Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Maria 15 Anos: Uma trajetória de sucesso na comunicação
1. MariaPublicação Comemorativa dos 15 Anos da Maria Comunicação / Ano 2010
Pensar o novo! 15 anos da Maria Comunicação
Perfil
As artes do rei
da noite de Brasília
Cultura
A eterna resistência
do cinema baiano
Entrevista
Juca Ferreira fala sobre
Brasil e grandeza cultural
Tecnologia
Automação do marketing
revoluciona a comunicação
2. ALEGRIA: É ANIVERSÁRIO DA MARIA
NO ANO DE MIL NOVECENTOS E NOVENTA E CINCO,
NASCEU MARIA. QUEM É MARIA? ! A MÃE DE JESUS.
MAS TAMBÉM A MÃE DE JOÃO SILVA. TODA MÃE A
QUEM SE DEVE CONSIDERAÇÃO É UMA MARIA. A
EMPRESA DE PUBLICIDADE “MARIA” NASCEU DA
INSPIRAÇÃO DE JOÃO SILVA, E TEM TRAZIDO MUITAS
ALEGRIAS AO SEU FUNDADOR, SÓCIOS E, COM CER-
TEZA, SEUS FUNCIONÁRIOS E CLIENTES. É UM NOME
CONHECIDO NO BRASIL PELA SUA EFICIÊNCIA, CLA-
REZA DE OBJETIVOS E ÉTICA PROFISSIONAL. DES-
TE ESCRITÓRIO É DE ONDE SAEM AS INSPIRAÇÕES
PARA AS BELAS LOGOMARCAS QUE DÃO CREDIBI-
LIDADE COMERCIAL, PROMOVENDO OS PRODUTOS
DA CLIENTELA QUE O PROCURA. TUDO QUE É FEITO
COM AMOR, COM DEDICAÇÃO, É BELO E GRANDIO-
SO. QUEM OLHOU COM ATENÇÃO OS OUTDOORS
FEITOS PELA EMPRESA MARIA, ESPALHADOS PELA
CIDADE, VALORIZA A CRIATIVIDADE DE UM MOÇO
CHEIO DE ENERGIA E INTELIGÊNCIA. NOS PEDIDOS
QUE EU FAÇO AOS ORÍSA PARA QUE O BEM APAREÇA
E PERMANEÇA ENTRE NÓS, O MAIOR TEMPO POS-
SÍVEL, ESTÁ INCLUÍDO O TRABALHO DE JOÃO, QUE
CARINHOSAMENTE É CHAMADO POR NOSSA COMU-
NIDADE DE “JOÃO DA MARIA”. O BOM PUBLICITÁRIO É
RESPONSÁVEL PELO CRESCIMENTO DE SEUS CLIEN-
TES, POR ISSO É QUE EU PEÇO PELA CONSTRUÇÃO
DE BELOS COMERCIAIS, QUE DÊEM LUCROS AOS
CLIENTES E À EMPRESA “MARIA”, SEM ESQUECER O
COMPROMISSO SOCIAL. QUINZE ANOS DE TRABALHO
E SUCESSO PROGRESSIVO DEMONSTRAM A SOLIDI-
FICAÇÃO DESSA EMPRESA, E EU ROGO AOS DEUSES
QUE A ALEGRIA E A PROSPERIDADE (CONSTRUÍDA
COM RESPONSABILIDADE) ENTREM E DANCEM NO
SEU CAMINHO E NA CASA DE TODOS QUE ESTÃO A
ELA VINCULADOS. AJÓ BÒ JÒ ILÉ
Mãe Stella de Oxóssi
Ilê Axé Opô Afonjá
. .
.
3. 4 Maria Maria 5
Sumário Editorial
O sucesso de tudo o que fizemos
nestes 15 anos de Maria só foi possível
graças a combinação de três ingredientes
fundamentais: confiança, tesão e trabalho.
Foram muitas marcas, inúmeras campanhas
e ações de comunicação que ficaram na
cabeça dos cidadãos brasileiros. Isso
porque acreditamos que a peça publicitária
pode e deve fazer mais do que vender.
A comunicação tem que fazer pensar. E
pensar o novo.
Há 15 anos, colocávamos em outdoor de
pós graduação da Ufba um ator negro, algo
visto como estranho na época, apesar de
a Bahia ser o estado mais negro do Brasil.
Estranho porque todas as instituições de
ensino só utilizavam na sua comunicação, até
então, modelos loiros, de olhos azuis, usando
lap tops em cenários europeus. A Maria
ajudou a levar para as ruas a cara da Bahia.
Hoje, quando vemos na publicidade baiana a
cor da cultura local, nos orgulhamos muito de
poder ter contribuído para isso.
Nos orgulhamos também de ter feito
a campanha: Não deixe o Abrigo D.
Pedro II morrer de velho. Exatamente
porque acreditamos que pensar o novo é
também cuidar e valorizar a sabedoria e a
experiência dos mais antigos. É trabalhar
para a cidadania, a favor do respeito pelas
mais diferentes formas de pensamento e
em prol da igualdade social.
A primeira edição da revista Maria – que
a partir de agora torna-se uma publicação
anual - tem o propósito de reafirmar esses
princípios e comemorar uma trajetória que,
acreditamos, vitoriosa. Uma vitória que é de
todos: chegamos até aqui graças ao talento
e cooperação de clientes, fornecedores
e, claro, de nossos colaboradores. Sem
a dedicação, postura firme e serena de
pessoas como Jussara e Vicente, a Maria
não seria a mesma Maria.
É uma edição que reúne parceiros de
muitos tempos, como Mano, Raimundo
Lima, Vicente Cecim, Valéria, Lariú, Lage,
Nildão e Cau. Que abre espaço para a arte
de fotógrafos especiais, como Adenor,
Almir, David, Guerra, Gerusa, Pedro e
Ricardo. E que destaca os novos amigos
que a Maria fez e passou a admirar, como
Jorge Ferreira e Marcus Hadade, dois
empresários de sucesso.
A impressão em papel reciclado é uma
opção coerente com o compromisso
socioambiental que a Maria defende e
recomenda a todos os seus clientes.
A revista é também uma maneira de
preservar a nossa memória. Afinal, como já
disse Mãe Stella: “O que não se registra o
vento leva!” E se ela nos dá a sua benção
é porque estamos no caminho certo. Que
venham novos marcos na trajetória da Maria!
João Silva
Sócio-presidente da Maria
Pensar o novo!8 58 66
Maria 15 Anos
Maria Comunicação festeja 15 anos esbanjando
vitalidade, conquistando novos clientes,
ampliando a sua ação no país Pág. 8
5 Editorial
16 Aspas
20 Tecnologia Mudança de Cultura
24 Casos da Maria Jacques Janine
26 Pensar o novo! Maria, sai da lata!
30 Empreendedorismo No ritmo do berimbau
36 Perfil Jorge Ferreira
40 Casos da Maria Governo da Bahia
42 Pensar o novo! O Brasil mestiço
68 Pensar o novo! Brasil na muxima de Angola
70 Cultura Vida ao cinema baiano
74 Casos da Maria Abrigo D. Pedro II
82 Casos da Maria Teatro Vila Velha
84 Causo De como Val desasnou
86 Tabuleiro da Maria
88 Crônica Zig-zag
90 Humor Nildão
46 João Silva
O fundador da Maria conta a história de muitos
anos de sucesso e quase 1.000 marcas.
62 Maragojipe
O carnaval da pequena cidade baiana
é patrimônio imaterial da Bahia.
76 Juca Ferreira
O ministro da Cultura do Brasil
defende uma agenda pró-ativa.
Expediente
Publicação anual da Maria Comunicação.
Edição | Antônio Moreno e Iuri Rubim
Textos | Graça Filadelfo, Iuri Rubim
e Antonio Moreno
Produção | Laís Furtado
Revisão | Érica Silva
Fotografia | Almir Bindilatti, Di Souto, Jr Major,
Ricardo Prado e Graça Filadelfo
Capa | Tela de Ed Ribeiro
Ilustração | Cau Gomez
Design Editorial | Alan Alves e Daniedson Rios
Colaboradores | Emmanuel Publio Dias,
Valéria Torres, Raimundo Lima, Nivaldo Lariú e
Vicente Cecim (Textos) | Maria Geruza, David
Glat, Adenor Gondim, Sérgio Guerra e Pedro
Meirelles (Fotos) | Lage* e Nildão (Ilustração)
Impressão | Gráfica Santa Bárbara
Os artigos assinados são de inteira
responsabilidade de seus autores, não
refletindo necessariamente a opinião da revista.
* In Memoriam
Salvador/BA – Av. Tancredo Neves, 3343 –
Torre A – 11º andar – 71 3341-0520
Brasília/DF – SRTVS Quadra 701 – Bloco O,
nº 110 – 1º andar – 61 3223-9996
São Paulo/ SP – Rua Funchal, 418 – 35º andar
– Vila Olímpia – 11 3521-7307
www.mariacomunicacao.com.br
maria@mariacomunicacao.com.br
6. 10 Maria Maria 11
O cliente tem razão...
em confiar na Maria
Maria é João. João é Maria. A
associação da agência ao nome do
seu criador, o publicitário João Sil-
va, é algo notório desde o começo
dessa história de 15 anos. Profis-
sional reverenciado pelo mercado,
conhecido por suas centenas de
marcas – que hoje beiram a casa
de mil, recorde internacional – João
não poderia querer que a agência
surgisse de modo independente da
carreira profissional bem sucedida
que construiu ao longo de déca-
das, em diferentes organizações
do meio publicitário baiano. Assim,
ao assumir o novo desafio, trouxe
para a Maria um conjunto de boas
realizações que, logo de cara, cre-
denciaram a agência no mercado.
O segundo passo dessa trajetória
foi fazer com que este mercado en-
tendesse, que a Maria não era uma
agência como as outras. Por sua
estrutura enxuta e o foco máximo
sobre os resultados, a agência des-
tacou-se já nas suas primeiras inves-
tidas profissionais, nos idos de 1995.
Para o cliente Jacques Janine, que
enfrentava dificuldades de posicio-
namento, criou uma série de spots
que, baseados mais na criatividade
do que em recursos financeiros, re-
forçou a marca e trouxe de volta uma
clientela que debandava. De cara, a
solução pensada pela Maria ganhou
o prêmio de melhor fonograma da
década, gerando reconhecimento e
mídia gratuita para o cliente, ainda
hoje um destaque no Top of Mind.
Para o Teatro Vila Velha, que
renascia para a cultura baiana
após anos de decadência física e
programação de gosto duvidoso,
a Maria foi igualmente ousada e
participativa. Entrou em cena lite-
ralmente para investir em um novo
conceito que revertesse a imagem
que a casa de espetáculos vinha
tendo junto ao público – no que
pese o seu passado de glórias.
Criou campanhas para os novos
espetáculos e, sobretudo, um novo
posicionamento frente à sociedade,
despertando, com a originalidade
de um slogan que pegou, o desejo
do público de voltar à frequentar o
teatro: Vá ao Vila, Velho!
Novos clientes e desafios pon-
tuaram, a partir daí, a trajetória da
Maria, sempre expressando a filo-
sofia básica da agência: pensar a
comunicação a partir do simples,
procurando agregar valor às peças e
marcas criadas e, sempre que pos-
sível, indo além das expectativas.
Um exemplo disso teve como foco
o cliente Promoexport. A demanda
feita pelo então diretor, Geraldo Ma-
chado, era a criação de uma mar-
ca. Rápida e certeira, a Maria surgiu
com uma campanha inteira: filme
para televisão, campanha de outdo-
or, anúncio em revista, proposta de
posicionamento da marca. O cliente
levou um susto. Mas adorou a ou-
sadia. Transformou a Maria em sua
agência e, com a ajuda dela, operou
as mudanças que transformaram o
Promoexport em Centro Internacio-
nal de Negócios.
Ousadia com oportunidade.
Essa dobradinha esteve presente
em outros momentos da Maria, que
apesar de ter canalizado os seus
trabalhos para os mais diferentes
segmentos da economia (da cultu-
ra ao turismo, da saúde ao varejo),
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2 – Filme 30” para Fundação Cultural Palmares/AMAFRO; 3 – Filme 30” para Fórum de Entidades Negras da Bahia;
4 – Filme 30” para Hospital Oftalmológico DayHORC; 5 – Filme 30” para Shopping Top Mall; 6 – Filme 90” para Secretaria da Agricultura do Estado
da Bahia; 7 – Cartaz para Promoexport; 8 – Marca para Teatro Vila Velha; 9 – Outdoor para Gelo Pioneiro; 10 – Outdoor para Refrigerante Fricote
11 – Filme 30’ para Refrigerante Fricote; 12 – Filme 30” para Prefeitura de Jequié; 13 – Filme 30’ para Promoexport;
14 – Filme 30’ para Tribuna da Bahia; 15 – Filme 30” para Baldacci; 16 – Marca para Fórum de Entidades Negras;
17 – Outdoor para Secretaria da Agricultura do Estado da Bahia; 18 – Outdoor triplo para Fenagro
7. 12 Maria Maria 13
nunca abriu mão da confluência de
três vertentes básicas: a questão
racial, o combate à intolerância reli-
giosa e a valorização do idoso. São
elementos que perpassam, aqui e
ali, a sua atuação nesses 15 anos.
Definem e consolidam o lastro de
sua personalidade.
“Eu sempre achei que a gente
tem obrigação de contribuir com a
sociedade. Sem isso, eu acho que
o nosso trabalho não é completo”,
justifica João Silva.
Beleza pura
Atendendo a clientes como o
Grupo Cultural Olodum, Fórum
das Entidades Negras, Ilê Aiyê ou
Fundação Palmares, a Maria tem
pontuado o seu posicionamento
a favor da integração do negro e
de sua cultura na sociedade baia-
na, brasileira e mundial. O ponto
de vista da agência é muito claro:
cultura é uma só. As influências
africanas existentes na cultura
brasileira (baiana em particular)
não podem ser entendidas como
partes de um todo. Elas se fundi-
ram – e se fundem - de tal forma
às heranças portuguesas e indí-
genas que passaram a represen-
tar uma nova e forte referência
para a sociedade.
Tolerância dez!
É ponto pacífico: os homens
precisam aprender a conviver em
suas diferenças religiosas. A Ma-
ria entende muito bem isso e co-
locou esse pensamento em pra-
tica em diversas oportunidades.
Chamou a atenção a marca que
criou para comemorar o Dia Mu-
nicipal Contra a Intolerância Re-
ligiosa. Uma mandala que expõe
num mesmo espaço, e com igual
destaque, símbolos representati-
vos de várias religiões. A marca fez
tanto sucesso, que a Fundação
Palmares resolveu adotá-la, dando
à mandala, o status de símbolo de
tolerância religiosa no país.
Velho é o mundo!
Por acreditar que a experiência
das pessoas mais velhas deve ser
respeitada e valorizada, a Maria
comprou a briga pela recuperação
do Asilo D. Pedro II, construído no
século XIX, uma das mais antigas
casas de recolhimento de idosos
do país. Além de fazer a campa-
nha, propagou a ideia e obteve uma
resposta à altura da importância da
causa: o apoio de todas as mídias
na veiculação das peças criadas
pela agência. A causa logo ganhou
a adesão da própria comunidade,
que se mobilizou em favor da recu-
peração do abrigo. Com esse tra-
balho, a Maria deu sua parcela de
contribuição em prol de uma cons-
ciência maior de respeito aos mais
velhos, seguindo o exemplo da cul-
tura oriental ou mesmo africana.
CHAPADA DIAMANTINA. AQUI, VOCÊ É NATURALMENTE BEM RECEBIDO.
Destino privilegiado pela exuberância de sua rica natureza, a
Chapada Diamantina tem se consolidado como um local susten-
tável, com serviços à altura dos mais exigentes visitantes. Com o
estímulo e o apoio do Sebrae e seus parceiros no Projeto Turis-
mo Empreendedor, pequenos empresários da região estão
investindo cada vez mais em qualificação para fazer o que a natu-
reza faz sem nenhum esforço: receber bem e conquistar você.
www.ba.sebrae.com.br
0800 570 0800
19 – Cartaz para Secretaria de Cultura do Estado da Bahia; 20 – Anúncio para Sebrae - Bahia;
21 – Anúncio para Secretaria da Agricultura do Estado da Bahia; 22 – Marca para Teatro Castro Alves;
23 – Marca para Unesco/Escritório de Referência do Centro Antigo de Salvador
24 – Cartaz/Poster para Ministério da Cultura; 25 – Cartaz para Olodum; 26 – Cartaz/Poster para Fundação Cultural Palmares/AMAFRO;
27 – Cartaz para Fórum de Entidades Negras da Bahia; 28 – Cartaz para Vereadora Olívia Santana; 29 – Anúncio para Mural
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8. 14 Maria Maria 15
Os muitos
lados da Maria
Maria tem diversos lados. E pode
ser entendida por diversos ângu-
los também. Ou seja, o portfólio da
agência é rico em exemplos de ações
bem sucedidas nos mais diferentes
campos da economia e das relações
humanas. Da Cultura ao Turismo, da
Saúde ao Varejo. Em cada cliente, um
desafio: descobrir a estratégia ideal,
condizente com sua filosofia e carac-
terísticas particulares, para a solução
das demandas recebidas.
Na área cultural, além do Teatro
Vila Velha e grupos Olodum e Ilê
Aiyê, destaca-se também Caderno
2 (projetos de música). No turismo
de negócios, a agência desenvolveu
campanhas e ações para o Conven-
tion Bureau, sempre destacando as
qualidades e diferenciais de Salva-
dor e da Bahia como polos de even-
tos e convenções.
No segmento agropecuário, a Ma-
ria atuou durante quatro anos junto à
Agência de Defesa Animal do Esta-
do da Bahia- ADAB e à Secretaria
de Agricultura, Irrigação e Reforma
Agrária do Estado da Bahia/Seagri,
ajudando a ampliar a cobertura da
vacinação contra a febre aftosa e de-
mais zoonoses. Além disso, desen-
volveu trabalhos para a Companhia
de Desenvolvimento e Ação Regio-
nal - CAR, para a Empresa Brasileira
de Desenvolvimento Agrário/EBDA e
para a Fenagro.
No varejo, fez a marca do refrige-
rante Fricote virar sucesso na Bahia e
ajudou a lançar e a projetar shopping
centers, como Top Mall e Quê Park
Center, ambos no Distrito Federal.
Finalmente, na área de saúde, a
Maria colaborou com o reposiciona-
mento da marca do Hospital oftal-
mológico DayHORC, na Bahia, e do
Hospital Anchieta, em Brasília, sem-
pre respeitando as orientações do
Cremeb no sentido de evitar apelos
de venda e clima de mercantilismo.
30 – Postais para Cantina Cortile; 31 – Anúncio para Iphan; 32 – Outdoor para Cantina Cortile;
33 - Cartaz/Poster para Irmandade da Boa Morte; 34 – Anúncios para Secretaria da Agricultura do Estado da Bahia
35 – Anúncio para Orient Filmes; 36 – Anúncio para Jornal Bahia Hoje; 37 – Anúncio para Salvador Convention Bureau; 38 – Marca para projeto da
Fundação Odebrecht; 39 – Marca para Faculdade Católica de Salvador; 40 – Camisa para Bloco Ilê Aiyê; 41 – Anúncio para Salvador Convention Bureau;
42 – Cartaz para Casa de Cinema da Bahia; 43 – Marcas para Secretaria de Cultura e Turismo/Bahiatursa
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9. 16 Maria Maria 17
“A marca do Olodum
é sem sombra de
dúvidas a marca
brasileira mais
conhecida lá fora”.
Paulo Gaudenzi (Ex-
Secretário de Cultura e
Turismo da Bahia).
“Quando Maria
nasceu o que
me deixou
entusiasmado
foi a escolha do
nome da agência:
Maria. Curioso,
novo e revelador
do talento do
João, forjado na
luta do dia-a-dia
pela sobrevivência
em busca da
construção de
uma marca e
de um sonho.
João e Maria ou
Maria e João são
vencedores e
merecem todo o
nosso respeito e
admiração”. Sérgio
Amado (Grupo Ogilvy
no Brasil)
“Este é um caso em
que Maria é João e
João é inspiração,
simplicidade,
pertinência e
empatia com os
clientes e suas
causas.”
Bruno Silveira
(Fundação Odebrecht)
“João Silva representa
o melhor da criação
da Bahia. À frente da
Maria Comunicação, ele
tem me surpreendido
pela facilidade do
atendimento, de
acesso ao cliente. Os
trabalhos da Maria que
nós produzimos só
têm me dado alegria,
porque têm o toque
de genialidade do meu
amigo João Silva”.
Wesley Rangel (WR)
“O trabalho e a criatividade de João Silva,
ajudaram a construir a imagem gráfica e de
símbolos do Olodum. É importante a criação de
instituições com velocidade pra fazer coisas
novas e singulares como a Maria. O Bando de
Teatro Olodum é um dos grandes beneficiados
do talento da Maria”. João Jorge (Olodum)
Aspas
“A Maria está
completando 15 anos,
idade da adolescência,
mas, mostra que
tem maturidade e
conhecimento sobre os
assuntos que envolvem
o Brasil, sem violentar
a cultura negra e sem
se isentar da sua
responsabilidade social.
Mostra que tem ousadia,
que sabe pensar em
projetos grandiosos,
inovando sempre e
compreendendo o povo
brasileiro e sua cultura.”
Olívia Santana - Vereadora
de Salvador
“João Silva é
mais do que um
dos melhores
publicitários da
Bahia, ele faz
parte da família Ilê
Aiyê e é um dos
orgulhos da raça.”
Vovô (Ilê Aiyê)
“O que me impressiona em João é a
sua energia e a parceria profissional.
Ele realmente aporta material criativo
e sonha junto o sonho do cliente”.
Geraldo Machado (Ex-Diretor
Superintendente do Promo/BA)
“Conheço muito o
João Silva. João é um
craque. Diretor de
Arte de mão cheia,
publicitário de cabeça
cheia, João foi dos
poucos de nós que
resistiu aos apelos
do Sul Maravilha.
Ainda bem. Assim, ele
consegue ter na Bahia
uma agência de ponta.
João poderia trabalhar
onde quisesse. Para o
seu bem, ele trabalha
na Maria, ele trabalha
na Bahia”. Sérgio
Valente (DM9DDB)
“Falar de João Silva é fácil:
talentoso, um dos melhores
designers que conheci.
Pensa estrategicamente,
joga no meu time por
isso. Não bastasse, é leal,
bom caráter, qualidades
hoje em dia, infelizmente,
rarefeitas”. Fernando Barros
(Propeg)
14. 26 Maria
Pensar o novo!
E
u era pequeno quando mi-
nha mãe trazia para casa
aquela lata de óleo, que
não era uma lata de óleo
qualquer, mas que, estimulada pela
propaganda do tubo mágico das TV´s
de válvulas, tinha uma outra vida, uma
outra leitura, um outro significado. Pois
de todas as latas de óleo que existiam,
uma, e apenas uma, tinha uma Maria
que podia, a qualquer momento, sair
da lata, sabe-se lá para que, mas com
toda certeza para ajudar minha mãe a
fazer as deliciosas refeições com que
nos encantava todos os dias.
Sem nem pensar no que estava
acontecendo, eu simplesmente rea-
gia a uma estratégia de comunicação
que os velhos publicitários da época
elaboraram, criaram e produziram tão
bem, que resiste até hoje.
Por isso, muito antes de João
criar a Maria, a receita já estava pron-
ta: vamos contar uma boa história e
associá-la a uma marca. Depois, é só
criar os comerciais, anúncios, spots,
sites e cartazes.
Tanto para a Maria da lata e a da
agência, existe uma proposta de co-
municação que prescinde de platafor-
mas, revoluções digitais, tecnologias
e modismos: falar ao coração, excitar
a imaginação e promover o diálogo
baseado nos valores culturais e na-
quele sentimento que o consumidor
tem no mais fundo de seu coração e
que só os mais talentosos profissio-
nais sabem perceber e traduzir.
O que vemos hoje e veremos no
futuro é a busca, cada vez mais difícil
de criar valores relevantes para o con-
sumidor, de forma que ele se sinta gra-
tificado e disposto a retransmitir estes
valores em suas redes sociais, digitais
ou do mundo físico. Falamos de uma
“moeda social”, cunhada nas propostas
de comunicação das marcas e que se
tranforma em valor de troca para o con-
sumidor. E à medida que a transmitem,
transmitem também os valores associa-
dos às marcas e produtos anunciantes.
Sem maiores segredos: comuni-
cação fundada na cultura popular,
no consciente e inconsciente coletivo
das paixões que são relevantes para
as pessoas; informação útil e hones-
ta; criação e produção desta mensa-
gem com criatividade e talento; uso
de suportes e pontos de contato re-
levantes para o consumidor.
Segredos que as Marias e Joões
de todos os tempos sabem como
usar. E continuarão sabendo.
EMMANUEL PUBLIO DIAS,
DIRETOR DE ASSUNTOS CORPORATIVOS
DA ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E
MARKETING (ESPM)
“Maria, sai da lata!”O velho slogan do óleo Maria me vem fácil
à cabeça, quando recebo o pedido de
meus amigos da Maria para escrever
sobre comunicação.
Salvador
22. 42 Maria Maria 43
E
ste ano, o Supremo Tri-
bunal Federal deve emitir
pronunciamento definidor
a respeito das cotas ra-
ciais para ingresso nas universidades
públicas. Trata-se do exemplo mais
conhecido e polêmico das políticas
de ação afirmativa, que vêm sendo
implementadas no Brasil, em escala
crescente, ao longo da última déca-
da. O tema é estratégico justamente
porque no fundo diz respeito a nosso
projeto de nação. Em texto publicado
recentemente, defendo o argumento
de que um mito nacional se desen-
volveu e se tornou dominante, no
Brasil, entre os anos 1920 e o fim da
Ditadura de Getúlio Vargas, em 1945.
Esse mito centrou-se na ideia de uma
miscigenação inicial de portugueses,
índios e africanos, para se tornar, ao
longo dos anos, uma asserção bem
mais genérica sobre a habilidade da
cultura brasileira, para a assimilação e
a integração de todo tipo de diferença.
Na construção desse mito nacional,
Gilberto Freyre participou tanto quanto
os grandes e celebrados modernistas,
Mário e Oswald de Andrade.
Na interpretação gilbertiana do
Brasil, a força democratizante não é,
obviamente, política, mas cultural. A
vida política brasileira foi fundada pelo
arbítrio de minúscula elite portugue-
O Brasil mestiço:
do mito à utopia
sa, assim como a economia assen-
tou suas bases sobre os horrores do
trabalho escravo e da monocultura la-
tifundiária. Porém, em sentido contrá-
rio à separação, à violência e à exclu-
são, ter-se-iam forjado, no cotidiano
promíscuo da casa-grande, hábitos,
valores, crenças e sensibilidades mis-
turados, vitalmente contaminados e
impuros. Essa tendência para a im-
pureza é o que caracteriza o Brasil
mais profundamente, de acordo com
a interpretação de Gilberto Freyre.
Tudo muito próximo ao ideário antro-
pofágico, como muito bem apontou o
mestre José Guilherme Merquior.
Felizmente, Gilberto Freyre, Mário
de Andrade e parte da trupe moder-
nista, que, inclusive, assumiu postos
de comando da política cultural na-
cionalizante da Era Vargas (dentre os
quais, citem-se Villa-Lobos, Carlos
Drummond de Andrade e Rodrigo
Melo Franco de Andrade, além do
próprio Mário), ganharam o embate
entre as várias ideologias que nos
anos 1930 concorriam pela definição
do que o Brasil havia sido, do que era
e do que deveria vir a ser. Graças a
eles, vingou um projeto cultural de
nação não-branco e não-europeu,
que elegeu como valores centrais: o
mestiço e o potencial de plasticidade/
antropofagia. É com esse mito que o
afro-americanos, esse percentual
sobe para 24,7%. Os casamentos
interétnicos no Brasil atingem uma
taxa de apenas 20% do total de ca-
samentos contraídos na população.
Nos Estados Unidos, essa taxa é de
apenas 2%.
Assim, a reflexão que se levanta
é de ordem estratégica: por que, ao
invés de procurar espelhamento em
um modelo que não solucionou o
racismo e as desigualdade raciais,
o Brasil não procura, dentro de sua
própria tradição, formas criativas
para resolver um problema que pa-
rece incomodar os brasileiros em
geral? Todos desejamos uma nação
mais justa. Mas o Brasil com o qual
sonhamos é mesmo um Brasil com
brancos de um lado e negros do ou-
tro? Creio que o Brasil pode escolher
entre acompanhar o ritmo e assumir
a agenda da globalização planejada
por outros, ou pode abraçar o legado
da mestiçagem, da plasticidade, da
antropofagia, não como mito, mas
como caminho para a realização de
uma utopia de fraternidade.
VALÉRIA TORRES DA COSTA SILVA,
MESTRE EM ANTROPOLOGIA SOCIAL E COLÍDER
DO NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM CRI-
MINALIDADE, VIOLÊNCIA E POLÍTICAS PÚBLICAS
DE SEGURANÇA (NEPS), DO PROGRAMA DE
PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA DA UFPE.
Brasil contemporâneo ainda opera.
No entanto, alegam intelectuais e
militantescomprometidoscomacau-
sa negra, eleger a mestiçagem como
valor nacional é um discurso bonito,
mas na prática, não só invisibiliza o
preconceito racial, como dificulta
a articulação de ações efetivas de
combate ao mesmo e de promoção
de uma maior igualdade social entre
as raças. Do ponto de vista histórico,
não deixam de ter razão. Aliás, não
creio que qualquer dos intelectuais
e artistas modernistas citados acima
fosse ingênuo ou cínico o suficiente
para negar a existência do precon-
ceito racial no Brasil. Do mesmo
modo, não podem ser simplesmente
tachados de conservadores, elitistas
ou racistas, os intelectuais que con-
temporaneamente se posicionam de
maneira crítica quanto às políticas
de ação afirmativa. A questão le-
vantada pelos críticos da ação afir-
mativa é outra, é séria e precisa ser
honestamente debatida: recuperar a
noção de raça e escolher o caminho
da oposição entre brancos e pretos,
adotado alhures, é mesmo a melhor
solução para resolver o problema do
preconceito racial no Brasil?
São vários os argumentos que
nos sugerem cautela e prudência.
Abrir mão da mestiçagem como va-
lor talvez não seja mesmo o melhor
caminho para combater o racismo
ou a desigualdade racial. Primei-
ramente, como diz o intelectual e
militante negro Paul Gilroy, usar o
conceito de raça para combater o
racismo serve para dar sobrevida ao
paradigma que divide a humanidade
em categorias essenciais, conforme
a cor da pele. Depois, a opção por
um modelo estrangeiro de combate
ao racismo é complicada, justamen-
te porque tenta ignorar especificida-
des das relações raciais no Brasil:
na prática, como separar o que está
misturado, não só biológica, como
social e culturalmente?
Por fim, se ao menos se pudes-
se constatar o sucesso estrondoso
do modelo americano de combate
às desigualdades raciais, valeria a
pena reproduzí-lo. No entanto, a
sociedade americana está longe de
ser um protótipo de igualdade racial.
Boa parte da população afro-ameri-
cana vive em guetos que se formam
nas principais cidades do país. Em
sua ampla maioria eles moram nas
casas mais pobres e estudam nas
piores escolas, e por isso mesmo
têm muito mais dificuldade de che-
gar à universidade. De acordo com
os dados do Censo de 2004, 12,7%
da população americana vive abai-
xo da linha de pobreza. Entre os
“O Brasil com o qual
sonhamos é mesmo
um Brasil com brancos
de um lado e negros
do outro?”
A Utopia Brasileira e
os Movimentos Negros
Antônio Risério
EDITORA 34 (440 PÁGINAS)
Meu Tempo é Agora
Mãe Stella de Oxossi
EDITORA EMPRESA GRÁFICA
DA BAHIA (182 PÁGINAS)
A Modernidade nos
Trópicos: Gilberto Freyre
e os Debate em Torno do
Nacional
Valéria Torres
da Costa e Silva
CARPE DIEM EDIÇÕES E PRODUÇÕES
(422 PÁGINAS)
Pensar o novo!
SAIBA MAIS:
Aqui ninguém é branco
Liv Sovik
EDITORA AEROPLANO (176 PÁGINAS)
24. 46 Maria Maria 47
“O que o cliente
precisa é de uma
boa estratégia”
Em entrevista, o publicitário baiano João Silva fala de sua
trajetória no mundo da propaganda, foca seu entusiasmo
à frente da Maria Comunicação – empresa que criou há 15
anos –, relembra histórias do passado e revela suas maiores
expectativas em relação ao futuro.
Entrevista
26. 50 Maria Maria 51
Quais são as marcas criadas por você que
mais fizeram história?
JS - Eu costumo dizer que a melhor marca é a que eu
vou fazer amanhã. Já fiz marcas para as mais diversas
áreas, de baiana de acarajé a produtos de consumo e para
uma centena de políticos de todos os partidos. Obviamen-
te que tem marcas que ficaram conhecidas, como a do
Olodum, a de Collor...
Quando João Jorge falou comigo sobre a marca
do Olodum, eu pedi a ele um tempo, pois eu estava
pré-produzindo dois filmes. Estava gravando com Silvia
Pfeiffer em São Paulo e no dia seguinte iria gravar com
Claudia Raia, no Rio.
países distintos e aquela batida do
Olodum me marcando....
Depois ainda fui a Manaus, gravar
o lançamento do Amazonas Shop-
ping Center. Quando eu cheguei a
Salvador, recebi a notícia que um
membro do Olodum havia sido
baleado por um policial no Pelourinho.
O Olodum foi em peso pra frente da
Secretaria de Segurança Pública, em
Salvador, espalhou todos os tambo-
res e os músicos ficaram agachados,
com a cabeça baixa, em dia de tráfe-
go normal... aquele mar de tambores.
Quando eu vi a foto e o protesto
silencioso eu tive a certeza de que
o Olodum precisava de um símbolo
da paz. Na hora me veio a cabeça
o símbolo de paz e amor do festival
de Woodstock, nos anos 60. Pensei:
Já o que o Olodum tá indo pra uma
excursão na Europa e já é conheci-
do pela batida do seu tambor, nada
melhor que levar um discurso de paz,
porque isso é que o mundo precisa
no momento. Eu só fiz pegar o sím-
bolo de paz e amor e redesenhá-lo,
colocando as cores do movimento
pan-africano, que são o amarelo, o
verde, o vermelho e o preto.
Depois João Jorge me ligou pra
dizer que onde o Olodum passava
era a primeira página nos principais
jornais, por conta da assimilação
imediata de que as cores do movi-
mento pan-africano estava sendo
enxergado, na Europa, como
uma proposta de paz. Quando o
Olodum retornou ao Brasil, a marca
estava consolidada.
Depois foi usada até
por Michael Jackson....
JS - Quando Michael Jackson
esteve aqui com Spike Lee para
gravar o videoclipe com o Olodum,
alguém, não sei se foi da Folha ou
do Estadão, alguém me perguntou se eu achava que
Michael Jackson usara a camisa por conta da marca
ou por conta do Olodum... confesso que até hoje eu
fico sem saber, mas prefiro acreditar que foi pelas duas
coisas. A batida do Olodum é uma coisa que contagia
todo mundo, claro.... mas é bom lembrar que Michael
Jackson naquela época já atuava fortemente com o dis-
curso de paz no planeta. Então eu acredito que a marca
do Olodum também contribuiu para isto, para esse en-
contro de som, de batida, de coreografia com o discurso
de paz para o mundo. Foram as duas coisas, mas acho
que foi um pouco de sorte também, concorda?
Vender mais
e ter a sua
marca no
coração do
consumidor
é o desafio.
Fui pro hotel em São Paulo pra
dormir um pouco, com a marca do
Olodum na cabeça, só lembran-
do da batida do Olodum. Liguei a
televisão e havia cenas de violência,
se não me engano em Paris, onde
estudantes estavam sendo espanca-
dos por policiais. Isso me marcou.
No dia seguinte, quando acabei de
gravar com Cláudia, voltei para o ho-
tel e vi outra caso de violência, desta
vez na Alemanha, também envolven-
do estudantes. Essas duas cenas em
Michael | vestindo a camisa do Olodum
Dasafio | melhor marca será feita amanhã
2 – Marca para Olodum; 3 – Outdoor para Olodum
3
2
28. 54 Maria Maria 55
ontem e a Maria sempre está junto com o cliente. Hoje,
o nosso sonho é poder ampliar esta nossa experiência e
poder contribuir com o Sebrae nacional.
A Maria está entrando em dois mercados altamen-
te competitivos e, ao mesmo tempo, saturados
pela concorrência, que é Brasília e São Paulo. O
que você pensa em lançar mão para a agência se
firmar nesses ambientes?
JS - Foram muitos convites pra sair da Bahia, e eu
achava que era possível permanecer aqui e trabalhar
para o mundo. E continuo achando e defendendo isso.
Óbvio que a gente começou a perceber a necessidade
por conta de estarmos sendo muito solicitados, tanto
em Brasília, quanto em São Paulo, de abrir um escri-
tório em cada uma dessas praças e passar a conviver
um pouco mais com essas culturas locais – da mesma
forma que podemos fazer com outras praças do país.
cação que realizam materiais como esse, como também
dos responsáveis por essas instituições de ensino.....
Imagine na Bahia, a população com mais de 70% de
negros, vendo branco, de olho azul, em tudo quanto é
outdoor na cidade, como se aqui fosse o Paraná ou a
Suíça? Eu acho isso pouco inteligente. O empresário
que faz isso, porque ele tem que entender que o seu
público-alvo não é aquele. Sempre achei que, o cara que
é negro, ele vai ao Shopping, ele consome, ele compra
carro, ele compra celular. Isso é óbvio, ele consome, é
ele quem faz a economia girar nessa terra, nessa cidade.
Quer dizer, negão da Bahia não estuda, não pode fazer
pós-graduação? É um atraso, eu sinto que a Maria veio
pra poder mostrar esses diferenciais no mercado.
pequenas empresas que, na nossa
opinião, precisam de estímulos e es-
tratégias de comunicação arrojadas
neste mercado tão competitivo.
Quando veio a licitação de 2007,
a Maria já estava apta. Nos prepa-
ramos, investimos em pesquisas,
levantamentos de dados e cases
em todo o Estado e conquistamos a
conta do Sebrae Bahia, onde atua-
mos com muito afinco e dedicação
por termos uma identificação bas-
tante elevada e conhecimento da
missão do Sebrae, além, é claro, da
agilidade e experiência que o atual
superintendente, Edival Passos, e
sua estrutura de comunicação pre-
cisam. Às vezes as coisas são para
Me chocava
muito
quando
eu só via
na Bahia
outdoors
com
modelos
loiros, de
olhos azuis
Cite um cliente atual
que merece destaque.
JS - Todos merecem e têm toda
a atenção da Maria. Mas temos
uma satisfação especial em aten-
der o Sebrae. Atender o Sebrae da
Bahia sempre foi um sonho nosso,
todos os superintendentes que
passaram por lá, sempre me diziam
que adorariam trabalhar com a
Maria, mas nunca acontecia. Sérgio
Gomes, Mizael Aguilar, Lomanto,
e eu sempre dizia para eles: “é um
absurdo o Sebrae fazer licitação
para escolher a agência que vai cui-
dar de sua comunicação e o edital
sempre impedir a participação das
pequenas empresas, e dizia a eles
que isso era no, mínimo, contraditó-
rio, por falta de alinhamento com a
missão do Sebrae. O Sebrae era um
cliente que muito nos fascinava pela
sua capilaridade e papel relevante
no desenvolvimento das micro e
7 – Anúncio para Sebrae - Bahia
5 – Anúncio para NPGA/UFBA; 6 – Outdoor para Fórum de Entidades Negras da Bahia
5
6
7
29. 56 Maria Maria 57
Embora sejam os maiores mercados do país, eu não
acho que Brasília e São Paulo sejam mercados satu-
rados – ainda mais se considerarmos que, segundo a
The Economist, o Brasil vai ser uma das cinco maiores
economias do mundo em poucas décadas. Estamos
levando para Brasília e São Paulo uma coisa que não
existe, que é uma nova visão de se fazer comunicação.
Quando fizemos a Maria é porque não acreditá-
vamos no formato das agências de propaganda que
existiam na época. E continuo hoje afirmando, que
o formato das agências de propaganda tem que se
modificar. Esses formatos tradicionais estão falidos. O
cliente precisa é de estratégia, bom conceito e capaci-
dade operacional para produzir o que for feito. E você
pode ter tudo isso sem ter estruturas gigantescas que
onerem os seus custos. Acho que essa é a tendência
da comunicação no mundo.
Se você é um grande anunciante, um gerente de
marca, se você é uma marca
nacional, eu proponho um desafio:
vamos reduzir entre 10% a 20% do
seu investimento em propaganda
durante um determinado período.
Eu lhe garanto um acréscimo nos
seus resultados de venda e que, de-
pois de um ano ou dois de trabalho,
poderemos fazer uma pesquisa que
comprovarar o valor agregado a sua
marca. Vender mais, com menor
custo, e ter a sua marca no coração
do consumidor é o desafio.
Por que Brasília e São Paulo?
JS - A intenção é disponibilizar
para todo o Brasil, através destes
escritórios, a nossa experiência de
30 anos de atividade e o que a Ma-
ria vem fazendo há 15 anos. Quan-
do a Maria nasceu, a idéia era criar
três Marias: na Bahia, em São Paulo
e em Nova York. Mas quis o destino
que para chegar lá começássemos
por Brasília. Estamos identificando
parcerias para levar a Maria para
onde possamos contribuir.
O que você espera desses dois
mercados?
JS - Gostaria de ter como desa-
fio um grande anunciante nacional,
qualquer um, de qualquer área,
seja de varejo, produto ou serviço.
Anote aí: depois que eles conhe-
cerem a Maria vão crescer com
investimento menor.
Se tivesse que fazer um anúncio
para a Maria, em Brasília ou São
Paulo, qual seria o título?
JS - Procura-se empresário que
queira transformar sua marca/produto
ou serviço, em grande sucesso de
vendas, investindo menos do que in-
veste hoje. Ou: Quem confia na Maria
tem mais chance de sucesso.
Mas anunciantes nacionais só
querem grandes agências...
JS - Os anunciantes sabem
que no mercado competitivo
como o atual, é preciso ter um
bom produto com o melhor pre-
ço, senão perde para a concor-
rência. Já há algum tempo, os
anunciantes vêm se recusando
a pagar a conta que as grandes
agências sempre tiveram, com
estruturas gigantescas e um mon-
te de executivos que na maioria
das vezes não acrescentarão
nada à sua comunicação, além
do “show off”.
A saída é ter uma empresa com
experiência, tesão e que de fato
trabalhe para o negócio do cliente. A
equação é simples: vende-se mais;
paga-se menos e tem a sua marca
melhor identificada com o seu pú-
blico alvo. O trabalho da Arizona no
mercado de São Paulo, já indica que
o modelo de agência atual está com
seus dias contados.
Isso vale para a comunicação
governamental?
JS - Principalmente. Até porque
acreditamos que a comunicação
é um instrumento transformador
Destaque | João recebe o prêmio Profissionais do Ano Premiação | refrigerante Fricote no Top de Marketing
e que pode e deve ser tratado com responsabilidade
pelos publicitários, empresários e gestores públicos.
Tenho viajado bastante pelo país e o que tenho
percebido é que a maioria dos gestores utiliza muito
mal a comunicação porque esquece que o objeti-
vo principal é informar a população dos serviços
que ela dispõe. Um novo hospital, por exemplo,
quando inaugurado, deveria ter como prioridade
informar à população sobre o serviço, onde fica,
quantos leitos, procedimentos executados etc...
Isso é comunicação social, mas não é o que se vê
por aí. Especialmente aqui na Bahia onde o governo
gasta em publicidade para dizer apenas que fez x
hospitais. Qual o ganho que a população tem desta
informação? Isso me parece mais um desserviço do
que comunicação social.
Do mesmo jeito, quando se fala do patrimônio
público aqui no Brasil, tenta-se transferir para o cida-
dão o estado depredado dos equipamentos. Repare:
quando alguém diz que o baiano faz xixi na porta de
um prédio, no Pelourinho, os governantes vêm logo
com um: “Povo mal educado, sem educação, etc...”
quando o correto seria dizer o seguinte: precisamos
informar a população da importância deste patrimônio
histórico, origem, data, quem morou, o que aconteceu
naquele local, ou seja, precisa promover a educação
patrimonial... Tenho certeza que depois disso, a popu-
lação terá consciência que se trata de verdadeiro te-
souro de nossa história e ninguém fará xixi na porta da
Casa de Rui Barbosa. E isso vale para todo o Brasil.
O governante que sacar isso estará prestando um ver-
dadeiro serviço à população através da comunicação
A saída é ter
empresas
com talento,
tesão e
que de fato
trabalhe para
o negócio do
cliente.
O formato
das
agências de
propaganda
tem que se
modificar.
Esses
formatos
tradicionais
estão falidos
8 – Marcas para Torneio Nacional de Snooker, Promoexport, Shopping Iguatemi de Salvador, Bloco Ca-
maleão, Prefeitura de Salvador, Escola Contemporânea de Dança, Amazonas Shopping Center, Minas
Shopping, Restaurante Casa da Dinha, Restaurante Alaíde do Feijão, Hospital Oftalmológico DayHORC.
8
30. 58 Maria
e, com certeza, vai entrar para a história. O Governo
Federal tem avançado muito neste sentido.
Mais isso não foi sempre assim no País inteiro...
JS - Repare, nós estamos em 2010, início do século
XXI , as necessidades e exigências da sociedade mo-
derna também evoluem, antigas práticas não podem
servir de desculpa para os dias atuais. Antigamente
se trocava tijolo e dentadura por voto e não acontecia
nada. Hoje já acontece. Antes uma carta levava até
quinze, vinte dias para chegar ao seu destino; hoje,
com a internet, pode chegar no mesmo instante. Por
isso é importante pensar o novo.
São centenas de prêmios conquistados ao longo
da sua vida profissional, dentre regionais, nacio-
nais, internacionais. Isso lhe deixa envaidecido?
JS - Quem não gosta de prêmios? Todo mundo gosta
de prêmios, só que a premiação tem que ser o reconheci-
mento por algo que você fez e que alcançou seu objetivo
prioritário que é fazer a máquina registradora do cliente
tilintar, como dizia David Ogilvy. Agora, um dos títulos mais
importantes com certeza, foi a medalha Zumbi dos Palma-
res, entregue pela Câmara Municipal de Salvador.
Qual a fórmula para criar sempre
marcas e slogans que fazem tan-
to sucesso e ficam para sempre?
JS - Experiência, tesão e trabalho.
Já chegou a Mil Marcas?
JS - Faltam poucas...(risos).
Quando chegamos a 500 há dez
anos, ficamos sabendo que este
número poderia ser recorde no
mundo, realizado por uma única
pessoa. Aí fizemos contato com
o Guiness Book e eles alegaram
uma série de dificuldades para
aceitar a categoria. Uma delas na
época era como catalogar para
proceder a avaliação. Agora,
estamos fazendo contato nova-
mente para registrar a milésima
marca, o que deve acontecer nos
próximos meses.
E a Capital Branding, o que faz?
JS - A Capital Branding é um
serviço de consultoria que nasceu
da evolução natural do negócio
da comunicação, onde a necessi-
dade de agregar valor e inteligên-
cia estratégica às marcas, vem se
consolidando como fundamental
para as decisões de comuni-
cação, porque aumentam as
chances de sucesso. E o melhor
é que o cliente pode contratar os
serviços de consultoria da Capital
Branding, independente de ter
sua própria agência.
E o futuro?
JS - Como está se desenhando
que o Brasil será uma grande po-
tência mundial nos próximos anos,
acredito que o papel da comunica-
ção que valorize a criação estraté-
gica será importantíssimo, porque
ninguém vai querer brincar de jogar
dinheiro pela janela. A competi-
tividade será cada vez maior e a
necessidade de redução de custos
também. Para enfrentar estes de-
safios, vamos precisar de marcas
fortes, produtos e serviços de
qualidade e de profissionais prepa-
rados para atuar com experiência,
competência e responsabilidade.
A minha maior alegria será poder
contribuir com este processo.
Marco | medalha Zumbi dos Palmares reconhece trabalho
Especialmente
aqui na
Bahia onde o
governo gasta
em publicidade
para dizer
apenas
que fez x
hospitais. Qual
o ganho que
a população
tem desta
informação?
35. 68 Maria Maria 69
U
ma constatação empíri-
ca no dia-a-dia do con-
tato com os angolanos
agora passou a ter ca-
ráter científico: o País que eles mais
gostam – depois do seu, é claro - é o
Brasil. De acordo com pesquisa reali-
zada pela empresa Audit, nosso país
mora na muxima dos moradores da
capital, Luanda, especialmente dos
mais jovens. “Muxima” significa co-
ração em kimbundo, uma das sete
línguas nacionais que são faladas
em várias regiões (subdivididas em
26 dialetos), paralelamente ao portu-
guês, a língua oficial.
Na geografia do coração dos luan-
denses, o Brasil aparece com 17,5%,
seguido de Portugal (12,9%), Estados
Unidos (9,4%), Inglaterra (6,8%), Ho-
landa (5,5%) e África do Sul (5,1%),
de acordo com a pesquisa Audit pu-
blicada pelo Jornal de Angola.
Os homens hierarquizam suas pre-
ferências de modo diferente das mu-
lheres. Estas têm o Brasil bem mais
perto do coração. Entre os homens,
Brasil empata com Portugal em ter-
mos sentimentais. Pela sondagem, a
preferência pelo Brasil independe de
nível de escolaridade e condições so-
cioeconômicas. Seja rico ou pobre, le-
trado ou não, o verde-amarelo já con-
quistou o coração dos angolanos.
De resto, pode-se dizer que há
um sentimento recíproco: primeiro
Estado a reconhecer a Independên-
cia de Angola. O Brasil é um dos
maiores investidores em terras an-
golanas e o único país a instituir a
obrigatoriedade do ensino de Histó-
ria da África nos currículos da edu-
cação básica.
Ao assumir o Governo em 2003,
o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva
ressaltou que o estreitamento das re-
lações com a África constituia para o
Brasil uma obrigação política, social,
moral e histórica. E, efetivamente, ele
tem demonstrado que esta tem sido
uma das prioridades da política ex-
terna do seu governo.
O intercâmbio comercial de Ango-
la com o Brasil intensificou-se tanto
nesta década que, mesmo com uma
queda drástica em função da crise,
a corrente de comércio entre os dois
países no ano passado, foi o terceiro
maior da história, atingindo 1 bilhão
471 milhões de dólares - ficou abai-
xo apenas do valor alcançado nos
dois anos anteriores.
Em 2009, as importações de pro-
dutos brasileiros totalizaram US$ 1
bilhão 300 milhões, enquanto as
exportações de produtos angolanos
para o Brasil foram de 138 milhões,
com queda de um terço nas impor-
Brasil na muxima
de Angola
tações e de 90 % nas exportações.
De qualquer forma, a mudança do
intercâmbio comercial é significati-
va. Lembro que, em 2000, quando
cheguei a Luanda para fazer desta
terra minha segunda pátria, o Brasil
exportava apenas US$ 106 milhões
por ano para Angola. No mesmo
ano, o Brasil importou de Angola
US$ 31 milhões.
Não obstante a crise econômica
internacional, os recursos da linha de
crédito aberta pelo Brasil em favor
de Angola foram ampliados em US$
500 milhões, há poucos meses. Os
recursos dessa linha são utilizados
no financiamento de projetos esco-
lhidos pelo Governo angolano nas
áreas de infra-estrutura física e so-
cial. Nos últimos anos, esse meca-
nismo soma quase US$ 3,5 bilhões
de créditos.
Essa linha de crédito constitui
o principal instrumento para a am-
pliação e adensamento constantes
das relações entre os dois países.
Porém, além dessa facilidade, os
exportadores brasileiros de bens e
serviços para Angola e, consequen-
temente, suas contrapartes angola-
nas podem ter acesso a outros pro-
gramas como o Proex, o Seguro de
Crédito às Exportações e o Fundo
de Garantia à Exportação.
Mas é bom destacar que, as-
sim como a presença brasileira
tem aumentado cada vez mais
em investimentos em Angola,
também tem havido crescimen-
to significativo dos investimen-
tos angolanos no Brasil, mesmo
sendo num patamar bem inferior,
evidentemente. O Banco Central
do Brasil registra que, em 2007,
cerca de USD 13 milhões provi-
nham de Angola. No ano seguin-
te, já praticamente quadruplicou,
atingindo USD 50 milhões.
Entretanto, entendo que ainda
há um bom espaço aberto para
a ampliação das exportações de
serviços do Brasil para Angola,
bem como para exportações, no
futuro, no sentido inverso. Afinal,
em termos de serviços, Brasil e
Angola são países que têm, ain-
da, uma balança deficitária. Nos
últimos anos, o saldo líquido de
serviços de Angola tem sido ne-
gativo em cerca de USD 12 bi-
lhões, enquanto no Brasil, foi de
US$ 9 bilhões.
RAIMUNDO LIMA,
JORNALISTA E PRESIDENTE DA
ASSEMBLEIA GERAL DA AEBRAN – ASSO-
CIAÇÃO DOS EMPRESÁRIOS E EXECUTIVOS
BRASILEIROS EM ANGOLA
Pensar o novo!