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a p p l ied k n ow l ed g e




Comunicação sincronizada
O poder está no “ser digital”
Julho de 2012

Esta é a era da colaboração em que os consumidores participam na criação de valor através
da cocriação de produtos, serviços e elementos de comunicação. Os marketers já não têm o
controlo das suas marcas porque agora competem com o poder coletivo dos consumidores,
munidos de ferramentas de comunicação com um poder ímpar na história. Como resposta
a esta nova realidade propomos um modelo de comunicação, a que chamámos comunicação
sincronizada, baseado na integração do consumidor, como agente ativo, no processo de
comunicação das marcas, promovendo-se o estabelecimento de uma conversa contínua
entre a marca e os seus consumidores. Nessa conversa, a relevância do conteúdo assume
maior importância que a frequência do broadcast da mensagem.



Filipa Caldeira
Fullsix
Pedro Batalha
Fullsix
António Abrantes
Nova School of Business and Economics
Jorge Velosa
Nova School of Business and Economics
Nova School of Business and Economics



a p p l ied k n ow l ed g e                                                                 2




Comunicação sincronizada
O poder está no “ser digital”
Julho de 2012




Introdução

A era da colaboração e a nova forma de         processo de decisão de compra, e propor um
pensar e agir por parte dos consumidores,      modelo alternativo de comunicação, a que
potenciada por significativas alterações       chamámos comunicação sincronizada. Tal
tecnológicas, obriga as marcas e os            como na natação sincronizada, onde todos
marketers a rever as suas metodologias de      os elementos da equipa executam uma
abordagem do mercado e a forma com se          série de movimentos que se sincronizam
relacionam com os seus potenciais clientes.    num conjunto dinâmico e harmonioso, a
O modelo de comunicação unidirecional          comunicação sincronizada procura construir
perde vigor e o desafio de adaptação é real.   a identidade da marca numa sincronia entre
Questionamo‑nos até que ponto estas estão      esta e os consumidores assumindo estes um
preparadas para permitirem e potenciarem       papel fundamental na sua construção.
a entrada dos consumidores num território
que até agora tem sido exclusivamente seu      Este modelo pretende contribuir para
– a estratégia de comunicação e a própria      construção de um novo paradigma de
identidade da marca.                           comunicação multidireccional que envolve o
                                               consumidor numa conversa contínua, fluida
Neste artigo pretendemos identificar           e relevante ao longo de toda a relação marca-
algumas das alterações evolutivas mais         cliente, e sustentada pela maior importância
significativas no comportamento dos            da relevância face à frequência.
consumidores relativamente às marcas e ao
Nova School of Business and Economics



                                     a p p l ied k n ow l ed g e                      Comunicação sincronizada. O poder está no “ser digital”      3




                                     De “Fazer digital”                                       Este novo mundo tornou-nos “fazedores”
                                     a “Ser digital”                                          de conteúdo digital. Nos blogues, nas redes
                                     Uma nova forma de consumir                               sociais, nos fóruns, nas comunidades, somos
                                                                                              nós os criadores das notícias, das opiniões, dos
                                     Não se pense que esta é uma realidade exclusiva          comentários. Nós, os consumidores, assumimos
                                     do mundo desenvolvido. Mais de dois mil                  parte do controlo e as marcas têm, agora, um
                                     milhões de pessoas são utilizadores da internet          novo parceiro na construção da sua identidade.
                                     – cerca de 30% da população mundial . Em 1               A maior parte da geração dos 30 e dos 40 já se
                                     Portugal este número é superior a cinco milhões          considera “literata digital”. Têm uma página
                                     (62% das pessoas com mais de 15 anos)2. Os               no facebook e outra no LinkedIn, consultam
                                     números de ligações entre equipamentos é ainda           regularmente uma série de blogs e até leem
                                     mais impressionante – trinta e cinco mil milhões         as notícias na Internet. Mas os adolescentes,
                                     de aparelhos estão ligados à internet.                   e mesmo a geração dos 20, vê televisão, joga
                                                                                              no iPad, troca sms com os amigos e conversa
                                     O facebook tem mais de 875 milhões de                    no facebook, tudo isto ao mesmo tempo.
                                     utilizadores ativos e mais de 50% fazem login            O telemóvel, cada vez mais sob a forma de
                                     todos os dias, são lá colocadas diariamente              “smartphone” permite-lhes estarem ligados,
                                     mais de 250 milhões de fotografias e são                 onde quer que estejam, 365 dias por ano. Esta é a
                                     integradas mais de sete milhões de aplicações.           diferença entre “fazer digital” e “ser digital”. Existe
                                     Em Portugal o número de utilizadores de                  um nova geração de consumidores para quem
                                     facebook é superior a quatro milhões. Da                 a expressão “digital” não é sequer verbalizada
                                     AppStore da Apple já se fizeram mais de                  pois todo o seu modo de pensar incorpora já o
                                     vinte cinco mil milhões de downloads. No final           conceito, como fazendo parte do ADN da sua
                                     de 2011 existiam mais de seis mil milhões                interação com o mundo. Eles “são digital” tal
                                     de ligações móveis. Desde o lançamento                   como a geração dos 40 foi audiovisual.
                                     do iPad pela Apple, já se venderam mais de
                                     cem milhões de Tablets em todo o mundo.                  E é aqui que a Web 2.0, o novo paradigma da
                                     Estes são números impressionantes mas                    segunda metade da década zero, é já uma
                                     que subestimam a verdadeira mudança                      realidade ultrapassada. A nova geração de
                                     – a mudança de comportamento dos                         consumidores não encara a cocriação de
                                     consumidores.                                            conteúdo e o seu poder como consumidor
                                                                                              como um novo paradigma ou uma revolução
                                                                                              comportamental, mas sim como uma constante
                                     A Web 2.0 já é passado                                   óbvia e integrante natural do seu dia-a-dia.
                                     Em 2007 Constantinides e Fountain (2007)
                                     definiram a Web 2.0 como um “conjunto de                 Mas o mais revolucionário não é a própria
                                     aplicações de código aberto, interativas e               mudança em si. Verdadeiramente alucinante é a
                                     controladas pelos utilizadores que expandem              velocidade a que a mudança se deu e os impactos
                                     as experiências, o conhecimento e o poder de             que tem na forma como as marcas comunicam
                                     mercado dos participantes nos processos sociais e        criando um cenário de media totalmente novo.
                                     empresariais”. Para os autores, a “Web 2.0 suporta
                                     a criação de redes informais que facilitam o fluxo
                                     de ideias e conhecimento permitindo a eficiente          Novo cenário de media
                                     geração, disseminação, partilha e edição de              Muitas organizações lutam para se ajustarem
                                     conteúdo informativo”3. Os impactos no Marketing         a esta nova realidade. O enfoque obstinado
                                     deste novo paradigma são significativos,                 no “broadcasting” (figura 1) e nos GRP (Gross
1
    	 Fonte: Internet World Stats,   os consumidores assumem o controlo dos                   Rating Points) ainda orienta muitas decisões de
      2011
                                     media, a diversidade e a expressão individual            comunicação de marketing, apesar da maioria
2
    	 Fonte: Social Bakers, 2011
                                     substituem o conformismo, e as “conversas” entre         das empresas admitir que os resultados
3
    	 Constantinides e Fountain
      (2008)                         consumidores e entre a marca e os consumidores           obtidos são cada vez menores. É um modelo
4
    	 Meadows-Klue (2008)            substituem o controlo absoluto da marca .    4           que favorece a massificação da mensagem
Nova School of Business and Economics



                                    a p p l ied k n ow l ed g e                     Comunicação sincronizada. O poder está no “ser digital”    4



                                    através de uma aposta na frequência, na                 Os marketers não podem mais subestimar
                                    procura de chegar o maior número de vezes ao            as dramáticas mudanças tecnológicas e de
                                    maior número de consumidores potenciais.                media e ignorar a transformação verificada no
                                                                                            comportamento dos consumidores. O mundo
Figura 1 – Comunicação Unilateral da Marca
                                                                                            mudou, os consumidores mudaram, as marcas
                                                                                            têm de mudar. A questão é se conseguirão
         TV                                                                                 mudar tão depressa quanto as novas
         RÁDIO
                                                                                            exigências do mercado.
         IMPRENSA
         OUTDOORS
         PONTO DE VENDA
         Monólogo
         Media de massas                                                                    Os novos consumidores
         Mensagem push                                                                      Nascidos num mundo digital, os “nativos
         Entretenimento
                                                                                            digitais” veem a vida como um jogo, exigem
                                                                                            estar conectados 24 horas por dia em diversas
                                                                                            plataformas, são multitarefas compulsivos
                                                                                            e não se pense que serão a geração de
                                                                                            consumidores de amanhã. Eles são já
                                                                                            consumidores e serão a esmagadora maioria
                                                                     Fonte: Fullsix 2011    dentro de muito pouco tempo.
                                    No entanto, este modelo de comunicação é
                                    desadequado para a realidade introduzida                Quando um “nativo digital” fizer 21 anos, em
                                    pelo conceito de Web 2.0 e ainda mais para              média, já recebeu e enviou 250 mil emails,
                                    os “nativos digitais”, a nova geração de                mensagens instantâneas e sms; já usou o
                                    consumidores que nem sequer entende a lógica            telemóvel mais de 10 mil horas; já jogou mais
                                    de não participar ativamente no processo                de cinco mil horas de videojogos; e já passou
                                    comunicacional. É a era das plataformas multi-          mais de 3500 horas nas redes sociais online5.
                                    interativas onde a marca comunica de forma              Estes consumidores fazem parte do grupo
5
    	 Rainie (2006)                 iterativa e contínua com os seus consumidores           dos “Smarter Consumers”, assim definido pelo
6
    	 Fonte: IBM Institute for      (figura 2). Os brand managers têm agora de se           IBM Institute for Business Value6 no estudo de
      Business Value (2011),
                                    preocupar em assegurar uma conversa contínua            2011 que revelou uma série de tendências que
      Capitalizing on the Smarter
      Consumer                      interessante e relevante sobre a sua marca.             mostram bem quem é este consumidor.


                                                                                            Além do facto de serem muito digitais,
Figura 2 – Comunicação bidirecional da Marca – Plataformas Multi-interativas
                                                                                            estes novos consumidores revelam duas
                                                                                            características muito interessantes: São pouco
         PUBLICIDADE ONLINE
         EMAIL                                                                              convencionais – São consumidores que refletem
         PESQUISA                                                                           pouco o seu nível de riqueza nos seus hábitos
         Interativo
         Massa & nicho                                                                      de compra. Vinte a vinte cinco por cento dos
         Mensagem push                                                                      consumidores procuram promoções e compram
         Interessante
                                                                                            apenas aquilo que realmente necessitam,
                                                                                            independentemente do seu nível de rendimento
                                                                                            ou do seu otimismo relativamente ao seu futuro
                                                                                            financeiro; Querem sentir-se no poder – O
                                                                                            “Smarter Consumer” exige um bom serviço ao
                                                                                            cliente e exige ser bem informado. Quer ter
                                                       COMUNDIDADES                         uma noção clara de todos os preços praticados
                                                       BLOGS
                                                       MICRO BLOGS                          no mercado para um determinado produto ou
                                                       MOBILE                               serviço, e tem ferramentas para o fazer. Prefere
                                                       Social
                                                       Diálogo                              pagar via mobile do que ficar na fila da caixa.
                                                       Nicho
                                                       Útil
                                                                                            O “Smarter Consumer” está para ficar, ou
                                                                     Fonte: Fullsix 2011    melhor, o “Smarter Consumer” está por muito
Nova School of Business and Economics



                               a p p l ied k n ow l ed g e                   Comunicação sincronizada. O poder está no “ser digital”    5



                               pouco tempo pois brevemente irá evoluir para           Qual o verdadeiro impacto nas marcas desta
                               algo como o “Even Smarter Consumer” com                vertiginosa onda de mudança? Estão as marcas
                               hábitos que não podemos sequer imaginar.               preparadas para este impacto?




                               O desafio das marcas
                               Uma nova forma de comunicar


                               A nossa proposta é que a resposta não deve             de compra e que exigem novas formas de
                               ser digital, ou seja, não se trata de criar novas      comunicação. Propomos-lhe uma nova jornada
                               ferramentas de comunicação digitais mas sim            por caminhos ainda por desbravar.
                               de mudar todo o paradigma de comunicação,
                               redefinir um dos pilares do Marketing
                               Mix. Trata-se de rearranjar este conceito              Decisão de compra,
                               adaptando-o ao novo consumidor digital.                uma nova jornada
                               Propomos substituir o “P” de Promotion pelo            O modelo tradicional que pretende descrever o
                               “R” de Relationship. Será eventualmente menos          processo de decisão de compra (Figura 3) parte
                               sexy pois 3 P’s e 1 R nunca será tão atraente          da criação de notoriedade através de métodos
                               como 4 P’s.                                            de comunicação clássicos como a televisão
                                                                                      ou a imprensa escrita passando pelo processo
                               Nos próximos parágrafos proporemos um                  de criação de um grupo de consideração, pela
                               modelo de comunicação orientado pelos                  seleção, pela compra para terminar na criação
                               “Smarter Consumers” com novos processos                da lealdade.


Figura 3 – Modelo tradicional de processo de decisão




                                                                                                                      MARCA




                                                               LOJA




   Visualização                                          Ir à loja             Escolher melhor   Comprar           Acompanhar
   anúncio TV ou imprensa                                comparar opções       opção             produto           a marca
   NOTORIEDADE                                           CONSIDERAÇÃO          SELEÇÃO           COMPRA            FIDELIZAÇÃO

                                                                                                                       Fonte: Fullsix 2011
Nova School of Business and Economics



                                      a p p l ied k n ow l ed g e                      Comunicação sincronizada. O poder está no “ser digital”     6



                                      Este modelo já não explica o processo de                 novo modelo de comunicação baseado
                                      decisão de compra do “ser digital” que é tudo            no estabelecimento de uma relação de
                                      menos linear. De facto ele ainda compra na               continuidade entre a marca e os seus
                                      loja, mas também compra online; ele ainda                utilizadores. Uma relação onde os próprios
                                      conhece os produtos pela televisão ou pela               consumidores sejam um meio de comunicação,
                                      imprensa mas agora entra, principalmente,                onde sejam consumidores e criadores, onde
                                      em contacto com os diversos produtos ou                  estejam em parceria com a marca no processo
                                      serviços através da rede de amigos, das redes            de construção da própria identidade da marca.
                                      sociais e da internet; ele ainda se desloca às
                                      lojas para comparar as diversas opções mas               E, para construir esta relação de continuidade,
                                      agora usa um enorme manancial de fontes                  a marca tem de descentrar a sua comunicação
                                      de informação, onde se destacam as redes                 do produto para a centrar na história que
                                      sociais e a rede de amizades, para criar o seu           conta. Como diz Seth Godin, o “marketing já não
                                      grupo de consideração (figura 4). Ou seja, a             é acerca das coisas que se fazem, mas da história
                                      abordagem tradicional que parte do objectivo             que se conta”7.
                                      de comunicação para definir os meios e a
                                      mensagem a utilizar perde relevo perante                 Esta nova jornada de compra foi estudada já
                                      uma complexa rede de influências a que o “ser            por outros8, com consequências importantes
                                      digital” está sujeito para tomar a sua decisão,          para o processo de decisão do consumidor
                                      principalmente quando e porque pretende ser              da era digital. Baseando-se num estudo
                                      o dono do processo e não estar sujeito a um              do comportamento de compra de 20.000
                                      modelo de comunicação unidirecional.                     consumidores em cinco sectores de atividade
                                                                                               em três continentes, Edelman e os seus
                                      O processo de compra do “ser digital” é                  colegas da McKinsey & Company identificaram
7
    	 Godin (2005)
8
    	 Court, Elzinga,Mulder,Vetvick   fragmentado e este novo consumidor quer                  aquilo a que chamam a “Consumer Decison
      (2009), Edelman (2010)          estar (e está) em controlo. Exige-se um                  Journey” ( figura 5). O marketing tomava


Figura 4 – Uma nova jornada de compra



                                           Loja        Amigos         TV,       Social      Publicidade     Mobile     Pesquisa        Sites
                                                                    imprensa    media         online




           NOTORIEDADE


           CONSIDERAÇÃO


           PESQUISA


           SELEÇÃO


           COMPRA


           EXPERIÊNCIA


           RE-COMPRA



                                                                                                                                  Fonte: Fullsix 2011
Nova School of Business and Economics



                                    a p p l ied k n ow l ed g e                       Comunicação sincronizada. O poder está no “ser digital”     7



                                    como dado adquirido um funil de decisão em                    de Enjoy-Advocate-Bond, que se verifica após
                                    que os consumidores iniciavam o processo                      a compra, desenvolve-se uma ligação mais
                                    com muitas marcas sob consideração e as                       próxima com o produto e com novos pontos
                                    reduziam a uma marca só no fim do processo.                   de contacto. Mais de 60% dos consumidores
                                    No entanto, na investigação realizada,                        de produtos de cuidado facial, de acordo
                                    concluíram que os consumidores, em vez                        com a pesquisa da McKinsey, realizaram
                                    de sistematicamente reduzirem as suas                         pesquisas on-line sobre os produtos depois da
                                    escolhas, optavam por um processo muito                       compra. Quando o novo consumidor digital
                                    mais iterativo e menos redutor, em quatro                     está satisfeito com a compra transforma-se
                                    fases: consideração, avaliação, compra e enjoy-               num embaixador ativo, por passa-palavra
                                    advocate-bond.                                                ou word-of-mouth. Claro que a insatisfação,
                                                                                                  a existir, origina o corte de relações com a
                                    Na fase de consideração, com o atual leque                    marca e uma propagação amplificada da má
                                    de recursos disponíveis e a abundância                        opinião. Mas, se o comprador é embaixador
                                    de informação do digital, o nº de marcas/                     da marca, então entra num ciclo virtuoso de
                                    produtos sob consideração é frequentemente                    enjoy‑advocate‑buy sem voltar a passar pelas
                                    mais reduzido. Segue-se a fase de avaliação                   fases de consideração e avaliação ativa.
                                    onde um conjunto de produtos iniciais sob
                                    consideração é frequentemente expandido,                      Esta análise conduz, de acordo com Edelman,
                                    à medida que o consumidor procura                             a duas consequências importantes: a primeira
                                    informação. Trata-se de uma nova avaliação                    traduz-se na importância de entender a que
                                    ativa, propulsionada por ferramentas de                       fase da jornada de compra devemos afectar
                                    apoio digital, em que se adicionam marcas                     recursos. A maior parte dos orçamentos de
                                    e se eliminam algumas das inicialmente                        marketing (70 a 90% dos analisados) tendem
                                    consideradas – no sector automóvel, por                       a ser dedicados a Publicidade e Promoção
                                    exemplo, 2.2 marcas eram adicionadas ao                       que impacta o consumidor nas fases de
                                    conjunto inicial de 2.8 marcas. Na fase de                    consideração e compra. No entanto, o
                                    compra a decisão de compra é, cada vez mais,                  consumidor na era digital é mais influenciado
                                    atrasada até ao ponto de venda, pelo que a                    pelo conselho e recomendação, pelo advocacy,
                                    brand activation é um instrumento que permite                 que não se obtêm pela comunicação
                                    um contacto muito eficaz. Finalmente, na fase                 unilateral, pelo bombardeamento de uma


Figura 5 – Nova jornada de compra (II)

 Antes: a metáfora do funil – durante muitos anos os marketers        Depois: novos dados mostram que em vez de sistematicamente
 assumiram que os consumidores começavam o processo de                reduzirem as suas escolhas, os consumidores adicionam e subtraem
 escolha com um número elevado de marcas sob consideração e           marcas num processo de avaliação extenso. Depois da compra entram
 afunilavam metodicamente as suas escolhas até chegar a uma           frequentemente numa relação aberta com a marca, partilhando a
 marca só.                                                            experiência on-line.


                          Muitas Marcas
                                                                                      Considera

                                                                                                                                        Avalia

                          Menos Marcas



                                                                                            O Laço de Lealdade
                           Escolha Final
                                                                            Liga-se
                                                                                      Advoga
                                                                                                  Usufrui
                             Compra                                                                           Compra



                                                                                            Fonte: Edelman Harvard Business Review Dezembro 2010
Nova School of Business and Economics



a p p l ied k n ow l ed g e                   Comunicação sincronizada. O poder está no “ser digital”    8



audiência num só sentido da publicidade               forma. A filosofia tradicional do funil baseava-
tradicional. A influência acontece com mais           se na comunicação unidirecional baseada
peso nas fases de avaliação e enjoy-advocate-         em paid media. A comunicação deve agora
bond. Se a marca não é recomendada, se não            cobrir também os owned media (os canais
é discutida on-line pode não sobreviver ao            controlados pela marca como o seu website)
processo de escolha. Este é o papel duplo             e os earned-media (canais criados pelo cliente,
consumidor-criador que acima comentámos,              como comunidades de entusiastas, conversas
que se torna embaixador e cocria a marca.             originadas não pela empresa mas pelos
                                                      consumidores). A nova consumer-decison journey
A segunda consequência é que os orçamentos            recomenda uma conversa, não um discurso
de marketing devem ser construídos de outra           unidirecional.




Comunicação                                           sobre os consumidores, mais dados sobre a
Sincronizada                                          concorrência. Esta enorme quantidade de
                                                      dados deve ser usada para criar um novo
Num mundo repleto de dados, onde a                    patamar de inteligência sobre o consumidor,
informação que circula entre os consumidores          que torne as marcas mais relevantes.
é imparável, as marcas que querem obter               Juntando conteúdos de interesse aos novos
resultados devem sincronizar a experiência            canais digitais, as marcas devem ter como
integrada que oferecem aos seus consumidores          objetivo construir uma experiência realmente
com os seus valores autênticos. E devem               diferente, em que a marca tem um papel na
sincronizar todas as suas ações com a                 vida do consumidor, e não apenas ocupar 30
realidade dos consumidores, do mercado e com          segundos da sua atenção. As campanhas de
o próprio consumidor, que assume agora um             comunicação devem ser concebidas como
papel ativo no processo de comunicação.               organismos vivos, pilotados pela tecnologia
                                                      e que se sincronizam com as necessidades e
                                                      reações dos consumidores.
Mais relevância menos frequência
A nossa proposta baseia-se num modelo que             | Perfil do consumidor
realça a importância da relevância sobre              | No que estão interessados?
a frequência. Mais do que sermos ouvidos              Os consumidores passaram de receptores
repetidamente, é fundamental que a nossa              da mensagem para atores desta nova
mensagem seja relevante para quem nos                 experiência da marca. Hoje em dia, o valor
ouve. Num mundo muito mais complexo e                 de um consumidor para uma marca não é
transparente, não ganha quem fala mais alto,          unicamente a sua capacidade de consumo,
mas sim quem é mais transparente, quem é              mas também o que pode trazer como
mais honesto e quem está mais disponível              influenciador e/ou embaixador da marca,
para falar com os consumidores. Na base               ou seja o valor direto e indireto. Este papel
do nosso modelo está a interação entre três           reforçado, implica uma cada vez maior
elementos fundamentais da comunicação que             capacidade de ouvir, perceber, estudar e
consubstanciam três questões fundamentais a           agir em consonância com o interesse do
que as marcas têm de responder (Figura 6).            consumidor. Um maior investimento em criar
                                                      conteúdos e histórias relevantes para todos
| Marca                                               e interessantes individualmente, é um factor
| O que é que a marca quer dizer?                     crítico de sucesso neste novo modelo.
Tal como em todos os domínios do
conhecimento humano, também as marcas                 | Comportamento do consumidor
têm muito mais informação à sua disposição.           | Quando e onde estão dispostos a ouvir?
Há mais dados de mercado, mais dados                  Os meios digitais, e nomeadamente o crescente
Nova School of Business and Economics



                                   a p p l ied k n ow l ed g e                    Comunicação sincronizada. O poder está no “ser digital”   9



                                  uso do telemóvel, trazem uma nova dimensão à            com o consumidor que lhe fornece conteúdos
                                  importância do comportamento do consumidor.             totalmente relevantes, utilizando a agilidade
                                  Ao serem corretamente utilizados e integrados           e massificação dos canais digitais, para ser
                                  na comunicação da marca, a sua agilidade e              pertinente individualmente e simultaneamente
                                  interatividade são críticos para a necessária           criar uma ativa e participativa comunidade.
                                  sincronização com a necessidade do consumidor
                                  num preciso local e momento. A resposta                 A Nike Plus contava já com uma comunidade
                                  que um consumidor pretende obter de uma                 de mais de dois milhões de membros em
                                  determinada marca, depende do contexto em               Fevereiro de 20119, e é um exemplo de sucesso
                                  que se encontra. Esta resposta é claramente             do uso eficaz de redes sociais, cuja relevância
                                  diferente, se o consumidor está a procurar uma          e engagement para o consumidor se consegue
                                  marca à noite, no computador em sua casa, ou se         pelo facto de ser importante para os seus
                                  o está a fazer às 4 horas da tarde, em plena rua.       membros (que partilham uma paixão comum,
                                                                                          a corrida), personalizada (guarda os dados de
Figura 6 – Comunicação Sincronizada
                                                                                          cada corrida), interativa (feed facebook emite
                                                                                          um aplauso com cada “like” e os consumidores

      MARCA                                           PERFIL DO                           estão ligados em rede), integrada (os

                                                     CONSUMIDOR
                                                                                          colaboradores da Nike são participantes ativos
                                                                                          da comunidade) e autêntica (comunidade é
                                                                                          consistente com o posicionamento da marca).
                                                                                          Foi também parte da razão do aumento da
                        O QUE AAMARCA
                          QUER DIZER                                                      quota de mercado da marca na categoria de
                                                 EM QUE ESTÁ                              sapatos de corrida de 48% em 2006 para 61%
                                                 INTERESSADO
                                                O CONSUMIDOR                              em 2008.


                                                                                          Sensibilidade e sincronização
                                                                                          Para evoluir no sentido de maior relevância e
                                 QUANDO
                              E ONDE ESTÁ                                                 menos frequência, as marcas têm de modificar
                             O CONSUMIDOR                                                 os seus racionais de comunicação unidirecional
                                DISPOSTO
                                 A OUVIR                                                  a adoptar propostas de relacionamento com
                                                                                          o seu público. Num relacionamento, que se
                                                                                          pretende duradouro, os velhos modelos de
      COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR                                                         transmissão de informação são obsoletos
                                                                                          e as grandes ações pontuais perdem vigor
                                                                   Fonte: Fullsix 2011    quando se pretende entrar no território da
                                  Um exemplo da sincronização destes três                 cumplicidade com o nosso consumidor-
                                  elementos é o caso Nike Plus. Começando                 cocriador. Este modelo não procura a
                                  por um par de ténis de jogging, a Nike criou a          memorização de uma mensagem específica,
                                  plataforma Nike Plus que agrupa conteúdos               mas sim seduzir e convencer o consumidor
                                  relevantes para o consumidor (quilómetros               de uma forma contextual e individual. Neste
                                  corridos, tempo, calorias, músicas favoritas…)          registo, a sensibilidade no processo relacional
                                  disponibilizados pelos canais adequados                 e a sincronização da mensagem e do contexto
                                  (iPod, telemóvel, internet, facebook) para              com o nosso novo interlocutor revelam-se
                                  cada situação, em tempo real e permitindo               essenciais (Figura 7).
                                  uma nova experiência do treino de jogging, a
                                  nível pessoal, bem como de partilha com os              Sensibilidade
                                  amigos e a comunidade. É uma extraordinária             Mais do que falarem, as marcas devem ouvir.
                                  demonstração deste novo modelo, em que                  Recorde-se que se trata agora de uma conversa
                                  em vez da tradicional campanha, baseada                 onde o consumidor assume um papel com,
                                  numa ideia criativa e numa mensagem                     pelo menos, igual poder. Além do que, é nosso
                                  encapsulada num anúncio de 30 segundos,                 cocriador. As marcas não têm já de se centrar
9
    	 Gupta, Amstrong, Clayton
      (2011)                      foi criada uma plataforma de relacionamento             em informar mas em envolver-se com os seus
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                                  a p p l ied k n ow l ed g e                   Comunicação sincronizada. O poder está no “ser digital”   10



Figura 7 – Sensibilidade e sincronização



                     DE                                          PARA



                 FALAR                                          OUVIR
                 INFORMAR                                       ENVOLVER E INSPIRAR                  SENSIBILIDADE
                 GRANDE IDEIA CRIATIVA                          RELEVANTE E AUTÊNTICO
                 DIZER                                          FAZER


                 INVESTIMENTO EM MEDIA                          CONTEÚDO E INFORMAÇÃO
                 CAMPANHAS DE MARCA                             MARCAS SEMPRE ON
                 MENSAGEM                                       CONVERSA
                 BROADCASTING
                 REPETIÇÃO
                                                                FRIENDCASTING
                                                                CONTEXTO ADEQUADO
                                                                                                     SINCRONIZAÇÃO
                 COMUNICAÇÃO MULTICANAL                         COMUNICAÇÃO FLUÍDA




                                  clientes e em inspirá-los com propostas que            contacto procurando estabelecer três níveis de
                                  façam a diferença, que sejam notáveis10.               sincronização:
                                                                                         •	 sincronização do perfil individual dos
                                  A lógica das grandes ideias criativas surge                consumidores (quem, o quê, quando, como),
                                  pálida perante um consumidor que prefere a             •	 sincronização comportamental (quem, o
                                  autenticidade e a relevância. As mensagens                 quê),
                                  e as propostas de valor das marcas são                 •	 sincronização de resultados (gestão diária,
                                  escrutinadas continuamente e o resultado do                semanal)
                                  escrutínio pode ser (e é) comunicado de forma
                                  imediata para milhares de pessoas.                     É este nível de sincronização que irá
                                                                                         determinar o sucesso da comunicação. O
                                  Finalmente, mais do que nunca, as marcas               conteúdo e a relevância da informação
                                  não se podem ficar pelas boas intenções.               destacam-se por oposição ao investimento em
                                  Não chega dizer que se faz; é crucial fazer            media (mais relevância, menos frequência).
                                  e cumprir as promessas. O “ser digital” está           Uma conversa assume um registo de
                                  permanentemente atento e leva sempre a sério           continuidade que diverge de campanhas de
                                  todas as promessas da marca.                           comunicação bem definidas no tempo. A marca
                                                                                         tem de estar sempre on e não comunicar a
                                  Sincronização                                          espaços, não se pode “desligar” sob pena de
                                  Na fase de planeamento da comunicação                  desaparecer do imaginário do “ser digital”. Deve
                                  devem-se utilizar todos os factos e dados              tornar-se uma presença constante e próxima
                                  relevantes para desenvolver narrativas de              nas conversas que se estabelecem na rede de
                                  marca autênticas, relevantes e coerentes               amizades dos seus clientes – é a substituição
                                  com a prática diária e histórica da marca.             do “Broadcast” pelo “Friendcast”.
                                  Mais importante que “dizer”, a marca tem
                                  de garantir que consegue “fazer” a sua                 A repetição da mensagem não é mais o
                                  proposta de valor ou narrativa – walk the talk.        caminho para a eficácia da comunicação,
                                  A marca deve utilizar as suas ferramentas              é fundamental para a marca interpretar
                                  e equipas para sincronizar todas as ações e            o contexto em que o seu cliente se situa
10
     	Godin (2005)                campanhas em torno de todos os pontos de               e adequar-se devidamente. Não é mais
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                                    a p p l ied k n ow l ed g e                   Comunicação sincronizada. O poder está no “ser digital”   11



                                    eficiente utilizar uma lógica de comunicação               onde possa interagir com os consumidores,
                                    multicanal, compartimentada e estruturada.                 sejam eles digitais, como as redes sociais, ou
                                    A comunicação deve ser encarada como algo                  tradicionais como os canais de distribuição.
                                    fluido, contínuo e independente do canal ou                Tal como com os ouvidos, poderá utilizar
                                    meio utilizado – não esqueçamos que se trata               recursos internos para operacionalizar
                                    de uma conversa.                                           este sentido, ou recorrer a empresas
                                                                                               especializadas.


                                    Impactos na organização                                	   Mas esta é a parte mais fácil de todo o
                                    A uma conversa subjazem dinâmicas                          processo. A parte difícil, e que implica
                                    diferentes daquelas que estão subordinadas a               uma alteração profunda na maioria das
                                    um discurso. Para estabelecer uma conversa                 organizações, é a que diz respeito à criação
                                    séria e coerente com o “ser digital” as                    da história que se vai contar e à forma como
                                    organizações precisam de se munir de algumas               esta é incorporada no ADN organizacional,
                                    ferramentas fundamentais a qualquer tertúlia:              o que nos leva à próxima ferramenta da
                                    •	 Ouvidos – a organização precisa de criar                tertúlia.
                                       ferramentas de auscultação do que se
                                       diz sobre ela, sobre os seus produtos ou            •	 Cérebro – ouvir e falar seriam atividades
                                       serviços, sobre os seus executivos, sobre as            inócuas se entre as duas não se pensasse.
                                       suas políticas, sobre as suas mensagens.                Para evitar que a nossa conversa se torne
                                       Há várias formas de operacionalizar este                inconsequente, é fundamental que a
                                       “sentido”:                                              organização crie um “cérebro” que 1)
                                       –	 Atribuir esta responsabilidade a uma                 produza uma história relevante e coerente
                                           equipa específica, como fez a Gatorade              com a sua proposta de valor, 2) transforme
                                           com o “Mission Control Center”11, que               a informação “escutada” em insight sobre
                                           monitoriza, em tempo real, toda a                   o “ser digital”, e 3) conceba uma resposta
                                           atividade das redes sociais que envolva             ou argumento racional alinhado com a
                                           informações sobre a Gatorade;                       história proposta e contribua para a criação
                                       –	 Criar grupos especializados na “escuta”              de valor quer para o interlocutor, quer para
                                           de canais específicos mantendo uma                  a própria organização. Esta ferramenta
                                           coordenação centralizada por forma a                exige autonomia, responsabilidade e um
                                           assegurar o controlo da informação;                 conhecimento profundo da identidade
                                       –	 Disseminar por toda a organização                    organizacional, o que implica senioridade.
                                           uma cultura de “escuta” para que cada
                                           colaborador seja um elemento ativo do           Chief Relationship Officer
                                           processo de comunicação sincronizada,           Acima de tudo, o “cérebro” terá de ter a
                                           criando canais específicos para que essa        capacidade de mobilizar toda a organização
                                           informação possa ser centralizada e             transformando-a numa unidade coerente e
                                           tratada convenientemente;                       participativa na tertúlia que se estabelece
                                       –	 Subcontratar a responsabilidade pela             com o ”ser digital”. Só assim se garante que
                                           “escuta” a empresas especializadas,             a mesma história seja contada em todos os
                                           garantindo um fluxo contínuo                    pontos de contacto da empresa com o “ser
                                           de informação com a empresa                     digital”. Esta capacidade requer a existência de
                                           subcontratada.                                  um campeão da conversa que se estabelece,
                                    •	 Boca – como em qualquer conversa, ouvir             ou CRO (Chief Relationship Officer), que
                                       não chega, a empresa terá de participar             tenha acesso direto ao topo da organização e
                                       ativamente no diálogo respondendo de                competências organizacionais transversais.
                                       forma iterativa e atempada aos argumentos           Requer organizações pouco hierarquizadas
                                       desenvolvidos pelo “ser digital”. Também            onde o fluxo de informação seja rápido e
11
     	http://www.youtube.com/          aqui, terá de criar alguns instrumentos             eficaz. Requer que a responsabilidade de
      user/PepsiCoVideo/videos?qu      que lhe permitam falar, nomeadamente,               marketing saia da esfera do departamento de
      ery=gatorade+mission+contr
                                       estar presente no maior número de fóruns            marketing ou de comunicação e passe a ser
      ol
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a p p l ied k n ow l ed g e                 Comunicação sincronizada. O poder está no “ser digital”    12



uma responsabilidade de toda a organização,          Referências
onde o garante da coerência da história que se
conta é o CRO. Mas, mais importante, aumenta         Constantinides, E., Fountain, S. J. (2008). Web
dramaticamente a necessidade de marketing            2.0: Conceptual Foundations and Marketing
interno e de partilha social, para que todos, na     Issues, Journal of Direct, Data and Digital
                                                     Marketing Practice, 9, 231–244.
organização, tenham acesso às ferramentas,
                                                     Court, David, Elzinga D., Mulder S., Vetvik O.
conteúdo e dados para participar ativamente
                                                     (2009).The consumer decision journey, McKinsey
na conversa.                                         Quarterly, June, 1-11
                                                     Edelman, David C. (2010). Branding in the
                                                     Digital Age, You’re spending your money in
Conclusão                                            all the wrong places, Harvard Business Review,
                                                     December, 63-69
A comunicação sincronizada é uma abordagem
                                                     Gupta, Sunil, Armstrong K., Clayton Z.(2011).
alternativa de comunicação de marketing
                                                     Note on Social Media. Harvard Business School
devidamente adaptada ao “ser digital” e à            Note 9-510-095, October 4th
revolução que este induziu nos processos             Godin, S. (2005). All Marketers are Liars, New
de decisão de compra e de envolvimento               York: Penguin.
com as marcas. O foco central deste modelo           Godin, S. (2005). TheBig Moo: Stop Trying to be
de comunicação passa por um melhor                   Perfect and Start Being Remarkable, New York:
desempenho através de maior relevância e             Penguin.

menor frequência. Por um lado, sincroniza            Kotler, P., Kartajaya, H., Setiawan, I. (2010).
                                                     Marketing 3.0. Hoboken, NJ: John Wiley & Sons.
toda a comunicação, interação e reputação
                                                     Meadows-Klue, D. (2007). Falling in Love 2.0:
criativa com a realidade e com os valores
                                                     Relationship Marketing for the Facebook
fundamentais da marca garantindo a sua               Generation, Journal of Direct, Data and Digital
autenticidade. Por outro lado, sincroniza            Marketing Practice, 9, 245–250.
todas as ações com os perfis de consumo, o           Rainie, L. (2006). Digital Natives Invade the
comportamento do consumidor, o desempenho            Workplace, Pew Internet & American Life
                                                     Project, Washington D.C.: Pew Research Center
do negócio e, principalmente, o próprio
                                                     For The People & The Press.
consumidor numa interação permanente e
contínua. Pretende-se estabelecer uma relação
continuada com os clientes suportada por
uma conversa que aborde um tema e conte
uma história relevante para a marca e para
o consumidor. Uma história onde ambos são
cocriadores.

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Comunicação sincronizada: O Poder está no "Ser Digittal"

  • 1. a p p l ied k n ow l ed g e Comunicação sincronizada O poder está no “ser digital” Julho de 2012 Esta é a era da colaboração em que os consumidores participam na criação de valor através da cocriação de produtos, serviços e elementos de comunicação. Os marketers já não têm o controlo das suas marcas porque agora competem com o poder coletivo dos consumidores, munidos de ferramentas de comunicação com um poder ímpar na história. Como resposta a esta nova realidade propomos um modelo de comunicação, a que chamámos comunicação sincronizada, baseado na integração do consumidor, como agente ativo, no processo de comunicação das marcas, promovendo-se o estabelecimento de uma conversa contínua entre a marca e os seus consumidores. Nessa conversa, a relevância do conteúdo assume maior importância que a frequência do broadcast da mensagem. Filipa Caldeira Fullsix Pedro Batalha Fullsix António Abrantes Nova School of Business and Economics Jorge Velosa Nova School of Business and Economics
  • 2. Nova School of Business and Economics a p p l ied k n ow l ed g e 2 Comunicação sincronizada O poder está no “ser digital” Julho de 2012 Introdução A era da colaboração e a nova forma de processo de decisão de compra, e propor um pensar e agir por parte dos consumidores, modelo alternativo de comunicação, a que potenciada por significativas alterações chamámos comunicação sincronizada. Tal tecnológicas, obriga as marcas e os como na natação sincronizada, onde todos marketers a rever as suas metodologias de os elementos da equipa executam uma abordagem do mercado e a forma com se série de movimentos que se sincronizam relacionam com os seus potenciais clientes. num conjunto dinâmico e harmonioso, a O modelo de comunicação unidirecional comunicação sincronizada procura construir perde vigor e o desafio de adaptação é real. a identidade da marca numa sincronia entre Questionamo‑nos até que ponto estas estão esta e os consumidores assumindo estes um preparadas para permitirem e potenciarem papel fundamental na sua construção. a entrada dos consumidores num território que até agora tem sido exclusivamente seu Este modelo pretende contribuir para – a estratégia de comunicação e a própria construção de um novo paradigma de identidade da marca. comunicação multidireccional que envolve o consumidor numa conversa contínua, fluida Neste artigo pretendemos identificar e relevante ao longo de toda a relação marca- algumas das alterações evolutivas mais cliente, e sustentada pela maior importância significativas no comportamento dos da relevância face à frequência. consumidores relativamente às marcas e ao
  • 3. Nova School of Business and Economics a p p l ied k n ow l ed g e Comunicação sincronizada. O poder está no “ser digital” 3 De “Fazer digital” Este novo mundo tornou-nos “fazedores” a “Ser digital” de conteúdo digital. Nos blogues, nas redes Uma nova forma de consumir sociais, nos fóruns, nas comunidades, somos nós os criadores das notícias, das opiniões, dos Não se pense que esta é uma realidade exclusiva comentários. Nós, os consumidores, assumimos do mundo desenvolvido. Mais de dois mil parte do controlo e as marcas têm, agora, um milhões de pessoas são utilizadores da internet novo parceiro na construção da sua identidade. – cerca de 30% da população mundial . Em 1 A maior parte da geração dos 30 e dos 40 já se Portugal este número é superior a cinco milhões considera “literata digital”. Têm uma página (62% das pessoas com mais de 15 anos)2. Os no facebook e outra no LinkedIn, consultam números de ligações entre equipamentos é ainda regularmente uma série de blogs e até leem mais impressionante – trinta e cinco mil milhões as notícias na Internet. Mas os adolescentes, de aparelhos estão ligados à internet. e mesmo a geração dos 20, vê televisão, joga no iPad, troca sms com os amigos e conversa O facebook tem mais de 875 milhões de no facebook, tudo isto ao mesmo tempo. utilizadores ativos e mais de 50% fazem login O telemóvel, cada vez mais sob a forma de todos os dias, são lá colocadas diariamente “smartphone” permite-lhes estarem ligados, mais de 250 milhões de fotografias e são onde quer que estejam, 365 dias por ano. Esta é a integradas mais de sete milhões de aplicações. diferença entre “fazer digital” e “ser digital”. Existe Em Portugal o número de utilizadores de um nova geração de consumidores para quem facebook é superior a quatro milhões. Da a expressão “digital” não é sequer verbalizada AppStore da Apple já se fizeram mais de pois todo o seu modo de pensar incorpora já o vinte cinco mil milhões de downloads. No final conceito, como fazendo parte do ADN da sua de 2011 existiam mais de seis mil milhões interação com o mundo. Eles “são digital” tal de ligações móveis. Desde o lançamento como a geração dos 40 foi audiovisual. do iPad pela Apple, já se venderam mais de cem milhões de Tablets em todo o mundo. E é aqui que a Web 2.0, o novo paradigma da Estes são números impressionantes mas segunda metade da década zero, é já uma que subestimam a verdadeira mudança realidade ultrapassada. A nova geração de – a mudança de comportamento dos consumidores não encara a cocriação de consumidores. conteúdo e o seu poder como consumidor como um novo paradigma ou uma revolução comportamental, mas sim como uma constante A Web 2.0 já é passado óbvia e integrante natural do seu dia-a-dia. Em 2007 Constantinides e Fountain (2007) definiram a Web 2.0 como um “conjunto de Mas o mais revolucionário não é a própria aplicações de código aberto, interativas e mudança em si. Verdadeiramente alucinante é a controladas pelos utilizadores que expandem velocidade a que a mudança se deu e os impactos as experiências, o conhecimento e o poder de que tem na forma como as marcas comunicam mercado dos participantes nos processos sociais e criando um cenário de media totalmente novo. empresariais”. Para os autores, a “Web 2.0 suporta a criação de redes informais que facilitam o fluxo de ideias e conhecimento permitindo a eficiente Novo cenário de media geração, disseminação, partilha e edição de Muitas organizações lutam para se ajustarem conteúdo informativo”3. Os impactos no Marketing a esta nova realidade. O enfoque obstinado deste novo paradigma são significativos, no “broadcasting” (figura 1) e nos GRP (Gross 1 Fonte: Internet World Stats, os consumidores assumem o controlo dos Rating Points) ainda orienta muitas decisões de 2011 media, a diversidade e a expressão individual comunicação de marketing, apesar da maioria 2 Fonte: Social Bakers, 2011 substituem o conformismo, e as “conversas” entre das empresas admitir que os resultados 3 Constantinides e Fountain (2008) consumidores e entre a marca e os consumidores obtidos são cada vez menores. É um modelo 4 Meadows-Klue (2008) substituem o controlo absoluto da marca . 4 que favorece a massificação da mensagem
  • 4. Nova School of Business and Economics a p p l ied k n ow l ed g e Comunicação sincronizada. O poder está no “ser digital” 4 através de uma aposta na frequência, na Os marketers não podem mais subestimar procura de chegar o maior número de vezes ao as dramáticas mudanças tecnológicas e de maior número de consumidores potenciais. media e ignorar a transformação verificada no comportamento dos consumidores. O mundo Figura 1 – Comunicação Unilateral da Marca mudou, os consumidores mudaram, as marcas têm de mudar. A questão é se conseguirão TV mudar tão depressa quanto as novas RÁDIO exigências do mercado. IMPRENSA OUTDOORS PONTO DE VENDA Monólogo Media de massas Os novos consumidores Mensagem push Nascidos num mundo digital, os “nativos Entretenimento digitais” veem a vida como um jogo, exigem estar conectados 24 horas por dia em diversas plataformas, são multitarefas compulsivos e não se pense que serão a geração de consumidores de amanhã. Eles são já consumidores e serão a esmagadora maioria Fonte: Fullsix 2011 dentro de muito pouco tempo. No entanto, este modelo de comunicação é desadequado para a realidade introduzida Quando um “nativo digital” fizer 21 anos, em pelo conceito de Web 2.0 e ainda mais para média, já recebeu e enviou 250 mil emails, os “nativos digitais”, a nova geração de mensagens instantâneas e sms; já usou o consumidores que nem sequer entende a lógica telemóvel mais de 10 mil horas; já jogou mais de não participar ativamente no processo de cinco mil horas de videojogos; e já passou comunicacional. É a era das plataformas multi- mais de 3500 horas nas redes sociais online5. interativas onde a marca comunica de forma Estes consumidores fazem parte do grupo 5 Rainie (2006) iterativa e contínua com os seus consumidores dos “Smarter Consumers”, assim definido pelo 6 Fonte: IBM Institute for (figura 2). Os brand managers têm agora de se IBM Institute for Business Value6 no estudo de Business Value (2011), preocupar em assegurar uma conversa contínua 2011 que revelou uma série de tendências que Capitalizing on the Smarter Consumer interessante e relevante sobre a sua marca. mostram bem quem é este consumidor. Além do facto de serem muito digitais, Figura 2 – Comunicação bidirecional da Marca – Plataformas Multi-interativas estes novos consumidores revelam duas características muito interessantes: São pouco PUBLICIDADE ONLINE EMAIL convencionais – São consumidores que refletem PESQUISA pouco o seu nível de riqueza nos seus hábitos Interativo Massa & nicho de compra. Vinte a vinte cinco por cento dos Mensagem push consumidores procuram promoções e compram Interessante apenas aquilo que realmente necessitam, independentemente do seu nível de rendimento ou do seu otimismo relativamente ao seu futuro financeiro; Querem sentir-se no poder – O “Smarter Consumer” exige um bom serviço ao cliente e exige ser bem informado. Quer ter COMUNDIDADES uma noção clara de todos os preços praticados BLOGS MICRO BLOGS no mercado para um determinado produto ou MOBILE serviço, e tem ferramentas para o fazer. Prefere Social Diálogo pagar via mobile do que ficar na fila da caixa. Nicho Útil O “Smarter Consumer” está para ficar, ou Fonte: Fullsix 2011 melhor, o “Smarter Consumer” está por muito
  • 5. Nova School of Business and Economics a p p l ied k n ow l ed g e Comunicação sincronizada. O poder está no “ser digital” 5 pouco tempo pois brevemente irá evoluir para Qual o verdadeiro impacto nas marcas desta algo como o “Even Smarter Consumer” com vertiginosa onda de mudança? Estão as marcas hábitos que não podemos sequer imaginar. preparadas para este impacto? O desafio das marcas Uma nova forma de comunicar A nossa proposta é que a resposta não deve de compra e que exigem novas formas de ser digital, ou seja, não se trata de criar novas comunicação. Propomos-lhe uma nova jornada ferramentas de comunicação digitais mas sim por caminhos ainda por desbravar. de mudar todo o paradigma de comunicação, redefinir um dos pilares do Marketing Mix. Trata-se de rearranjar este conceito Decisão de compra, adaptando-o ao novo consumidor digital. uma nova jornada Propomos substituir o “P” de Promotion pelo O modelo tradicional que pretende descrever o “R” de Relationship. Será eventualmente menos processo de decisão de compra (Figura 3) parte sexy pois 3 P’s e 1 R nunca será tão atraente da criação de notoriedade através de métodos como 4 P’s. de comunicação clássicos como a televisão ou a imprensa escrita passando pelo processo Nos próximos parágrafos proporemos um de criação de um grupo de consideração, pela modelo de comunicação orientado pelos seleção, pela compra para terminar na criação “Smarter Consumers” com novos processos da lealdade. Figura 3 – Modelo tradicional de processo de decisão MARCA LOJA Visualização Ir à loja Escolher melhor Comprar Acompanhar anúncio TV ou imprensa comparar opções opção produto a marca NOTORIEDADE CONSIDERAÇÃO SELEÇÃO COMPRA FIDELIZAÇÃO Fonte: Fullsix 2011
  • 6. Nova School of Business and Economics a p p l ied k n ow l ed g e Comunicação sincronizada. O poder está no “ser digital” 6 Este modelo já não explica o processo de novo modelo de comunicação baseado decisão de compra do “ser digital” que é tudo no estabelecimento de uma relação de menos linear. De facto ele ainda compra na continuidade entre a marca e os seus loja, mas também compra online; ele ainda utilizadores. Uma relação onde os próprios conhece os produtos pela televisão ou pela consumidores sejam um meio de comunicação, imprensa mas agora entra, principalmente, onde sejam consumidores e criadores, onde em contacto com os diversos produtos ou estejam em parceria com a marca no processo serviços através da rede de amigos, das redes de construção da própria identidade da marca. sociais e da internet; ele ainda se desloca às lojas para comparar as diversas opções mas E, para construir esta relação de continuidade, agora usa um enorme manancial de fontes a marca tem de descentrar a sua comunicação de informação, onde se destacam as redes do produto para a centrar na história que sociais e a rede de amizades, para criar o seu conta. Como diz Seth Godin, o “marketing já não grupo de consideração (figura 4). Ou seja, a é acerca das coisas que se fazem, mas da história abordagem tradicional que parte do objectivo que se conta”7. de comunicação para definir os meios e a mensagem a utilizar perde relevo perante Esta nova jornada de compra foi estudada já uma complexa rede de influências a que o “ser por outros8, com consequências importantes digital” está sujeito para tomar a sua decisão, para o processo de decisão do consumidor principalmente quando e porque pretende ser da era digital. Baseando-se num estudo o dono do processo e não estar sujeito a um do comportamento de compra de 20.000 modelo de comunicação unidirecional. consumidores em cinco sectores de atividade em três continentes, Edelman e os seus O processo de compra do “ser digital” é colegas da McKinsey & Company identificaram 7 Godin (2005) 8 Court, Elzinga,Mulder,Vetvick fragmentado e este novo consumidor quer aquilo a que chamam a “Consumer Decison (2009), Edelman (2010) estar (e está) em controlo. Exige-se um Journey” ( figura 5). O marketing tomava Figura 4 – Uma nova jornada de compra Loja Amigos TV, Social Publicidade Mobile Pesquisa Sites imprensa media online NOTORIEDADE CONSIDERAÇÃO PESQUISA SELEÇÃO COMPRA EXPERIÊNCIA RE-COMPRA Fonte: Fullsix 2011
  • 7. Nova School of Business and Economics a p p l ied k n ow l ed g e Comunicação sincronizada. O poder está no “ser digital” 7 como dado adquirido um funil de decisão em de Enjoy-Advocate-Bond, que se verifica após que os consumidores iniciavam o processo a compra, desenvolve-se uma ligação mais com muitas marcas sob consideração e as próxima com o produto e com novos pontos reduziam a uma marca só no fim do processo. de contacto. Mais de 60% dos consumidores No entanto, na investigação realizada, de produtos de cuidado facial, de acordo concluíram que os consumidores, em vez com a pesquisa da McKinsey, realizaram de sistematicamente reduzirem as suas pesquisas on-line sobre os produtos depois da escolhas, optavam por um processo muito compra. Quando o novo consumidor digital mais iterativo e menos redutor, em quatro está satisfeito com a compra transforma-se fases: consideração, avaliação, compra e enjoy- num embaixador ativo, por passa-palavra advocate-bond. ou word-of-mouth. Claro que a insatisfação, a existir, origina o corte de relações com a Na fase de consideração, com o atual leque marca e uma propagação amplificada da má de recursos disponíveis e a abundância opinião. Mas, se o comprador é embaixador de informação do digital, o nº de marcas/ da marca, então entra num ciclo virtuoso de produtos sob consideração é frequentemente enjoy‑advocate‑buy sem voltar a passar pelas mais reduzido. Segue-se a fase de avaliação fases de consideração e avaliação ativa. onde um conjunto de produtos iniciais sob consideração é frequentemente expandido, Esta análise conduz, de acordo com Edelman, à medida que o consumidor procura a duas consequências importantes: a primeira informação. Trata-se de uma nova avaliação traduz-se na importância de entender a que ativa, propulsionada por ferramentas de fase da jornada de compra devemos afectar apoio digital, em que se adicionam marcas recursos. A maior parte dos orçamentos de e se eliminam algumas das inicialmente marketing (70 a 90% dos analisados) tendem consideradas – no sector automóvel, por a ser dedicados a Publicidade e Promoção exemplo, 2.2 marcas eram adicionadas ao que impacta o consumidor nas fases de conjunto inicial de 2.8 marcas. Na fase de consideração e compra. No entanto, o compra a decisão de compra é, cada vez mais, consumidor na era digital é mais influenciado atrasada até ao ponto de venda, pelo que a pelo conselho e recomendação, pelo advocacy, brand activation é um instrumento que permite que não se obtêm pela comunicação um contacto muito eficaz. Finalmente, na fase unilateral, pelo bombardeamento de uma Figura 5 – Nova jornada de compra (II) Antes: a metáfora do funil – durante muitos anos os marketers Depois: novos dados mostram que em vez de sistematicamente assumiram que os consumidores começavam o processo de reduzirem as suas escolhas, os consumidores adicionam e subtraem escolha com um número elevado de marcas sob consideração e marcas num processo de avaliação extenso. Depois da compra entram afunilavam metodicamente as suas escolhas até chegar a uma frequentemente numa relação aberta com a marca, partilhando a marca só. experiência on-line. Muitas Marcas Considera Avalia Menos Marcas O Laço de Lealdade Escolha Final Liga-se Advoga Usufrui Compra Compra Fonte: Edelman Harvard Business Review Dezembro 2010
  • 8. Nova School of Business and Economics a p p l ied k n ow l ed g e Comunicação sincronizada. O poder está no “ser digital” 8 audiência num só sentido da publicidade forma. A filosofia tradicional do funil baseava- tradicional. A influência acontece com mais se na comunicação unidirecional baseada peso nas fases de avaliação e enjoy-advocate- em paid media. A comunicação deve agora bond. Se a marca não é recomendada, se não cobrir também os owned media (os canais é discutida on-line pode não sobreviver ao controlados pela marca como o seu website) processo de escolha. Este é o papel duplo e os earned-media (canais criados pelo cliente, consumidor-criador que acima comentámos, como comunidades de entusiastas, conversas que se torna embaixador e cocria a marca. originadas não pela empresa mas pelos consumidores). A nova consumer-decison journey A segunda consequência é que os orçamentos recomenda uma conversa, não um discurso de marketing devem ser construídos de outra unidirecional. Comunicação sobre os consumidores, mais dados sobre a Sincronizada concorrência. Esta enorme quantidade de dados deve ser usada para criar um novo Num mundo repleto de dados, onde a patamar de inteligência sobre o consumidor, informação que circula entre os consumidores que torne as marcas mais relevantes. é imparável, as marcas que querem obter Juntando conteúdos de interesse aos novos resultados devem sincronizar a experiência canais digitais, as marcas devem ter como integrada que oferecem aos seus consumidores objetivo construir uma experiência realmente com os seus valores autênticos. E devem diferente, em que a marca tem um papel na sincronizar todas as suas ações com a vida do consumidor, e não apenas ocupar 30 realidade dos consumidores, do mercado e com segundos da sua atenção. As campanhas de o próprio consumidor, que assume agora um comunicação devem ser concebidas como papel ativo no processo de comunicação. organismos vivos, pilotados pela tecnologia e que se sincronizam com as necessidades e reações dos consumidores. Mais relevância menos frequência A nossa proposta baseia-se num modelo que | Perfil do consumidor realça a importância da relevância sobre | No que estão interessados? a frequência. Mais do que sermos ouvidos Os consumidores passaram de receptores repetidamente, é fundamental que a nossa da mensagem para atores desta nova mensagem seja relevante para quem nos experiência da marca. Hoje em dia, o valor ouve. Num mundo muito mais complexo e de um consumidor para uma marca não é transparente, não ganha quem fala mais alto, unicamente a sua capacidade de consumo, mas sim quem é mais transparente, quem é mas também o que pode trazer como mais honesto e quem está mais disponível influenciador e/ou embaixador da marca, para falar com os consumidores. Na base ou seja o valor direto e indireto. Este papel do nosso modelo está a interação entre três reforçado, implica uma cada vez maior elementos fundamentais da comunicação que capacidade de ouvir, perceber, estudar e consubstanciam três questões fundamentais a agir em consonância com o interesse do que as marcas têm de responder (Figura 6). consumidor. Um maior investimento em criar conteúdos e histórias relevantes para todos | Marca e interessantes individualmente, é um factor | O que é que a marca quer dizer? crítico de sucesso neste novo modelo. Tal como em todos os domínios do conhecimento humano, também as marcas | Comportamento do consumidor têm muito mais informação à sua disposição. | Quando e onde estão dispostos a ouvir? Há mais dados de mercado, mais dados Os meios digitais, e nomeadamente o crescente
  • 9. Nova School of Business and Economics a p p l ied k n ow l ed g e Comunicação sincronizada. O poder está no “ser digital” 9 uso do telemóvel, trazem uma nova dimensão à com o consumidor que lhe fornece conteúdos importância do comportamento do consumidor. totalmente relevantes, utilizando a agilidade Ao serem corretamente utilizados e integrados e massificação dos canais digitais, para ser na comunicação da marca, a sua agilidade e pertinente individualmente e simultaneamente interatividade são críticos para a necessária criar uma ativa e participativa comunidade. sincronização com a necessidade do consumidor num preciso local e momento. A resposta A Nike Plus contava já com uma comunidade que um consumidor pretende obter de uma de mais de dois milhões de membros em determinada marca, depende do contexto em Fevereiro de 20119, e é um exemplo de sucesso que se encontra. Esta resposta é claramente do uso eficaz de redes sociais, cuja relevância diferente, se o consumidor está a procurar uma e engagement para o consumidor se consegue marca à noite, no computador em sua casa, ou se pelo facto de ser importante para os seus o está a fazer às 4 horas da tarde, em plena rua. membros (que partilham uma paixão comum, a corrida), personalizada (guarda os dados de Figura 6 – Comunicação Sincronizada cada corrida), interativa (feed facebook emite um aplauso com cada “like” e os consumidores MARCA PERFIL DO estão ligados em rede), integrada (os CONSUMIDOR colaboradores da Nike são participantes ativos da comunidade) e autêntica (comunidade é consistente com o posicionamento da marca). Foi também parte da razão do aumento da O QUE AAMARCA QUER DIZER quota de mercado da marca na categoria de EM QUE ESTÁ sapatos de corrida de 48% em 2006 para 61% INTERESSADO O CONSUMIDOR em 2008. Sensibilidade e sincronização Para evoluir no sentido de maior relevância e QUANDO E ONDE ESTÁ menos frequência, as marcas têm de modificar O CONSUMIDOR os seus racionais de comunicação unidirecional DISPOSTO A OUVIR a adoptar propostas de relacionamento com o seu público. Num relacionamento, que se pretende duradouro, os velhos modelos de COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR transmissão de informação são obsoletos e as grandes ações pontuais perdem vigor Fonte: Fullsix 2011 quando se pretende entrar no território da Um exemplo da sincronização destes três cumplicidade com o nosso consumidor- elementos é o caso Nike Plus. Começando cocriador. Este modelo não procura a por um par de ténis de jogging, a Nike criou a memorização de uma mensagem específica, plataforma Nike Plus que agrupa conteúdos mas sim seduzir e convencer o consumidor relevantes para o consumidor (quilómetros de uma forma contextual e individual. Neste corridos, tempo, calorias, músicas favoritas…) registo, a sensibilidade no processo relacional disponibilizados pelos canais adequados e a sincronização da mensagem e do contexto (iPod, telemóvel, internet, facebook) para com o nosso novo interlocutor revelam-se cada situação, em tempo real e permitindo essenciais (Figura 7). uma nova experiência do treino de jogging, a nível pessoal, bem como de partilha com os Sensibilidade amigos e a comunidade. É uma extraordinária Mais do que falarem, as marcas devem ouvir. demonstração deste novo modelo, em que Recorde-se que se trata agora de uma conversa em vez da tradicional campanha, baseada onde o consumidor assume um papel com, numa ideia criativa e numa mensagem pelo menos, igual poder. Além do que, é nosso encapsulada num anúncio de 30 segundos, cocriador. As marcas não têm já de se centrar 9 Gupta, Amstrong, Clayton (2011) foi criada uma plataforma de relacionamento em informar mas em envolver-se com os seus
  • 10. Nova School of Business and Economics a p p l ied k n ow l ed g e Comunicação sincronizada. O poder está no “ser digital” 10 Figura 7 – Sensibilidade e sincronização DE PARA FALAR OUVIR INFORMAR ENVOLVER E INSPIRAR SENSIBILIDADE GRANDE IDEIA CRIATIVA RELEVANTE E AUTÊNTICO DIZER FAZER INVESTIMENTO EM MEDIA CONTEÚDO E INFORMAÇÃO CAMPANHAS DE MARCA MARCAS SEMPRE ON MENSAGEM CONVERSA BROADCASTING REPETIÇÃO FRIENDCASTING CONTEXTO ADEQUADO SINCRONIZAÇÃO COMUNICAÇÃO MULTICANAL COMUNICAÇÃO FLUÍDA clientes e em inspirá-los com propostas que contacto procurando estabelecer três níveis de façam a diferença, que sejam notáveis10. sincronização: • sincronização do perfil individual dos A lógica das grandes ideias criativas surge consumidores (quem, o quê, quando, como), pálida perante um consumidor que prefere a • sincronização comportamental (quem, o autenticidade e a relevância. As mensagens quê), e as propostas de valor das marcas são • sincronização de resultados (gestão diária, escrutinadas continuamente e o resultado do semanal) escrutínio pode ser (e é) comunicado de forma imediata para milhares de pessoas. É este nível de sincronização que irá determinar o sucesso da comunicação. O Finalmente, mais do que nunca, as marcas conteúdo e a relevância da informação não se podem ficar pelas boas intenções. destacam-se por oposição ao investimento em Não chega dizer que se faz; é crucial fazer media (mais relevância, menos frequência). e cumprir as promessas. O “ser digital” está Uma conversa assume um registo de permanentemente atento e leva sempre a sério continuidade que diverge de campanhas de todas as promessas da marca. comunicação bem definidas no tempo. A marca tem de estar sempre on e não comunicar a Sincronização espaços, não se pode “desligar” sob pena de Na fase de planeamento da comunicação desaparecer do imaginário do “ser digital”. Deve devem-se utilizar todos os factos e dados tornar-se uma presença constante e próxima relevantes para desenvolver narrativas de nas conversas que se estabelecem na rede de marca autênticas, relevantes e coerentes amizades dos seus clientes – é a substituição com a prática diária e histórica da marca. do “Broadcast” pelo “Friendcast”. Mais importante que “dizer”, a marca tem de garantir que consegue “fazer” a sua A repetição da mensagem não é mais o proposta de valor ou narrativa – walk the talk. caminho para a eficácia da comunicação, A marca deve utilizar as suas ferramentas é fundamental para a marca interpretar e equipas para sincronizar todas as ações e o contexto em que o seu cliente se situa 10 Godin (2005) campanhas em torno de todos os pontos de e adequar-se devidamente. Não é mais
  • 11. Nova School of Business and Economics a p p l ied k n ow l ed g e Comunicação sincronizada. O poder está no “ser digital” 11 eficiente utilizar uma lógica de comunicação onde possa interagir com os consumidores, multicanal, compartimentada e estruturada. sejam eles digitais, como as redes sociais, ou A comunicação deve ser encarada como algo tradicionais como os canais de distribuição. fluido, contínuo e independente do canal ou Tal como com os ouvidos, poderá utilizar meio utilizado – não esqueçamos que se trata recursos internos para operacionalizar de uma conversa. este sentido, ou recorrer a empresas especializadas. Impactos na organização Mas esta é a parte mais fácil de todo o A uma conversa subjazem dinâmicas processo. A parte difícil, e que implica diferentes daquelas que estão subordinadas a uma alteração profunda na maioria das um discurso. Para estabelecer uma conversa organizações, é a que diz respeito à criação séria e coerente com o “ser digital” as da história que se vai contar e à forma como organizações precisam de se munir de algumas esta é incorporada no ADN organizacional, ferramentas fundamentais a qualquer tertúlia: o que nos leva à próxima ferramenta da • Ouvidos – a organização precisa de criar tertúlia. ferramentas de auscultação do que se diz sobre ela, sobre os seus produtos ou • Cérebro – ouvir e falar seriam atividades serviços, sobre os seus executivos, sobre as inócuas se entre as duas não se pensasse. suas políticas, sobre as suas mensagens. Para evitar que a nossa conversa se torne Há várias formas de operacionalizar este inconsequente, é fundamental que a “sentido”: organização crie um “cérebro” que 1) – Atribuir esta responsabilidade a uma produza uma história relevante e coerente equipa específica, como fez a Gatorade com a sua proposta de valor, 2) transforme com o “Mission Control Center”11, que a informação “escutada” em insight sobre monitoriza, em tempo real, toda a o “ser digital”, e 3) conceba uma resposta atividade das redes sociais que envolva ou argumento racional alinhado com a informações sobre a Gatorade; história proposta e contribua para a criação – Criar grupos especializados na “escuta” de valor quer para o interlocutor, quer para de canais específicos mantendo uma a própria organização. Esta ferramenta coordenação centralizada por forma a exige autonomia, responsabilidade e um assegurar o controlo da informação; conhecimento profundo da identidade – Disseminar por toda a organização organizacional, o que implica senioridade. uma cultura de “escuta” para que cada colaborador seja um elemento ativo do Chief Relationship Officer processo de comunicação sincronizada, Acima de tudo, o “cérebro” terá de ter a criando canais específicos para que essa capacidade de mobilizar toda a organização informação possa ser centralizada e transformando-a numa unidade coerente e tratada convenientemente; participativa na tertúlia que se estabelece – Subcontratar a responsabilidade pela com o ”ser digital”. Só assim se garante que “escuta” a empresas especializadas, a mesma história seja contada em todos os garantindo um fluxo contínuo pontos de contacto da empresa com o “ser de informação com a empresa digital”. Esta capacidade requer a existência de subcontratada. um campeão da conversa que se estabelece, • Boca – como em qualquer conversa, ouvir ou CRO (Chief Relationship Officer), que não chega, a empresa terá de participar tenha acesso direto ao topo da organização e ativamente no diálogo respondendo de competências organizacionais transversais. forma iterativa e atempada aos argumentos Requer organizações pouco hierarquizadas desenvolvidos pelo “ser digital”. Também onde o fluxo de informação seja rápido e 11 http://www.youtube.com/ aqui, terá de criar alguns instrumentos eficaz. Requer que a responsabilidade de user/PepsiCoVideo/videos?qu que lhe permitam falar, nomeadamente, marketing saia da esfera do departamento de ery=gatorade+mission+contr estar presente no maior número de fóruns marketing ou de comunicação e passe a ser ol
  • 12. Nova School of Business and Economics a p p l ied k n ow l ed g e Comunicação sincronizada. O poder está no “ser digital” 12 uma responsabilidade de toda a organização, Referências onde o garante da coerência da história que se conta é o CRO. Mas, mais importante, aumenta Constantinides, E., Fountain, S. J. (2008). Web dramaticamente a necessidade de marketing 2.0: Conceptual Foundations and Marketing interno e de partilha social, para que todos, na Issues, Journal of Direct, Data and Digital Marketing Practice, 9, 231–244. organização, tenham acesso às ferramentas, Court, David, Elzinga D., Mulder S., Vetvik O. conteúdo e dados para participar ativamente (2009).The consumer decision journey, McKinsey na conversa. Quarterly, June, 1-11 Edelman, David C. (2010). Branding in the Digital Age, You’re spending your money in Conclusão all the wrong places, Harvard Business Review, December, 63-69 A comunicação sincronizada é uma abordagem Gupta, Sunil, Armstrong K., Clayton Z.(2011). alternativa de comunicação de marketing Note on Social Media. Harvard Business School devidamente adaptada ao “ser digital” e à Note 9-510-095, October 4th revolução que este induziu nos processos Godin, S. (2005). All Marketers are Liars, New de decisão de compra e de envolvimento York: Penguin. com as marcas. O foco central deste modelo Godin, S. (2005). TheBig Moo: Stop Trying to be de comunicação passa por um melhor Perfect and Start Being Remarkable, New York: desempenho através de maior relevância e Penguin. menor frequência. Por um lado, sincroniza Kotler, P., Kartajaya, H., Setiawan, I. (2010). Marketing 3.0. Hoboken, NJ: John Wiley & Sons. toda a comunicação, interação e reputação Meadows-Klue, D. (2007). Falling in Love 2.0: criativa com a realidade e com os valores Relationship Marketing for the Facebook fundamentais da marca garantindo a sua Generation, Journal of Direct, Data and Digital autenticidade. Por outro lado, sincroniza Marketing Practice, 9, 245–250. todas as ações com os perfis de consumo, o Rainie, L. (2006). Digital Natives Invade the comportamento do consumidor, o desempenho Workplace, Pew Internet & American Life Project, Washington D.C.: Pew Research Center do negócio e, principalmente, o próprio For The People & The Press. consumidor numa interação permanente e contínua. Pretende-se estabelecer uma relação continuada com os clientes suportada por uma conversa que aborde um tema e conte uma história relevante para a marca e para o consumidor. Uma história onde ambos são cocriadores.