O documento discute a criação de um livro digital multimídia para promover a inclusão de pessoas com deficiência no processo educativo e acelerar a disseminação do conhecimento de forma acessível. Os autores desenvolveram um livro digital interativo com recursos multimídia para superar as barreiras do livro impresso e tornar o conteúdo acessível a todos através do computador.
Baladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptx
Artigo livro digital_multimidia
1. 1
OO LLIIVVRROO DDIIGGIITTAALL MMUULLTTIIMMÍÍDDIIAA ((LLDDMM)) –– IINNCCLLUUSSÃÃOO DDAASS
PPEESSSSOOAASS CCOOMM DDEEFFIICCIIÊÊNNCCIIAASS EE AACCEELLEERRAAÇÇÃÃOO DDOO
PPRROOCCEESSSSOO EEDDUUCCAATTIIVVOO
ZORNITTA, Fernando
Movimento GREEN WAVE / Studio GREEN WAVE
Planeta Terra / Fortaleza – Ceará – Brasil
fzornitta@yahoo.com.br
Fone: 55 85 986291385
ZORNITTA, Paulo
Movimento GREEN WAVE / Studio GREEN WAVE
Planeta Terra / Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil
pzornitta@hotmail.com
Fones: 55 85 985333898
RESUMO
Numa época em que dispomos de ferramentas e
de tecnologia para acelerar a difusão das idéias
e dos conteúdos, contribuindo para o processo
educativo, o livro continua a ser produzido com
seu suporte no papel. O “livro digital”, que tem
como interface o computador, diferentemente
do livro com suporte no papel, pode contribuir
para oferecer acessibilidade às informações e à
comunicação para as pessoas com deficiências,
bem como para acelerar o processo educativo
em sintonia com as tecnologias disponíveis.
Palavras Chave Do Autor
Livro digital, educação, arte, ecologia, inclusão
das pessoas com deficiências
ACM Palavras Chave de Classificação
K.3.1 (Usos do Computador na Educação):
Aprendizagem Colaborativa; K.4.2 (Questões
Sociais): Ajudas Técnicas Para as Pessoas com
Deficiências
INTRODUÇÃO
As deficiências educacionais, somadas as
barreiras físicas e sensoriais são importantes
para o não uso do computador de forma
autônoma e desenvolta por grande parte da
população brasileira. (HIC, 2008)
No sistema educativo tradicional adotado pelo
Brasil, o acesso aos conteúdos se dá
prioritariamente através dos livros com suporte
no papel, onde esses conteúdos e mensagens são
passados de forma linear e estática, da mesma
forma que vem sendo feito desde meados do
século XV (há mais de 650 anos) quando da
invenção das ferramentas utilizadas pela
indústria gráfica e até hoje funcionam como
funcionavam as oficinas gráficas de antes de
1500, reproduzindo o livro no papel.
Dentro e fora da educação formal e mormente
para uma população com baixas renda e
escolaridade – incapazes de interpretar os
conteúdos, o livro tornou-se um produto de
consumo elitizado, inacessível para a maior
parte da população. E, por não ser culturalmente
atrativo, além de excessivamente caro, também
tornou-se um supérfluo.
O Livro Tradicional e as Barreiras da
Acessibilidade Para as PCD
A Carta dos Direitos do Homem, no seu artigo
primeiro indica que todos os seres humanos
devem ser livres e iguais em dignidade e
direitos. Entretanto, não lhes tem sidas
oferecidas as mínimas condições de saúde,
educação, lazer e, dentre outros – de
acessibilidade aos diferentes meios para a sua
inclusão.
O Brasil também é signatário da Convenção da
ONU Sobre os Direitos das Pessoas Com
Deficiências e do Protocolo Complementar, que
confirmam a igualdade de direitos deste
segmento de pessoas, cujas barreiras, propõe
que sejam superadas.
Para as pessoas com deficiências e segundo a
legislação brasileira, especialmente o Dec.
5296/2004, qualquer entrave ou obstáculo que
dificulte ou impossibilite a expressão e o
recebimento de informação é uma barreira –
contextualizada como de “comunicação e
informação”.
O livro no papel é uma barreira nas
comunicações e para o acesso da informação
deste segmento de pessoas, principalmente
aquelas cegas e com baixa visão, as quais
deveriam ter os seus direitos garantidos através
das tecnologias disponíveis e assistidas,
inclusive com o uso do computador, outras
formas de terem acesso à informação, pois
2. 2
nenhuma alternativa tem sido oferecida para
rompimento desta barreira.
O Livro Digital e o Computador –
Inclusão e Aceleração de Processos
Pensando numa interface para ser utilizada
através do computador em função do
aproveitamento máximo das tecnologias
existentes – equipamentos e softwares, bem
como para facilitar a acessibilidade, a
transmissão dos conteúdos e das mensagens de
forma mais atrativa, interativa e dinâmica para
todas as faixas etárias da população e,
especialmente para as pessoas com deficiências
motoras e sensoriais; a qual também tivesse um
baixíssimo custo de produção-reprodução
comparativamente ao livro no papel,
democratizando a difusão da essência do que é
transmitido como conteúdo e não apenas “o
produto em si” - como o livro é considerado – e
já vislumbrando uma mudança de paradigma na
sintonia com os novos tempos - não mais um
livro para um, mas de um livro para milhões, os
autores desenvolveram a partir de 1998 o livro
digital intitulado GRANDE É A ARTE,
GRANDE PODE SER A VIDA, numa proposta
que, além disso, se propunha a poupar árvores
(e contribuir para mitigação do efeito estufa,
uma vez que o livro é feito com celulose que
provém dela) e fosse inovadora para transmitir
as suas idéias.
Em oposição à “síndrome do vegetal morto e
embalsamado”, que é mantida de forma
antidemocrática por governos e corporações
gráficas inclusive na educação formal para o
suporte das idéias, dos conteúdos e do
conhecimento humano, os autores propõe como
antídoto o livro multissensorial e multimídia
digital em diversos suportes.
O Processo de Elaboração do Livro
Digital Multimídia
O conteúdo do livro foi elaborado, o texto e a
diagramação desenvolvidos entre os anos de
1999 e 2000. A proposta foi concluída e lançado
na Feira do Livro de Porto Alegre no mesmo
ano de 2000. Para tanto, e como a premissa
básica era lançá-lo de forma digital, assim foi
produzido: em CD com caixa de acrílico, com
uma capa e uma apresentação impressa (como
nos Cds de músicas). Entretanto, tivemos a
negativa da Câmara do Livro que organizava a
Feira para lançá-lo desta forma (digital) com o
argumento de que “- livro é no papel !”. Assim
e com o produto inovador pronto, os autores
obrigaram-se a contrariar (para não usar o termo
enganar) a organização daquela tradicional feira
e, assim o CD ROM que continha o livro foi
encapsulado numa capa dura com aspecto de
livro e na contra-capa foi inserido o CD
multimídia com 317 páginas, 250 imagens em
cores e 3 músicas para acompanhar a leitura
(além de outras 4 acessíveis para audição),
personagem que interage na leitura.
O seu conteúdo passou a partir de 2005 a ser
colocado em um Mini-CD e disponível em
mídia física, mas também de forma inteiramente
digital e para ser baixado com todos os seus
recursos, diretamente pela Internet para leitura
em computador. Também está em
desenvolvimento a adequação para novas
interfaces de mão – tipo Iphones, tablets, etc...
Figura 1 : Capa do Mini-CD
Os Preceitos Básicos do
Desenvolvimento da Proposta
Os preceitos que fundamentaram a proposta da
concepção do livro e da concepção inovadora
através dos recursos tecnológicos disponíveis à
época pelos autores, foram:
Objeto de Aprendizagem – Criação de um
recurso digital atraente e lúdico que pudesse ser
utilizado como suporte no processo de ensino-
aprendizagem; de formas a contribuir na
3. 3
educação de forma socializada e democrática –
dentro e fora da sala de aula; sendo acessível às
diferentes habilidades numa proposta de
amplitude cognitiva e destinado às diversas
faixas etárias e níveis de letramento, tendo o
computador como a ferramenta de base
operacional.
A Difusão de Idéias - Com o firme propósito
de catalisar a difusão e a possibilidade de acesso
das suas próprias idéias ao mais amplo espectro
de pessoas de todas as faixas etárias e níveis
educacionais, independentemente do poder
aquisitivo, o suporte escolhido foi o digital para
possibilitar o uso através do computador e da
Internet.
O Eco-design – Com a determinação de não
usar o papel para transmissão do conteúdo em
função da preservação ambiental e do bom uso
dos recursos tecnológicos contemporâneos, a
proposta foi de desenvolver um livro digital.
Figura 2 : Contra-Capa do MiniCD
O uso dos Diversos Recursos Audiovisuais e
a Interação com outras linguagens – A
palavra, que é a base de um livro tem um texto
sério; a imagem, nas ilustrações buscou através
do humor e nos 237 cartuns - ironizar a ação
humana – e, com a ajuda de um personagem
que acompanha o leitor e reforça o que os
autores querem sublinhar. O livro tem 7
músicas para serem ouvidas, sendo 3 delas
durante a leitura, as quais foram escolhidas
pelos princípios da musicoterapia. As músicas
são escolhidas através de um menu próprio e
propõe a harmonização com o texto, oferecendo
um conjunto de elementos para os autores
passarem a sua mensagem, uma aproximação
pela linguagem audiovisual; para tornar a obra
mais atrativa, acessível e compreensível.
A Independência na Produção – A
tecnologia possibilita a produção literária sem
que o autor precise se ater as linhas editoriais
convencionais em que o escritor se sujeita a
uma avaliação da editora para que esta estude e
aprove ou não o seu projeto, o qual ele pretende
que se transforme num livro que será distribuído
pelo sistema tradicional às livrarias. Nessa
tipologia proposta e desenvolvida pelos autores;
a iniciativa editorial pode ser independente, a
editoração desenvolvida pelos próprios autores,
o que resultou em uma demonstração da
possibilidade e da validade da proposta.
A Diferenciação das Etapas e dos custos de
Produção – Comparativamente ao livro com
suporte no papel, o livro digital corta etapas de
produção e agiliza o processo editorial, bem
como a relação custo-benefício. Após a
diagramação da obra, é infinita a possibilidade
de cópias do exemplar editorado, o qual se a
distribuição for só em meio digital e através da
Internet, poderá ser baixado tantas quantas
vezes for autorizado.
A Distribuição e seus fatores - Enquanto o
livro convencional é fisicamente embalado e
distribuído, o livro digital pode ser distribuído
de outras formas - pela Internet, fisicamente
num CD Rom, num DVD ou disponibilizado
para downloads e imediatamente ser recebidos
pelo pretenso leitor, diminuindo custos.
Também e brevemente, segundo antevêem os
autores, no que chamam de “pílulas digitais”,
poderão ser compradas uma a uma e adaptadas
às diversas interfaces.
A Leitura social – Pela sua composição
física, o livro tradicional no papel é destinado a
leitura de uma pessoa por vez, embora
possibilite uma leitura e visualização de
imagens para uma leitura em grupo de no
máximo duas pessoas com boa visada. O LDM,
por poder ser utilizado através de interfaces no
computador e de reprodução digital como em
DVDs e em sistemas de projeção e em telas de
4. 4
grandes formatos; pode ser utilizado para
leituras sociais e assistidas (pode ser “assistido e
ouvido” por muitas pessoas simultaneamente)
numa nova abordagem de transmissão de
conteúdos – multimídia – fora do paradigma de
leitura tradicional.
O Estímulo à Leitura Lúdica e
Emocionante – A grande maioria dos jovens se
sente atraído naturalmente pelas mídias e
ferramentas digitais, tendo como centro de
atenção o computador e as pequenas telas –
Tablets, Iphones. Com a convergência digital, a
qual pensava-se fosse para a televisão, acabou
na palma da mão (e cada vez mais indica que
ficará em aparelhos portáteis, dentre estes no
telefone celular), que toda a criança e jovem
quer ter um e, naturalmente, os conteúdos que
se adequarem poderão utilizarem-se destas
plataformas.
Figura 3 : Capa na tela do
Computador com Menu
Operacional
Notou-se a aceitação plena e a ampla difusão da
obra ao ponto de que em determinado momento
passou a ser disponibilizado para acesso e
download pela Internet e o conteúdo pode ser
baixado e transferido para um CD, o qual fica
ativo para uso em qualquer computador e,
também para ser baixado e incorporado a um
determinado computador a partir dos links
disponibilizados para acesso do conteúdo pela
Internet, os quais fazem o livro rodar no
computador em que foi instalado – como um
programa de computador.
Atualmente, o livro está disponível em uma
base “nas nuvens” e acessível para download a
partir da disponibilização dos links, que é são
enviados por mail pelos autores da obra1
e, para
ser reproduzido diretamente no computador,
com todos os recursos com que foi idealizado:
interativos visuais, de áudio musical, imagens,
textos – num contexto multimídia.
Ao usarem-se as ferramentas didáticas de forma
compatível com o estágio tecnológico e as
tecnologias disponíveis, enquanto atende-se a
expectativa e os interesses das crianças, jovens
e mesmo adultos e idosos, oferecendo-lhes
conteúdos de forma mais lúdica e atrativa e em
sintonia com os seus interesses, assim como
pelos conteúdos oferecidos, também se está
ajudando a construir uma nova forma de
educação, muito mais em sintonia com as
necessidades objetivas e subjetivas das
populações excluídas dos avanços tecnológicos
que a humanidade desenvolveu – levando a
informação do contexto literário de forma
multissensorial e instantânea, que em analogia
ao cinema, transmite através de imagens e sons,
os quais sincronizados passam o conteúdo
sequencializado, escrito, ilustrado e produzido
para a viagem lúdica da passagem
multissensorial da essência que é a mensagem
que os autores querem passar, é que foi
idealizada essa estratégia e conceito didático
literário como uma interface entre o livro
tradicional e o formato proposto que está na
linha do audiovisual.
A Minimização do Custo de Produção da
Obra Literária - 16% da população brasileira
concentra 73% dos livros, enquanto 61% dos
adultos alfabetizados têm muito pouco ou
nenhum contato e a maioria das pessoas das
camadas mais pobres não tem condições de
adquirir um livro (Retratos da Leitura no
Brasil).
Com um baixíssimo custo de produção-
reprodução comparativamente ao livro
convencional, o LDM possibilita a
“democratização do acesso” e a difusão da obra
literária através de outros canais e a “custo
zero” se o autor assim o permitir.
O LDM desenvolvido pelos autores teve um
custo de produção equivalente a 10% do livro
1
Solicitação através dos e-mails
studio.greenwave@yahoo.com.br
fzornitta@yahoo.com.br
5. 5
no papel e a reprodução equivalente a 1% do
livro tradicional no papel.
A Educação e Acessibilidade - Através
destes preceitos e deste objeto educativo,
através do livro digital, busca-se oferecer uma
contribuição para a aceleração no processo
educativo em todas as faixas etárias, e,
especialmente para as camadas menos
favorecidas dos países mais atrasados, bem
como para propiciar a inclusão das pessoas com
deficiência através da comunicação, informação
e acesso ao conhecimento elaborado pela
civilização.
Figura : Personagem que
interage na leitura apresentando-
se ao leitor
Figura 4 : Exemplo de página – 61
Figura 5: Exemplo de página - 83
Figura 6: Exemplo de página - 129
METODOLOGIA DE ABORDAGEM
A efetividade deste recurso já foi aferida e
comprovada em mais de 50 mil exemplares
disponibilizados da obra para escolas e leitores
de diversas faixas etárias e, também poderá ser
aferida através de pesquisas junto as entidades
que trabalham com pessoas com deficiência que
se dispuserem a experimentação da efetividade.
Alguns Indicadores de Caminhos
Nos mais de 10 anos em que o livro Grande é
Arte, Grande Pode Ser a Vida esteve
disponibilizado para reprodução e downloads de
forma gratuita, pôde-se observar a motivação e
a imediata usabilidade por parte de pessoas das
mais diversas faixas etárias e a efetiva e
profícua leitura socializada em escolas, pois seu
formato multimídia com várias temáticas
socioambientais com textos e imagens em
cartuns favoreceram a exposição e uso didático
em salas de aula.
6. 6
Em função da percepção do potencial e
aceitação por parte de pessoas com deficiências,
especialmente auditiva, as observações
enfocarão através de instrumento de pesquisa e
em entrevistas a efetividade e as necessidades
que as pessoas com deficiência na amplitude
das suas especificidades, buscam como recursos
para serem incorporados no livro digital.
O futuro aponta para a inclusão das pessoas
com problemas de visão e a necessidade da
aceleração e disponibilização de literatura com
áudio-descrição como forma de oferecer maior
autonomia também às pessoas com deficiências
visuais; próximo passo de melhorias no
formato.
REFERÊNCIAS
1. Página da Internet do HIC 2008.
2. ACM Computing Classification System
3. Zornitta, Paulo e Fernando., Pílulas
Literárias – A Vertente Digital, o Chip, os
Novos Suportes e Mídias a Disposição do
Escritor. Green Wave Ed. Feira do Livro de
Porto Alegre, 2007
4. Zornitta, Fernando. A Comunicação e as
Bases da Cidadania. Green Wave Ed. Porto
Alegre, 2004
5. CHI Conference Publications Format.
http://www.acm.org/sigchi/chipubform/.
____________________________________________________
Para adquirir uma unidade do livro para leitura direta no computador envie um e-mail solicitando o seu
exemplar para: studio.greenwave@yahoo.com.br ou para fzornitta@yahoo.com.br ao preço de R$ 25,00.