3. LASAR SEGALL - INTERIOR DE
POBRES II
Adquirida pelo Museu da Cidade de Dresden (Alemanha), então
dirigido pelo historiador de arte Paul Ferdinand Schmidt, esta pintura
foi retirada desse acervo pelo governo nacional-socialista – que subiu
ao poder na Alemanha em 1933, com Hitler à frente – e exibida em
Munique em 1937, na célebre Exposição de Arte Degenerada, que
pretendia desqualificar a arte moderna. Durante a Segunda Guerra,
esta tela, um dos melhores exemplos do expressionismo construtivo
de Segall, permaneceu, com milhares de outras obras dos
expressionistas alemães, confinada nos depósitos oficiais. Finda a
guerra, a pintura foi localizada, em uma coleção particular europeia,
pelo marchand Emeric Hahn, a pedido da viúva do artista, Jenny
Klabin Segall, que a trouxe com o Autorretrato II (p.19), também de
1919, para o Brasil.
4. VIDA E OBRA
Lasar Segal nasceu em 21 de julho de 1891, na cidade de Vilna, capital da
Lituânia (Europa, próximo da Rússia). Faleceu em 2 de agosto de 1957 na
cidade de São Paulo, deixando um vasto acervo que enfatiza não somente a
beleza, mas sobretudo a miséria que presenciara durante toda sua jornada.
Para Segal a pintura estática não lhe satisfazia, haja vista que nela era
preciso retratar a realidade – propósito esse que o levou a aproximar-se do
Expressionismo. Depois de rápida estada na Holanda, partiu para o Brasil,
onde organizou duas exposições: uma em São Paulo e outra em Campinas.
Mais que um pintor, considerado também como um verdadeiro sociólogo,
Lasar Segal tinha obsessão pelo ser humano e, por meio dos pincéis, retratou
os problemas brasileiros, revelados por cenas familiares, dando ênfase ao
interior pobre das casas, bem como aos rostos sofridos de seus habitantes.
Cenas essas que retratavam o conformismo de uma sociedade considerada
imutável.
*Quando Segall nasceu a Lituânia fazia parte do território da Rússia e só em 16 de fevereiro de
1918 reestabeleceu sua independência. Por isso muitos textos se referem a Segall como Russo.
5. OBRAS EXPOSTAS POR SEGALL EM
1913
Lasar Segall
Leitura, 1913.
Acervo Museu Lasar Segall.
Asilo de velhos, 1912
Museu Lasar Segall
Pastel
Voledam, 1912
6. EXPOSIÇÃO DE ANITA MALFATTI
1917
Em 1910 foi pra Alemanha estudar
desenho, mas volta em 1914 por conta
da primeira guerra. Em 1915 vai pra os
EUA pra continuar estudando. São as
obras produzidas nesse período que
fazem parte da exposição de 1917 no
brasil.
Em 1917 Anita Malfatti fez uma
exposição de arte moderna e foi
duramente criticada por monteiro
lobato.
CURIOSIDADE: Nasceu com uma atrofia
na mão direita e tentou fazer uma
cirurgia para se curar, mas não deu
certo e ela teve que treinar pintura com
7. A estudante russa
1915
Óleo sobre a tela
76 x 61 cm
Museu de Arte Moderna de São
Paulo, São Paulo, Brasil.
Tropical
(1916)
Óleo sobre tela (77 X
102). Pinacoteca do
Estado de São Paulo,
Brasil.
O Japonês
(1916)
Óleo sobre tela
O homem amarelo
1915-16
óleo sobre tela (61 x
51)
9. O QUE FOI A SEMANA DE ARTE
MODERNA?
Entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, o saguão do
Teatro Municipal de São Paulo abrigou um
conjunto amplo de obras – pinturas, esculturas,
projetos arquitetônicos – consideradas ousadas o
suficiente para receberem o título de
“modernistas”. O intuito era demonstrar a
existência de um amplo movimento de contestação
às normas de criação alinhadas com os modelos
ditos “passadistas”, vinculados a regras e modelos
importados e transmitidos artificialmente por meio
de uma esterilização acadêmica.
*passadistas: Relativo ao passado.
10. DI CAVALCANTI
Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo (Rio de Janeiro RJ
1897 - idem 1976). Pintor, ilustrador, caricaturista, gravador,
muralista, desenhista, jornalista, escritor e cenógrafo. Inicia sua
carreira artística como caricaturista e ilustrador, publicando sua
primeira caricatura em 1914, na revista Fon-Fon.
É o idealizador e o principal organizador da Semana de Arte
Moderna de 1922, na qual expõe 12 obras. Nesse período ainda não
se destacava na pintura. Apenas conquistou seu espaço definitivo na
pintura brasileira na década de 1940.
Em 1923, viaja à França, onde atua como correspondente do
jornal Correio da Manhã. Em Paris, frequenta a Academia Ranson,
instala ateliê e conhece obras, artistas e escritores europeus de
vanguarda como, Pablo Picasso (1881-1973), Georges Braque (1882-
1963), Henri Matisse (1869-1954).
11. CAPA DO PROGRAMA E DO CATÁLOGO
DA EXPOSIÇÃO DA SEMANA DE ARTE
MODERNA , 1922 , DI CAVALCANTI
12. VICENTE DO REGO MONTEIRO
Vicente do Rego Monteiro (Recife PE 1899 - idem 1970). Pintor,
escultor, desenhista, ilustrador, artista gráfico. Inicia estudos
artísticos em 1908, acompanhando sua irmã Fedora do Rego
Monteiro (1889 - 1975) em cursos da Escola Nacional de Belas Artes
- Enba, no Rio de Janeiro. Em 1911, viaja com a família para França,
onde freqüenta as Academias Colarossi, Julian e de La Grande
Chaumière. Participa do Salon des Indépendants, em 1913. Em Paris,
mantém contato com Amedeo Modigliani (1884 - 1920), Georges
Braque (1882 - 1963), Joán Miró (1893 - 1983).
13. Título: A Crucifixão
Data: 1922
Autores: Vicente do Rego Monteiro
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 90.00 x 80.00 cm
Acervo: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ
Título: Pietà
Data: 1924
Autores: Vicente do Rego Monteiro
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 80.00 x 90.00 cm
Acervo: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ
14. TARSILA DO AMARAL
Nascida em Capivari, São Paulo, em 1886, a pintora e desenhista Tarsila do
Amaral inicia-se nas artes em 1902, período em que frequenta o colégio
Sacré Couer de Barcelona. Na escola copia imagens religiosas. Em 1904,
regressa ao Brasil. Em 1913, muda-se para São Paulo. Aprende piano, copia
pinturas e acompanha algumas discussões literárias, sem saber direito a que
se dedicaria. O contato com as artes se estreita a partir de 1916, quando
passa a trabalhar no ateliê do escultor William Zadig, com quem aprende a
modelar. No mesmo ano, tem aulas com o escultor Mantovani. Conhece
Anita Malfatti no curso de desenho com Pedro Alexandrino. Posteriormente
ela e alguns colegas do curso de Pedro Alexandrino fazem aulas de pintura
com Georg Elpons, que lhes apresenta técnicas diferentes das acadêmicas,
como a aplicação de cores puras, diretamente do tubo. Parte para Paris em
1920. Quer entrar em contato com a produção europeia e aperfeiçoar-se.
Ingressa primeiro na Académie Julian, depois tem aulas com Emile Renard.
Nesse período, trava contato com a arte moderna. Vê o que Anita Malfatti já
lhe havia contado. Conhece trabalhos de Pablo Picasso (1881-1973), e a
produção dos dadaístas e futuristas. Em abril de 1922, dois meses depois da
Semana de Arte Moderna, volta ao Brasil para "descobrir o
modernismo". Conhece Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti del
Picchia. Com eles e Anita, funda o Grupo dos Cinco.
15. Título: Camponesa Espanhola
Data de criação: 1921
Autores: Tarsila do Amaral
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 45.50 x 37.50 cm
Acervo: Coleção particular
Título: A negra
Data: 1923
Autores: Tarsila do Amaral
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 100.00 x 80.00 cm
Acervo: Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de
São Paulo (SP)
16. VITOR BRECHERET
Brecheret inicia sua formação artística, em 1912, no Liceu de Artes e
Ofícios de São Paulo, onde estuda desenho, modelagem e entalhe em
madeira. Em 1913, viaja para Roma e torna-se discípulo de Arturo
Dazzi. Em Roma estuda atentamente as obras de Auguste Rodin
(1840-1917). Quando retorna a São Paulo, em 1919, é um escultor
com amplo domínio técnico. Seus trabalhos são admirados por um
grupo de intelectuais ligados ao movimento modernista: Oswald de
Andrade, Menotti del Pichia e Mário de Andrade.
Em 1920 realiza a maquete para o Monumento às Bandeiras, a obra só
foi concretizada 33 anos depois, às vésperas do IV Centenário da
capital paulista de 1954. Já com 58 anos, Victor Brecheret não quis
esperar o ano seguinte e finalizou a obra no ano de 1953. No ano DE
1921, recebe bolsa de estudo do Pensionato Artístico do Estado de
São Paulo e viaja para Paris, onde permanece até 1935. Embora
ausente, expõe algumas obras na Semana de Arte Moderna de 1922.
17. Victor Brecheret
Data: 21 de agosto de 1954 (62 an
Estilo: Art Déco
São Paulo, SP
Tombamento: 1984 (33 anos)
Órgão: CONDEPHAAT
20. PÓS SEMANA DE ARTE
Após a Semana de Arte Moderna e a agitação que ela provocou nos
meios artísticos, aos poucos foi surgindo um novo grupo de artistas
plásticos, que se caracterizou pela valorização da cultura brasileira.
Além disso, esses artistas não eram adeptos dos princípios
acadêmicos, mas preocupavam-se em dominar os aspectos técnicos
da elaboração de uma obra de arte. Faziam parte desse grupo
Cândido Portinari (1903-1962), Cícero Dias (1908-2003), Bruno
Giorgi (1905-1993), entre outros.
21. CANDIDO PORTINARI
Candido Portinari inicia sua formação artística na Escola Nacional de Belas Artes
(Enba), em 1919, onde estuda com Lucílio de Albuquerque, Rodolfo Amoedo,
Baptista da Costa e Rodolfo Chambelland. Obtém o prêmio de viagem ao
exterior em 1928 e segue para a Europa no ano seguinte. Conhece as obras dos
mestres italianos Giotto (ca.1266-1337) e Piero della Francesca (ca.1415-1492)
e da cena européia: Henri Matisse (1869-1954), Amedeo Modigliani (1884-
1920), Giorgio de Chirico (1888-1978) e Pablo Picasso (1881-1973).
Retorna ao Brasil no início de 1931. Trabalha com intensidade, pintando
principalmente retratos, sua maior fonte de renda. O artista, em sintonia com a
tendência do Retorno à Ordem na pintura internacional, explora poéticas
diversas na retratística. Retrato de Maria (1932), em sua linearidade, indica uma
aproximação com a obra de Modigliani e dos maneiristas. Já o Retrato de Sofia
Cantalupe (1933) revela a influência do imaginário metafísico, em um clima
mágico que também é encontrado, por exemplo, no Retrato de Mário de
Andrade (1935). A produção de Portinari é variada em seus temas e em algumas
telas apresenta lembranças de Brodósqui, jogos infantis e cenas de circo. As
figuras são diminutas, sem rostos, contrastando com a imensidão da paisagem,
na qual predominam os tons de marrom. Revela forte preocupação social,
procurando captar tipos populares e enfatizar o papel dos trabalhadores.
22. Título: Homem Subindo em Escada
de Corda
Autores: Candido Portinari
Técnica: Nanquim, guache, grafite,
sépia e crayon Colorido sobre papel
Dimensões: 26.30 x 14.00 cm
Título: O Sacrifício de Abraão (painel da Rádio Tupi, SP). 1943
Série: Série Bíblica
Autores: Candido Portinari
Técnica: têmpera sobre tela
Dimensões: 200.00 x 150.00 cm
Acervo: Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (SP)
23. GUERRA PAZ
Título: GUERRA
Datas: 1952 | 1956
Autores: Candido
Portinari
Técnica: óleo sobre
madeira
Dimensões: 1400.00 x
1058.00 cm
Acervo: Organização das
Nações Unidas (Nova
York, Estados Unidos)
Título: PAZ
Datas: 1952 | 1956
Autores: Candido
Portinari
Técnica: óleo sobre
madeira
Dimensões: 1400.00 x
953.00 cm
Acervo: Organização
das Nações Unidas
(Nova York, Estados
Unidos)
24. CÍCERO DIAS
Cicero Dias inicia a carreira artística na década de 1920, quando
estão sendo introduzidas as tendências de vanguarda no Brasil. Liga-
se aos intelectuais do movimento regionalista de 1926, que ocorre no
Recife, em resposta à Semana de Arte Moderna de 22. No começo,
ele produz principalmente aquarelas, nas quais representa um
universo de sonhos, inquietante. Os personagens, em escala diferente
das paisagens, e também os objetos apresentam muita leveza,
frequentemente flutuam, como, por exemplo, em O Sono (1928), O
Sonho da Prostituta e Mulher Nadando, de 1930. São imagens que
evocam o mundo do inconsciente, nas quais o erotismo é frequente.
Estas são representadas com grande delicadeza no desenho e em
uma gama cromática muito rica. Na opinião do crítico Antônio Bento,
sua obra relaciona-se ao surrealismo e também a um imaginário
fantástico nordestino, em que mitos e fábulas estão presentes nas
manifestações artísticas e na literatura de cordel.
25. Data de criação: 1920
Autores: Cicero Dias
Técnica: aquarela sobre papel
Dimensões: 51.00 x 36.00 cm
Acervo: Acervo Banco Itaú
A difícil partida
Data de criação: 1920
Autores: Cicero Dias
Técnica: aquarela e nanquim sobre papel
Dimensões: 98.00 x 50.00 cm
Acervo: Coleção particular
26.
27. BRUNO GIORGI
Bruno Giorgi (Mococa, São Paulo, 1905 - Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 1993). Escultor. Muda-se com a família para Itália, e fixa-se
em Roma em 1913. Em 1920, inicia estudos de desenho, escultura
com o professor Loss. Participa de movimentos antifascistas. Em
1931, é preso por motivos políticos e condenado a sete anos de
prisão. É extraditado para o Brasil em 1935, por intervenção do
embaixador brasileiro na Itália. Em São Paulo, trava contato com
Joaquim Figueira (1904 - 1943) e Alfredo Volpi (1896 - 1988). Em
1937, viaja para Paris e frequenta as academias La Grand Chaumière
e Ranson, onde estuda com Aristide Maillol (1861 - 1944). Em 1939,
retorna a São Paulo e convive com Mário de Andrade (1893 -
1945), Lasar Segall (1891 - 1957), Oswald de Andrade (1890 - 1954),
entre outros.
28. Data de criação: 1953
Autores: Bruno Giorgi
Técnica: bronze
Acervo: Coleção Museu de Arte
Contemporânea da Universidade de São Paul
bucólica
Data de criação: 1951
Autores: Bruno Giorgi
Técnica: bronze patinado
Dimensões: 86.50 x 73.00 cm
Acervo: Acervo Banco Itaú