O documento descreve o mapeamento digital realizado para apoiar inventários rápidos na Ilha Grande no Rio de Janeiro. Dois módulos de pesquisa foram mapeados usando imagens de satélite e levantamentos de campo, um na porção leste e outro na oeste da ilha. Levantamentos topográficos e geodésicos foram realizados para demarcar as parcelas de pesquisa usando GPS e estações totais.
MAPEAMENTO DIGITAL NA ILHA GRANDE EM APOIO A INVENTÁRIOS RÁPIDOS RAPELD
1. MAPEAMENTO DIGITAL NA ILHA GRANDE EM
APOIO A INVENTÁRIOS RÁPIDOS RAPELD
(COMPONENTE PELD – PESQUISAS ECOLÓGICAS
DE LONGA DURAÇÃO)
Gilberto Pessanha Ribeiro 1,2,3 , Helena de Godoy Bergallo 1, Renato da Silva Lopes 1, Artur Willcox dos Santos 2, Rômulo
APOIO: Gonçalves Parma 3
1 UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro; 2 UFF - Universidade Federal Fluminense; 3 UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA
O mapeamento no ambiente do sistema ArcGIS inicialmente foi desenvolvido com base
em imagens de alta resolução IKONOS para o ano de 2003, além de ortofotos de 2006 do IBGE e
imagens de média resolução do satélite LANDSAT para um mapeamento numa escala regional.
Como recorte espacial da ilha, traduziu-se duas áreas que estão sendo mapeadas, uma na
porção leste e outra na oeste, onde estão localizados os respectivos módulos. A utilização da
Figura 1 – Mapa de Localização da hidrografia e da altimetria tem sido imprescindível para analisar, de forma segura, o ambiente
Ilha Grande feito através de físico antes do estabelecimento das parcelas, tendo informações geomorfológicas e
composição colorida das bandas 543 hidrográficas dessas respectivas áreas que possuem ambientes costeiros, e aspectos geológicos
do satélite LANDSAT 5. Imagem de bem distintos.
2009/INPE
A seguir é apresentada uma série de mapas compostos por esses temas, visualizados
sobre uma imagem de alta resolução. A Figura 3 é a carta imagem da ilha Grande: módulos
oeste e leste do RAPELD, onde as fontes foram: base vetorial do IBGE, eqüidistância vertical de
100 metros e imagens mosaico de ortofotos do IBGE para o ano de 2006.
O primeiro sítio, o já demarcado em campo, está localizado na vertente ocidental da
ilha, próximo às vilas do Abraão e de Dois Rios, está situado em ambiente de floresta ombrófila
sub-montana e montana, com uma variação altimétrica maior, frente a outra porção, possuindo
INTRODUÇÃO um relevo bem acidentado e trechos bem íngremes, com altitude chegando a,
aproximadamente, 1.000m.
A partir do projeto de pesquisa DIVERSIDADE BIOLÓGICA NA ILHA GRANDE: UMA ANÁLISE
SINTÉTICA DOS PROCESSOS E BASE PARA PESQUISAS DE LONGA DURAÇÃO, aprovado pela FAPERJ
através do Edital PensaRio/2009, encontra-se em desenvolvimento o estabelecimento das parcelas
destinadas à coleta de organismos em sítios amostrais no Parque Estadual da Ilha Grande (PEIG),
com apoio do Centro de Estudos Ambientais e Desenvolvimento Sustentável (CEADS) da UERJ, e
autorizado pelo INEA (Instituto Estadual do Ambiente). No contexto deste projeto, idealizado e
liderado pelo Instituto de Biologia da UERJ, serão definidos dois grandes sítios na Ilha Grande. O
primeiro sítio será demarcado na vertente ocidental da ilha, próximo às vilas do Abraão e de Dois
Rios, em ambiente predominante de floresta ombrófila sub-montana e montana. Outro sítio será na
vertente oriental da ilha, em área com ocorrência de restinga, nas praias do Sul e do Leste. A escolha
do posicionamento dos sítios amostrais se deu considerando a diversidade de ambientes e a logística
existente. Além de se localizarem em faixas de altitudes distintas, os sítios amostrais também
estarão em áreas com diferentes graus de antropização, o que permitirá avaliar se as comunidades
são mais fortemente estruturadas por processos edáficos, altitudinais ou sucessionais. Em
decorrência desses fatores, tornou-se imperativo o apoio topográfico e geodésico neste projeto, Figura 3– Mapa geral da Ilha Grande com os módulos
dando conta de todo o suporte na parte de mapeamento digital destas duas grandes áreas pesquisa. RAPELD. Fotografias Aéreas de 2006/IBGE.
Figuras 4 e 5– Mapa da Ilha Grande com os módulos RAPELD ocidental e oriental. Imagens IKONOS
de 2003. INEA/VALE
Figura 2 – Mapa de Localização da região sul do estado do Rio de Janeiro, com ênfase na
Ilha Grande. Composição colorida das bandas 543 do satélite LANDSAT 5. Imagem de
2009/INPE
A Ilha Grande localiza-se no litoral sul do Estado do Rio de Janeiro, região sudeste do país. Pertence
ao município de Angra dos Reis, região da costa verde fluminense. Trata-se de uma porção insular de Figura 6– Medições do módulos
grande proximidade do continente e que nomeia a baía na qual está inserida. Esta baía, de grande executadas no campo.
importância no contexto regional, delimita-se com municípios dos Estados do Rio de Janeiro e São Figura 7– Mapa da Ilha Grande com o módulo
Paulo. Devido à grande procura em virtude de atividades turísticas, a Ilha Grande possui relevância oriental, incluindo as medições de campo.
nacional e internacional no que diz respeito a tais atividades, devido às belas praias e à vegetação
exuberante que possui. O objetivo deste trabalho se insere fundamentado nestas idéias, dando o COMENTÁRIOS E CONCLUSÕES
suporte topográfico e geodésico necessário para a implementação de sítios de pesquisa na ilha, e A utilização do mapeamento digital executado irá proporcionar o conhecimento
produção de mapas digitais. preciso das parcelas destinadas à coleta de organismos, de forma que o estabelecimento
destes sítios de pesquisa venha a estar bem sustentado no ponto de vista topográfico e
geodésico. A informação sobre as características do meio físico na instauração das parcelas
METODOLOGIA como hidrografia, topografia, fauna e flora, assim como a presença das unidades de
conservação vigentes, é sustentada pelo uso de tecnologias digitais de geoprocessamento.
A metodologia no estabelecimento das parcelas seguirá aquela adotada no Brasil, em projetos em A materialização dos sítios, assim como sua demarcação, está intrinsecamente
andamento no ambiente amazônico. Serão executados levantamentos topográficos e geodésicos, relacionada ao uso de tais tecnologias e deste estudo em si, visto que os aspectos relativos ao
essencialmente com suporte do Sistema de Posicionamento Global (GPS) e estação total, com o conhecimento maior das regiões de estabelecimento dos sítios, assim como as
propósito de demarcar e materializar os sítios e suas parcelas destinadas à coleta de dados
problematizações destes poderá ser planejada e solucionada a partir do uso deste estudo.
biológicos. Com apoio de fotografias aéreas do ano de 2006 e imagens de satélites de alta
O projeto aqui descrito de forma sucinta encontra-se em andamento desde 2009 e
resolução IKONOS do ano de 2003 serão elaborados mapas e cartas na escala 1/10.000,
objetivando a geração de documentos cartográficos que dêem conta da localização e distribuição está em uma primeira fase no estabelecimento deste inventário, onde as Unidades de
precisa dos sítios e suas respectivas parcelas. Estão sendo estabelecidas estações master GPS que Conservação (UC) envolvidas neste projeto serão objeto de estudos por parte de alunos dos
servirão de base para os levantamentos de campo, no modo relativo e estático: Dois Rios (CEADS- cursos de graduação em Biologia e Engenharia Cartográfica da UERJ, além de Geografia da
UERJ), Abraão (INEA) e Praia do Sul (INEA), em atendimento às demandas dos sítios. Serão UFF.
ocupadas 36 estações principais delimitadoras dos cinco polígonos de 1km x 1km cada, onde cada
sítio será configurado espacialmente por cinco polígonos desse tipo. As parcelas permanentes
serão demarcadas a cada quilômetro em duas linhas paralelas de 5 km cada, interligadas por linhas REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
de 1 km. Vale ressaltar que estes sítios, que contribuem para o inventário e estudo de diversas INEA. Acervo de documentos cartográficos, 2008.
espécies florísticas e faunísticas na Ilha Grande são denominados módulos, de acordo com a IBGE. Manual Técnico de Uso da Terra, 1999.
metodologia implementada no projeto. Serão ocupados também, pelos receptores geodésicos GPS, Prefeitura Municipal de Angra dos Reis, RJ Plano Diretor da Ilha Grande, 2008.
pelo menos, duas estações de controle delimitadoras de cada parcela de 250m de extensão, Oliveira, R. D. Modelagem tridimensional da ilha Grande, Angra dos Reis (RJ). Projeto de final
seguindo curva de nível. Esse procedimento se repetirá para as outras quatro parcelas de cada sítio, de curso Engenharia Cartográfica UERJ, 2010.
permitindo sua orientação pelo azimute, totalizando um número mínimo de 30 estações de Rosa, M. S. et al. Geografia Física e Geotecnologias: aplicabilidade no estudo de áreas
controle. degradadas e protegidas na Ilha Grande (Angra dos Reis, Rio de Janeiro - Brasil). Encontro de
Geografia da América Latina - EGAL, Buenos Aires, Argentina, 2009.