1. Biologia e Geologia
Fisiologia Vegetal
3º ano, 2º semestre
2011/2012
Fisiologia da
Videira
Vitis vinifera
Docente: José Laranjo
Discentes: Cristiana Valente nº33708
Filipe Marinho nº 33706
07-05-2012
2. Índice
Características gerais ........................................................................................................ 2
Raiz ................................................................................................................................ 3
Caule ............................................................................................................................. 3
Folhas ............................................................................................................................ 4
Inflorescência e Fruto ................................................................................................... 4
Nutrição Mineral............................................................................................................... 5
Nutrientes essenciais e sintomas de deficiência e toxicidade...................................... 6
Fotossíntese ...................................................................................................................... 9
Factores externos........................................................................................................ 10
Luz solar ................................................................................................................... 10
Temperatura............................................................................................................ 11
CO2 e seu aumento na atmosfera ............................................................................ 12
Humidade do solo ................................................................................................... 12
Factores internos ........................................................................................................ 13
Património genético ................................................................................................ 13
Stresse hídrico ......................................................................................................... 13
Número de folhas .................................................................................................... 14
Idade das folhas....................................................................................................... 14
Referências Bibliográficas ............................................................................................... 15
1
3. Características gerais
A videira, vinha ou parreira é uma trepadeira da família das vitáceas,
com tronco retorcido, ramos flexíveis, folhas grandes e repartidas em cinco lóbulos
pontiagudos, flores esverdeadas em ramos, e cujo fruto é a uva, sendo a fruta mais
produzida no mundo. Originária da Ásia, a videira é cultivada em todas as regiões
de climas temperados (1). Em clima tropical semi-árido, a videira apresenta um
comportamento totalmente distinto daquele apresentado nas regiões de clima
subtropical e temperado, estando condicionada ao controle da irrigação e à época de
poda. Pode-se dizer que as condições climáticas influem na fenologia e fisiologia das
plantas, e na produção e qualidade dos frutos (3).
Existem várias espécies de vitácias, contudo a mais utilizada nas plantações
mundiais de vinho de qualidade é a espécie vitis-vinifera, por isso será nesta que
iremos incidir o nosso trabalho (Figura1) (2 e 5).
Figura 1- Classificação taxonómica da Vitis vinífera
As diferentes variedades de Vitis vinífera são designadas por castas e o êxito da
exploração vitícola, traduzido pela produção dum vinho de qualidade ou pela obtenção
de atraentes cachos para a mesa está dependente do trinómio: casta, solo e clima (4).
As folhas contêm antocianidinas, flavonóides, ácidos orgânicos (tartárico,
málico, etc.) (6 e 7).
Os frutos da videira são os bagos que resultam da fecundação das flores. O
bago é constituído por engaço, polpa, grainhas e pele (5). As uvas contêm água,
açúcar, ácidos orgânicos (tartárico e málico – 90%, e em menor proporção cítrico e
oxálico), ácidos fenólicos, taninos condensados, procianidinas, antocianidinas,
2
4. leucoantocianidinas (casca principalmente), triterpenos, estilbeno e óleos essenciais (6
e 7).
A semente é rica em proantocianidinas que actuam diminuindo a
permeabilidade capilar aumentando sua resistência e melhorando a circulação
periférica. São constituídas também por 15% de ácidos gordos insaturados;
resveratrol; 7% de proteína, com muita leucina (6)
Raiz
A raiz é a parte subterrânea de videira (5). As raízes da videira, como as de
qualquer outra planta, são elementos fundamentais da sua estrutura biológica (8).
As principais funções das raízes são as seguintes (8):
Fixação da planta ao solo- função mecânica desempenhado sobretudo pelas
raízes grossas. É através destas raízes que a água e os nutrientes são
encaminhados para a parte aérea da planta.
Captação de água do solo e dos nutrientes nela dissolvidos - função executada
sobretudo pelas raízes finas
Criação de reserva- sobretudo nas raízes grossas (lenhosas).
Produção de hormonas de crescimento- Giberelinas, Citocininas e ácido
abscísico.
Os nutrientes absorvidos pelas raízes são encaminhados para as folhas.
Neste processo, a água é um elemento fundamental, e a planta possuí um sistema de
mensagens físicas e químicas entre as folhas e a raiz, para regular as quantidades que
absorve, em função das suas necessidades. Por outro lado, quanto maior for a
profundidade a que se encontram as raízes finas (entre 60 e 100cm, ou mais), maior é
a capacidade das videiras para resistir à seca, nos meses de Julho e Agosto (8). As
raízes da videira conseguem descer até 40/50m (9).
Caule
O caule jovem é de cor verde, tornando-se escuro posteriormente (10). A
videira é composta por um caule espesso e resistente, no qual se encontram folhas e
gavinhas (órgão filamentoso e indispensável à planta, uma vez que permite que a
videira se agarre aos tutores e fixe os sarmentos possibilitando a sua elevação) (5 e
10). As varas são a parte da videira imediatamente a seguir aos braços (as primeiras
ramificações da planta). Este órgão da videira também é designado por sarmento e é
nele que estão presentes os condutores de seiva bruta e elaborada (respectivamente
xilema e floema). (11) (Figura 2).
3
5. Figura 2- Morfologia
da Videira.
Folhas
As folhas são compostas por duas partes distintas: o pecíolo (a parte mais
delgada) e o limbo, a zona mais larga e verde. É através das nervuras que a seiva
circula nas folhas (5).
A folha é sempre ligeiramente lobada e dentada, enquanto a sua cor varia em
tonalidades de verde, dependendo da variedade (7).
As folhas são órgãos extremamente importantes para a vida da planta. São
responsáveis pela fotossíntese, na qual a planta transforma dióxido de carbono em
oxigénio. Regulam a temperatura da planta pela, respiração e transpiração. Absorvem
nutrientes e água provenientes de adubações foliares (11).
Inflorescência e Fruto
Plantas do gênero Vitis foram descritas como dióicas, poligamodióicas ou
perfeitas (monóicas ou hermafroditas). As flores podem ser díclinas ou monóclinas
(perfeitas ou hermafroditas). Entretanto, muitas dessas flores chamadas perfeitas
possuem um dos sexos rudimentar ou incompletamente desenvolvido, sendo, neste
caso, denominadas flores estaminadas ou pistiladas (12).
As flores da videira são constituídas pelo cálice (androceu), corola (gineceu),
estames e pistilo. Os órgãos reprodutores da videira são os estames, responsáveis pela
4
6. produção do pólen e o pistilo que depois de ser fecundado origina os bagos e as
grainhas (5).
Terminada a fecundação, a flor dá origem ao fruto – bago - que irá crescer
rapidamente. Este é constituído pela película, que envolve todo o bago, pelas
sementes e como prolongamento dos canais e onde circula a seiva o pincel e a polpa –
que corresponde à zona onde está o mosto, que posteriormente irá originar o vinho
(11).
Figura 3- Á esquerda uma fotografia de um cacho com vários bagos de uvas e á direita um
esquema com diferentes constituintes de um bago de uva.
Nutrição Mineral
O estado nutricional das folhas da videira tem muita importância para a
expressão de seu potencial genético de produção fotossintética. A actividade
fotossintética depende de um suprimento adequado de certos elementos minerais que
participam da composição química da maioria das substâncias envolvidas nas reacções.
A clorofila, pigmento de cor verde ou verde azulado, que tem a função de capturar a
luz do sol, é constituída de carbono, oxigénio, hidrogénio, azoto e magnésio (13).
Geralmente não há problemas para o suprimento dos três primeiros
elementos, porém uma adubação desequilibrada pode dificultar a absorção de
magnésio ou de nitrogénio, o que resultaria em deficiência de compostos nitrogenados
e de clorofila. O fósforo é um elemento muito requerido pelas folhas porque sua
principal função fisiológica está relacionada com substâncias que armazenam e
transportam a energia química produzida na fotossíntese. O potássio e o cálcio são
elementos que actuam na regulação do conteúdo de água das folhas, o que é uma
condição essencial para a manutenção de taxas adequadas de fotossíntese (13).
Na seguinte tabela é possível observar as concentrações normais dos nutrientes
em diferentes locais da planta (Tabela 1).
5
7. Tecido
N
P
K
Ca
Mg
S
-1
vegetal
Pecíolo
Limbo
Folha
-------------------------------- g.kg --------------------------132,3–
22–
9–
4,3–
1,4–
18
2,8
27
14
4,8
1,9
28–
2,4–
6–
12–
3,0–
2,7–
33
2,9
11
17
3,5
3,2
30–
2,4–
15–
13–
4,8–
3,3–
35
2,9
20
18
5,3
3,8
B
Cu
Fe
Mn
Zn
-1
------------------------ mg.kg ---------------35–
13–
97–
47–
33–
43
17
105
53
38
35–
18–
97–
67–
23–
43
22
105
73
28
45–
18–
97–
67–
30–
53
22
105
73
35
Tabela 1- Faixas de concentração de nutrientes no pecíolo, limbo e na folha completa da
videira na fase de pleno florescimento.
Nutrientes essenciais e sintomas de deficiência e
toxicidade
Azoto (N): Os sintomas de deficiência surgem
primeiro nas partes mais velhas da planta. A falta deste
elemento manifesta-se por um débil desenvolvimento
das plantas, folhas pequenas de coloração amarelada
(Figura 4), baixo desenvolvimento vegetativo e radicular,
encurtamento dos entrenós, brotações contorcidas e
avermelhadas, baixo percentual de pegamento dos
frutos, cachos pequenos e desuniformes, resultando
numa baixa produtividade (14).
Fig.4
Figura 4- Videiras desenvolvidas em hidroponia com e sem
sintoma de deficiência de N.
Fósforo (P): Os sintomas de deficiência ocorrem, inicialmente, nas folhas mais
velhas, tanto no limbo como nas nervuras e nos pecíolos, e se caracterizam por uma
clorose nas cultivares de uvas brancas e presença de antocianina (coloração roxovioleta) em cultivares de uvas tintas, evoluindo para necrose e secamento. A
deficiência desse elemento causa redução no desenvolvimento do sistema radicular,
retardamento no crescimento e escassa lignificação dos tecidos (14).
Potássio (K): A carência de K retarda a maturação e promove a produção de
cachos pequenos, frutos duros, verdes e ácidos. Os sintomas de deficiência
manifestam-se, em primeiro lugar, nas folhas mais velhas como um amarelecimento
internerval em cultivares de uvas brancas, seguida de necrose da zona periférica do
limbo que vai progredindo para o interior do tecido internerval. Em cultivares de uvas
roxas, as folhas apresentam, inicialmente, uma coloração arroxeada entre as nervuras,
seguindo-se de necrose progressiva dos tecidos do limbo (14).
6
8. Cálcio (Ca): A deficiência desse nutriente causa a paralisação do crescimento
dos ramos e das raízes, devido a morte dos tecidos dos ápices meristemáticos),
retardando o desenvolvimento da planta (Fig.5). Afecta, particularmente, os pontos de
crescimento da raiz. Nas folhas jovens a deficiência manifesta-se por uma clorose
internerval e marginal, seguida de necrose das margens do limbo, podendo ocasionar,
ainda, a morte dos ápices dos ramos (14).
Figura 5 - Planta de
videira cultivada em
solução nutritiva com
sintoma de deficiência
de Ca.
Magnésio (Mg): Plantas deficientes em Mg apresentam clorose internerval nas
folhas velhas, sendo que as nervuras permanecem verdes (Figura 6). Em cultivares de
uvas brancas, as manchas cloróticas evoluem até a necrose dos tecidos do limbo. Em
cultivares de uvas tintas, as manchas tomam coloração arroxeada, evoluindo, também,
até a necrose do tecido. A sua deficiência poderá provocar redução no
desenvolvimento da planta e na produtividade. Nas cultivares de videira enxertadas
em alguns porta-enxertos, é comum o aparecimento de deficiência de Mg, por
apresentarem uma baixa capacidade de absorção desse elemento (14).
7
9. Figura 6- Sintomas de deficiência de Mg: em
plantas de videira.
Enxofre (S): Os sintomas de deficiência de S aparecem, inicialmente, nas folhas
mais novas, por causa da sua baixa mobilidade no floema e se caracterizam por uma
clorose semelhante à da deficiência de N. A carência de S dificilmente será
diagnosticada em videira, uma vez que este elemento está presente na composição
dos fertilizantes químicos e orgânicos que são incorporados ao solo, bem como nos
defensivos agrícolas que contém S (14).
Boro (B): Os sintomas de deficiência de B manifestam-se primeiramente nas
folhas novas, evoluindo para os frutos, e provoca diminuição dos internódios, morte
do ápice vegetativo e envassouramento. Nas inflorescências, ocorrem aborto excessivo
de flores, raleando os cachos. A caliptra não se solta com facilidade por ocasião da
florada, permanecendo sobre a baga em desenvolvimento. Pode ocorrer
dessecamento parcial ou total dos cachos, necrose interna e externa nas bagas (14).
Cobre (Cu): A carência de Cu não é comum na videira. Em algumas situações
pode-se observar danos causados pelo seu excesso, tais como: clorose das folhas e dos
ramos novos, desenvolvimento reduzido da parte aérea e do sistema radicular, baixa
germinação do pólen, resultando em baixa fertilização das flores, com uma queda
acentuada de bagas. (14).
Ferro (Fe): A sua carência aparece como uma clorose internerval do limbo,
iniciando-se pelas folhas jovens, com sucessiva necrose da margem do limbo e queda
das folhas. Esta deficiência é conhecida como clorose férrica manifesta-se em videiras
estabelecidas em solos calcários e com pH elevado. Esta clorose está relacionada,
também, ao conteúdo excessivo de outros micronutrientes existentes no solo, tais
como Mn e Cu (14).
Manganês (Mn): A sua carência manifesta-se por clorose marginal e internerval
não bem definida nas folhas maduras. No entanto, a toxicidade de Mn é muito mais
8
10. frequente que a sua deficiência, mostrando-se mais severa em solos ácidos das regiões
tropicais e subtropicais. Sintomas de toxicidade por Mn em videira também são
observados em solos com problemas de encharcamento. Nestas condições, o Mn é
reduzido e liberado para a solução do solo, em teores considerados tóxicos para esta
cultura. A toxicidade resulta em necrose das folhas, dessecamento e desfolhamento
(14).
Molibdênio (Mo): A sua deficiência manifesta-se nas folhas novas ou velhas
como clorose, nervuras brancas, deformação e necrose nas margens em decorrência
do devido ao excesso local de nitrato. A detecção de sua carência em videira tem sido
muito rara (14).
Zinco (Zn): Os sintomas de deficiência de Zn surgem nas folhas novas.
Geralmente os internódios tornam-se curtos, com folhas pequenas e cloróticas, com
uma faixa verde ao longo das nervuras principal e secundária. Videira deficiente em Zn
tende a produzir cachos menores que o normal. As bagas apresentam tamanho
variável, de normal a muito pequenas e, geralmente, permanecem duras e verdes e
não amadurecem (14).
Fotossíntese
As videiras, à semelhança das outras plantas produzem nas suas folhas, em
específico nos cloroplastos, açúcares, através de um fenómeno fisiológico designado
fotossíntese. A fotossíntese ocorre em duas etapas, sendo a primeira dependente e a
segunda independente da luz solar. Neste fenómeno fisiológico, energia solar (luz) é
transformada em energia química (ATP). O ATP é utilizado para promover a reacção da
água, retirada do solo, com o dióxido de carbono, retirado do ar, de modo a produzir
glicose. O açúcar formado (glicose) fica disponível para o crescimento da videira e para
a produção dos seus frutos. É formado ainda na fotossíntese oxigénio, que é libertado
na atmosfera ou utilizado no metabolismo respiratório. (Figura 7) (15 e 17)
Podemos expressar de forma muito simples e resumida a fotossíntese na
seguinte reacção:
9
11. Dióxido
de carbono
Figura 7 – Esquema da fotossíntese
Factores externos como luz, temperatura, CO2 e humidade do solo e, factores
internos como património genético, stresse hídrico, idade e número de folhas afectam
a actividade fotossintética e, consequentemente, a fisiologia, a produção e a qualidade
dos frutos da videira. (15 e 17)
Factores externos
Luz solar
Para que ocorra a máxima fotossíntese, em condições ambiente adequadas, a
intensidade da luz tem de variar entre 150 e 200 watts/m2. Estes valores equivalem a
cerca de 1/3 a ½ da luz solar total de um dia de céu limpo, por volta do meio-dia, para
uma folha disposta em ângulo recto em relação aos raios solares.
Designamos de ponto de saturação de luz à intensidade de luz sob a qual a
fotossíntese atinge a sua taxa máxima. O ponto de saturação de luz é fortemente
influenciado pelas condições ambientais em que as folhas crescem, em condições de
sombra este é menor e, é maior em condições de exposição à luz.
A videira não aproveita totalmente a luz solar, apenas as camadas de folhas
superiores estão directamente expostas durante todo o dia. Uma folha consegue
10
12. absorver 90 a 95% da radiação solar num comprimento de onde compreendido entre
400 e 700nm (comprimento efectivo para a fotossíntese).
Figura 8 – Quantidade relativa de luz absorvida por diferentes camadas de folhas.
(Imagem adaptada por nós)
Tal como se pode observar na figura 8, na primeira camada de folhas, isto é,
nas folhas expostas directamente à luz solar, a fotossíntese é máxima; no entanto, à
medida que o número de camadas aumenta, a fotossíntese diminui. A intensidade de
luz que atinge a 3ª camada é próxima do ponto de compensação de luz ou da
intensidade onde a taxa de fotossíntese iguala a de respiração, permanecendo a folha
com o mesmo peso. (15)
Temperatura
A fotossíntese envolve reacções bioquímicas que são catalisadas por enzimas.
As enzimas envolvidas nestas reacções são sensíveis a diferentes temperaturas, o que
afecta a actividade enzimática. A taxa de fotossíntese abaixo dos 20oC é insuficiente,
11
13. devido à baixa actividade das enzimas que promovem a reacção do CO2 com a H2O;
entre os 25o e os 30oC a taxa de fotossíntese é considerada óptima nas folhas da
videira e, acima dos 30oC a actividade fotossintética é reduzida, sendo quase zero
quando a temperatura ultrapassa os 45oC. As altas temperaturas reduzem a actividade
fotossintética devido à inactivação térmica das enzimas, dissecação dos tecidos e fecho
dos estomas. No entanto, acima dos 30oC a taxa de respiração celular é superior à da
fotossíntese. As folhas expostas directamente à luz, ao meio dia, podem apresentar
uma temperatura superior à do ar até 10oC.
No entanto, o efeito da temperatura sobre a fotossíntese é substancialmente
variável, em função das características adaptativas das castas e de outros factores
ambientais. (15 e 17)
CO2 e seu aumento na atmosfera
O CO2 é um interveniente essencial da fotossíntese, à medida que a
concentração deste interveniente aumenta, a actividade fotossintética também
aumenta. (16)
A videira é uma planta com metabolismos de assimilação de carbono via C3, o
primeiro produto formado resultante da fixação do carbono é um composto com 3
carbonos, o ácido 3-fosfoglicérico (3-PGA). As plantas C3 não são consideradas
eficientes na fixação de carbono quando comparadas com outras plantas. (16)
Nos últimos anos a concentração de CO2 na atmosfera tem vindo a aumentar,
estando directamente associado ao efeito de estufa. Este aumento de CO2 na
atmosfera acarreta efeitos a curto e a longo prazo para a fotossíntese. A curto prazo e
em determinadas situações, este fenómeno pode ser positivo para as videiras, já que
tem reflexos directos na fotossíntese, no entanto, a longo prazo, se as actuais
previsões se verificarem, poderá ter consequências desastrosas em regiões já de si
quentes e secas, devido à maior evaporação da água provocada pela elevação da
temperatura. (15 e 17)
Humidade do solo
A água é extremamente importante na fotossíntese, não só por contribuir para
as reacções químicas, mas, também, devido à sua acção sobre o controle da abertura
dos estomas, o seu efeito no murchamento das folhas e na manutenção da
temperatura dos tecidos.
12
14. A água que se combina com o CO2 na fotossíntese para formar os açúcares
representa menos de 1% da água que é absorvida pelas raízes da videira, sendo a
restante perdida por transpiração. Durante a transpiração a água difunde-se para a
atmosfera através dos estomas. Uma só folha de videira quando expandida pode
apresentar entre 200 a 300 estomas por milímetro quadrado, o que lhe permite
transpirar em 10 horas uma quantidade de água equivalente a 3 ou 4 vezes o seu peso.
A transpiração da videira não é constante, sendo baixa no início da brotação das
gemas, aumentando com o desenvolvimento da superfície foliar e decrescendo nas
últimas semanas do desenvolvimento das frutas.
A disponibilidade hídrica, depende da textura e do complexo argilo-húmico do
solo, e é ainda, influenciada pelas condições ambientais, variando ao longo do dia, com
valores mínimos às horas de temperatura mais elevada, em correspondência com
taxas de CO2 assimilado. (15 e 17)
Factores internos
Património genético
As folhas da videira apresentam capacidade finita para a assimilação de CO2,
sendo essa capacidade determinada pelo património genético da planta e controlada
pela resistência à difusão de água e gases pelas folhas, em combinação com a
actividade enzimática.
Geralmente as folhas possuem a capacidade de realizar a fotossíntese mais
rapidamente à medida que a utilização dos seus produtos aumenta dentro dos limites
genéticos da planta. (15)
Stresse hídrico
A água é dos recursos mais importantes para o crescimento, e é um dos mais
abundantes e ao mesmo tempo limitante para a produção agrícola. Quando ocorre
uma deficiência hídrica moderada poderá haver uma redução do crescimento e da
produção, mas quando o défice é prolongado pode haver a perda total da produção.
Quando falamos em stresse hídrico, referimo-nos a uma queda do conteúdo de
água na planta abaixo do valor óptimo, havendo, por isso, distúrbios metabólicos. O
stresse hídrico pode ser estudado através de observações no potencial hídrico da
planta, expresso em bar ou MPa (1bar=0,987atm; 1 MPa= 9,87 atm). Valores muito
negativos de potencial hídrico podem ser indicadores de stresse hídrico. Uma planta
encontra-se em boas condições de hidratação, quando o seu potencial hídrico ao
amanhecer é de apenas -0,1MPa ou -0,2MPa; estamos perante um stresse moderado
13
15. quando o potencial hídrico chega a -1,2MPa e, quando este cai mais de -1,5MPa a
planta está sob défice hídrico severo.
Apesar dos valores referidos anteriormente, o potencial hídrico das videiras
pode atingir valores na ordem de -2,83MPa, dependendo da intensidade do stress
hídrico e das condições ambiente. O stress hídrico leva ao fecho dos estomas da
videira, estes fecham-se parcialmente quando o potencial hídrico atinge o valor de 1,3MPa, após o stresse o restabelecimento da abertura dos estomas e
consequentemente, a actividade fotossintética é lento. (15)
Número de folhas
Um estudo demonstrou que a remoção dos frutos de videira, diminuiu de
imediato a taxa de fotossíntese, mas que, a remoção de metade das folhas da videira
com ou sem frutos, a aumentou. O aumento da fotossíntese resultante da remoção
das folhas foi atribuído à redução da resistência estomática (os estomas abriram-se
mais que o normal), ao aumento da actividade enzimática, entre outros factores. (15)
Tabela 2 – Variação da fotossíntese em Vitis vinífera L.
Idade das folhas
A actividade fotossintética varia consoante a idade da folha, o que leva a uma
variação na produtividade ao longo do ciclo vegetativo, em função das percentagens
relativas de folhas de diferentes idades.
Inicialmente as folhas jovens imaturas têm reduzida actividade fotossintética,
uma vez que, o seu aparelho fotossintético não está completamente desenvolvido. A
produtividade fotossintética só é suficiente para equilibrar os consumos a partir
aproximadamente de 17 dias após o abrolhamento. No entanto, quando o tamanho da
14
16. folha está próximo do definitivo, as folhas jovens podem ter uma actividade
fotossintética superior à das folhas adultas. A máxima actividade fotossintética é
alcançada quando as folhas atingem o seu tamanho máximo, o que ocorre por volta
dos 30 a 40 dias de idade, esta taxa de fotossíntese mantem-se por 2 ou 3 semanas e,
vai diminuindo até a folha se tornar senescente. (15 e 17)
Figura 9 – Folha e uvas da Vitis vinífera.
Referências Bibliográficas
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Tabela 2- Magalhães, Nuno ; Tratado de Viticultura - A videira, a vinha, o Terroir;Editora:Chaves
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Fig. 1- Adaptado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Vitis_vinifera
Fig.2- Retirado de http://janeladecheiros.blogspot.pt/p/viticultura_01.html
Fig.3- http://janeladecheiros.blogspot.pt/p/viticultura_01.html
Fig.4, 5 e 6http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Uva/CultivodaVideira_2ed/nutricao.html#t
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Fig.7-http://www.grupoescolar.com/pesquisa/fotossintese.html
Fig.8- Magalhães, Nuno ; Tratado de Viticultura - A videira, a vinha, o Terroir;Editora:Chaves
Ferreira;Ano de edição: 2006-2011; ISBN:9789728987152;
Fig.9-http://www.revistabefashion.com.br/noticia-530-Antistax%C2%AE-marca-presen%C3%A7a-naBeauty-Fair-
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