1. Logos A facilidade com que Vieira manipulava a linguagem transformando seus ouvintes em pensadores activos não lhe permitiu passar impune à inquisição. Os sermões eram a sua forma de vida. A estratégia consistia em criar dúvidas no interlocutor de maneira a que as afirmações, aparentemente justas pudessem transformar-se em injustas, isso só era possível com as diversas ordenações que Vieira dava a cada frase. Ao instituir a dúvida, leva o auditório a duvidar e a questionar. Vieira usa com perícia a retórica, tendo a seu favor a eloquência da voz, a profundidade das palavras e dos gestos e inclusivamente socorria-se de passagens bíblicas para conferir credibilidade ao discurso. Teve a capacidade e o poder de atrair multidões, Fernando Pessoa designou-o como «Imperador da Língua Portuguesa», tal era o grau de exigência que impunha às suas palavras. «A pregação era um espectáculo tanto quanto possível espectacular» pois a figura do pregador era o eixo em torno do qual tudo girava. Era no púlpito que Vieira se sentia rei e senhor, o auditório não o intimidava, pelo contrário, excitava o seu ânimo. Recorria a todo o tipo de teatralização o que provocava nos ouvintes efeitos plásticos, visuais e sensoriais. O discurso, por vezes parecia cumprir todas as regras da dedução, mas na realidade é conduzido fantasia prodigiosa, chegando a atingir uma intensidade poética. O objectivo prático que o orador tem em vista é convencer o auditório e para isso recorre a todos os meios de pressão e dá-lhes a aparência de uma verdade demonstrada. O orador nunca esqueceu esta função, chamado a atenção da sociedade para os efeitos do egoísmo, para o abuso de poder e para os efeitos da exploração humana. Assim a verdadeira pregação deve ser sólida, conter palavras verdadeiras e propor assuntos comoventes, de modo a que os ouvintes sintam necessidade de corrigir os seus erros. Trabalho de Filosofia elaborado por Virgínia e Miguel Balula, 11ºAR