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      A RELAÇÃO ENTRE AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM NUM OLHAR
                                  PSICOPEDAGÓGICO
                                                Lisiane França Garcia Franquilin Pereira1




        Resumo: Este artigo tem por objetivo apontar as relações entre afetividade e
cognição no desenvolvimento da inteligência, bem como, identificar os fatores
familiar e pedagógico que influenciam na aprendizagem; analisar o desenvolvimento
afetivo paralelamente ao cognitivo a partir da teoria walloniana e piagetiana.
Também vem a contribuir para uma análise mais profunda sobre os benefícios da
afetividade na relação entre professor e aluno no processo de aprendizagem.
Sustenta a importância de compreender a dimensão afetiva e cognitiva
imprescindível para a promoção da aprendizagem. Portanto, esta pesquisa irá
colaborar com os envolvidos no processo educativo no entendimento do papel da
afetividade como o fio condutor na construção do conhecimento. Além disso,
apresenta ao professor contribuições para que estabeleça uma relação de afeto com
seus alunos e dimensione em sala de aula. No primeiro momento, veremos dois
teóricos que serão apresentados de maneira a focalizar suas teorias e relações no
campo da educação. Em seguida, a afetividade como caminho para a aprendizagem
e, a influência familiar e escolar na vida afetiva da criança. Será concluído,
abordando as perspectivas psicopedagógica para transformar a sala de aula um
lugar de emoção.


Palavras-chave: Afetividade. Aprendizagem. Emoção. Jean Piaget. Henri Wallon.


Introdução
       Este artigo aborda a relação da afetividade com o desenvolvimento da
aprendizagem pontuando as responsabilidades do professor como co-autor no
processo de conhecimento do sujeito.
       O propósito na escolha do tema é mostrar que a afetividade desempenha um
papel importante na aprendizagem e que a relação afetiva estabelecida entre
professor e aluno contribui no desenvolvimento cognitivo, psicológico, social e motor
da criança.
       A afetividade tem um importante papel no desenvolvimento da personalidade
da criança onde as relações familiares e escolares apontam influências
significativas.



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 Lisiane França Garcia Franquilin Pereira: Licenciada em pedagogia pela FAFIMC com habilitação
em supervisão educacional/matérias pedagógicas do Ensino Médio e pós-graduanda em
psicopedagogia pela FATEC/FACINTER.
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       A partir disso, surge a oportunidade de investigar o olhar psicopedagógico na
relação entre afetividade e aprendizagem, através de questões a respeito das
relações afetivas como fio condutor na construção do conhecimento.
       Portanto, o papel do professor é diferenciado e específico para que o aluno se
sinta amado, aceito, acolhido e ouvido, estabelecendo um vínculo com a
aprendizagem.
       A relação que se estabelece com o aluno permeia os aspectos qualitativos e
respeita o desenvolvimento individual, promovendo o interesse e estímulo para a
construção do conhecimento.




Afetividade: um caminho para a aprendizagem


       Nas mais variadas literaturas o tema afetividade é tratado com diversas
definições e está relacionada a vários termos: emoção, estados de humor,
motivação, sentimento, paixão, atenção, personalidade, temperamento e outros
tantos.
       Dentre os diversos autores que trataram sobre o assunto, destaca-se Henri
Wallon que aborda a construção da pessoa completa delineando nas fases de
desenvolvimento estágios que caracterizam a psicogenética da aprendizagem como
uma reformulação na passagem de um estágio a outro, pois

                       Wallon vê o desenvolvimento da pessoa como uma construção progressiva
                       em que se sucedem fases com predominância alternadamente afetiva e
                       cognitiva. Cada fase tem um colorido próprio, uma unidade solidária, que é
                       dada pelo predomínio de um tipo de atividade. As atividades predominantes
                       correspondem aos recursos que a criança dispõe, no momento, para
                       interagir com o ambiente. ( GALVÃO, p. 43, 2010).

       A teoria de Wallon requer o estudo integrado do desenvolvimento abrangendo
os vários campos funcionais como afetividade, motricidade e inteligência. Propõe o
estudo centrado na criança contextualizada, a psicogênese da pessoa completa.
       Na psicogenética walloniana, a passagem dos estágios de desenvolvimento
contesta as concepções que consideram o desenvolvimento uma linearidade “e o
encaram como simples adição de sistemas progressivamente mais complexos que


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resultariam da reorganização de elementos presente desde o início.” (GALVÃO,
p.41, 2010).
       Wallon (2007) classifica essa passagem de um estágio a outro como uma
reformulação, instalando-se crises que afetam a conduta da criança.
       Para compreender esta ideia, atentaremos a uma descrição dos cinco
estágios e suas características centrais abordados pela psicogenética walloniana.
       Estágio impulsivo-emocional, que ocorre no primeiro ano de vida – a emoção
é peculiar, instrumento privilegiado de interação da criança com o meio.
       Estágio sensório-motor e projetivo, que vai até os três anos – a criança se
interessa pela exploração sensório-motora do mundo físico. O desenvolvimento se
dá através da função simbólica e da linguagem, pois “o pensamento precisa do
auxílio dos gestos para se exteriorizar, o ato mental „projeta-se‟ em atos motores.
Predominam as relações cognitivas com o meio - inteligência prática e simbólica.”
(GALVÃO, p. 44, 2010)
       Estágio do personalismo acontece na faixa dos três aos sete anos – o ponto
central é o processo de formação da personalidade. Desenvolve-se a construção da
consciência de si, onde busca assegurar-se como sujeito autônomo, ocorrendo por
meio das interações sociais, que novamente norteia o interesse da criança para as
pessoas e o retorno da preponderância das relações afetivas.
       Estágio categorial inicia-se por volta dos seis anos até os 11 anos – com a
consolidação da função simbólica e a diferenciação da personalidade atingida no
estágio anterior, onde os progressos intelectuais apontam o interesse da criança
para as coisas, para o conhecimento e conquista do mundo exterior.
       Estágio da adolescência, a partir dos doze anos – a criança passa pelas
transformações físicas e psicológicas, rompendo a serenidade afetiva caracterizada
pelo estágio anterior, passando por conflitos externos e internos. Há necessidade de
uma nova definição da personalidade, desestruturados devido às modificações
corporais provenientes da ação hormonal.
       Sob a perspectiva piagetinana, o conhecimento se dá a partir da ação do
sujeito sobre a realidade e a aprendizagem depende do estágio de desenvolvimento
atingido pelo sujeito, onde cada novo estágio ocorre apenas quando há o equilíbrio
que é fruto das assimilações e acomodações feitas no estágio anterior.

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       Quando participamos ativamente dos acontecimentos, é assimilado à
estrutura mental informações correspondentes ao ambiente social, transformando o
conhecimento adquirido em ações sobre o meio.
       O conhecimento assimilado constitui novas experiências e organiza novas
ideias e conceitos. As novas aprendizagens alicerçam-se nas anteriores, onde a
inteligência desenvolve as aprendizagens mais simples dando base as mais
complexas.
       Piaget (1964) distribui o desenvolvimento da criança por estágios, ocorrendo
uma modificação progressiva dos esquemas de assimilação, propiciando diferentes
maneiras de o indivíduo organizar seus conhecimentos tendendo sua adaptação.
       Os estágios evoluem como uma espiral, onde cada estágio engloba o anterior
e o amplia. Piaget não define idades rigorosas para os estágios, mas se apresentam
em um seguimento estável.
       Estágio sensório-motor (aproximadamente de 0 a 2 anos) – a criança ainda
não representa os objetos mentalmente, pois sua ação é direta sobre eles. Os
estímulos ambientais são essencialmente sensoriais e motores.
       Estágio pré-operacional (aproximadamente de 2 a 7 anos) – é nessa fase que
a criança usa a linguagem e a capacidade de representação mental de um objeto ou
acontecimento, pois suas ações passam a se interiorizar ganhando significação.
Porém neste período não há reversibilidade do pensamento, ou seja, não consegue
ainda organizar objetos e acontecimentos abstraindo reflexivamente.
       Estágio operatório-concreto (aproximadamente de 8 a 11 anos) – neste
estágio o pensamento é reorganizado, vendo o mundo com realismo e deixam de
confundir o real com a fantasia. Já apresenta a capacidade de realizar operações,
mas necessita da realidade concreta, pois seu pensamento é descritivo e intuitivo.
       Estágio da inteligência formal (a partir dos 12 anos, com patamar de equilíbrio
por volta dos 14-15 anos) – é notável a transição para este estágio, pois são
evidenciadas     importantes    diferenças     que   ocorrem     nas    características    do
pensamento que ultrapassa o real, possibilitando para que possa operar
mentalmente sem intervenção do concreto. A criança utiliza o raciocínio hipotético-
dedutivo, em que pensa e formula hipóteses que vão lhe permitir definir conceitos e
valores.
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       De acordo com a teoria de Piaget, o desenvolvimento afetivo se dá
paralelamente ao cognitivo e tem intensa importância no desenvolvimento da
inteligência:

                       A afetividade não é nada sem a inteligência, que lhe fornece meios e
                       esclarece fins. É pensamento pouco sumário e mitológico atribuir as causas
                       do desenvolvimento às grandes tendências ancestrais, como se as
                       atividades e o crescimento biológico fossem por natureza estranhos à
                       razão. Na realidade, a tendência mais profunda de toda atividade humana é
                       a marcha para o equilíbrio. E a razão – que exprime as formas superiores
                       desse equilíbrio – reúne nela a inteligência e a afetividade. (apub
                       BALESTRA, 2007, p. 49).

       As relações estabelecidas entre professor e aluno devem ser sustentadas por
enorme porção de afetividade, pois a interação destes pares concebe o suporte para
a aquisição do conhecimento.
       O papel da afetividade é de uma energia que motiva o interesse e o
entusiasmo, sem modificar as estruturas da inteligência. E essa afetividade é o fio
condutor que impele o sujeito ao conhecimento.
       Ao adquirir novos conhecimentos, o sujeito passa pelo processo de
aprendizagem. Portanto, este processo é capaz de desenvolver competências e
mudar o comportamento.
       Neste processo estão envolvidos aspectos que circulam entre si: familiar e
pedagógico.
       Quando se fala em afeto, podemos encontrar convergências entre o que
Wallon e Piaget postularam. Para ambos a afetividade desempenha um papel
essencial no funcionamento da inteligência.
       Piaget afirma que o nível afetivo segue os mesmos princípios do
desenvolvimento psicogenético identificado na inteligência.

                       A vida afetiva, como a vida intelectual, é uma adaptação contínua e as duas
                       adaptações são, não somente paralelas, mas interdependentes, pois os
                       sentimentos exprimem os interesses e os valores das ações, das quais a
                       inteligência constitui a estrutura. (PIAGET,1945/1990, p. 265)




       Wallon (2010) também elenca em sua teoria a afetividade, que ocupa lugar
central na construção da pessoa e no conhecimento. Com o desenvolvimento, a
afetividade unifica as conquistas da inteligência e converge para a racionalização.
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                       Wallon propõe o estudo integrado do desenvolvimento, ou seja, que este
                       abarque os vários campos funcionais nos quais se distribui a atividade
                       infantil (afetividade, motricidade, inteligência). Vendo o desenvolvimento do
                       homem, ser “geneticamente social”, como processo em estreita
                       dependência das condições concretas em que ocorre, propõe o estuda da
                       criança contextualizada, isto é, nas relações com o meio. Podemos definir o
                       projeto teórico de Wallon como a elaboração de uma psicogênese da
                       pessoa completa. (GALVÃO, 2010, p.31)




Afetividade na família e na escola


       No âmbito familiar é onde o sujeito inicia suas primeiras aprendizagens.
Desde o nascimento, todas as conquistas são acompanhadas pela família que lhe
dá incentivo esperando que a criança conquiste cada vez mais novas habilidades.
Esta interação mobiliza a circulação do conhecimento e o acesso à aprendizagem,
pois cada membro familiar tem sua própria forma de aprender e atuar na construção
de seu próprio conhecimento, aproximando o desconhecido para integrá-lo ao saber.
O conhecimento será transmitido conforme a maneira de aprender, entre quem
ensina e quem aprende.
       A família deve dar importância à criança, incentivando seu pensamento,
auxiliando a busca de autonomia, escutando sua fala e, oportunizando que faça
suas escolhas onde será responsável por elas, pontuando limites na medida certa.
       Em algumas famílias encontramos o inverso: o impedimento da criança em
sua autonomia, tolhendo suas escolhas e questionamentos, refletindo de maneira
negativa na aprendizagem tornando-o dependente e inseguro. Assim, a família
produz marcas na aprendizagem, com modelos de juízo de valor que acreditam
serem os corretos.
       O afeto na família é de suma importância para um desenvolvimento saudável
da criança, pois é o principio da autoestima e de valores equilibrados.
       O papel da família nas primeiras aprendizagens é “ensinar brincando”, pois
esta interação proporciona o desenvolvimento de muitas habilidades.
       Antes de entrar na escola, a criança deveria ser estimulada em casa, sendo
oportunizado o contato com livros de acordo com sua idade, pois propicia o gosto
pela leitura e desde cedo estar em contato com o objeto do conhecimento.


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       Infelizmente o que acontece são crianças de todas as idades passando a
maior parte do tempo na frente da televisão ou plugadas na internet. Mas os pais por
comodismo ou por ausência substituem estes recursos por seu tempo com a criança
e não visualizam pequenas coisas que poderiam dar certo e evitar situações de
estresse com seus filhos.
       Muitos pais erroneamente pensam que o desenvolvimento começa na escola.
Mas a base se dá na família, pois é onde a criança se estrutura, cria vínculos
afetivos, iniciando seu desenvolvimento cognitivo e emocional.
       Não é somente a escola que deve educar e ensinar. A participação da família
é intransferível. SAMPAIO refere-se a esta situação dizendo


                        Um vínculo afetivo familiar não é criado de uma hora para outra. Deve ser
                        cultivado desde a primeira infância, respondendo aos seus infindáveis
                        porquês, respondendo com paciência às inúmeras contra-argumentações,
                        quando se proíbe de fazer algo, interessando-se pelo dia-a-dia escolar, e
                        não só nas notas do boletim. Deve-se colocar à disposição para ajudar nas
                        tarefas escolares sempre que o filho precisar, dizer “não” quando
                        necessário e ser firme nesta posição, explicando, porém, as razões da
                        negativa. (2009, p. 86)



       Os aspectos pedagógicos são fatores que podem interferir na aprendizagem,
como a metodologia de ensino, as estruturas da turma, os critérios de avaliação,
dentre muitos outros.
       Portanto, o professor deve ser capaz de construir com o aluno o
conhecimento, para que este aluno possa perceber o mundo a sua volta e descobrir
outras formas de aprender. Nesse sentido, SAMPAIO diz


                        Para que a construção do conhecimento aconteça no sujeito aprendiz, é
                        necessário que quem ensina tenha formado com ele um vínculo positivo e
                        vice-versa. Assim, o aluno pode transformar este conhecimento, mas isto só
                        irá acontecer se houver confiança nesta relação de ensino e aprendizagem,
                        pois, para aprender, é necessário que o sujeito se autorize a aprender; do
                        contrário, poderá existir um bloqueio de qualquer ordem, funcionando como
                        uma sombra negativa sobre o sujeito, e a aprendizagem ficará
                        impossibilitada. (2009, p.62)


       Porém, alguns professores justificam os problemas de aprendizagem
responsabilizando a família em seus conflitos. De fato, são os conflitos na família
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que contribuem muito para que se desencadeie o desinteresse pela aprendizagem,
a baixa autoestima, a indisciplina, a falta de atenção e concentração e a
agressividade. Mas a escola se isenta de sua responsabilidade, pois fica mais fácil
considerar os conflitos familiares como único motivo para o fracasso escolar.
       E qual o papel do professor para ajudar esta criança? Acaso repensaram sua
metodologia, sua postura para que auxiliem esta criança ao invés de responsabilizá-
la pelos problemas enfrentados em casa?
       Raramente a escola assume algum tipo de responsabilidade quando surgem
dificuldades de aprendizagem, encaminhando esta criança para um psicólogo ou
psicopedagogo.
       É imprescindível que o educador seja capaz de rever sua prática mobilizando-
se para uma postura mediadora.
       CURY (2003, p.85) faz um alerta aos professores e pais para que observem
suas atitudes com as crianças em seu capítulo intitulado “Os sete pecados capitais
dos educadores”
       1º corrigir publicamente – Esta ação causa no sujeito humilhação e traumas
muito difíceis de serem superados por toda a vida. Atitudes como esta produz uma
paralisia na inteligência e suscita o medo de expor suas ideias.
       2º expressar autoridade com agressividade – Por medo de perder sua
autoridade, impondo-a com violência disfarçada em delicada inflexibilidade e
resistência com receio de suas próprias fragilidades. Limites devem ser dialogados e
não impostos. A verdadeira autoridade é conquistada com inteligência e amor. O
importante é não perder o amor e a confiança de seus alunos.
       3º ser excessivamente crítico – A crítica quando feita com exageros traz
infelicidade, frustação, fragilidade, medo de errar e de correr riscos. Permitir a
espontaneidade da criança favorece a liberdade de ter as próprias experiências,
mesmo que traga fracassos, riscos e sofrimentos. Assim aprenderá com sua própria
experiência reconhecendo suas limitações, amadurecendo para a vida. Como
educadores, devemos quando necessário, aconselhar e não usar a critica como
esmagadora de aprendizagens.
       4º punir quando estiver irado e colocar limites sem dar explicações – Todos
cometemos erros, mas o importante é o que fazer com eles. Como professores, são

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inúmeras as situações que vivenciamos e que temos que corrigir o erro. Existem
alguns erros dos alunos que nos acometemos de ira e acabamos agindo sem pensar
levando a consequências que não podemos voltar atrás. E este poucos segundo de
ira nos torna capazes de ferir as pessoas que amamos. Quando sentir que a raiva
esta eclodindo, devemos sair de cena e esperar a temperatura da emoção baixar. A
melhor maneira de praticar educação é aproveitar o erro para levá-los a repensar
suas atitudes, adentrar em si mesmo, colocando-se no lugar dos outros, pois “a
maturidade de uma pessoa é revelada pela forma inteligente com que ela corrige
alguém.” (2003, p.95).
       A punição deve ser sem excessos, seja com castigos, privações e limites,
estimulando a arte de pensar. Dizer o quanto ele é importante antes de lhe apontar
os erros fará com que acolha suas observações e o ame para sempre.
       5º ser impaciente e desistir de educar – encontramos em sala de aula alunos
agressivos, inquietos, desatentos e com muitas outras características que nos
tornam impacientes e desanimados a educar. Não tomamos conhecimento da
situação e acabamos por desistir destes alunos. Mas devemos compreender que por
trás de cada aluno agressivo, desatento, temos uma criança que necessita de afeto.
Aqueles alunos insuportáveis é que testam nossa qualidade de educadores e a
grandeza de nosso amor. Não desistir destes alunos nos darão retorno, mesmo que
não seja imediato.
       6º não cumprir com a palavra – Não se promete aquilo que não se pode
cumprir. Dizer “não” sem medo ensina a lidar com perdas e frustrações, processo
importante na formação da personalidade.
       7º destruir a esperança e os sonhos – O comportamento de alguns alunos nos
leva a pensar e até mesmo a dizer: “Fulano não vai ser nada na vida, não tem
solução”. E o pior, fazemos com que eles acreditem nisso, destruindo suas
esperanças e atravancando os seus sonhos. Ao invés de ajudar a superar os
conflitos, tornamos a dificuldade ainda maior e criamos um ser sem sonhos, sem
esperanças e conformado com seus males, pois “sem sonhos não há fôlego
emocional. Sem esperança não há coragem para viver.” (2003, p.102).




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       A afetividade torna-se um caminho para aprendizagem, pois é ponto de
equilíbrio na relação entre professor e aluno contribuindo para uma prática
pedagógica com um olhar e uma escuta diferenciados.




Sala de aula: um espaço de emoção


    O professor deve repensar sua prática pedagógica colaborando para o processo
de construção do conhecimento do sujeito, bem como na relação eu-outro.
    O sujeito deve ser educado para a emoção em que possa ser autor de sua
história, saiba resolver conflitos pensando antes de reagir, a dominar seus medos
enfrentando-os, compreender a vida em suas variações.
    Mas para isso, é necessário que o professor saiba trabalhar com a emoção que é
mais complexa do que qualquer outro conteúdo intricado. Para CURY, os
professores devem saber que


                       Educar a emoção também é se doar sem esperar retorno, ser fiel à sua
                       consciência, extrair prazer dos pequenos estímulos da existência, saber
                       perder, correr riscos para transformar sonhos em realidade, ter coragem
                       para andar por lugares desconhecidos. (2003, p. 66)


    A sala de aula proporciona um espaço ilimitado de possibilidades para que este
“educar para a emoção” seja pleno.
    Porém, muitos professores desperdiçam o tempo em que estão na sala de aula
apenas repassando conteúdos, que julgam ser mais importantes do que escutar e
ser escutado, sentir e fazer sentir, correr riscos para os sentimentos desconhecidos
que podem surgir.
    Mas o que é emoção?
    A emoção são manifestações da vida afetiva e estão acompanhadas de reações
como aceleração dos batimentos cardíacos, mudança no ritmo da respiração, e
outras manifestações corporais. Segundo WALLON citado por GALVÃO


                       As emoções podem ser consideradas, sem dúvida, como a origem da
                       consciência, visto que exprimem e fixam para o próprio sujeito, através do
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                       jogo de atitudes determinadas, certas disposições específicas de sua
                       sensibilidade. Porém, elas só serão o ponto de partida da consciência
                       pessoal do sujeito por intermédio do grupo, no qual elas começam por fundi-
                       lo e do qual receberá as fórmulas diferenciadas de ação e os instrumentos
                       intelectuais, sem os quais lhe seria impossível efetuar as distinções e as
                       classificações necessárias ao conhecimento das coisas e de si mesmo.
                       (2010, p.63)



    A narrativa abaixo traz a realidade presente no cotidiano de uma sala de aula,
retratando as diversas histórias presenciadas por muitos e vivenciadas por poucos.
                       Relata a Sra. Thompson, que no seu primeiro dia de aula parou em frente
                       aos seus alunos da quinta série primária e, como todos os demais
                       professores, lhes disse que gostava de todos por igual.
                       No entanto, ela sabia que isto era quase impossível, já que na primeira fila
                       estava sentado um pequeno garoto chamado Teddy. A professora havia
                       observado que ele não se dava bem com os colegas de classe e muitas
                       vezes suas roupas estavam sujas e cheiravam mal.
                       Houve até momentos em que ela sentia prazer em lhe dar notas vermelhas
                       ao corrigir suas provas e trabalhos.
                       Ao iniciar o ano letivo, era solicitado a cada professor que lesse com
                       atenção a ficha escolar dos alunos, para tomar conhecimento das
                       anotações feitas em cada ano.
                       A Sra. Thompson deixou a ficha de Teddy por último. Mas quando a leu foi
                       grande a sua surpresa. A professora do primeiro ano escolar de Teddy
                       havia anotado o seguinte: Teddy é um menino brilhante e simpático. Seus
                       trabalhos sempre estão em ordem e muito nítidos. Tem bons modos e é
                       muito agradável estar perto dele.
                       A professora do segundo ano escreveu: Teddy é um aluno excelente e
                       muito querido por seus colegas, mas tem estado preocupado com sua mãe
                       que está com uma doença grave e desenganada pelos médicos. A vida em
                       seu lar deve estar sendo muito difícil.
                       Da professora do terceiro ano constava a anotação seguinte: a morte de
                       sua mãe foi um golpe muito duro para Teddy. Ele procura fazer o melhor,
                       mas seu pai não tem nenhum interesse e logo sua vida será prejudicada se
                       ninguém tomar providências para ajudá-lo.
                       A professora do quarto ano escreveu: Teddy anda muito distraído e não
                       mostra interesse algum pelos estudos. Tem poucos amigos e muitas vezes
                       dorme na sala de aula.
                       A Sra. Thompson se deu conta do problema e ficou terrivelmente
                       envergonhada. Sentiu-se ainda pior quando lembrou dos presentes de natal
                       que os alunos lhe haviam dado, envoltos em papéis coloridos, exceto o de
                       Teddy, que estava enrolado num papel marrom de supermercado.
                       Lembra-se de que abriu o pacote com tristeza, enquanto os outros garotos
                       riam ao ver uma pulseira faltando algumas pedras e um vidro de perfume
                       pela metade.
                       Apesar das piadas ela disse que o presente era precioso e pôs a pulseira no
                       braço e um pouco de perfume sobre a mão. Naquela ocasião Teddy ficou
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                       um pouco mais de tempo na escola do que o de costume. Lembrou-se
                       ainda, que Teddy lhe disse que ela estava cheirosa como sua mãe.
                       Naquele dia, depois que todos se foram, a professora Thompson chorou por
                       longo tempo...
                       Em seguida, decidiu-se a mudar sua maneira de ensinar e passou a dar
                       mais atenção aos seus alunos, especialmente a Teddy...
                       Com o passar do tempo ela notou que o garoto só melhorava. E quanto
                       mais ela lhe dava carinho e atenção, mais ele se animava.
                       Ao finalizar o ano letivo, Teddy saiu como o melhor da classe. Um ano mais
                       tarde a Sra. Thompson recebeu uma notícia em que Teddy lhe dizia que ela
                       era a melhor professora que teve na vida.
                       Seis anos depois, recebeu outra carta de Teddy contando que havia
                       concluído o segundo grau e que ela continuava sendo a melhor professora
                       que tivera. As notícias se repetiram até que um dia ela recebeu uma carta
                       assinada pelo Dr. Theodore Stoddard, seu antigo aluno, mais conhecido
                       como Teddy.
                       Mas a história não terminou aqui. A Sra. Thompson recebeu outra carta, em
                       que Teddy a convidava para seu casamento e noticiava a morte de seu pai.
                       Ela aceitou o convite e no dia do casamento estava usando a pulseira que
                       ganhou de Teddy anos antes, e também o perfume.
                       Quando os dois se encontraram, abraçaram-se por longo tempo e Teddy lhe
                       disse ao ouvido: obrigado por acreditar em mim e me fazer sentir
                       importante, demonstrando-me que posso fazer a diferença.
                       Mas ela, com os olhos banhados em pranto sussurrou baixinho: você está
                       enganado! Foi você que me ensinou que eu podia fazer a diferença, afinal
                       eu não sabia ensinar até que o conheci.
                       (http://audio.momento.com.br/pt/textos.php?let=V&pg=6#inicio_conteudo)


    Assim como nesta história relatada, apresentamos algumas experiências
pessoais.
    Em uma escola pública vivenciamos diariamente a necessidade que as crianças
tem de estar por perto demonstrando seu afeto. Em suas atitudes, podemos
perceber o quanto buscam a reciprocidade desse afeto. Crianças que por nenhum
instante querem deixar da companhia de sua professora. Deixam de aproveitar os
minutos de intervalo que lhes é proporcionado para conversar sobre sua vida.
    Em determinada turma, um dos alunos sempre surpreendia-nos com flores. Este
gesto era repetido diariamente. E, nos perguntávamos como esta criança mantinha
esta atitude e qual o motivo de ser pontual em seu gesto, pois não houve nenhuma
demonstração especial dispensada a ela?
    Logo fomos percebendo que não seria necessária qualquer manifestação
grandiosa de afeto, mas bastava ter a sensibilidade de sentir o seu mundo, encorajar


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a descobrir e inventar com suas capacidades e limitações, dar um mínimo de
atenção.
    Porém o mais interessante é eleger a professora para confiar este afeto, que é
sincero e sedento. A experiência afetiva é dificilmente expressa em palavras pois
tudo começa com um ato de amor.


                       Acredito que de um encontro de amor, seja ele com o objeto ou mesmo com
                       o outro, nasce e transforma-se a vida; mudam-se os destinos, tiram-se do
                       nada todo um mundo de projetos de ideias que antes não existiam. Nasce
                       uma espera, consolida-se um tempo e apalpa-se um espaço. As pulsões se
                       transformam e sublimam-se, e, assim, educamos um ser para si e para o
                       meio.
                       As escolas deveriam entender mais de seres humanos e de amor do que de
                       conteúdos e técnicas educativas. Elas tem contribuído em demasia para a
                       construção de neuróticos por não entenderem de amor, de sonhos, de
                       fantasias, de símbolos e de dores. (SALTINI, 1999, p.15)


    O professor tem em suas mãos a oportunidade de transformar vidas, formando
seres humanos que fazem a diferença no mundo. Por isso deve aproveitar o espaço
que a sala de aula oferece para viver e educar a emoção.
    Quando uma criança traz a seu professor um desenho que fez ou uma flor que
colheu no caminho da escola, deposita sua afetividade. Mas ao professor, é algo tão
insignificante, que acaba esquecendo em cima de sua mesa. Porém esquece junto
que aquela criança coloca toda sua emoção naquela flor ou desenho.
    Quantas vezes uma criança vem ao lado do professor e fica a observar seus
gestos, sua fala, sua maneira de escrever no quadro. Sem perceber, o professor
está sendo admirado por aquela criança que um dia, vai seguir o seu caminho
lembrando com afeto do valor e da emoção pela qual foi tratada.
    Por que não prestar mais atenção nos pequenos gestos que exprimem muito
daquilo que a criança tem a oferecer ou a solicitar.
    Às vezes, esquecemos que temos um papel de extrema importância na vida de
uma criança e que, para ela, isso fará a diferença.




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                                        Conclusão


       O artigo aqui apresentado propõe aos professores uma reflexão profunda em
sua prática pedagógica, buscando a compreensão da importância nas relações que
estabelece com seus alunos. O estudo proposto acerca da relação entre afetividade
e aprendizagem leva a algumas considerações com base na convergência das
teorias de Henri Wallon e Jean Piaget, ao que tange correlação da afetividade com a
inteligência. Ambas tem funções definidas e ao se agregar, permite ao
desenvolvimento da aprendizagem.
       Cabe aos pais e professores cumprirem com seu papel na tarefa de educar,
colaborando no desenvolvimento da criança. É com a família que a criança tem seu
primeiro contato com a aprendizagem. Por isso os pais devem proporcionar uma
estrutura afetiva adequada para que obtenha resultados significativos no
desenvolvimento cognitivo da criança.
       A família é fundamental para que a criança tenha um desenvolvimento
saudável. Por isso é imprescindível que família a escola instituam um elo de
comunicação, pois ambas necessitam uma da outra.
       E a escola é a responsável por dar continuidade na construção iniciada pela
família, despertando o interesse da criança para o conhecimento.
       As dificuldades de aprendizagem devem ser encaradas como desafios a
serem superados com a parceria da escola e da família.
       Para que haja um equilíbrio cognitivo e afetivo a alternativa é que família e
escola assumam suas reponsabilidades.
       É na sala de aula que o professor tem a oportunidade de demonstrar sua
afetividade de modo que o processo educativo seja efetivo. As relações entre
professor e aluno estabelecem vínculos de afeto que colaboram para a estabilidade
emocional da criança e o envolvimento com a aprendizagem.
       Desta forma podemos perceber que a afetividade é um fator indispensável no
processo de desenvolvimento humano, pois norteará o processo de ensino e
aprendizagem. Portanto acreditamos que o professor terá qualidade em suas
decisões quando se comprometer com o desenvolvimento de habilidades e


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competências, colaborando na construção de um aluno plenamente realizado em
suas aprendizagens e uma pessoa mais feliz. O importante é aprender a amar.

                       “O amor é um conceito diverso, repleto de contrastes, antíteses, paradoxos e
                       peculiaridades que o tornam tão singular quanto complexo. (...) amor transcende
                       qualquer ciência. Ele nasce, cresce e se multiplica, ocupando espaços maiores ou
                       menores, mas sempre edificados com o que há de mais nobre no espírito e no
                       coração do ser humano (CHALITA, 2003 P.22)”




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                                       Referências

CURY, Augusto J. Pais brilhantes, professores fascinantes: a educação
inteligente: formando jovens pensadores e felizes. Rio de Janeiro: Sextante,
2003.

GALVÃO, Isabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento
infantil. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

PIAGET, Jean. O raciocínio na criança. 2. ed. Rio de Janeiro: Record Cultural,
1967.

______. Seis estudos de psicologia. 9. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense
Universitária, 1978.

POLITY, Elizabeth. (Org.). Psicopedagogia: um enfoque sistêmico: terapia
familiar nas dificuldades de aprendizagem. 1. ed. São Paulo: Vetor Editora, 2004.

RELVAS, Marta Pires. Fundamentos Biológicos da Educação: Despertando
inteligências e afetividade no processo de aprendizagem. 3. ed. Rio de Janeiro:
Wak Editora, 2008.

SALTINI, Claúdio J. P. Afetividade e inteligência. 3. ed. Rio de Janeiro: DP&A,
1999.

WALLON, Henri. A evolução psicológica da criança. 1. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2007.




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A relacao entre_afetividade_e_aprendizagem_num_olhar_psicopedagogico

  • 1. 1 A RELAÇÃO ENTRE AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM NUM OLHAR PSICOPEDAGÓGICO Lisiane França Garcia Franquilin Pereira1 Resumo: Este artigo tem por objetivo apontar as relações entre afetividade e cognição no desenvolvimento da inteligência, bem como, identificar os fatores familiar e pedagógico que influenciam na aprendizagem; analisar o desenvolvimento afetivo paralelamente ao cognitivo a partir da teoria walloniana e piagetiana. Também vem a contribuir para uma análise mais profunda sobre os benefícios da afetividade na relação entre professor e aluno no processo de aprendizagem. Sustenta a importância de compreender a dimensão afetiva e cognitiva imprescindível para a promoção da aprendizagem. Portanto, esta pesquisa irá colaborar com os envolvidos no processo educativo no entendimento do papel da afetividade como o fio condutor na construção do conhecimento. Além disso, apresenta ao professor contribuições para que estabeleça uma relação de afeto com seus alunos e dimensione em sala de aula. No primeiro momento, veremos dois teóricos que serão apresentados de maneira a focalizar suas teorias e relações no campo da educação. Em seguida, a afetividade como caminho para a aprendizagem e, a influência familiar e escolar na vida afetiva da criança. Será concluído, abordando as perspectivas psicopedagógica para transformar a sala de aula um lugar de emoção. Palavras-chave: Afetividade. Aprendizagem. Emoção. Jean Piaget. Henri Wallon. Introdução Este artigo aborda a relação da afetividade com o desenvolvimento da aprendizagem pontuando as responsabilidades do professor como co-autor no processo de conhecimento do sujeito. O propósito na escolha do tema é mostrar que a afetividade desempenha um papel importante na aprendizagem e que a relação afetiva estabelecida entre professor e aluno contribui no desenvolvimento cognitivo, psicológico, social e motor da criança. A afetividade tem um importante papel no desenvolvimento da personalidade da criança onde as relações familiares e escolares apontam influências significativas. 1 Lisiane França Garcia Franquilin Pereira: Licenciada em pedagogia pela FAFIMC com habilitação em supervisão educacional/matérias pedagógicas do Ensino Médio e pós-graduanda em psicopedagogia pela FATEC/FACINTER.
  • 2. 2 A partir disso, surge a oportunidade de investigar o olhar psicopedagógico na relação entre afetividade e aprendizagem, através de questões a respeito das relações afetivas como fio condutor na construção do conhecimento. Portanto, o papel do professor é diferenciado e específico para que o aluno se sinta amado, aceito, acolhido e ouvido, estabelecendo um vínculo com a aprendizagem. A relação que se estabelece com o aluno permeia os aspectos qualitativos e respeita o desenvolvimento individual, promovendo o interesse e estímulo para a construção do conhecimento. Afetividade: um caminho para a aprendizagem Nas mais variadas literaturas o tema afetividade é tratado com diversas definições e está relacionada a vários termos: emoção, estados de humor, motivação, sentimento, paixão, atenção, personalidade, temperamento e outros tantos. Dentre os diversos autores que trataram sobre o assunto, destaca-se Henri Wallon que aborda a construção da pessoa completa delineando nas fases de desenvolvimento estágios que caracterizam a psicogenética da aprendizagem como uma reformulação na passagem de um estágio a outro, pois Wallon vê o desenvolvimento da pessoa como uma construção progressiva em que se sucedem fases com predominância alternadamente afetiva e cognitiva. Cada fase tem um colorido próprio, uma unidade solidária, que é dada pelo predomínio de um tipo de atividade. As atividades predominantes correspondem aos recursos que a criança dispõe, no momento, para interagir com o ambiente. ( GALVÃO, p. 43, 2010). A teoria de Wallon requer o estudo integrado do desenvolvimento abrangendo os vários campos funcionais como afetividade, motricidade e inteligência. Propõe o estudo centrado na criança contextualizada, a psicogênese da pessoa completa. Na psicogenética walloniana, a passagem dos estágios de desenvolvimento contesta as concepções que consideram o desenvolvimento uma linearidade “e o encaram como simples adição de sistemas progressivamente mais complexos que 1 Lisiane França Garcia Franquilin Pereira: Licenciada em pedagogia pela FAFIMC com habilitação em supervisão educacional/matérias pedagógicas do Ensino Médio e pós-graduanda em psicopedagogia pela FATEC/FACINTER.
  • 3. 3 resultariam da reorganização de elementos presente desde o início.” (GALVÃO, p.41, 2010). Wallon (2007) classifica essa passagem de um estágio a outro como uma reformulação, instalando-se crises que afetam a conduta da criança. Para compreender esta ideia, atentaremos a uma descrição dos cinco estágios e suas características centrais abordados pela psicogenética walloniana. Estágio impulsivo-emocional, que ocorre no primeiro ano de vida – a emoção é peculiar, instrumento privilegiado de interação da criança com o meio. Estágio sensório-motor e projetivo, que vai até os três anos – a criança se interessa pela exploração sensório-motora do mundo físico. O desenvolvimento se dá através da função simbólica e da linguagem, pois “o pensamento precisa do auxílio dos gestos para se exteriorizar, o ato mental „projeta-se‟ em atos motores. Predominam as relações cognitivas com o meio - inteligência prática e simbólica.” (GALVÃO, p. 44, 2010) Estágio do personalismo acontece na faixa dos três aos sete anos – o ponto central é o processo de formação da personalidade. Desenvolve-se a construção da consciência de si, onde busca assegurar-se como sujeito autônomo, ocorrendo por meio das interações sociais, que novamente norteia o interesse da criança para as pessoas e o retorno da preponderância das relações afetivas. Estágio categorial inicia-se por volta dos seis anos até os 11 anos – com a consolidação da função simbólica e a diferenciação da personalidade atingida no estágio anterior, onde os progressos intelectuais apontam o interesse da criança para as coisas, para o conhecimento e conquista do mundo exterior. Estágio da adolescência, a partir dos doze anos – a criança passa pelas transformações físicas e psicológicas, rompendo a serenidade afetiva caracterizada pelo estágio anterior, passando por conflitos externos e internos. Há necessidade de uma nova definição da personalidade, desestruturados devido às modificações corporais provenientes da ação hormonal. Sob a perspectiva piagetinana, o conhecimento se dá a partir da ação do sujeito sobre a realidade e a aprendizagem depende do estágio de desenvolvimento atingido pelo sujeito, onde cada novo estágio ocorre apenas quando há o equilíbrio que é fruto das assimilações e acomodações feitas no estágio anterior. 1 Lisiane França Garcia Franquilin Pereira: Licenciada em pedagogia pela FAFIMC com habilitação em supervisão educacional/matérias pedagógicas do Ensino Médio e pós-graduanda em psicopedagogia pela FATEC/FACINTER.
  • 4. 4 Quando participamos ativamente dos acontecimentos, é assimilado à estrutura mental informações correspondentes ao ambiente social, transformando o conhecimento adquirido em ações sobre o meio. O conhecimento assimilado constitui novas experiências e organiza novas ideias e conceitos. As novas aprendizagens alicerçam-se nas anteriores, onde a inteligência desenvolve as aprendizagens mais simples dando base as mais complexas. Piaget (1964) distribui o desenvolvimento da criança por estágios, ocorrendo uma modificação progressiva dos esquemas de assimilação, propiciando diferentes maneiras de o indivíduo organizar seus conhecimentos tendendo sua adaptação. Os estágios evoluem como uma espiral, onde cada estágio engloba o anterior e o amplia. Piaget não define idades rigorosas para os estágios, mas se apresentam em um seguimento estável. Estágio sensório-motor (aproximadamente de 0 a 2 anos) – a criança ainda não representa os objetos mentalmente, pois sua ação é direta sobre eles. Os estímulos ambientais são essencialmente sensoriais e motores. Estágio pré-operacional (aproximadamente de 2 a 7 anos) – é nessa fase que a criança usa a linguagem e a capacidade de representação mental de um objeto ou acontecimento, pois suas ações passam a se interiorizar ganhando significação. Porém neste período não há reversibilidade do pensamento, ou seja, não consegue ainda organizar objetos e acontecimentos abstraindo reflexivamente. Estágio operatório-concreto (aproximadamente de 8 a 11 anos) – neste estágio o pensamento é reorganizado, vendo o mundo com realismo e deixam de confundir o real com a fantasia. Já apresenta a capacidade de realizar operações, mas necessita da realidade concreta, pois seu pensamento é descritivo e intuitivo. Estágio da inteligência formal (a partir dos 12 anos, com patamar de equilíbrio por volta dos 14-15 anos) – é notável a transição para este estágio, pois são evidenciadas importantes diferenças que ocorrem nas características do pensamento que ultrapassa o real, possibilitando para que possa operar mentalmente sem intervenção do concreto. A criança utiliza o raciocínio hipotético- dedutivo, em que pensa e formula hipóteses que vão lhe permitir definir conceitos e valores. 1 Lisiane França Garcia Franquilin Pereira: Licenciada em pedagogia pela FAFIMC com habilitação em supervisão educacional/matérias pedagógicas do Ensino Médio e pós-graduanda em psicopedagogia pela FATEC/FACINTER.
  • 5. 5 De acordo com a teoria de Piaget, o desenvolvimento afetivo se dá paralelamente ao cognitivo e tem intensa importância no desenvolvimento da inteligência: A afetividade não é nada sem a inteligência, que lhe fornece meios e esclarece fins. É pensamento pouco sumário e mitológico atribuir as causas do desenvolvimento às grandes tendências ancestrais, como se as atividades e o crescimento biológico fossem por natureza estranhos à razão. Na realidade, a tendência mais profunda de toda atividade humana é a marcha para o equilíbrio. E a razão – que exprime as formas superiores desse equilíbrio – reúne nela a inteligência e a afetividade. (apub BALESTRA, 2007, p. 49). As relações estabelecidas entre professor e aluno devem ser sustentadas por enorme porção de afetividade, pois a interação destes pares concebe o suporte para a aquisição do conhecimento. O papel da afetividade é de uma energia que motiva o interesse e o entusiasmo, sem modificar as estruturas da inteligência. E essa afetividade é o fio condutor que impele o sujeito ao conhecimento. Ao adquirir novos conhecimentos, o sujeito passa pelo processo de aprendizagem. Portanto, este processo é capaz de desenvolver competências e mudar o comportamento. Neste processo estão envolvidos aspectos que circulam entre si: familiar e pedagógico. Quando se fala em afeto, podemos encontrar convergências entre o que Wallon e Piaget postularam. Para ambos a afetividade desempenha um papel essencial no funcionamento da inteligência. Piaget afirma que o nível afetivo segue os mesmos princípios do desenvolvimento psicogenético identificado na inteligência. A vida afetiva, como a vida intelectual, é uma adaptação contínua e as duas adaptações são, não somente paralelas, mas interdependentes, pois os sentimentos exprimem os interesses e os valores das ações, das quais a inteligência constitui a estrutura. (PIAGET,1945/1990, p. 265) Wallon (2010) também elenca em sua teoria a afetividade, que ocupa lugar central na construção da pessoa e no conhecimento. Com o desenvolvimento, a afetividade unifica as conquistas da inteligência e converge para a racionalização. 1 Lisiane França Garcia Franquilin Pereira: Licenciada em pedagogia pela FAFIMC com habilitação em supervisão educacional/matérias pedagógicas do Ensino Médio e pós-graduanda em psicopedagogia pela FATEC/FACINTER.
  • 6. 6 Wallon propõe o estudo integrado do desenvolvimento, ou seja, que este abarque os vários campos funcionais nos quais se distribui a atividade infantil (afetividade, motricidade, inteligência). Vendo o desenvolvimento do homem, ser “geneticamente social”, como processo em estreita dependência das condições concretas em que ocorre, propõe o estuda da criança contextualizada, isto é, nas relações com o meio. Podemos definir o projeto teórico de Wallon como a elaboração de uma psicogênese da pessoa completa. (GALVÃO, 2010, p.31) Afetividade na família e na escola No âmbito familiar é onde o sujeito inicia suas primeiras aprendizagens. Desde o nascimento, todas as conquistas são acompanhadas pela família que lhe dá incentivo esperando que a criança conquiste cada vez mais novas habilidades. Esta interação mobiliza a circulação do conhecimento e o acesso à aprendizagem, pois cada membro familiar tem sua própria forma de aprender e atuar na construção de seu próprio conhecimento, aproximando o desconhecido para integrá-lo ao saber. O conhecimento será transmitido conforme a maneira de aprender, entre quem ensina e quem aprende. A família deve dar importância à criança, incentivando seu pensamento, auxiliando a busca de autonomia, escutando sua fala e, oportunizando que faça suas escolhas onde será responsável por elas, pontuando limites na medida certa. Em algumas famílias encontramos o inverso: o impedimento da criança em sua autonomia, tolhendo suas escolhas e questionamentos, refletindo de maneira negativa na aprendizagem tornando-o dependente e inseguro. Assim, a família produz marcas na aprendizagem, com modelos de juízo de valor que acreditam serem os corretos. O afeto na família é de suma importância para um desenvolvimento saudável da criança, pois é o principio da autoestima e de valores equilibrados. O papel da família nas primeiras aprendizagens é “ensinar brincando”, pois esta interação proporciona o desenvolvimento de muitas habilidades. Antes de entrar na escola, a criança deveria ser estimulada em casa, sendo oportunizado o contato com livros de acordo com sua idade, pois propicia o gosto pela leitura e desde cedo estar em contato com o objeto do conhecimento. 1 Lisiane França Garcia Franquilin Pereira: Licenciada em pedagogia pela FAFIMC com habilitação em supervisão educacional/matérias pedagógicas do Ensino Médio e pós-graduanda em psicopedagogia pela FATEC/FACINTER.
  • 7. 7 Infelizmente o que acontece são crianças de todas as idades passando a maior parte do tempo na frente da televisão ou plugadas na internet. Mas os pais por comodismo ou por ausência substituem estes recursos por seu tempo com a criança e não visualizam pequenas coisas que poderiam dar certo e evitar situações de estresse com seus filhos. Muitos pais erroneamente pensam que o desenvolvimento começa na escola. Mas a base se dá na família, pois é onde a criança se estrutura, cria vínculos afetivos, iniciando seu desenvolvimento cognitivo e emocional. Não é somente a escola que deve educar e ensinar. A participação da família é intransferível. SAMPAIO refere-se a esta situação dizendo Um vínculo afetivo familiar não é criado de uma hora para outra. Deve ser cultivado desde a primeira infância, respondendo aos seus infindáveis porquês, respondendo com paciência às inúmeras contra-argumentações, quando se proíbe de fazer algo, interessando-se pelo dia-a-dia escolar, e não só nas notas do boletim. Deve-se colocar à disposição para ajudar nas tarefas escolares sempre que o filho precisar, dizer “não” quando necessário e ser firme nesta posição, explicando, porém, as razões da negativa. (2009, p. 86) Os aspectos pedagógicos são fatores que podem interferir na aprendizagem, como a metodologia de ensino, as estruturas da turma, os critérios de avaliação, dentre muitos outros. Portanto, o professor deve ser capaz de construir com o aluno o conhecimento, para que este aluno possa perceber o mundo a sua volta e descobrir outras formas de aprender. Nesse sentido, SAMPAIO diz Para que a construção do conhecimento aconteça no sujeito aprendiz, é necessário que quem ensina tenha formado com ele um vínculo positivo e vice-versa. Assim, o aluno pode transformar este conhecimento, mas isto só irá acontecer se houver confiança nesta relação de ensino e aprendizagem, pois, para aprender, é necessário que o sujeito se autorize a aprender; do contrário, poderá existir um bloqueio de qualquer ordem, funcionando como uma sombra negativa sobre o sujeito, e a aprendizagem ficará impossibilitada. (2009, p.62) Porém, alguns professores justificam os problemas de aprendizagem responsabilizando a família em seus conflitos. De fato, são os conflitos na família 1 Lisiane França Garcia Franquilin Pereira: Licenciada em pedagogia pela FAFIMC com habilitação em supervisão educacional/matérias pedagógicas do Ensino Médio e pós-graduanda em psicopedagogia pela FATEC/FACINTER.
  • 8. 8 que contribuem muito para que se desencadeie o desinteresse pela aprendizagem, a baixa autoestima, a indisciplina, a falta de atenção e concentração e a agressividade. Mas a escola se isenta de sua responsabilidade, pois fica mais fácil considerar os conflitos familiares como único motivo para o fracasso escolar. E qual o papel do professor para ajudar esta criança? Acaso repensaram sua metodologia, sua postura para que auxiliem esta criança ao invés de responsabilizá- la pelos problemas enfrentados em casa? Raramente a escola assume algum tipo de responsabilidade quando surgem dificuldades de aprendizagem, encaminhando esta criança para um psicólogo ou psicopedagogo. É imprescindível que o educador seja capaz de rever sua prática mobilizando- se para uma postura mediadora. CURY (2003, p.85) faz um alerta aos professores e pais para que observem suas atitudes com as crianças em seu capítulo intitulado “Os sete pecados capitais dos educadores” 1º corrigir publicamente – Esta ação causa no sujeito humilhação e traumas muito difíceis de serem superados por toda a vida. Atitudes como esta produz uma paralisia na inteligência e suscita o medo de expor suas ideias. 2º expressar autoridade com agressividade – Por medo de perder sua autoridade, impondo-a com violência disfarçada em delicada inflexibilidade e resistência com receio de suas próprias fragilidades. Limites devem ser dialogados e não impostos. A verdadeira autoridade é conquistada com inteligência e amor. O importante é não perder o amor e a confiança de seus alunos. 3º ser excessivamente crítico – A crítica quando feita com exageros traz infelicidade, frustação, fragilidade, medo de errar e de correr riscos. Permitir a espontaneidade da criança favorece a liberdade de ter as próprias experiências, mesmo que traga fracassos, riscos e sofrimentos. Assim aprenderá com sua própria experiência reconhecendo suas limitações, amadurecendo para a vida. Como educadores, devemos quando necessário, aconselhar e não usar a critica como esmagadora de aprendizagens. 4º punir quando estiver irado e colocar limites sem dar explicações – Todos cometemos erros, mas o importante é o que fazer com eles. Como professores, são 1 Lisiane França Garcia Franquilin Pereira: Licenciada em pedagogia pela FAFIMC com habilitação em supervisão educacional/matérias pedagógicas do Ensino Médio e pós-graduanda em psicopedagogia pela FATEC/FACINTER.
  • 9. 9 inúmeras as situações que vivenciamos e que temos que corrigir o erro. Existem alguns erros dos alunos que nos acometemos de ira e acabamos agindo sem pensar levando a consequências que não podemos voltar atrás. E este poucos segundo de ira nos torna capazes de ferir as pessoas que amamos. Quando sentir que a raiva esta eclodindo, devemos sair de cena e esperar a temperatura da emoção baixar. A melhor maneira de praticar educação é aproveitar o erro para levá-los a repensar suas atitudes, adentrar em si mesmo, colocando-se no lugar dos outros, pois “a maturidade de uma pessoa é revelada pela forma inteligente com que ela corrige alguém.” (2003, p.95). A punição deve ser sem excessos, seja com castigos, privações e limites, estimulando a arte de pensar. Dizer o quanto ele é importante antes de lhe apontar os erros fará com que acolha suas observações e o ame para sempre. 5º ser impaciente e desistir de educar – encontramos em sala de aula alunos agressivos, inquietos, desatentos e com muitas outras características que nos tornam impacientes e desanimados a educar. Não tomamos conhecimento da situação e acabamos por desistir destes alunos. Mas devemos compreender que por trás de cada aluno agressivo, desatento, temos uma criança que necessita de afeto. Aqueles alunos insuportáveis é que testam nossa qualidade de educadores e a grandeza de nosso amor. Não desistir destes alunos nos darão retorno, mesmo que não seja imediato. 6º não cumprir com a palavra – Não se promete aquilo que não se pode cumprir. Dizer “não” sem medo ensina a lidar com perdas e frustrações, processo importante na formação da personalidade. 7º destruir a esperança e os sonhos – O comportamento de alguns alunos nos leva a pensar e até mesmo a dizer: “Fulano não vai ser nada na vida, não tem solução”. E o pior, fazemos com que eles acreditem nisso, destruindo suas esperanças e atravancando os seus sonhos. Ao invés de ajudar a superar os conflitos, tornamos a dificuldade ainda maior e criamos um ser sem sonhos, sem esperanças e conformado com seus males, pois “sem sonhos não há fôlego emocional. Sem esperança não há coragem para viver.” (2003, p.102). 1 Lisiane França Garcia Franquilin Pereira: Licenciada em pedagogia pela FAFIMC com habilitação em supervisão educacional/matérias pedagógicas do Ensino Médio e pós-graduanda em psicopedagogia pela FATEC/FACINTER.
  • 10. 10 A afetividade torna-se um caminho para aprendizagem, pois é ponto de equilíbrio na relação entre professor e aluno contribuindo para uma prática pedagógica com um olhar e uma escuta diferenciados. Sala de aula: um espaço de emoção O professor deve repensar sua prática pedagógica colaborando para o processo de construção do conhecimento do sujeito, bem como na relação eu-outro. O sujeito deve ser educado para a emoção em que possa ser autor de sua história, saiba resolver conflitos pensando antes de reagir, a dominar seus medos enfrentando-os, compreender a vida em suas variações. Mas para isso, é necessário que o professor saiba trabalhar com a emoção que é mais complexa do que qualquer outro conteúdo intricado. Para CURY, os professores devem saber que Educar a emoção também é se doar sem esperar retorno, ser fiel à sua consciência, extrair prazer dos pequenos estímulos da existência, saber perder, correr riscos para transformar sonhos em realidade, ter coragem para andar por lugares desconhecidos. (2003, p. 66) A sala de aula proporciona um espaço ilimitado de possibilidades para que este “educar para a emoção” seja pleno. Porém, muitos professores desperdiçam o tempo em que estão na sala de aula apenas repassando conteúdos, que julgam ser mais importantes do que escutar e ser escutado, sentir e fazer sentir, correr riscos para os sentimentos desconhecidos que podem surgir. Mas o que é emoção? A emoção são manifestações da vida afetiva e estão acompanhadas de reações como aceleração dos batimentos cardíacos, mudança no ritmo da respiração, e outras manifestações corporais. Segundo WALLON citado por GALVÃO As emoções podem ser consideradas, sem dúvida, como a origem da consciência, visto que exprimem e fixam para o próprio sujeito, através do 1 Lisiane França Garcia Franquilin Pereira: Licenciada em pedagogia pela FAFIMC com habilitação em supervisão educacional/matérias pedagógicas do Ensino Médio e pós-graduanda em psicopedagogia pela FATEC/FACINTER.
  • 11. 11 jogo de atitudes determinadas, certas disposições específicas de sua sensibilidade. Porém, elas só serão o ponto de partida da consciência pessoal do sujeito por intermédio do grupo, no qual elas começam por fundi- lo e do qual receberá as fórmulas diferenciadas de ação e os instrumentos intelectuais, sem os quais lhe seria impossível efetuar as distinções e as classificações necessárias ao conhecimento das coisas e de si mesmo. (2010, p.63) A narrativa abaixo traz a realidade presente no cotidiano de uma sala de aula, retratando as diversas histórias presenciadas por muitos e vivenciadas por poucos. Relata a Sra. Thompson, que no seu primeiro dia de aula parou em frente aos seus alunos da quinta série primária e, como todos os demais professores, lhes disse que gostava de todos por igual. No entanto, ela sabia que isto era quase impossível, já que na primeira fila estava sentado um pequeno garoto chamado Teddy. A professora havia observado que ele não se dava bem com os colegas de classe e muitas vezes suas roupas estavam sujas e cheiravam mal. Houve até momentos em que ela sentia prazer em lhe dar notas vermelhas ao corrigir suas provas e trabalhos. Ao iniciar o ano letivo, era solicitado a cada professor que lesse com atenção a ficha escolar dos alunos, para tomar conhecimento das anotações feitas em cada ano. A Sra. Thompson deixou a ficha de Teddy por último. Mas quando a leu foi grande a sua surpresa. A professora do primeiro ano escolar de Teddy havia anotado o seguinte: Teddy é um menino brilhante e simpático. Seus trabalhos sempre estão em ordem e muito nítidos. Tem bons modos e é muito agradável estar perto dele. A professora do segundo ano escreveu: Teddy é um aluno excelente e muito querido por seus colegas, mas tem estado preocupado com sua mãe que está com uma doença grave e desenganada pelos médicos. A vida em seu lar deve estar sendo muito difícil. Da professora do terceiro ano constava a anotação seguinte: a morte de sua mãe foi um golpe muito duro para Teddy. Ele procura fazer o melhor, mas seu pai não tem nenhum interesse e logo sua vida será prejudicada se ninguém tomar providências para ajudá-lo. A professora do quarto ano escreveu: Teddy anda muito distraído e não mostra interesse algum pelos estudos. Tem poucos amigos e muitas vezes dorme na sala de aula. A Sra. Thompson se deu conta do problema e ficou terrivelmente envergonhada. Sentiu-se ainda pior quando lembrou dos presentes de natal que os alunos lhe haviam dado, envoltos em papéis coloridos, exceto o de Teddy, que estava enrolado num papel marrom de supermercado. Lembra-se de que abriu o pacote com tristeza, enquanto os outros garotos riam ao ver uma pulseira faltando algumas pedras e um vidro de perfume pela metade. Apesar das piadas ela disse que o presente era precioso e pôs a pulseira no braço e um pouco de perfume sobre a mão. Naquela ocasião Teddy ficou 1 Lisiane França Garcia Franquilin Pereira: Licenciada em pedagogia pela FAFIMC com habilitação em supervisão educacional/matérias pedagógicas do Ensino Médio e pós-graduanda em psicopedagogia pela FATEC/FACINTER.
  • 12. 12 um pouco mais de tempo na escola do que o de costume. Lembrou-se ainda, que Teddy lhe disse que ela estava cheirosa como sua mãe. Naquele dia, depois que todos se foram, a professora Thompson chorou por longo tempo... Em seguida, decidiu-se a mudar sua maneira de ensinar e passou a dar mais atenção aos seus alunos, especialmente a Teddy... Com o passar do tempo ela notou que o garoto só melhorava. E quanto mais ela lhe dava carinho e atenção, mais ele se animava. Ao finalizar o ano letivo, Teddy saiu como o melhor da classe. Um ano mais tarde a Sra. Thompson recebeu uma notícia em que Teddy lhe dizia que ela era a melhor professora que teve na vida. Seis anos depois, recebeu outra carta de Teddy contando que havia concluído o segundo grau e que ela continuava sendo a melhor professora que tivera. As notícias se repetiram até que um dia ela recebeu uma carta assinada pelo Dr. Theodore Stoddard, seu antigo aluno, mais conhecido como Teddy. Mas a história não terminou aqui. A Sra. Thompson recebeu outra carta, em que Teddy a convidava para seu casamento e noticiava a morte de seu pai. Ela aceitou o convite e no dia do casamento estava usando a pulseira que ganhou de Teddy anos antes, e também o perfume. Quando os dois se encontraram, abraçaram-se por longo tempo e Teddy lhe disse ao ouvido: obrigado por acreditar em mim e me fazer sentir importante, demonstrando-me que posso fazer a diferença. Mas ela, com os olhos banhados em pranto sussurrou baixinho: você está enganado! Foi você que me ensinou que eu podia fazer a diferença, afinal eu não sabia ensinar até que o conheci. (http://audio.momento.com.br/pt/textos.php?let=V&pg=6#inicio_conteudo) Assim como nesta história relatada, apresentamos algumas experiências pessoais. Em uma escola pública vivenciamos diariamente a necessidade que as crianças tem de estar por perto demonstrando seu afeto. Em suas atitudes, podemos perceber o quanto buscam a reciprocidade desse afeto. Crianças que por nenhum instante querem deixar da companhia de sua professora. Deixam de aproveitar os minutos de intervalo que lhes é proporcionado para conversar sobre sua vida. Em determinada turma, um dos alunos sempre surpreendia-nos com flores. Este gesto era repetido diariamente. E, nos perguntávamos como esta criança mantinha esta atitude e qual o motivo de ser pontual em seu gesto, pois não houve nenhuma demonstração especial dispensada a ela? Logo fomos percebendo que não seria necessária qualquer manifestação grandiosa de afeto, mas bastava ter a sensibilidade de sentir o seu mundo, encorajar 1 Lisiane França Garcia Franquilin Pereira: Licenciada em pedagogia pela FAFIMC com habilitação em supervisão educacional/matérias pedagógicas do Ensino Médio e pós-graduanda em psicopedagogia pela FATEC/FACINTER.
  • 13. 13 a descobrir e inventar com suas capacidades e limitações, dar um mínimo de atenção. Porém o mais interessante é eleger a professora para confiar este afeto, que é sincero e sedento. A experiência afetiva é dificilmente expressa em palavras pois tudo começa com um ato de amor. Acredito que de um encontro de amor, seja ele com o objeto ou mesmo com o outro, nasce e transforma-se a vida; mudam-se os destinos, tiram-se do nada todo um mundo de projetos de ideias que antes não existiam. Nasce uma espera, consolida-se um tempo e apalpa-se um espaço. As pulsões se transformam e sublimam-se, e, assim, educamos um ser para si e para o meio. As escolas deveriam entender mais de seres humanos e de amor do que de conteúdos e técnicas educativas. Elas tem contribuído em demasia para a construção de neuróticos por não entenderem de amor, de sonhos, de fantasias, de símbolos e de dores. (SALTINI, 1999, p.15) O professor tem em suas mãos a oportunidade de transformar vidas, formando seres humanos que fazem a diferença no mundo. Por isso deve aproveitar o espaço que a sala de aula oferece para viver e educar a emoção. Quando uma criança traz a seu professor um desenho que fez ou uma flor que colheu no caminho da escola, deposita sua afetividade. Mas ao professor, é algo tão insignificante, que acaba esquecendo em cima de sua mesa. Porém esquece junto que aquela criança coloca toda sua emoção naquela flor ou desenho. Quantas vezes uma criança vem ao lado do professor e fica a observar seus gestos, sua fala, sua maneira de escrever no quadro. Sem perceber, o professor está sendo admirado por aquela criança que um dia, vai seguir o seu caminho lembrando com afeto do valor e da emoção pela qual foi tratada. Por que não prestar mais atenção nos pequenos gestos que exprimem muito daquilo que a criança tem a oferecer ou a solicitar. Às vezes, esquecemos que temos um papel de extrema importância na vida de uma criança e que, para ela, isso fará a diferença. 1 Lisiane França Garcia Franquilin Pereira: Licenciada em pedagogia pela FAFIMC com habilitação em supervisão educacional/matérias pedagógicas do Ensino Médio e pós-graduanda em psicopedagogia pela FATEC/FACINTER.
  • 14. 14 Conclusão O artigo aqui apresentado propõe aos professores uma reflexão profunda em sua prática pedagógica, buscando a compreensão da importância nas relações que estabelece com seus alunos. O estudo proposto acerca da relação entre afetividade e aprendizagem leva a algumas considerações com base na convergência das teorias de Henri Wallon e Jean Piaget, ao que tange correlação da afetividade com a inteligência. Ambas tem funções definidas e ao se agregar, permite ao desenvolvimento da aprendizagem. Cabe aos pais e professores cumprirem com seu papel na tarefa de educar, colaborando no desenvolvimento da criança. É com a família que a criança tem seu primeiro contato com a aprendizagem. Por isso os pais devem proporcionar uma estrutura afetiva adequada para que obtenha resultados significativos no desenvolvimento cognitivo da criança. A família é fundamental para que a criança tenha um desenvolvimento saudável. Por isso é imprescindível que família a escola instituam um elo de comunicação, pois ambas necessitam uma da outra. E a escola é a responsável por dar continuidade na construção iniciada pela família, despertando o interesse da criança para o conhecimento. As dificuldades de aprendizagem devem ser encaradas como desafios a serem superados com a parceria da escola e da família. Para que haja um equilíbrio cognitivo e afetivo a alternativa é que família e escola assumam suas reponsabilidades. É na sala de aula que o professor tem a oportunidade de demonstrar sua afetividade de modo que o processo educativo seja efetivo. As relações entre professor e aluno estabelecem vínculos de afeto que colaboram para a estabilidade emocional da criança e o envolvimento com a aprendizagem. Desta forma podemos perceber que a afetividade é um fator indispensável no processo de desenvolvimento humano, pois norteará o processo de ensino e aprendizagem. Portanto acreditamos que o professor terá qualidade em suas decisões quando se comprometer com o desenvolvimento de habilidades e 1 Lisiane França Garcia Franquilin Pereira: Licenciada em pedagogia pela FAFIMC com habilitação em supervisão educacional/matérias pedagógicas do Ensino Médio e pós-graduanda em psicopedagogia pela FATEC/FACINTER.
  • 15. 15 competências, colaborando na construção de um aluno plenamente realizado em suas aprendizagens e uma pessoa mais feliz. O importante é aprender a amar. “O amor é um conceito diverso, repleto de contrastes, antíteses, paradoxos e peculiaridades que o tornam tão singular quanto complexo. (...) amor transcende qualquer ciência. Ele nasce, cresce e se multiplica, ocupando espaços maiores ou menores, mas sempre edificados com o que há de mais nobre no espírito e no coração do ser humano (CHALITA, 2003 P.22)” 1 Lisiane França Garcia Franquilin Pereira: Licenciada em pedagogia pela FAFIMC com habilitação em supervisão educacional/matérias pedagógicas do Ensino Médio e pós-graduanda em psicopedagogia pela FATEC/FACINTER.
  • 16. 16 Referências CURY, Augusto J. Pais brilhantes, professores fascinantes: a educação inteligente: formando jovens pensadores e felizes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. GALVÃO, Isabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Rio de Janeiro: Vozes, 2002. PIAGET, Jean. O raciocínio na criança. 2. ed. Rio de Janeiro: Record Cultural, 1967. ______. Seis estudos de psicologia. 9. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 1978. POLITY, Elizabeth. (Org.). Psicopedagogia: um enfoque sistêmico: terapia familiar nas dificuldades de aprendizagem. 1. ed. São Paulo: Vetor Editora, 2004. RELVAS, Marta Pires. Fundamentos Biológicos da Educação: Despertando inteligências e afetividade no processo de aprendizagem. 3. ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2008. SALTINI, Claúdio J. P. Afetividade e inteligência. 3. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1999. WALLON, Henri. A evolução psicológica da criança. 1. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. 1 Lisiane França Garcia Franquilin Pereira: Licenciada em pedagogia pela FAFIMC com habilitação em supervisão educacional/matérias pedagógicas do Ensino Médio e pós-graduanda em psicopedagogia pela FATEC/FACINTER.