1. Introdução
Nas sociedades modernas, dá-se muita importância à governança corporativa, ou seja,
exige-se que os gestores do patrimônio sejam transparentes na prestação de contas à
sociedade. Diante disso, quanto mais informações as companhias oferecerem ao público,
melhor avaliação terá do mercado.
A análise dos demonstrativos contábeis é o exame de laboratório da saúde econômica
e financeira da sociedade, é um diagnóstico bem estruturado da situação do patrimônio. É
uma maneira de transformar os dados das peças contábeis em valores relativos, tornando-os
mais fáceis de serem comparados com outras empresas ou mesmo com o mercado.
Para analisar a demonstração financeira de uma empresa é preciso conhecer sua
estrutura em seus pormenores, ou seja, é imprescindível o entendimento das contas que se
agrupam nessas demonstrações, bem como suas finalidades para, em seguida, analisar a saúde
financeira, econômica e patrimonial da empresa.
No decorrer deste trabalho iremos dar um parecer sobre a saúde patrimonial de uma
determinada empresa, aplicando as técnicas de análise financeiro-econômica bem como a
necessidade da Análise Vertical e Análise Horizontal na tomada de decisão. Iremos interpretar
as variações ocorridas nas vendas, nos produtos vendidos, na margem bruta, nas despesas
operacionais e nas contas patrimoniais.
Também iremos analisar os índices da estrutura, liquidez, rentabilidade e dependência
bancária. Usaremos o método Dupont, o termômetro de insolvência de Stephen Kanitz e
conceitos básicos sobre o fluxo de caixa da empresa a qual iremos detalhar neste trabalho.
A análise das peças contábeis é de grande importância na tomada de decisão gerencial,
bem como servirá de balizamento para credores e investidores, muito mais pelas
interpretações dos indicadores resultantes de aplicações de fórmulas matemáticas, que pelos
números resultantes dessas contas.
2. Após os cálculos anteriores, analisar, associar e descrever as possíveis causas das variações:
a) Nas vendas
A Receita Operacional Líquida consolidada apresentou um crescimento de 10,15%,
em comparação a 2007, atingindo R$ 696 milhões. Este crescimento deve-se, basicamente, ao
bom desempenho de suas vendas no mercado externo, a receita das exportações cresceu de R$
82.057 milhões em 2007 para R$ 728.313 milhões em 2008, um significativo aumento de
887,57%.
b) Nos Custos dos produtos vendidos.
O CMV aumentou em 2008, 15,74% em relação a 2007. Pela analise vertical obteve
um aumento de 56,95% em 2007 para 59,84% em 2008. Conforme o aumento da receita,
observamos o aumento dos custos.
A variação nos custos dos produtos vendidos pode ser pelo aumento do valor da
matéria prima adquirida ou ate mesmo devido ao custo de produção no que se diz respeito a
novos equipamentos e tecnologias de produção.
c) Na margem bruta
Em 2008, a margem bruta da Companhia apresentou redução em relação a 2007,
atingindo 40,2% contra 43,1% em 2007, decorrente da conjuntura cambial e da instabilidade
do preço de algumas matérias-primas metálicas.
d) Nas Despesas Operacionais.
Em 2007 o valor das despesas foi de R$145.290,00, segundo a análise horizontal. No
ano seguinte (2008) este valor de 168.011,00, ou seja, 15,63% de aumento e quanto na
vertical este aumento foi de 1%.
As despesas gerais e administrativas foram as que tiveram uma maior diferença de um
ano paro o outro.
e) Nas contas patrimoniais.
Na analise vertical podemos verificar que passou de R$ 621.573,00 (46,32%) de 2007
para R$ 679.243,00 (40,84%) em 2008, já na analise horizontal verificamos que o total do
3. patrimônio líquido aumentou para 109,30%, isso se deu devido a ajustes de avaliação
patrimonial teve uma redução para 36% e as reservas de lucro subiram para 143,70%.
ANALISE DOS ÍNDICES
A) ESTRUTURA DE CAPITAL
I. PARTICIPAÇÃO DE CAPITAIS DE TERCEIROS
Esse índice nos mostra que em 2007, o capital de terceiros representou 53,53% do total dos
recursos investidos na empresa; em 2008, esse percentual aumentou para 59% o total dos
recursos. Aumentou 5,47% em 2008 com relação ao ano de 2007, observa-se uma diminuição
no Capital Próprio da empresa. Isso indica o quanto o capital de terceiros está financiando o
ativo da empresa, ou seja, quanto menor, melhor pra empresa.
II. COMPOSIÇÃO DE ENDIVIDAMENTO
Esses índices demonstram que, dos valores de capitais de terceiros que a empresa havia
tomado em 2007, a divida no curto prazo representa 43,50%; no ano de 2008, esse percentual
teve um leve aumento para 42,21%, mostrando que houve uma maior concentração da divida
no curto prazo.
A queda de 1,29% no ano de 2008 em relação ao ano de 2007, fez com que aumentasse o
tempo para a busca de recursos para saldar as dívidas de curto prazo. Este índice mostra, do
total de capital de terceiros, qual é o percentual das dívidas no curto prazo, que estão
representadas pelo passivo circulante.
III. IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMONIO LÍQUIDO
Esses índices demonstram que, em 2007, a empresa investiu apenas 20,86% do patrimônio
liquido no Ativo permanente, deixando pouco mais de 79 % do seu capital investido no ativo
circulante; já em 2008, esse percentual cresceu consideravelmente passando para 38,56%,
Em consequência disso, a situação da empresa piorou, pois houve um aumento de 17,7% no
ano de 2008 em relação a 2007. Todo o PL, o capital de terceiros no longo prazo e uma parte
do capital de terceiros no curto prazo no ativo não circulante estavam sendo investidos, não
restando recursos para o ativo circulante. Este índice mostra qual o percentual de
4. comprometimento do capital próprio no ativo não circulante. Quanto menor ele for, melhor
para a empresa.
IV. IMOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS NÃO CORRENTES
Esses índices demonstram que, em 2007, empresa utilizou 12,62% dos recursos não correntes
no financiamento do Ativo Permanente; esse percentual quase dobrou, em 2008, passando
para 21,01% , demonstrando que a empresa optou por direcionar uma maior quantidade desse
recursos para o Ativo Permanente e uma menor parcela para o Ativo circulante.
B) LIQUIDEZ
I. LIQUIDEZ GERAL
Em 2007 para cada R$ 1,00 de dívida a empresa tinha o valor de R$ 1,10 para paga-lá, já em
2008 para cada R$ 1,00 de dívida a empresa passou a ter apenas R$ 0,90 para paga-lá, vemos
um recuo no poder de pagamento de dívida da empresa.
O índice de liquidez geral indica a capacidade de pagamento dos financiamentos e dívidas no
longo prazo. O resultado apurado mostra quanto à empresa tem de bens e direitos para cada
R$ 1,00 de dívida. Então é melhor quando esse indicador é maior.
II. LIQUIDEZ CORRETE
Esses índices apresentado, podemos analisar que, em 2007, a empresa possuía R$1,42, de
recursos para cada R$1,00 de divida, ocorrendo uma leve piora no índice em 2008, passando
para R$1,14, para cada R$1,00 de divida, mostrando a empresa precisa rever sua gestão de
caixa.
Este índice é considerado por muitos como o melhor indicador da capacidade de pagamento
da empresa, pois mostra a capacidade de satisfazer suas obrigações à médio prazo de
vencimento.
III. LIQUIDEZ SECA
Nos índices apresentados, podemos interpretar que, em 2007, a empresa para cada R$1,00 de
dívida apresentava R$1,09 de recursos para pagamento no curto e longo prazo; em 2008, sua
liquidez seca diminuiu para R$0,78 de recurso disponível para cada R$1,00 de divida.
5. A liquidez seca, leva em consideração todas as contas que podem ser convertidas em dinheiro
com relativa facilidade antes do prazo normal.
C) RENTABILIDADE
I. GIRO DO ATIVO
A empresa piorou seu desempenho, em 2007 para cada R$ 1,00 de ativo a empresa vendeu
somente R$ 0,47, e em 2008 apenas R$ 0,42, entende-se que a empresa investiu mais do que
teve de retorno. O Ativo total é considerado a soma dos investimentos da empresa.
Assim esse indicador mede a eficiência com a qual a empresa usa seus ativos para
gerar vendas; quantas vezes o Ativo total se renovou por meio destas; pelas vendas, e se a
empresa está gerando um volume suficiente de atividade, tendo em vista seu investimento
total do Ativo. Com o resultado maior obtido nesse indicador, mais eficientemente os ativos
da empresa têm sido usados.
II. MARGEM LÍQUIDA
Esse índice nos mostra que, em 2007, depois de descontados todos os custos e despesas da
empresa, sobraram 19,66%; já em 2008, esse índice reduziu-se para 16,23%. Esse indicador
sinaliza que a empresa tem que rever suas estratégias de lucro, verificar a causa da redução e
corrigir o que for necessário. Conforme o indicador, o resultado sendo maior, melhor
pra empresa.
III. RENTABILIDADE DO ATIVO
Pode-se verificar que, em 2007, a rentabilidade do Ativo ficou em 9,26%, ocorrendo uma
redução para 6,79%, o que demonstra que a empresa não foi eficiente em rentabilizar seus
recursos, não conseguiu gerar vendas nem lucro suficiente para tal.
É um indicador de desempenho que mostra o quanto a empresa foi rentável em relação ao
total dos seus recursos ativo. Indicador, que revela quanto maior o resultado, melhor.
6. IV. RENTABILIDADE DO PATRIMONIO LIQUIDO
O percentual apurado indica que a empresa rentabilizou o capital social em 17,37%,
comparando com taxas de remuneração do mercado, concluímos que o rendimento da
empresa foi satisfatório, ficando acima de rendimentos da caderneta de poupança e de fundos
de investimento, atrás apenas da remuneração do mercado de ações.
Este índice mostra a rentabilidade do capital aplicado na empresa pelos sócios, a taxa de
rendimento do capital próprio. Verifica-se aqui a rentabilidade do capital, que não é o mesmo
que lucratividade, pois a rentabilidade é quanto o capital está sendo remunerado pelo lucro,
quanto está se ganhando sobre ele, e a lucratividade é quanto à empresa está tendo de lucro
sobre suas operações de venda. Portanto quanto maior o resultado melhor.
D) DEPENDÊNCIA BANCÁRIA
I. FINANCIAMENTO DO ATIVO
Houve um aumento no índice de financiamento, onde nota-se no percentual de 46,24% para
os 49,23% de 2008.
II. PARTICIPAÇÃO DE INSTITUIÇÕES DE CRÉDITOS NO ENDIVIDAMENTO
O capital investido de terceiros era de 86,37% em 2007, e diminuiu pouco em 2008, para
83,44%.
III. FINANCIAMENTO DO ATIVO CIRCULANTE POR INSTITUIÇÕES FINANCIERAS
Dos recursos disponíveis do ativo circulante da empresa, 28,26% em 2007, aumentou em
2008 para 33,42%. Recursos provenientes de contas operacionais.
IV. DUPLICATAS DESCONTADAS
A empresa não apresenta duplicatas descontadas.
OPINIÃO DA EQUIPE
Verificando a situação das indústrias Romi S.A 2007 e 2008, na análise vertical e horizontal
do balanço e da DRE, nota-se uma estabilidade no quadro econômico, mostrando sensíveis
recuos. O quadro financeiro no ano de 2008 indica decréscimos, em varias áreas econômicas
do ativo e passivo. Isto influiu nos créditos de financiamento, fazendo com que a
7. empresa recorra mais a esses financiamentos e tendo uma queda do ativo. A empresa se
encontra numa boa saúde financeira apesar de demonstrar sucessivas quedas nos balanços
seguintes, mas apesar desse detalhe ela continua solida no mercado. A empresa tem grandes
perspectivas de auferir lucro nos exercícios econômicos seguintes, fazendo os devidos
investimentos.
OPINIÃO SOBRE O ARTIGO DE STEPHEN KANITZ
O artigo publicado por Stephen Kanitz descreve que o lucro médio das
500maiores empresas do país nos últimos dez anos, foi de 2,3% sobre as receitas,
revelando a grande maioria da população não tem conhecimento dosbalanços publicados pelas
empresas, achando assim que chega a 50% a margem de lucro. De acordo com o que os
índices apresentaram, observa-se que o que
estárelatado no artigo é realmente verdade, onde concluímos que as empresas investem mas
nem sempre chegam a resultados que esperavam.A partir desse raciocínio conclui-se que no
Brasil, as empresas não lucrando e não investindo por consequência, não há um crescimento
generalizado.É claro que há muito pra se fazer pra que haja um maior incentivo para
queas empresas invistam na produção, invistam na contratação, gerando maisemprego,
podemos citar uma medida que podem funcionar para que realmente o Brasil volte a crescer, a
tão esperada Reforma Tributária.
2007:Passivo Operacional - 97.391Passivo Financeiro - 620.398 Patrimônio Líquido -
623.948 2008:Passivo Operacional – 153.290 Passivo Financeiro - 818.669Patrimônio
Líquido - 691.020
Fórmula:
Ativo Líquido = Ativo Total - Passivo Operacional