1) O documento discute as representações e pressupostos da escola pública de horário integral no Brasil.
2) Foram identificadas representações polarizadas sobre o sucesso ou fracasso deste modelo de escola.
3) Os principais pressupostos discutidos são que a escola de horário integral não deve ser vista como depósito de crianças e sim focada em aprendizagem, e que sua implantação requer recursos e tempo adequados.
Semana Interna de Prevenção de Acidentes SIPAT/2024
Escritos, representações e pressupostos da escola pública de horário integral
1. Escritos, representações e pressupostos da
escola pública de horário integral
Lúcia Velloso Maurício
PERTINÊNCIA DA COLETÂNEA:
3. Presença crescente do tema na legislação brasileira;
4. Aumento do número de experiências de ampliação da jornada escolar;
5. Tema presente em revistas de prestígio acadêmico, mas dispersas no
tempo e em diferentes publicações;
LIVROS PUBLICADOS:
Escola de tempo integral: desafio para o ensino público – Paro et al., 1988;
O desafio da escola básica: qualidade e equidade – Cadermatori (org),
1991;
CIEP – a utopia possível – Faria, 1991;
Programa Especial de Educação: um projeto político – Arantes, 1998;
Educação brasileira e(m) tempo integral – Coelho e Cavaliere (org), 2002.
2. Representações da escola pública de horário
integral
Representação social é o saber Representações polarizadas
do cotidiano que as pessoas sobre a escola pública de
usam para agir no mundo horário integral
As representações sociais são 2. FRACASSO: analistas;
consensos constituídos através de professores; reportagens de
interações dos grupos O Globo
Processos formadores das 3. FUTURO: dissertações e
representações sociais: teses; pais e alunos; cartas
objetivação e ancoragem de leitores de O Globo
Objetivação: transformação de um O GLOBO: investimento
conceito em imagem de fácil 5. 8 dias consecutivos de
expressão, que adquire o estatuto reportagem começando em
de referente domingo (800 mil exemplar)
Ancoragem: inserção da 6. 3 jornalistas e 1 fotógrafo
representação social no para rastrear vida de 21
pensamento pré-existente; torna alunos
familiar o que é estranho
7. Projeto gráfico: metonímia
forma janela CIEP, conteúdo
fracassso
3. Representações sociais da reportagem O
Globo
RS construídas através de recursos da propaganda: metáforas,
personagens exemplares, protótipos.
1º. Dia, 1ª. Página. MANCHETE: 21 anos de fracasso e expectativa
Imagem: 40% da página com foto de aluno no cenário de CIEP com
legenda: mora em escola e não estuda
SUBTÍTULO: só 22,5% mantêm horário integral (por quê?); dos 21
alunos da 1ª. Turma, só um chegou à faculdade (critério)
FOTOS, personagens exemplares: Elso, morto em confronto com a
Polícia; Luciano, recém saído da penitenciária
Por que foram selecionados estes alunos? Por que não a ordem
alfabética? Ou os alunos que conseguiram contatar? Ou o que
entrou na faculdade?
TEMPO DE PERMANÊNCIA: as reportagens desconheceram esta
variável: dos 17 só 4 ficaram 4 anos; destes, 3 completaram EM; dos
7 que permanceram 1 ano, só 2 completaram EM
4.
5.
6. Intenções do jornal e cartas de leitores
Objetivo da série: preventiva? Objetivo NÃO foi provocar
2. PNE (2001) com proposta de indignação contra
jornada escolar de 7 horas desperdício de recurso
público e descaso com
3. O prêmio Itaú Social/Unicef
educação popular
seleciona escola de horário
integral como tema (2005) para Mas é o que se lê nas 7
realização seminários (2006) cartas de leitor (3 de ex-
em 17 cidades do Brasil professoras de CIEP):
4. Campanha eleitoral: desde a O sonho poderia ter se
implantação dos CIEPs, esta concretizado se houvesse
escola aparece nas plataformas vontade política
de governo no RJ “O Ciep pode dar certo, desde
Objetivo: vender jornal? que tenha gestão comprometida
corpo docente envolvido, ppp
6. Apelo fácil: o pobre não obtém que envolva todos segmentos e
êxito nem em escola de luxo: participação da comunidade...
vejam o exemplo dos CIEPs? Mas dá trabalho” (ex-aluna e
atual professora de CIEP)
7. REPRESENTAÇÕES POLARIZADAS
ESCOLA PARA POBRE SATISFAÇÃO DOS PAIS
não houve associação entre Fato reconhecido por
escola de horário integral e diversos autores, inclusive os
pobreza como problema social a que criticavam a proposta de
ser isolado / eliminado por esta escola de horário integral
escola A concepção de escola dos
pais ficou centrada em
Pais, alunos e funcionários não FUTURO, LAZER e
associaram escola para pobre e ORGANIZAÇÃO; consideram
Brizolão; esta associação é feita que a prática contempla
exclusivamente por professores – esses atributos
quanto mais coesa a equipe e Priorizam o gostar como
mais antiga na escola, mais forte motivação para estudo em
a associação horário integral, atribuindo a
si mesmos e aos filhos o
Escola para pobre não suscita papel de sujeito, capaz de
rejeição, mas a escola qualquer, escolher
relegada, abandonada, sim. As Não há motivos para
mães tomam conta. abandonar a escola, nem
mesmo a necessidade.
8. OPOSIÇÃO ENTRE A VISÃO DE
FORMULADORES /EXECUTORES/
ANALISTAS E A DOS PAIS
Contradição do professor: considera que a escola não
deve ser um depósito, mas atribui a função de
depósito ao centrar a motivação para ela na
necessidade e não na escolha.
a criança não procura ou abandona a escola de
horário integral para colaborar direta ou indiretamente
com a renda familiar.
Os pais priorizaram o gostar mas não desconheceram
a necessidade
9. Pressupostos da escola
de horário integral
Seu objetivo não é Sua implantação
tirar criança da rua requer recursos
Seu objetivo é a materiais e humanos
aprendizagem e tempo
Esta escola deve Sua implantação
constituir laboratório deve crescer com a
de soluções
demanda
Esta escola é uma
política de governo Esta escola deve ser
opção para aluno e
professor