por diques máficos e de brechas alcalinas, constituindo
importantes áreas de recarga de aqüíferos fraturados (COMIG/CPRM, 1999).




Figura 4.4 - Porções de quartzito muito alteradas.        Figura 4.5 - Morro do Caxambu formado por gnaisse.
                                                                                      Fotos: EMATER.
Mas, de todas as tipologias geológicas encontradas na folha, nada é mais significativo
do ponto de vista sócio-ambiental para o município do que o PLUG de rochas alcalinas1
em forma quase circular localizado nas proximidades da sede municipal de Caxambu.


As famosas águas minerais são formadas no contato com as composições químicas
existentes neste PLUG de rochas alcalinas.


Entre estas rochas, a água irá passar pela etapa de mineralização (Figura 4.6), onde se
submete a pressão e temperaturas elevadas. Este processo solubiliza os minerais, e
quanto maior o tempo de interação água-rocha, maior a mineralização (COMIG/CPRM,
1999).




1
    Rochas com pH mais alcalino.




                                                     34
Fonte: www.drm.rj.gov.br
Figura 4.6 – Processo de mineralização das águas.


Desta forma, a composição das rochas aqüíferas é um dos principais fatores
responsáveis     pelas    características     químicas    encontradas   nas   águas   minerais
(COMIG/CPRM,1999).


A geologia do município é bem variada e com diferentes influências, foram
caracterizadas tanto rochas ígneas originadas pelo resfriamento do magma,
sedimentares com gênese no transporte e deposição de sedimentos trazidos pela ação
principalmente da água, e metamórficas que são rochas alteradas por temperatura e
pressão de eventos tectônicos passados.



        4.1.4.CLIMA E HIDROGRAFIA
O clima que atua sobre a geologia do município é o classificado como Cwb (Köppen,
1948), ou seja, subtropical moderado úmido, também chamado tropical de altitude, com
temperatura média dos meses mais quentes e mais frios, respectivamente, de 22° e de
15° C. Apresenta duas estações bem distintas (verão quente e úmido e inverno frio e
seco), com a precipitação média total anual de 1.470 mm.


O regime térmico é caracterizado por temperatura média anual de 19,2° C, sendo a
média máxima anual de 25,8° e a média mínima anual de 14,1° C. As temperaturas




                                                    35
relativamente amenas são favorecidas pela altitude do relevo (com forte influência da
serra da Mantiqueira), a cota máxima encontrada no município é de 1.240m (N) e a
mínima de 860m nas planícies fluviais. Os extremos térmicos são caracterizados por
temperaturas máximas absolutas que chegam a 39° C, registrada em pleno período de
inverno (13.06.67), bem como por temperatura mínima absoluta de 1° C, que foi
também registrada em junho (01.06.79), demonstrando a ocorrência de grandes
amplitudes térmicas ao longo do ano inverno (INMET, 1960/19901).


A direção predominante dos ventos é do quadrante Nordeste, com velocidade média 1,7
m/s, variando para 1,4 m/s no inverno, demonstrando que os ventos são mais velozes no
verão, quando chegam a 2 m/s. A nebulosidade é menor nos meses de inverno, quando
apresenta índice de 4,2, chegando no verão a atingir o índice de 7,5 em dezembro, que é
o mês mais chuvoso (INMET, 1960/1990¹).


A umidade relativa do ar é em média de 73%, variando de 67,5% em agosto a 76,4%
em dezembro, o mês que chega a registrar um total de pluviosidade de 287,9 mm. O
regime pluviométrico é caracterizado por uma média anual de 118 dias de chuvas,
sendo dezembro e janeiro os meses com maior número de dias (18). Nos meses de
inverno, o mês de julho apresenta apenas dois dias de chuva. O maior volume de chuvas
registrado no período de 24 hs é no mês de novembro, que apresentou um total de 114,3
mm no dia 09.11.70 (INMET, 1960/1990¹).


O clima de Caxambu é bem distinto em suas estações, fazendo com que o mesmo tenha
uma influência diferenciada sobre os componentes físicos e bióticos do município. No
inverno são registradas temperaturas amenas com uma grande variação entre o dia e a
noite, e o verão é caracterizado por altas temperaturas tanto de dia como de noite,
apresentando ainda altos índices pluviométricos.


O município de Caxambu, assim como muitos municípios mineiros, tem seu limites
políticos definidos por divisores de águas. No extremo leste, oeste e sul o município é
limitado pela linha de cumeada de várias sub-bacias do rio Baependi, que é o limite
norte do mesmo. As principais sub-bacias hidrográficas que formam o município são a
1
    Disponível em < http://www.inmet.gov.br/> . Acesso 03/12/2007




                                                               36
do ribeirão do João Pedro, ribeirão Bengo que atravessa a sede municipal e encontra-se
canalizado em parte de seu curso pela área urbana e o ribeirão do Taboão.


O sentido preferencial da drenagem é o sul-norte em direção ao rio Baependi, o padrão
de drenagem é o dendrítico com seus cursos principais meandrantes, que é condicionado
por se desenvolver em rochas de resistência uniforme. Estes ribeirões, em seus trechos
médio-baixo próximos ao rio Baependi, correm em calha encaixada no terraço aluvionar
que ocupa o fundo do vale aberto até o exutório.


O rio Baependi tem seu leito desenvolvido em padrão meandrante, característico de rios
com baixa capacidade de fluxo hídrico e que, com eventos hidrológicos mais intensos,
criam zonas de inundação paralelas ao seu curso.


Quanto aos usos das águas identificados no rio Baependi, pôde-se constatar que os
principais são:


   •   abastecimento da cidade e povoados;
   •   abastecimento de populações humanas do meio rural;
   •   consumo industrial;
   •   consumo de agroindústrias;
   •   irrigação;
   •   aqüicultura;
   •   pesca;
   •   controle de cheias;
   •   navegação e
   •   recreação para lazer.




                                          37
7580000         495000                       500000                       505000                              510000                  515000




                                                                                                                                                                  7580000
                                                                                                                                                                                        :
.
!
7575000




                                                                                                                                                                  7575000
                                                  Ri
                                                    b.
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                                                                     o
                                                                                                                           Baependi
                                                                                                                       .
                                                                                                                       !
7570000




                                                                                                                                                                  7570000
                                                                                                                                               Ri
                                                                                         Caxambu
                                                                                                                                                 ae




                                                                                                                                                 o
                                                                                                                                                      pe




                                                                                                                                                B
                                                                                     .
                                                                                     !
                                                                                                                                                           nd
                                                                                                                                                              i




                                                                            go
                                                                           en
                                                                          .B




                                                                                                         ro
                                                                         Rib




                                                                                        d e J oã o P e d
7565000




                                                                                                                                                                  7565000
                                                                                     oeirinha ou




                         Soledade de Minas
                                                                                   Rib. da Cach




                    .
                    !
                                                                                                                                                                                   .
                                                                                                                                                                                   !    Sede Municipal
                                                                                                                                                                                        Rios
7560000




                                                                                                                                                                  7560000
                                                                                                                                                                                        Limites Municipais




                                                                                                                                                                                    0   1      2   3   4

                                                                                                                                                                                                           Km
                495000                       500000                       505000                              510000                  515000

    NOTAS                                                                                                                                                         TÍTULO                               ESCALA
     BASE CARTOGRÁFICA DO IBGE
               .
               !                                                                                       TURISMO E                                                                                                1:100.000
     PROJEÇÃO UTM, DATUM SAD 69 ZONA 23S                                                                      DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL                                   MAPA HIDROGRÁFICO          FIGURA
                                                                                                                                                                                                            4.7
4.1.5.GEOMORFOLOGIA
Caxambu encontra-se inserido no compartimento de Serras e Planaltos do Sudeste do
Estado (Ab’Saber, 1968), tendo ainda em sua porção sul, influência em seu relevo da
Serra da Mantiqueira que, segundo Moreira e Camelier (1977), seria uma subdivisão do
domínio morfoestrutural denominado Escarpas e Maciços modelados em Rochas do
Complexo Cristalino, que ocupam um vasto território no Estado.


A atuação diferenciada dos fatores exógenos como o clima e regime hidrológico e
endógenos, como o substrato geológico e ações que causaram perturbações da
superfície pela atividade tectônica passada, deram origem a uma geomorfologia
diferenciada no município de Caxambu.


É possível caracterizar quatro principais domínios morfo-estruturais dentro dos limites
do município, e são:
    •   porções de quartzitos muito alteradas;
    •   afloramentos de granito-gnaisse;
    •   colinas de topo aplainado e
    •   planícies e terraços fluviais.


O município de Caxambu tem em sua porção sul, suas maiores altitudes chegando a
faixa de 1240 metros acima do nível do mar, próximo a nascente do ribeirão da
Cachoeirinha ou de João Pedro.


O perfil topográfico da porção sul do município, no sentido sul-norte (perfil C-D no
mapa hipsométrico), mostra esse relevo mais acidentado. Nestas porções mais altas que
são encontrados os afloramentos de granito-gnaisse e as cristas de quartzito, que são
estruturas mais resistentes à erosão conformando as partes mais elevadas do relevo. Ao
norte do município, também foi caracterizado esse domínio, isso se dá pela existência
da Serra do Morro Queimado no sentido leste-oeste (perfil A-B no mapa hipsométrico)
que é o divisor de águas entre o ribeirão Taboão e o rio Baependi.


É grande a presença das drenagens meândricas no município, principalmente as do rio




                                           39
Baependi, ribeirão da Cachoeirinha ou de João Pedro, ribeirão Bengo e ribeirão Taboão.
Sendo assim, uma porção da conformação do terreno é condicionada principalmente
pela ação destes que, com o passar to tempo, tiveram sua capacidade de entalhar o
talvegue diminuída, o que propiciou a formação de grandes planícies fluviais.


Já a porção central, caracteriza-se por um relevo mais suavizado pela ação do clima em
rochas menos resistentes, onde podem ser caracterizadas planícies aluvionais de
pequeno porte formadas pelo ribeirão Bengo, onde a sede do município está instalada e
a planície do ribeirão João Pedro que deságua no rio Baependi, localizada ao norte. É
neste domínio, cujo embasamento é cristalino (granito), que predominam as colinas de
topo aplainado com vertentes côncavas e convexas.




                                          40
500000                          505000                             510000                  515000                 520000




                                                   B
7575000




                                                                                                                                               7575000
             A
                   Ri
                     b.
                          Ta
                             b   oã
                                      o
                                                                                          Baependi




                                                                                                       Rio
                                                                                      3
                                                                                      &                                                                         3
                                                                                                                                                                &       Sede Municipal




                                                                                                           Ba
                                                                                                                                                                        Drenagem Municipal




                                                                                                              epe
                                                                                                                 nd
                                                                                                                                                                        Rio Baependi
7570000




                                                                                                                                               7570000
                                                           Caxambu




                                                                                                                   i
                                                       3
                                                       &
                                                                                                                                                                        Lago do Parque das Águas
                                                                                                                                                                        Limite Municipal
                                              go
                                             en




                                                                                                                                                              Hipsometria
                                           .B
                                          Rib




                                                                                                                                                              Elevação em metros
                                                                ã o P edro




                                                                                                                                                                        1145 - 1240
7565000




                                                                                                                                               7565000
                                                                                                                                                                        1050 - 1145
                                                            nh a ou de Jo




                                                                                                                                                                        955 - 1050




                                                                                                               :
                                                                                                                                                                        860 - 955
                                                       D
                                                                     oeiri




                                                                                                                                                                    0    1    2      3     4
                                                       Rib. da Cac h




                                                                                                                                                                                               Km
7560000




                                                                                                                                               7560000
                                                           C
7555000




                                                                                                                                               7555000
          500000                          505000                             510000                  515000                 520000

NOTAS                                                                                                                                            TÍTULO                                         ESCALA
 BASE CARTOGRÁFICA DO IBGE                                                                           TURISMO E
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 PROJEÇÃO UTM, DATUM SAD 69 ZONA 23S                                                                             DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL                 MUNICIPAL - MDTM                   FIGURA
                                                                                                                                                                                                   4.8
4.1.6.PEDOLOGIA, VEGETAÇÃO, USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
Dentro do território municipal foram identificadas várias classes de solos com
pedogêneses diferenciadas, e são: o Latossolo, Argissolo, Cambissolo, Neossolo
Regolítico, Neossolo Litólico, Neossolo Flúvico e Gleissolo (EMATER, 2003). Em
cada tipo de solo, é sustentada uma vegetação específica com usos predominantes da
terra. Sendo importante ressaltar que, a exploração passada da maioria do território
municipal descaracterizou totalmente sua conformação vegetal original.


No município, os Latossolos são encontrados pontualmente no domínio das colinas com
topos aplainados, principalmente nas vertentes convexas e em rampas de latossolo, que
também foram identificadas (RESENDE, 2002). Estão geralmente associados à
vegetação típica de cerrado, pelas características ácidas e distróficas predominantes,
tendo sua utilização para a agricultura condicionada a correções.


O Argissolo ou Podzólico, segundo a nova nomenclatura de classificação da
EMBRAPA, não apresenta grande expressão espacial no município, estando restrita em
inclusões no domínio dos Cambissolos. São geralmente encontrados em vertentes
côncavas abertas (anfiteatros), apresentam limitações para a utilização agrícola e são
altamente susceptíveis a erosão pela dificuldade de percolação da água (EMATER,
2003).


Os Cambissolos ocupam a maior abrangência espacial no município de Caxambu,
trazendo consigo características específicas em sua formação, que os tornam altamente
predispostos à erosão como: horizonte B incipiente e a grande quantidade de silte no
horizonte C, que faz com que aconteçam processos de ravinamento acelerados e em alto
grau de evolução (voçorocas) caso não existam cuidados redobrados quanto ao uso e
manejo dos mesmos (EMATER, 2003). A vegetação geralmente é de cerrado e o uso
agrícola ou qualquer outro é altamente restrito.


Os Neossolos Litólicos, são solos muito rasos que ocorrem em áreas de afloramentos
rochosos, ou seja, geralmente são formados sobre a rocha (horizonte R) ou sobre a
rocha alterada (horizonte C). Por apresentarem altas declividades e pedregosidade, são




                                            42
restritos à mecanização para atividade agrícola, podendo ser utilizados por pastagens
naturais. Ainda assim, de acordo com a composição mineralógica da rocha matriz, são
solos possivelmente com alta fertilidade. A vegetação típica é de campo rupestre e são
áreas cujo uso preferencial é o de preservação e turismo (EMATER, 2003).


Os Neossolos Flúvicos são resultantes das deposições fluviais recentes distribuídos nas
planícies aluviais (leitos maiores) do município, têm geralmente fertilidade média-alta.
Mas, sua utilização varia de acordo sua localização, os solos presentes nas planícies
aluviais do município (leitos maiores) são limitados devido a inundações em períodos
chuvosos, sendo assim, não são indicadas a construção de benfeitorias, culturas de verão
e lavouras permanentes nestas áreas. São passíveis de utilização, sem ricos, as culturas
de entressafra (EMATER, 2003). A vegetação típica desses solos é a mata ciliar ou de
galeria. Já os terraços fluviais, por estarem localizados acima das áreas de inundação,
são muito aptos a receberem culturas permanentes e benfeitorias.


Os Gleissolos ou solos Hidromórficos, são solos encontrados também nas planícies
aluviais e são característicos de áreas alagadas, apresenta coloração do horizonte A
escura sobreposta por uma camada acinzentada, isso se deve pelo alto teor de argila que
aumenta gradativamente de acordo com a profundidade e matéria orgânica. O grau de
encharcamento desses solos restringe o uso para a agricultura, sendo necessário a
criação de um sistema de drenagem (EMATER, 2003). São áreas geralmente ocupadas
por veredas ou brejos.


Os Neossolos Regolíticos são solos constituídos por material mineral aonde a
pedogênese foi pouco sentida, ou seja, geralmente são pouco desenvolvidos tendo
seqüência de horizonte A-C. Apresentam alta erodibilidade, mas sua textura arenosa
permite que a permeabilidade seja alta e a infiltração rápida, fazendo com que o mesmo
tenha baixa predisposição à retenção da umidade. A vegetação que melhor se adapta a
esse tipo de solo é a floresta estacional semidecídua (Mata Atlântica), característica pela
influência da sazonalidade do clima. Nas estações secas as árvores (caducifólias)
perdem parte das folhas, evitando assim a evapotranspiração mais intensa (RADAM,
1983). Os usos preferenciais são a silvicultura, o reflorestamento com espécies de mata
atlântica, pastagem e áreas de preservação.




                                              43
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Caxambu, Turismo Além das Águas - Potencialidades e Entraves

  • 1. Curso de Especialização em Turismo e Desenvolvimento Sustentável Universidade Federal de Minas Gerais Instituto de Geociências Departamento de Geografia Yash Rocha Maciel CAXAMBU, TURISMO ALÉM DAS ÁGUAS MINERAIS. POTENCIALIDADES E ENTRAVES. Belo Horizonte 2008
  • 2. Curso de Especialização em Turismo e Desenvolvimento Sustentável Yash Rocha Maciel Caxambu, turismo além das águas minerais. Potencialidades e entraves. Monografia apresentada ao Programa de Pós-graduação em Geografia do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Turismo e Desenvolvimento Sustentável Orientador: Prof. Dr. Allaoua Saadi Belo Horizonte Instituto de Geociências da UFMG 2008
  • 3. EPÍGRAFE “a paisagem estudada sobre o ponto de vista estético deve fugir daquela genuinamente “bela” e profana que é montada como um cenário” Mariana Lacerda
  • 4. Agradecimentos Agradeço, primeiramente a Deus por todas as bênçãos que me concedeu, aos meus pais, Paulo Maciel Junior e Sandra Chaves Rocha, a minha avó Maria Lúcia Chaves Rocha, minha tia Sônia Chaves Rocha e meus irmão Yam Lucas Maciel e Yuri Chaves que sempre me apoiaram em cada etapa da minha vida, me ajudando e incentivando. Ao meu orientador Professor Allaoua Saadi pela paciência e conversas que muito me ajudaram a prosseguir os estudos nesta área. A todos os professores do curso de Turismo e Desenvolvimento Sustentável, pela contribuição em minha formação das mais diferentes maneiras (aulas, trabalhos de campo, exemplos de vida,...). Ao colega de sala Rodrigo, pelas explanações sempre poéticas sobre o turismo e paisagem. Enfim, a todos que participam positivamente da minha vida. Muito Obrigado.
  • 5. Resumo O presente estudo faz um diagnóstico do município de Caxambu, em seus aspectos físicos, bióticos e socioeconômicos, trazendo a tona as problemáticas e os pontos importantes para que o município retome sua função de atração de empreendimentos, pensamentos e ações voltadas para seu principal viés econômico, o turismo. Caxambu encontra-se favoravelmente posicionado no contexto geográfico do estado de Minas Gerais, ainda assim, a falta de um planejamento técnico e democrático fez com que o município perdesse o foco de sua evolução. Rodeado por fatores atrativos como serras, cachoeiras, remanescentes de mata atlântica e cerrado, além de suas águas minerais e seu povo hospitaleiro, não só Caxambu, mas todos municípios integrantes do Circuito das Águas carecem de imersões por parte dos planejadores dos setores públicos, privados, acadêmicos e não governamentais. Para que o potencial real que existe na região do sul de Minas, não continue sendo uma possibilidade longínqua mais de desenvolvimento. Abstract This study makes a diagnosis of the city of Caxambu, in terms of physical, biotic and socio- economic and presents the problems and the important points to the municipality to restart the function to attract businesses, thoughts and actions towards its main economic and tourism topics. Caxambu is favorably positioned in the geographical context of the state of Minas Gerais, but the lack of a democratic and technical planning has made the city lost the focus of its development. Surrounded by attractive factors such as mountains, waterfalls, remnants of rainforest and cerrado, in addition to its mineral waters and its friendly people, not only Caxambu, but all municipality members of the Circuito das Águas have a lack of incentive by the planners of the public, private , academics and NGOs sectors. For the true potential that exists in the southern region Minas Gerais don’t be a distant possibility of more development.
  • 6. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................9 1.1. PROBLEMÁTICA E JUSTIFICATIVA................................................................ 11 1.2. OBJETIVOS .............................................................................................. 11 1.2.1. GERAL.............................................................................................. 11 1.2.2. ESPECÍFICOS .................................................................................... 11 2. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................................13 2.1. A ÁGUA MINERAL PARA O TURISMO ............................................................ 13 2.2. DESAFIOS DO PLANEJAMENTO PARA O TURISMO .......................................... 15 2.3. INTERPRETAÇÃO DA PAISAGEM PARA O TURISMO ......................................... 18 2.4. CARTOGRAFIA PARA O TURISMO................................................................. 22 3. METODOLOGIA..........................................................................................................................24 4. DIAGNÓSTICO MUNICIPAL....................................................................................................29 4.1. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO............................................................... 29 4.1.1. HISTÓRICO....................................................................................... 29 4.1.2. LOCALIZAÇÃO ................................................................................... 31 4.1.3. GEOLOGIA ........................................................................................ 33 4.1.4. CLIMA E HIDROGRAFIA ...................................................................... 35 4.1.5. GEOMORFOLOGIA .............................................................................. 39 4.1.6. PEDOLOGIA, VEGETAÇÃO, USO E OCUPAÇÃO DO SOLO .......................... 42 4.1.7. MEIO SÓCIO-ECONÔMICO .................................................................. 48 4.2. CONCLUSÃO DO DIAGNÓSTICO .................................................................. 56 5. POTENCIALIDADES E ENTRAVES PARA A EXPANSÃO DA ATIVIDADE TURÍSTICA – ANÁLISE ESPACIAL DE CAXAMBU ..............................................................................................58 5.1. PORÇÃO NORTE ........................................................................................ 58 5.1.1. CARACTERIZAÇÃO DOS COMPONENTES DA PAISAGEM PARA O TURISMO .. 58 5.1.2. POTENCIALIDADES E ENTRAVES .......................................................... 60 5.2. PORÇÃO CENTRAL..................................................................................... 61 5.2.1. CARACTERIZAÇÃO DOS COMPONENTES DA PAISAGEM PARA O TURISMO .. 61 5.2.2. POTENCIALIDADES E ENTRAVES .......................................................... 69 5.3. PORÇÃO SUL ............................................................................................ 77 5.3.1. CARACTERIZAÇÃO DOS COMPONENTES DA PAISAGEM PARA O TURISMO .. 77 5.3.2. POTENCIALIDADES E ENTRAVES .......................................................... 79 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................80 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................................86 8. ANEXOS ........................................................................................................................................88 8.1. ANEXO 1 - PLANTA SÍNTESE DAS PORÇÕES NORTE E SUL .............................. 89
  • 7. SUMÁRIO DE FIGURAS Figura 3.1 – Metodologia para caracterização da paisagem. Fonte: Adaptado de FERNANDES (2000). .................................................................................................... 26 Figura 3.2 – Porções estudadas....................................................................................... 27 Figura 4.1 - Início da obra da fonte Duque de Saxe. ...................................................... 30 Figura 4.2 – Mapa de localização do município............................................................. 32 Figura 4.3 – Articulação viária. ...................................................................................... 33 Figura 4.4 - Porções de quartzito muito alteradas. ......................................................... 34 Figura 4.5 - Morro do Caxambu formado por gnaisse. .................................................. 34 Figura 4.6 – Processo de mineralização das águas. ........................................................ 35 Figura 4.7 – Mapa hidrográfico. ..................................................................................... 38 Figura 4.8 – Mapa hipsométrico. .................................................................................... 41 Figura 4.9 - Vegetação ciliar localizada ao norte do município às margens do rio Baependi. ........................................................................................................................ 45 Figura 4.10 – Mapa de solos de Caxambu...................................................................... 47 Figura 4.11 – População Economicamente Ativa - PEA ocupada por setores econômicos em Caxambu. .................................................................................................................. 49 Figura 4.12 - Produto Interno Bruto – PIB de Caxambu a preços correntes, 1998-2002. Unidade R$(mil). ............................................................................................................ 50 Figura 4.13 – Arrecadação da CFEM entre 2003 e 2006. .............................................. 52 Figura 4.14 – Concentração da população por faixas etárias de Caxambu, 2000. ......... 54 Figura 5.1 – Fonte D. Leopoldina................................................................................... 62 Figura 5.2 - Fonte D. Pedro. ........................................................................................... 62 Figura 5.3 - Fonte Viotti. ................................................................................................ 63 Figura 5.4 - Fonte Duque de Saxe. ................................................................................. 63 Figura 5.5 - Fonte Mayrink............................................................................................. 64 Figura 5.6 – Fonte Conde D’EU e Princesa Isabel. ........................................................ 65 Figura 5.7 – Fonte Beleza. .............................................................................................. 65 Figura 5.8 - Fonte Venâncio. .......................................................................................... 66 Figura 5.9 – Fonte Ernestina Guedes.............................................................................. 66 Figura 5.10 – Gêiser Floriano Lemos. ............................................................................ 67 Figura 5.11 – Balneário Hidroterápico. .......................................................................... 67 Figura 5.12 – Igreja Santa Isabel da Hungria, construída em homenagem a rainha da Hungria. .......................................................................................................................... 68 Figura 5.13 – Praça 16 de setembro................................................................................ 68 Figura 5.14 - Escola Padre Correia de Almeida. ............................................................ 68 Figura 5.15 - Cadeira do Chico Cascateiro..................................................................... 69 Figura 5.16 - Estatueta do Conselheiro Mayrink............................................................ 69 Figura 5.17 – Paredes pichadas das instalações do topo do morro Caxambu. ............... 72 Figura 5.18 – Teleférico do parque das águas. ............................................................... 72 Figura 5.19 – Ocupações no sopé do morro Caxambu. .................................................. 72 Figura 5.20 – Rodoviária sem contexto e mal conservada. ............................................ 73 Figura 5.21 – Pontos de ônibus mal posicionados e mal cuidados................................. 73 Figura 5.22 – Pavimentação precária.............................................................................. 73 Figura 5.23 – Aterro controlado de Caxambu. ............................................................... 74 Figura 5.24 - Vista geral do centro de convenções......................................................... 74 Figura 5.25 – Secretaria Municipal de Turismo de Caxambu. ....................................... 76 Figura 6.1 – Circuito das Águas. .................................................................................... 82
  • 8. Figura 6.2 – Mapa da Estrada Real. Fonte: www.estradareal.org.br.............................. 84 SUMÁRIO DE TABELAS Tabela 4.1 – Significados do nome de Caxambu. Fonte: IEPHA – MG (Processo de tombamento do Conjunto Paisagístico e Arquitetônico do Parque das Águas de Caxambu -1998). ............................................................................................................ 31 Tabela 4.2 - População Total, População Urbana, População Rural e Grau de Urbanização. ................................................................................................................... 53 Tabela 4.3 - Nível Educacional da População Jovem, 1991 e 2000 de Caxambu. Fonte: Microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. ................................................................. 56
  • 9. 1.INTRODUÇÃO Quando a bandeira do turismo é levantada como forma de diversificação das atividades econômicas em um município, muitas especulações fazem com que potencialidades se tornem frustrações ao longo de um processo mal planejado de exploração. A atividade turística é conhecida como o deslocamento de pessoas de um lugar para o outro, em busca de refúgios alternativos ao cotidiano e satisfação de necessidades muito próprias que variam de acordo com a carga de vida do turista. Para SOUZA e CORRÊA (1998), “turismo é o deslocamento de pessoas isoladas ou em grupos de um lugar para o outro, por diferentes motivos e interesses, permitindo o intercâmbio de cultura e união entre os povos”. Desta forma, tem-se que o turismo tomou um caráter mais holístico durante o passar dos tempos e deixou de ser uma atividade apenas contemplativa. Inserindo-se assim na vida das pessoas como mais uma forma de convívio social, capaz de trazer novas perspectivas de vida para todos os envolvidos na atividade. O turismo é multidisciplinar e deve buscar a interdisciplinaridade, que trará assim a conexão entre os componentes formadores da paisagem vivida e os viventes da mesma. Geralmente, os municípios com potencialidades turísticas passam primeiro por um processo de demanda espontânea de atratividade de pessoas. E nesse vácuo, vão sendo construídas as características de aproveitamento da atividade que, se não forem direcionadas de maneira correta, podem ser aproveitadas de forma equivocada. Trazendo assim, péssimas conseqüências tanto ao meio onde se da o turismo, como para as pessoas envolvidas. O município de Caxambu é explorado pelo turismo há tempos, e a demanda foi gerada pelo componente geofísico água mineral, alinhada a potencialidade de estar no alinhamento da estrada real, mais especificamente no caminho velho que inicia em Diamantina e finaliza em Paraty. Desta maneira, o município foi por muito tempo um referencial no que diz respeito a destinos turísticos. Não há como descrever o surgimento do município de Caxambu sem tangenciar sua 9
  • 10. formação geológica, sempre que o nome do mesmo é citado ou visto a relação com as águas minerais logo é feita. Como a associação/interpretação geológica era pouco desenvolvida à época de seu descobrimento, o que sempre teve destaque na divulgação do município foi o poder de cura de suas fontes que juntas, detêm para muitos, o título de maior diversidade de águas minerais do mundo. Totalizando 12 fontes em exploração. A cronologia exposta para o município em seu site oficial demonstra a importância da descoberta das águas para o surgimento do mesmo, que culminou com a chegada da Princesa Isabel em 1868 que, sabendo do potencial curativo das águas, buscou sanar-se de uma possível infertilidade. A Princesa curou-se da anemia e engravidou, lançando assim, a pedra fundamental para a construção da Igreja de Santa Isabel que hoje é patrimônio tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio histórico - IEPHA. Por essas e outras, o município encontrou no turismo de saúde uma fonte de empregabilidade e de geração de renda, mas, por razões ainda não contornadas, esse tipo de turismo entrou em decadência e o Circuito das Águas passa por dificuldades. Isso se deve, pois, os municípios que compõem o mesmo não se preparam para atrair outros tipos de público e, precisam ainda, reinventar o turismo em função das águas e seus poderes “milagrosos”. Além disso, a má gestão pública e a falta de investimento do estado e união culminaram com o surgimento de problemas estruturais difíceis de serem resolvidos. A não diversificação da atividade turística e a falta de cuidado com a expansão urbana nas proximidades da sede municipal foram, entre outros, alguns dos principais fatores preponderantes para a diminuição do fluxo turístico para Caxambu. Mas, nada disso é mais importante do que a necessidade de um planejamento a longo prazo que envolva a comunidade local com o turismo de forma mais profissional e direcionada. Para que isso ocorra, as ações coordenadas entre o poder público e as empresas privadas que usufruem da atividade no município devem sempre ser tomadas com o apoio técnico e tecnológico necessário. Não deixando é claro, de incitar a participação da sociedade civil em todo o processo. 10
  • 11. Além de Caxambu, outras instâncias hidrominerais deixaram de crescer através da atividade turística, muito em função da falta de aprofundamento do real potencial de cura de suas águas minerais. Esse aspecto tem sido um dos principais entraves para que o Circuito das Águas se afirme como região atrativa. 1.1.PROBLEMÁTICA E JUSTIFICATIVA Mas, até que ponto a água mineral é capaz de dar sustentação ao turismo como atividade geradora de emprego e renda no município? Quais são as medidas que estão sendo tomadas para a proteção da mesma? Quais são as outras possibilidades de se desenvolver o turismo fora da sede municipal, fazendo com que o meio rural também se beneficie da atividade? São questões que permeiam um planejamento de médio a longo prazo, que também deve prever a diversificação das categorias de atividades turísticas condizentes com o que o município pode oferecer. Diante da contextualização e da problemática exposta, o presente trabalho torna-se necessário pois, o município precisa criar alternativas para fazer com que o turista tenha uma gama variada de opções que podem ser criadas a partir das potencialidades existentes em seu território e na região de entorno. Fazendo com que Caxambu não seja mais refém de um único segmento de turismo. 1.2.OBJETIVOS 1.2.1.GERAL Gerar um diagnóstico da situação do turismo no município e caracterizar as feições da paisagem que podem ser apropriadas para a atividade turística, montando ao final uma planta que espacialize essas informações. A partir dessa identificação, serão definidas as potencialidades e entraves para que essa utilização aconteça dentro de um planejamento coerente. 1.2.2.ESPECÍFICOS • Caracterização dos componentes biofísicos e do uso e ocupação do solo no município; • definição das feições da paisagem que podem ser apropriadas para o 11
  • 12. desenvolvimento das vertentes do turismo no meio rural (Ecoturismo, Turismo de Aventura, Turismo Rural); e • indicação das potencialidades e fatores limitantes (entraves) do uso das feições da paisagem para o turismo no município; 12
  • 13. 2.REFERENCIAL TEÓRICO 2.1.A ÁGUA MINERAL PARA O TURISMO O turismo em Caxambu surgiu em função de suas águas minerais, mas, até que ponto a água mineral é atrativa de turistas e até onde as pessoas que procuram os locais para consumi-la estão cientes dessa função da mesma? Primeiramente, é necessário entender que as águas minerais sempre foram famosas por suas propriedades terapêuticas, e não por um componente que pode ser formatado para o turismo. Logicamente, as localidades onde as mesmas ascendem à superfície, podem fazer dessa peculiaridade um diferencial a mais para uma vocação turística que deve ser tratada além desse componente geofísico. Além dessa questão, a medicina ainda é tímida na utilização da crenoterapia1 para tratamentos médicos. O que se vê é a indicação das águas como sendo uma ajuda no tratamento de certas patologias, mas nada em uma escala a ponto de colocá-las em competição com as práticas medicinais contemporâneas e com a indústria farmacêutica. Em artigo publicado (in memoriam) em 1956, do médico crenólogo Dr. Lysandro Cardoso Guimarães, na sinopse do I Concurso Nacional de Monografias “O Poder Curativo das Águas Minerais” (Caxambu: Prefeitura Municipal de Caxambu, 1989), o autor já demonstrava sua preocupação em relação à crença médica sobre o real poder de cura das águas minerais, e cita: A incredulidade da maioria dos médicos brasileiros tem sido a nossa maior barreira, em contraposição à credulidade popular que (....) tem sido o fator de estímulo ao desenvolvimento de nossas estâncias como cidades de cura. Nos países europeus, a classe médica é a vanguardeira desses estudos que constituem assunto de real interesse em todas as universidades. Nós, pelo contrário, somos caudatários remotos dessas conquistas e, por isso mesmo, não podemos apresentar trabalhos à altura das modernas descobertas científicas; contudo, essa carência de estudos e pesquisas só poderá ser 1 A crenoterapia é o tratamento feito através de ingestão e banho de águas minerais. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Crenoterapia Acesso em 12/07/2008. 13
  • 14. sanada no dia em que os médicos brasileiros volverem seus olhos para esses problemas, ... (apud in NETO, 2003. p27) Segundo NETO (2003), “as águas minerais devem ser consideradas como águas subterrâneas especiais, uma vez que, além de atender aos demais usos tradicionais, apresentam propriedades terapêuticas”p.24. Diante dessa afirmação, o planejamento dos municípios que têm na água mineral seu ponto forte para o turismo, deve levar em consideração algumas questões, como por exemplo: 1. o público que procura às águas minerais deve ser intensamente estudado, para que se possa implementar ações que venham a suprir o anseio terapêutico que o mesmo tem em relação à água mineral; 2. a medicina local tem que se especializar em função da utilização das águas para o uso medicinal; 3. o turismo deve procurar se diversificar para não se tornar refém de um único tipo de público e de segmento turístico. Feitas essas etapas, a qualidade dos resultados da estadia dos turistas no município estará a cargo do receptivo local, que tem nesse momento a oportunidade de mostrar ao turista, outras possibilidades de se fazer turismo na região, além de ter a responsabilidade de deixar claro o bem estar que a estadia do mesmo no município vai causar. Não só pelo descanso que os municípios proporcionam e consumo das águas e suas propriedades especiais, mas pelas opções variadas de interação com outros segmentos turísticos possíveis de serem aproveitados. Mas, é também nesse momento que a falta de uma aplicação mais difundida da crenoterapia e da popularização científica das propriedades medicinais das águas, faz com que exista uma redução no número de pessoas que procuram nos municípios com fontes hidroterápicas mais do que descanso, cura. É por essas e outras que Caxambu encontra dificuldades em reinventar o turismo em função de seu potencial mais utilizado, a água mineral. Mas, através de um planejamento de médio a longo prazo, o município tem totais condições de fazer com 14
  • 15. que seu produto turístico retome sua função medicinal e turística. Aliando a gama de possibilidades de segmentação da atividade através das potencialidades naturais e culturais de seu território e sua região de entorno. 2.2.DESAFIOS DO PLANEJAMENTO PARA O TURISMO Caxambu é um município mineiro tradicional, teve sua formação graças à corrida do ouro fazendo parte da história da estrada real, sua arquitetura mais antiga é rica e relativamente bem conservada. Possui ainda, um belo parque de águas minerais considerado o mais diverso do mundo com diferentes propriedade químicas na constituição das mesmas, localizado próximo da Serra da Mantiqueira, tem um relevo diverso promovendo contornos que trazem grande beleza a paisagem. Mas, o turismo que já foi a grande fonte de crescimento do município não promove um desenvolvimento sustentado e o mesmo possui diversos pontos de fraqueza que devem ser atacados para mudar esse quadro. Quando a temática do turismo é levantada como forma de sustentação econômica de um município ou determinada região, o efeito especulativo causa sintomas de ansiedade, expectativa e esperança na população que será parte do processo de elaboração dos produtos a serem desenvolvidos. No caso de Caxambu, essa “suposta crise” instalada causa um efeito altamente negativo com relação à real potencialidade turística do município. Por esses motivos, o turismo não pode ser implantado como uma estrutura nova e física. O mesmo deve ser implementado com cautela, com medidas de curto, médio e longo prazo, visando uma integração sem alteração da paisagem de forma a considerar aspectos que constituem um planejamento democrático e pautado em questões técnicas e estruturais que devem ser desenvolvidas. Fazer com que os atores que farão parte da atividade comprem a idéia, passa por um processo que deve conseguir, primeiro; esclarecer que as perspectivas serão interessantes economicamente e profissionalmente. Desta forma, o reconhecimento do 15
  • 16. turismo como fonte de geração de renda, emprego e conseqüente melhoria da qualidade de vida das pessoas envolvidas deve desmascarar, no caso de Caxambu, a suposta crise que o setor atravessa e as potencialidades que podem ser melhoradas e transformadas em um renovado produto turístico. Feitas as considerações das vantagens que o turismo pode trazer, chega-se ao segundo momento; que é a criação de um planejamento que deverá fazer com que surjam agentes de mudança em todos os setores da sociedade (instituições públicas, privadas e sociedade organizada). Esses agentes serão responsáveis pela voz do planejamento, fazendo com o máximo de pessoas se comprometam com as propostas que serão colocadas. O planejamento torna-se a função essencial na gestão do turismo. Turismo este que é o deslocamento de pessoas de um lugar para o outro, gerando inerentemente a sua prática, a possibilidade de mudanças sociais, culturais, ambientais e econômicas em seu destino e nas pessoas que o praticam. Desta maneira, a gestão da atividade torna-se necessária, pelas conseqüências positivas ou negativas que surgirão em função da existência ou não de um planejamento estratégico. O planejamento segundo ROBBINS (1978), nada mais é do que a escolha antecipada dos objetivos a serem atingidos e dos meios pelos quais os mesmos serão alcançados. CHIAVENATO (1987) (apud PETROCCHI, 2001) considera que: O planejamento costuma configurar como a primeira função administrativa, por ser exatamente aquela que serve de base para as demais. O planejamento é a função administrativa que determina antecipadamente o que se deve fazer e quais objetivos devem ser atingidos. O planejamento é um modelo teórico para a ação futura. Visa dar condições para que o sistema seja organizado e dirigido a partir de certas hipóteses acerca da realidade atual e futura. O planejamento é uma atividade desenvolvida de maneira consistente para dar continuidade às atividades, e seu focus principal é a consideração objetiva do futuro. [...] É uma técnica para absorver a incerteza e permitir mais consistência no 16
  • 17. desempenho das organizações. [...] O planejamento implica fundamentalmente traçar o futuro e alcançá-lo. [...] O planejamento é um processo que começa com a determinação de objetivos. Define estratégias, políticas e detalha planos para consegui-los; estabelece um sistema de decisões e inclui uma revisão de objetivos para alimentar um novo ciclo de planificação. O planejamento com o intuito de se desenvolver o potencial turístico de um município, de forma organizada, equânime e com bons frutos é fundamentado na situação em que se deseja alcançar. Para isso, os objetivos devem ser criados de forma a se construir ações orientadas. Surgindo então, a necessidade da criação de um plano pró-ativo de desenvolvimento turístico. Para MARQUES e BISSOLI (2001): O planejamento turístico é um processo que analisa a atividade turística de um determinado espaço geográfico, diagnosticando seu desenvolvimento e fixando um modelo de atuação mediante o estabelecimento de metas, objetivos, estratégias e diretrizes com os quais se pretende impulsionar, coordenar e integrar o turismo ao conjunto macroeconômico em que está inserido. Deve ser entendido com uma ação social, no sentido de que vai ser dirigido à comunidade e racional, na medida em que é um processo que tende a estabelecer e a consolidar uma série de decisões com um alto grau de racionalização. No turismo, o plano de desenvolvimento constitui o instrumento fundamental na determinação e seleção das prioridades para a evolução harmoniosa da atividade, determinando suas dimensões ideais, para que a partir daí se possa estimular regularmente ou restringir sua evolução. A finalidade do planejamento turístico consiste em ordenar as ações do homem sobre o território e ocupa-se em direcionar a construção de equipamentos e facilidades de forma adequada, evitando assim efeitos negativos nos recursos, como sua destruição e a redução de sua atratividade. 17
  • 18. O plano de desenvolvimento turístico deve possuir duas etapas distintas, mas complementares, onde a primeira sustenta-se em um nível mais de conhecimento e estratégias de desenvolvimento e a segunda mais operacional e tática. Cabendo ressaltar que, o sucesso a ser atingido por um plano dependerá da qualidade em que as etapas se realizam e do comprometimento dos envolvidos. Na primeira etapa os esforços se concentram no direcionamento dos rumos a serem tomados, na visão de futuro, na missão prevista e na criação de estratégias. Um dos elementos que constituem estas estratégias é a leitura da paisagem, diagnóstico ambiental ou macro-ambiental como denominado por alguns autores. A segunda etapa de um plano de desenvolvimento turístico, é diferenciada por deter um caráter mais operacional, é nessa fase que as ações se darão. Para o êxito de tais ações, os planos setoriais devem ser realizados através de programas e projetos. Os planos setoriais visam separar as ações, para que as mesmas em conjunto possam ser eficientes e eficazes no desenvolvimento do turismo. Trata-se de programas para a estruturação da oferta turística; sensibilização e formação profissional para o turismo; melhoria ou criação da estrutura física dedicada à atividade ou a divulgação desta; pesquisa, normatização e fiscalização; promoção e marketing; controle, apoio técnico e coordenação regional participativa (PETROCCHI, 2001). Diante destes aspectos de analise, é possível construir um plano de desenvolvimento turístico que demonstre as oportunidades, as ameaças, as fortalezas diferenciais e as fraquezas dos municípios e regiões foco. Para Caxambu, será preciso que o reconhecimento de ações que não vem sendo desenvolvidas de maneira correta e que as vezes nem existem, dêem lugar a discussão democrática do objetivo a ser alcançado. Mostrando assim, as potencialidades ainda existentes no turismo como forma de desenvolvimento local, com o aproveitamento da água mineral e das potencialidades da paisagem na região como um todo. 2.3.INTERPRETAÇÃO DA PAISAGEM PARA O TURISMO Tomando como partida os pensamentos construídos sobre a paisagem, pode-se afirmar 18
  • 19. que os estudos ambientais trabalham principalmente com a interpretação da “Paisagem Concreta” e da “Paisagem Simbólica”. Sendo a primeira, fonte do campo de estudo dos geógrafos físicos, que tratam questões e fenômenos gerados a partir de forças endógenas que representam as pressões magmáticas, evoluções da crosta terrestre e todos os processos de inter-relação entre os componentes da litosfera. E as forças exógenas, que ficam a cargo das interações entre os elementos da estratosfera, que abarcam as dinâmicas climáticas e suas atuações diferenciadas sobre a litosfera a partir de sua constituição, determinando inicialmente a biosfera que a ocupa. Já a “Paisagem Simbólica”, é responsável pela subjetividade da interpretação, tomando o homem, a função de interprete da mesma. Desta forma, a paisagem torna-se fonte de discussão e contraposição de idéias a partir do pensamento dialético gerado pelas teses, antíteses e sínteses que dão origem ao pensamento científico refinado da questão. Deve-se pensar a paisagem como uma série de camadas sobrepostas e interdependentes. Em linhas gerais, ela pode ser estudada a partir do tipo de rocha que, exposta a um tipo de clima irá gerar um tipo de morfologia do terreno, esta condicionará a formação de tipos de solos diferenciados a partir da litologia existente ou de dinâmicas peculiares. Os solos, por sua vez, definirão as tipologias de vegetação que abrigarão uma fauna específica e determinarão inicialmente o seu uso pelo homem. Inicialmente, pois, o homem dotado de tecnologia pode condicionar a paisagem de acordo com sua necessidade em alguns casos, como por exemplo, corrigir a fertilidade do solo de áreas potenciais para a atividade agrícola. A leitura da paisagem pode ser uma forte aliada do turismo dentro de um planejamento consistente, mas deve ser usada de forma a não valorizar somente as questões estéticas do espaço estudado. Para LACERDA (2005), a paisagem estudada sobre o ponto de vista estético deve fugir daquela genuinamente “bela” e profana que é montada como um cenário. Para a mesma autora, a paisagem fascina pela sua relação com o estudo dos lugares. O que nos motiva na paisagem é a possibilidade de troca de conhecimento a partir da incorporação do outro e da compreensão da estrutura subjetiva das coisas – o sentimento, a personalidade ou caráter intrínseco ao lugar e sua atuação sobre os indivíduos (SOLANO, apud in LACERDA 2005). 19
  • 20. As belezas naturais geralmente são vistas como produtos turísticos quase prontos e fáceis de serem comercializados, é nesse momento que falta de capacidade técnica pode fazer com o que hoje é uma potencialidade torne-se um problema no futuro. Diante disso, o planejamento se enquadra como a única forma de se hipotetizar as conseqüências negativas da implementação do turismo como alternativa de atividade econômica. Mas, o conhecimento da paisagem deve extrapolar o que é “visto”, aprofundando-se nos estudos dos ecossistemas e da cultura do espaço vivido pelas pessoas dos municípios e regiões desenvolvidas turisticamente. Segundo DUFRENNE citado por LACERDA (2005), a análise da paisagem meramente estética deve ser trazida sob a forma de uma perspectiva cultural, pois “[...] a natureza só é vista esteticamente porque é vista culturalmente” (DUFRENNE, apud in LACERDA 2005). Desta forma, LACERDA (2005) afirma que, “[...] ao considerar o aspecto cultural, a definição de estética extrapola o conceito de beleza”. O conceito de estética é vendido de forma errada na mídia, e tornou-se a principal ferramenta de inserção de produtos no mercado. Existem situações em que o apelo estético é tão forte e poderoso, que se torna uma negação dos aspectos da qualidade e de pertinência. Etimologicamente, a palavra estética é originária do grego aisthesis, cujo significado é a “faculdade de sentir”, “compreensão dos sentidos”, “percepção totalizante”. E não uma mera sedução visual, como é tratada atualmente. Desta forma, ao se analisar uma paisagem com olhares para o turismo, deve-se levar em consideração os fatores físicos e simbólicos de formação da mesma. Isso se deve, pois, a paisagem é formada pelo espaço criado, vivido e sentido e está em constante mutação. O vertiginoso crescimento populacional mundial, aliado a um sistema político e econômico, extremamente dependente da exploração dos recursos naturais para sua sustentação, levou a um incremento da degradação ambiental, seja no ambiente natural e/ou rural, como no urbano. Isto se deu pela necessidade de se abrir novas fronteiras que suportassem a demanda pela produção de alimentos e bens de consumo. E também pela 20
  • 21. urbanização acelerada, promovida pela mudança dos setores econômicos que, de início, se concentravam no primário, ou seja, com predominância da atividade agrária, passando, a posteriori, para os setores secundários e terciários que se embasam em atividades comerciais e industriais. O turismo como atividade de apropriação do espaço, pode tanto contribuir para a acentuação da degradação como para a proteção da natureza. São inúmeras as formas de aproveitamento da paisagem para a atividade turística, tais como o turismo de aventura, o ecoturismo, o turismo rural e etc, mas realizar um planejamento coerente de acordo com os ambientes em que estes se darão é um desafio difícil. As paisagens são carregadas de elementos físicos e simbólicos, que não devem ser analisados de forma independente, a correlação entre os mesmos e sua valorização é o desafio dos fazedores de turismo e do turismo. Diante do exposto, tem-se que o turismo pode tomar uma fundamental importância para a proteção da natureza das paisagens, já que a mesma é o principal atrativo para o turista, que pode se sentir lesado ao se deparar com um ambiente sem harmonia. Esse é outro desafio, pois, cada turista tem sua carga de experiência, sua expectativa e sua maneira de se relacionar com a natureza e com outras pessoas e, muitas vezes o desconhecimento dos ambientes visitados e a falta de limites nas imersões podem causar efeitos devastadores aos recursos naturais e culturais. É nesse momento que os produtos turísticos bem planejados obtém sucesso, trazendo não só a natureza como fim da atividade turística, mas informando que a mesma é local de grande importância social, ambiental e econômica e que outras pessoas devem ter o direito ao meio ambiente devidamente equilibrado no futuro para esse uso. Essa conscientização torna-se condição sinequanon para que a natureza e a cultura dos lugares visitados não sofram as conseqüências negativas que a atividade turística pode trazer. Fazendo assim, com que a paisagem seja consumida dentro dos preceitos da sustentabilidade. 21
  • 22. 2.4.CARTOGRAFIA PARA O TURISMO Uma das ferramentas para o planejamento do turismo é a criação de um banco de dados para o acompanhamento da evolução da exploração da natureza, além de ser fundamental para a caracterização preliminar das paisagens com potencial para a segmentação turística. Nesse contexto, a cartografia dispõe de diversas técnicas para descrever os atributos da superfície da terra em um determinado território, sendo assim, tais descrições tomam grande importância da análise das formas e dos processos ocorrentes no espaço. A evolução da cartografia acompanha as ferramentas tecnológicas que cada vez mais, com a introdução de computadores e programas, facilitam a construção de modelos digitais do terreno e a análise de uma grande quantidade de dados por meio dos Sistemas de Informações Geográficas - SIG. Considerada uma ciência de apoio a geografia, a cartografia utiliza o mapa como meio de comunicação, onde o mesmo é construído por símbolos e signos que são destinados a representar os mais diversos fatos e objetos dispostos no espaço geográfico. Na geografia, existem duas vertentes principais que separam a cartografia, que segundo OIVEIRA (1993), são: •“a cartografia sistemática que é feita por engenheiros cartógrafos e geodésicos, que fazem medições precisas do geóide terrestre, que é a forma própria da esfera da Terra, a fim de localizar exatamente um ponto em sua superfície. As cartas topográficas, em suas diferentes escalas, são realizadas por esses profissionais e servem como instrumento de trabalho tanto para geógrafos como para vários outros profissionais; e •a cartografia temática que possui importância fundamental, pois permite representar as formas e os processos que moldam o espaço geográfico. O objetivo dos mapas temáticos é o de fornecer uma representação dos fenômenos geográficos de qualquer natureza, bem como as relações entre eles, ou seja, suas correlações, e isso se faz com o auxílio de símbolos qualitativos e/ou quantitativos dispostos sobre uma base de referência, geralmente extraída das cartas topográficas,...”. A apropriação dos recursos cartográficos pelos atores da atividade turística é muito 22
  • 23. válida na tentativa de planejamento e posterior venda de seus produtos, desde que o tipo de informação e o objetivo do mapa tenham consonância com o espaço a ser representado, sendo assim, as diferentes vertentes de atividades turísticas devem aplicar diferentes técnicas de representação. Ou seja, primeiro deve-se analisar o produto que se está querendo mostrar e depois adequá-lo a melhor maneira de representação gráfica. No caso do turismo cultural, por exemplo, os mapas são mais flexíveis quanto às normas usualmente exigidas pela cartografia. Ou seja, em vez de se mapear os atrativos culturais utilizando-se de símbolos simples, é mais interessante fazê-lo através de signos para atrair a curiosidade de quem está interpretando o mapa. Geralmente, são figuras simples, mas, com um apelo cultural forte. Diante do exposto, na atividade turística, a cartografia pode ser utilizada como uma forte aliada no processo de aproveitamento dos produtos turísticos. A realidade dos espaços geográficos a serem desenvolvidos deve ser interpretativa e não uma gama de informações sem contexto, ao mesmo tempo, o apelo às belezas naturais e culturais deve ser desenvolvido de modo a vender o todo, fazendo com que o turista se informe sobre o local e não só passe por ele. Para o presente trabalho, foram utilizados os recursos da cartografia digital sistemática e temática, que possibilitou o mapeamento das porções estudadas no território municipal. Levando em consideração a espacialização dos componentes da paisagem, e sua relação entre as potencialidades e entraves para a formatação de produtos turísticos no município. 23
  • 24. 3.METODOLOGIA O desenvolvimento do trabalho de monografia foi calcado em três etapas, a primeira de planejamento das atividades, criação do banco de dados secundários e definição da temática a ser desenvolvida, a segunda de realização dos trabalhos de campo e levantamento de informações primárias e a terceira de produção dos resultados e análises. 1. Etapa de planejamento: Na etapa de planejamento, as atividades contemplaram os estudos preliminares, com a análise e revisão bibliográfica sobre trabalhos já realizados em Caxambu e a busca de informações junto à prefeitura municipal. Basicamente, o objetivo desta etapa foi analisar os dados secundários disponíveis acerca do Município, permitindo assim, uma caracterização geral do mesmo em seus aspectos físicos (geologia, clima, geomorfologia, solos e hidrografia), bióticos (fauna e flora) e socioeconômicos (setores econômicos, dinâmica populacional, usos da terra e infra- estrutura básica). É nesta etapa que foram definidos os conceitos a serem utilizados no desenvolvimento do trabalho, a temática a ser abordada nos resultados e a definição dos objetivos do mesmo. As informações foram sempre direcionadas para serem aproveitadas dentro de um planejamento turístico municipal. 2.Etapa de levantamento de campo: De posse das informações coletadas, foi possível dimensionar o trabalho de campo necessário para o presente estudo. A campanha de campo foi realizada nos dias 2, 3 ,4 e 5 de julho de 2008. Tais levantamentos tiveram como objetivo afinar a caracterização das paisagens, agregar mais informações que considerassem o planejamento turístico e avaliar as possibilidades de utilização do território municipal (em seus aspectos físicos, bióticos e culturais) para o turismo. Para auxiliar nos campos foram utilizados os mapeamentos sistemáticos do IBGE e, 24
  • 25. com um GPS foram levantados todos os componentes do território municipal que poderiam ser considerados potenciais ou entraves para a expansão da atividade turística em Caxambu. 3.Etapa de elaboração dos resultados: A terceira etapa representou a elaboração dos resultados, cujo conteúdo foi baseado na criação de um diagnóstico da situação do turismo em Caxambu e uma planta síntese com as feições da paisagem, mostrando as potencialidades e entraves para a realização de uma possível expansão do turismo municipal. Trazendo as potencialidades de diversificação da atividade no município, através da apropriação da paisagem física e simbólica do mesmo. Os resultados foram elaborados levando-se em consideração a aplicação de um planejamento amparado por informações técnicas da infra-estrutura já existente, da atividade turística já desenvolvida no município e seus desafios, levando-se em consideração as possibilidades de utilização da paisagem do restante do território municipal. Nesta etapa foi gerado um mapa com o objetivo de orientar geograficamente as paisagens, seus componentes e as possibilidades de utilização ou não para o turismo. Os estudos ambientais para fins de caracterização municipal, bem como outros construídos com premissas em planejamento são fundamentalmente estudos da paisagem. Mas, na maioria das vezes, a paisagem é fragmentada pela ausência de uma linha de raciocínio lógica e vertebral. Diante do exposto, é necessário que se obtenha êxito, uma linha norteadora que busque a forma mais correta de se elevar a qualidade dos trabalhos através da conexão entre os meios estudados que, a saber, em linhas gerais são: • Meio físico: geologia, clima, geomorfologia e solos; • Meio biótico: flora e fauna e • Meio social: interação entre os meios anteriores e seus fatores determinantes no 25
  • 26. uso do solo das áreas e regiões estudadas. A Figura 3.1 mostra de forma didática o resumo de uma das metodologias coerentes de se entender as paisagens, que fazem parte de um ecossistema complexo e com componentes que se interdependem. Definindo através de características físicas, bióticas e simbólicas a sua potencialidade para a prática do turismo. Figura 3.1 – Metodologia para caracterização da paisagem. Fonte: Adaptado de FERNANDES (2000). O importante ao se iniciar uma caracterização, é tentar forçar ao máximo o raciocínio sobre o curso natural da paisagem e os elementos de sua formação. Com a idéia do turismo como fonte de renda, emprego e desenvolvimento sustentável alçada, é possível estudar de forma preliminar as alternativas e medidas necessárias, tomando como meta a melhoria da qualidade de vida dos envolvidos sem o comprometimento dos recursos utilizados para o turismo, sejam eles naturais ou culturais. Tentando sempre compreender a interferência em uma paisagem construída por fatores históricos, em constante mutação e por ações e interações caracterizadas pelas dinâmicas entre os meios. Desta forma, nos itens seguintes foram abordadas as temáticas que devem ser levantadas, e aprofundadas caso necessário, para a caracterização do município de Caxambu. Para auxiliar na espacialização das análises sobre as potencialidades e entraves da expansão da atividade turística no município, o mesmo foi dividido em três porções 26
  • 27. principais, e são: • Norte; • Central; e • Sul. Figura 3.2 – Porções estudadas. Para a porção central, a análise foi diferenciada por tratar-se de área urbanizada e com uma atividade turística já implantada e que passa por dificuldades. Sendo assim, para a mesma, foi feito um levantamento do que se entende como produto turístico de Caxambu e quais são as medidas que estão sendo tomadas para que o mesmo reassuma sua função de desenvolvimento local. Já para as porções norte e sul, o critério da divisão foi balizado de acordo com as características peculiares de cada uma. Levando-se em consideração os componentes físicos (geologia, geomorfologia, solos e hidrografia), as qualidades geo-ambientais (conservação da flora e fauna), a beleza estética, os arranjos das estruturas sociais e seu uso do solo, além da acessibilidade às áreas com maior potencial. 27
  • 28. A planta do anexo 1 traz uma síntese das principais feições das porções norte e sul, dando ênfase à possibilidade de utilização da paisagem para a utilização turística. Para que este capítulo seja mais bem compreendido, é necessário que o mesmo seja lido com a planta aberta, pois, a todo momento são feitas inferências às informações constantes nesta. Lembrando que, no mapa somente estão elencados os aspectos encontrados na porção norte e sul. Já para porção central, todas as análises estão discorridas no texto. 28
  • 29. 4.DIAGNÓSTICO MUNICIPAL 4.1.CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO 4.1.1. HISTÓRICO Segundo informações oficiais trazidas pelo resgate histórico realizado pela prefeitura municipal de Caxambu, em 1674, a Bandeira de Lourenço Castanho Taques saiu de Pinheiros, seguindo a trilha de Félix Jaques rumo ao vale do rio Verde. Nas imediações do Morro Cachumbum (ou Caxambu), próximo de Baependy (hoje Baependi), conseguiu vencer os índios Cataguases que habitavam a região. No ano de 1714, o local onde se instalaria a sede era uma paragem conhecida como Cachumbum, sítio e local onde habitava o Alferes Alberto Pires Ribeiro. Neste período, "As Minas Gerais" pertenciam à Capitania de São Paulo e foram divididas em três Comarcas. Cachumbum pertencia à Comarca do Rio das Mortes (Prefeitura Municipal de Caxambu, 1998). Em 02 de dezembro de 1720 foi criada a Capitania Independente de Minas Gerais, mantendo os mesmos limites anteriores, cabendo à Capitania de São Paulo toda a área das bacias dos rios Grande, Verde e Sapucaí (Prefeitura Municipal de Caxambu, 1998).. As primeiras sesmarias no local onde hoje situa-se o município de Caxambu, datadas de 1766, pertenceram a Carlos Pedroso da Silveira e a Francisco Alves Correia. Mas é fato que o que realmente marcou o desenvolvimento e a colonização de “Nossa Senhora dos Remédios de Caxambu”, povoado pertencente ao município de Baependi, foi a descoberta das fontes de águas minerais por volta de 1814 (segundo a tradição) que logo ficaram famosas devido às surpreendentes curas obtidas pelos primeiros doentes que delas se utilizaram, o que veio a dar ao povoado o nome de “Águas Virtuosas de Baependi” e posteriormente de “Águas Virtuosas de Caxambu” (Prefeitura Municipal de Caxambu, 1998). Em 1844 começaram a surgir as primeiras edificações nas proximidades das minas, por exemplo a captação da fonte Duque de Saxe visualizada na foto da Figura 4.1. 29
  • 30. Figura 4.1 - Início da obra da fonte Duque de Saxe. Fonte: Secretaria Municipal de Turismo de Caxambu. Em 1861 as fontes de águas minerais foram desapropriadas pelo governo da Província, e a fama do local se propagou tão rapidamente que em 1868 a família real, através de D. Isabel e do Conde d’Eu, vieram a já então Caxambu, em busca de cura para a esterilidade do casal. A presença do casal real ao povoado teve como marco o lançamento da pedra fundamental da igreja de Santa Isabel, rainha da Hungria (Prefeitura Municipal de Caxambu, 1998). No mês de Setembro de 1901, o povoado foi elevado à categoria de vila de acordo com a Lei nº 319 do dia 16 de referido mês, nesta ocasião o município era composto pelo distrito de Caxambu (Sede) e de Soledade. Em 18 de Setembro de 1915, a Lei nº 663 concedeu a Caxambu foro de cidade. O distrito de Soledade foi emancipado em 1938 e o município de Caxambu manteve, desde então, apenas o distrito sede (Prefeitura Municipal de Caxambu, 1998). Etimologicamente o nome Caxambu tem cinco significados (Tabela 4.1). 30
  • 31. Tabela 4.1 – Significados do nome de Caxambu. Fonte: IEPHA – MG (Processo de tombamento do Conjunto Paisagístico e Arquitetônico do Parque das Águas de Caxambu -1998). Origem Derivação (significado) Interpretação Observações Referência ao instrumento usado pelos escravos e termo Cachaça (Tambor) empregado em Minas Gerais África Tambor de Música para marcar os morros que Mubu (música) tinham configuração parecida com aquele tambor. Caa (Mato) Ou ainda: caxa (mato) + umbu, mudado para ambu Tupi xa (Ver) Mato que vê o riacho (vermelho como fogo) = mato vermelho como fogo. mbu (Riacho) Dicionário Uma espécie de Batuque que os negros Cândido de ___ batuque dançam ao som de um tambor. Figueiredo João Mendes Catã (golfar, borbulhar) Referindo-se a água, é a bolha de Almeida Água que borbulha que o líquido faz como a (Índios Mbu (ferver) ferver – bolhas a ferver. Cataguases) H. Sanches Caa + mubu Murmúrio da selva ___ Quell 4.1.2.LOCALIZAÇÃO Localizado no planalto da Mantiqueira e inserido na bacia hidrográfica do rio Verde e sub-bacia do rio Baependi, o município de Caxambu está localizado na mesorregião geográfica de planejamento denominada Sul/Sudoeste de Minas, que por sua vez é parte constituinte da microrregião de São Lourenço (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE). O mesmo possui divisas com os municípios de Baependi (NE), Conceição do Rio Verde (NW), Soledade de Minas (W) e Pouso Alto (S) tendo uma área que abrange 100,50 Km². Sua sede está situada em uma altitude de 904 metros, e tem sua posição locada nas coordenadas geográficas 21°58’20” de latitude S e 44°56’20” de longitude W. O município não possui distritos e sim duas localidades, uma ao norte denominada Morro Queimado e outra a sul com nome de Morro Cavado. 31
  • 32. : 45°10'0"W 45°0'0"W 44°50'0"W 44°40'0"W LM G 86 8 21°50'0"S Cruzília 21°50'0"S 3 & MAPA CHAVE LOCALIZAÇÃO DE CAXAMBU NO ESTADO 83 MGT 3 Conceição do Rio Verde 3 & Morro Queimado Minas Gerais * # BR 267 4 35 T M G Baependi Caxambu 83 3 & ! . 3 Caxambu BR 3 3 & 38 3 & MG 22°0'0"S 22°0'0"S Soledade de Minas Localidades 3 & * # Morro Cavado Sede Municipal * # 3 & 354 Principais Acessos MGT MG Município Estudado São Lourenço MG 3 460 Carmo de Minas 47 Limites Municipais 3 & 3 & 22°10'0"S 22°10'0"S 3 & 3 & 45°10'0"W 45°0'0"W 44°50'0"W 44°40'0"W ESCALA 3 & NOTAS TÍTULO BASE CARTOGRÁFICA DO GEOMINAS/IBGE TURISMO E 1:200.000 PROJEÇÃO GEOGRÁFICA - SAD 69 ZONA 23S DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL MAPA DE LOCALIZAÇÃO FIGURA 4.2
  • 33. Com relação às distâncias viárias, Caxambu encontra-se a 350km da capital do estado Belo Horizonte, a ligação é feita através da BR 381 (ou rodovia Fernão Dias). O município dista, aproximadamente, 250 km do Rio de Janeiro (BR-116) e 300 km de São Paulo (BR381). As principais rodovias que dão acesso à região são: BR 240, BR354, BR460, BR267, MG347, MG 456. Todas se encontram relativamente bem conservadas, cabendo necessidades de recuperação do calçamento em algumas. Fonte: www.caxambu.mg.gov.br Figura 4.3 – Articulação viária. 4.1.3.GEOLOGIA O substrato geológico de Caxambu é composto por meta-sedimentos do grupo Andrelândia. Na porção sudoeste (SW) do município, é possível perceber a ocorrência de rochas xistosas predominantes. Também são ocorrentes no município algumas porções de quartzito muito alterado. (COMIG/CPRM, 1999) 33
  • 34. Depósitos aluvionares quaternários são encontrados em grandes porções acompanhando as planícies/terraços fluviais principalmente do rio Baependi e ribeirão Bengo. O restante é caracterizado pelo domínio do embasamento cristalino (granito/gnaisse) com predomínio dos gnaisses. Mais especificamente no morro Caxambu, as rochas gnáissicas são cortadas por diques máficos e de brechas alcalinas, constituindo importantes áreas de recarga de aqüíferos fraturados (COMIG/CPRM, 1999). Figura 4.4 - Porções de quartzito muito alteradas. Figura 4.5 - Morro do Caxambu formado por gnaisse. Fotos: EMATER. Mas, de todas as tipologias geológicas encontradas na folha, nada é mais significativo do ponto de vista sócio-ambiental para o município do que o PLUG de rochas alcalinas1 em forma quase circular localizado nas proximidades da sede municipal de Caxambu. As famosas águas minerais são formadas no contato com as composições químicas existentes neste PLUG de rochas alcalinas. Entre estas rochas, a água irá passar pela etapa de mineralização (Figura 4.6), onde se submete a pressão e temperaturas elevadas. Este processo solubiliza os minerais, e quanto maior o tempo de interação água-rocha, maior a mineralização (COMIG/CPRM, 1999). 1 Rochas com pH mais alcalino. 34
  • 35. Fonte: www.drm.rj.gov.br Figura 4.6 – Processo de mineralização das águas. Desta forma, a composição das rochas aqüíferas é um dos principais fatores responsáveis pelas características químicas encontradas nas águas minerais (COMIG/CPRM,1999). A geologia do município é bem variada e com diferentes influências, foram caracterizadas tanto rochas ígneas originadas pelo resfriamento do magma, sedimentares com gênese no transporte e deposição de sedimentos trazidos pela ação principalmente da água, e metamórficas que são rochas alteradas por temperatura e pressão de eventos tectônicos passados. 4.1.4.CLIMA E HIDROGRAFIA O clima que atua sobre a geologia do município é o classificado como Cwb (Köppen, 1948), ou seja, subtropical moderado úmido, também chamado tropical de altitude, com temperatura média dos meses mais quentes e mais frios, respectivamente, de 22° e de 15° C. Apresenta duas estações bem distintas (verão quente e úmido e inverno frio e seco), com a precipitação média total anual de 1.470 mm. O regime térmico é caracterizado por temperatura média anual de 19,2° C, sendo a média máxima anual de 25,8° e a média mínima anual de 14,1° C. As temperaturas 35
  • 36. relativamente amenas são favorecidas pela altitude do relevo (com forte influência da serra da Mantiqueira), a cota máxima encontrada no município é de 1.240m (N) e a mínima de 860m nas planícies fluviais. Os extremos térmicos são caracterizados por temperaturas máximas absolutas que chegam a 39° C, registrada em pleno período de inverno (13.06.67), bem como por temperatura mínima absoluta de 1° C, que foi também registrada em junho (01.06.79), demonstrando a ocorrência de grandes amplitudes térmicas ao longo do ano inverno (INMET, 1960/19901). A direção predominante dos ventos é do quadrante Nordeste, com velocidade média 1,7 m/s, variando para 1,4 m/s no inverno, demonstrando que os ventos são mais velozes no verão, quando chegam a 2 m/s. A nebulosidade é menor nos meses de inverno, quando apresenta índice de 4,2, chegando no verão a atingir o índice de 7,5 em dezembro, que é o mês mais chuvoso (INMET, 1960/1990¹). A umidade relativa do ar é em média de 73%, variando de 67,5% em agosto a 76,4% em dezembro, o mês que chega a registrar um total de pluviosidade de 287,9 mm. O regime pluviométrico é caracterizado por uma média anual de 118 dias de chuvas, sendo dezembro e janeiro os meses com maior número de dias (18). Nos meses de inverno, o mês de julho apresenta apenas dois dias de chuva. O maior volume de chuvas registrado no período de 24 hs é no mês de novembro, que apresentou um total de 114,3 mm no dia 09.11.70 (INMET, 1960/1990¹). O clima de Caxambu é bem distinto em suas estações, fazendo com que o mesmo tenha uma influência diferenciada sobre os componentes físicos e bióticos do município. No inverno são registradas temperaturas amenas com uma grande variação entre o dia e a noite, e o verão é caracterizado por altas temperaturas tanto de dia como de noite, apresentando ainda altos índices pluviométricos. O município de Caxambu, assim como muitos municípios mineiros, tem seu limites políticos definidos por divisores de águas. No extremo leste, oeste e sul o município é limitado pela linha de cumeada de várias sub-bacias do rio Baependi, que é o limite norte do mesmo. As principais sub-bacias hidrográficas que formam o município são a 1 Disponível em < http://www.inmet.gov.br/> . Acesso 03/12/2007 36
  • 37. do ribeirão do João Pedro, ribeirão Bengo que atravessa a sede municipal e encontra-se canalizado em parte de seu curso pela área urbana e o ribeirão do Taboão. O sentido preferencial da drenagem é o sul-norte em direção ao rio Baependi, o padrão de drenagem é o dendrítico com seus cursos principais meandrantes, que é condicionado por se desenvolver em rochas de resistência uniforme. Estes ribeirões, em seus trechos médio-baixo próximos ao rio Baependi, correm em calha encaixada no terraço aluvionar que ocupa o fundo do vale aberto até o exutório. O rio Baependi tem seu leito desenvolvido em padrão meandrante, característico de rios com baixa capacidade de fluxo hídrico e que, com eventos hidrológicos mais intensos, criam zonas de inundação paralelas ao seu curso. Quanto aos usos das águas identificados no rio Baependi, pôde-se constatar que os principais são: • abastecimento da cidade e povoados; • abastecimento de populações humanas do meio rural; • consumo industrial; • consumo de agroindústrias; • irrigação; • aqüicultura; • pesca; • controle de cheias; • navegação e • recreação para lazer. 37
  • 38. 7580000 495000 500000 505000 510000 515000 7580000 : . ! 7575000 7575000 Ri b. Ta b oã o Baependi . ! 7570000 7570000 Ri Caxambu ae o pe B . ! nd i go en .B ro Rib d e J oã o P e d 7565000 7565000 oeirinha ou Soledade de Minas Rib. da Cach . ! . ! Sede Municipal Rios 7560000 7560000 Limites Municipais 0 1 2 3 4 Km 495000 500000 505000 510000 515000 NOTAS TÍTULO ESCALA BASE CARTOGRÁFICA DO IBGE . ! TURISMO E 1:100.000 PROJEÇÃO UTM, DATUM SAD 69 ZONA 23S DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL MAPA HIDROGRÁFICO FIGURA 4.7
  • 39. 4.1.5.GEOMORFOLOGIA Caxambu encontra-se inserido no compartimento de Serras e Planaltos do Sudeste do Estado (Ab’Saber, 1968), tendo ainda em sua porção sul, influência em seu relevo da Serra da Mantiqueira que, segundo Moreira e Camelier (1977), seria uma subdivisão do domínio morfoestrutural denominado Escarpas e Maciços modelados em Rochas do Complexo Cristalino, que ocupam um vasto território no Estado. A atuação diferenciada dos fatores exógenos como o clima e regime hidrológico e endógenos, como o substrato geológico e ações que causaram perturbações da superfície pela atividade tectônica passada, deram origem a uma geomorfologia diferenciada no município de Caxambu. É possível caracterizar quatro principais domínios morfo-estruturais dentro dos limites do município, e são: • porções de quartzitos muito alteradas; • afloramentos de granito-gnaisse; • colinas de topo aplainado e • planícies e terraços fluviais. O município de Caxambu tem em sua porção sul, suas maiores altitudes chegando a faixa de 1240 metros acima do nível do mar, próximo a nascente do ribeirão da Cachoeirinha ou de João Pedro. O perfil topográfico da porção sul do município, no sentido sul-norte (perfil C-D no mapa hipsométrico), mostra esse relevo mais acidentado. Nestas porções mais altas que são encontrados os afloramentos de granito-gnaisse e as cristas de quartzito, que são estruturas mais resistentes à erosão conformando as partes mais elevadas do relevo. Ao norte do município, também foi caracterizado esse domínio, isso se dá pela existência da Serra do Morro Queimado no sentido leste-oeste (perfil A-B no mapa hipsométrico) que é o divisor de águas entre o ribeirão Taboão e o rio Baependi. É grande a presença das drenagens meândricas no município, principalmente as do rio 39
  • 40. Baependi, ribeirão da Cachoeirinha ou de João Pedro, ribeirão Bengo e ribeirão Taboão. Sendo assim, uma porção da conformação do terreno é condicionada principalmente pela ação destes que, com o passar to tempo, tiveram sua capacidade de entalhar o talvegue diminuída, o que propiciou a formação de grandes planícies fluviais. Já a porção central, caracteriza-se por um relevo mais suavizado pela ação do clima em rochas menos resistentes, onde podem ser caracterizadas planícies aluvionais de pequeno porte formadas pelo ribeirão Bengo, onde a sede do município está instalada e a planície do ribeirão João Pedro que deságua no rio Baependi, localizada ao norte. É neste domínio, cujo embasamento é cristalino (granito), que predominam as colinas de topo aplainado com vertentes côncavas e convexas. 40
  • 41. 500000 505000 510000 515000 520000 B 7575000 7575000 A Ri b. Ta b oã o Baependi Rio 3 & 3 & Sede Municipal Ba Drenagem Municipal epe nd Rio Baependi 7570000 7570000 Caxambu i 3 & Lago do Parque das Águas Limite Municipal go en Hipsometria .B Rib Elevação em metros ã o P edro 1145 - 1240 7565000 7565000 1050 - 1145 nh a ou de Jo 955 - 1050 : 860 - 955 D oeiri 0 1 2 3 4 Rib. da Cac h Km 7560000 7560000 C 7555000 7555000 500000 505000 510000 515000 520000 NOTAS TÍTULO ESCALA BASE CARTOGRÁFICA DO IBGE TURISMO E MODELO DIGITAL DE TERRENO 1:100.000 PROJEÇÃO UTM, DATUM SAD 69 ZONA 23S DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL MUNICIPAL - MDTM FIGURA 4.8
  • 42. 4.1.6.PEDOLOGIA, VEGETAÇÃO, USO E OCUPAÇÃO DO SOLO Dentro do território municipal foram identificadas várias classes de solos com pedogêneses diferenciadas, e são: o Latossolo, Argissolo, Cambissolo, Neossolo Regolítico, Neossolo Litólico, Neossolo Flúvico e Gleissolo (EMATER, 2003). Em cada tipo de solo, é sustentada uma vegetação específica com usos predominantes da terra. Sendo importante ressaltar que, a exploração passada da maioria do território municipal descaracterizou totalmente sua conformação vegetal original. No município, os Latossolos são encontrados pontualmente no domínio das colinas com topos aplainados, principalmente nas vertentes convexas e em rampas de latossolo, que também foram identificadas (RESENDE, 2002). Estão geralmente associados à vegetação típica de cerrado, pelas características ácidas e distróficas predominantes, tendo sua utilização para a agricultura condicionada a correções. O Argissolo ou Podzólico, segundo a nova nomenclatura de classificação da EMBRAPA, não apresenta grande expressão espacial no município, estando restrita em inclusões no domínio dos Cambissolos. São geralmente encontrados em vertentes côncavas abertas (anfiteatros), apresentam limitações para a utilização agrícola e são altamente susceptíveis a erosão pela dificuldade de percolação da água (EMATER, 2003). Os Cambissolos ocupam a maior abrangência espacial no município de Caxambu, trazendo consigo características específicas em sua formação, que os tornam altamente predispostos à erosão como: horizonte B incipiente e a grande quantidade de silte no horizonte C, que faz com que aconteçam processos de ravinamento acelerados e em alto grau de evolução (voçorocas) caso não existam cuidados redobrados quanto ao uso e manejo dos mesmos (EMATER, 2003). A vegetação geralmente é de cerrado e o uso agrícola ou qualquer outro é altamente restrito. Os Neossolos Litólicos, são solos muito rasos que ocorrem em áreas de afloramentos rochosos, ou seja, geralmente são formados sobre a rocha (horizonte R) ou sobre a rocha alterada (horizonte C). Por apresentarem altas declividades e pedregosidade, são 42
  • 43. restritos à mecanização para atividade agrícola, podendo ser utilizados por pastagens naturais. Ainda assim, de acordo com a composição mineralógica da rocha matriz, são solos possivelmente com alta fertilidade. A vegetação típica é de campo rupestre e são áreas cujo uso preferencial é o de preservação e turismo (EMATER, 2003). Os Neossolos Flúvicos são resultantes das deposições fluviais recentes distribuídos nas planícies aluviais (leitos maiores) do município, têm geralmente fertilidade média-alta. Mas, sua utilização varia de acordo sua localização, os solos presentes nas planícies aluviais do município (leitos maiores) são limitados devido a inundações em períodos chuvosos, sendo assim, não são indicadas a construção de benfeitorias, culturas de verão e lavouras permanentes nestas áreas. São passíveis de utilização, sem ricos, as culturas de entressafra (EMATER, 2003). A vegetação típica desses solos é a mata ciliar ou de galeria. Já os terraços fluviais, por estarem localizados acima das áreas de inundação, são muito aptos a receberem culturas permanentes e benfeitorias. Os Gleissolos ou solos Hidromórficos, são solos encontrados também nas planícies aluviais e são característicos de áreas alagadas, apresenta coloração do horizonte A escura sobreposta por uma camada acinzentada, isso se deve pelo alto teor de argila que aumenta gradativamente de acordo com a profundidade e matéria orgânica. O grau de encharcamento desses solos restringe o uso para a agricultura, sendo necessário a criação de um sistema de drenagem (EMATER, 2003). São áreas geralmente ocupadas por veredas ou brejos. Os Neossolos Regolíticos são solos constituídos por material mineral aonde a pedogênese foi pouco sentida, ou seja, geralmente são pouco desenvolvidos tendo seqüência de horizonte A-C. Apresentam alta erodibilidade, mas sua textura arenosa permite que a permeabilidade seja alta e a infiltração rápida, fazendo com que o mesmo tenha baixa predisposição à retenção da umidade. A vegetação que melhor se adapta a esse tipo de solo é a floresta estacional semidecídua (Mata Atlântica), característica pela influência da sazonalidade do clima. Nas estações secas as árvores (caducifólias) perdem parte das folhas, evitando assim a evapotranspiração mais intensa (RADAM, 1983). Os usos preferenciais são a silvicultura, o reflorestamento com espécies de mata atlântica, pastagem e áreas de preservação. 43