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agroecologia
Pratique agroecologia. Fortaleça a agricultura familiar.
O que é Agroecologia?
Agroecologia é uma nova proposta para a agricultura.
Um novo que também é velho, pois resgata muita informação
dos agricultores antigos e dos ensinamentos da natureza.
A agroecologia tenta unir a produção de alimentos saudáveis
com a preservação de um ambiente equilibrado.
Ela busca também uma melhoria na qualidade de vida dos
agricultores, da sua comunidade e dos consumidores.
Fazer agroecologia é sentir e viver a agricultura no coração,
compreendendo a vida a partir de um organismo vivo, seja ele
planta, animal ou o próprio ser humano. Com ela aprendemos
que o planeta Terra não é o lugar de onde tiramos as coisas para
viver e sim o lugar onde vivemos.
Esta cartilha é para esclarecer e
orientar o produtor rural sobre como se
pode trabalhar na propriedade usando
os princípios da agroecologia.
Textos
Fernanda Bernardes de Almeida - FUNIVALE
Viviane Cristina da Cunha - IDENE
José Murilo Alves de Souza - CAV
Sueli Gomes Fernandes - CAMPO VALE
Revisão
Giovana Souza
 
Design gráfico e fotos
André Mantelli 
3
A agricultura
A agricultura é a atividade mais importante que o ser humano
exerce: sem ela as pessoas não se alimentam e não sobrevivem.
Infelizmente a agricultura foi modificada ao longo dos anos até
chegar ao que chamamos hoje de agricultura convencional.
Como assim agricultura convencional?
Agricultura convencional é aquela que planta imensas áreas de
uma coisa só (monoculturas), que coloca venenos (agrotóxicos,
agroquímicos ou defensivos) e adubos químicos nas plantas e no
solo e que utiliza grandes máquinas para revolver o solo.
Esse tipo de agricultura degrada as terras, diminui a diversidade
de plantas e a disponibilidade de água.
E na agroecologia?
Na agroecologia a agricultura é vista como um sistema vivo,
dentro da natureza e rica em diversidade.
Relacionam-se vários tipos de plantas, animais, pequenos bichos
na terra (microorganismos), minerais e outros habitantes do
planeta Terra.
Para entender melhor algumas entre esses dois tipos de
agricultura, observe o quadro:
Aspecto 	 Convencional	 Agroecológico
Trabalha com 	 Partes isoladas 	 Partes integradas,
		 sistemas
Combate	 Sintomas	 –
Maneja	 –	 Causas
Nutrição vegetal 	 Aduba o solo
	 quimicamente 	 Dá vida ao solo
Matéria orgânica	 Não usa	 Usa para alimentar
		 a vida e agregar o solo
		 (ar e água)
Pragas e doenças	 Usa agrotóxicos 	 Recupera o solo, usa 		
		 micronutrientes
Variedades 	 Híbridos e transgênicos 	 Adaptadas ao solo
		 e ao clima
Culturas 	 Monoculturas	 Biodiversidade, rotação,
		 adubação verde, consórcios
Preparo do solo 	 Lavração profunda 	 Mínimo, plantio direto
Mantém o solo 	 Limpo, por meio de	 Protegido, por meio de 	
	 capina e herbicidas	 plantio direto, adensado, 	
		 consorciado
4 5
Princípios da agroecologia
Visão holística da natureza
Ter visão holística, na agricultura, é observar todas as interações
da área, desde os insetos, as plantas, a cor da terra, o que são
estes elementos e porque eles estão ali.
Observar o que acontece na propriedade como um todo é
muito importante quando se pretende manejar um sistema
agroecológico.
Aliança entre o saber popular e o conhecimento científico
Todo conhecimento é importante na construção dos saberes.
Agricultor, na agroecologia
seu conhecimento
é muito importante!
Baixa dependência de insumos externos
Insumos externos é tudo aquilo que precisamos comprar para o
plantio porque não temos em nossa propriedade. Por exemplo:
sementes, adubos, máquinas.
Na agroecologia tentamos reduzir a necessidade de adquirir
estes insumos. Nela usamos recursos que se renovam, e que por
isso podem ser sempre utilizados – de preferência, recursos
encontrados em locais de fácil acesso.
Utilização de técnicas específicas para cada local
O ambiente local inclui toda a natureza ao redor de onde vivemos
e atuamos, desde as plantas e os animais até a água e a terra.
Este ambiente, quanto mais preservado, mais contribui com os
cultivos e diminui o nosso trabalho no campo.
É mentira esta história de que existe um modelo certo para
cuidar da roça. Não tem uma receita de bolo que não possa
ser mudada ou melhorada de acordo com os ingredientes que
temos. Na propriedade também é assim!
Preservação das diversidades biológica e cultural
A diversidade é fundamental para o equilíbrio; equilíbrio que
garante ausência de doenças nas plantas e nos animais.
conhecimento
popular
conhecimento
científico
construção
dos saberes
7
Em um pedaço de floresta temos vários tipos de plantas e
animais. Isto é diversidade! E a planta ou o animal de um tipo
ajuda o de outro tipo o tempo todo.
Vamos diversificar as espécies, melhorar os cultivos, selecionando
as sementes mais fortes e espalhando-as misturadas entre si no
terreno e ao longo dos anos.
Manutenção a longo prazo da capacidade produtiva
Capacidade produtiva é o poder que a relação solo-planta possui
de produzir uma quantidade desejável continuamente.Essa
capacidade geralmente se esgota depois de um determinado
tempo.
Então ouvimos a famosa frase: “a terra aqui não dá mais como
antigamente”. Na agroecologia,a capacidade produtiva não
se esgota, não diminui com o tempo. Para isso, reciclamos os
nutrientes e a energia da atividade agrícola em vez de introduzir
insumos externos.
Produção para o consumo interno e para a venda
Os alimentos agroecológicos são livres de qualquer tipo de
contaminante que ponha em risco a saúde do agricultor, do
meio ambiente e do consumidor.
Eles não são feitos para abastecer mercados distantes.
A colheita variada garante, em primeiro lugar, uma mesa farta
para a família do agricultor e, depois, o abastecimento num
mercado próximo. Isso deve acontecer, principalmente, através
de feiras que aproximam agricultor e consumidor final.
Se insetos invadem seus campos,
eles vêm como mensageiros da natureza, para
avisar-lhes que seu solo está doente.
8
Conhecendo o solo
O que é o solo?
O solo não é apenas a terra, os grãozinhos de areia ou argila. Ele
é formado de quatro partes misturadas: o ar, a água, a matéria
orgânica e a porção mineral (areia, argila e silte).
É importantíssimo manter uma boa estrutura do solo, com
torrões não tão duros e que não se desfazem facilmente. Para
ter uma boa estrutura temos que ter ar, matéria orgânica, água
e a terra propriamente dita em proporção adequada.
A matéria orgânica é fundamental para manter a estrutura e a
vida do solo.
Mas o que é matéria orgânica?
A matéria orgânica é a parte do solo composta por qualquer
coisa que um dia esteve viva: folhas, raízes, caules, frutas, corpos
dos vermes, esterco, entre outros restos vegetais e animais.
Esta parte do solo está sempre mudando. Quando uma folha
cai ou um animal morre, se decompõe e retorna para o solo em
forma de nutrientes. As plantas absorvem estes nutrientes do
solo e crescem novamente.
solo empobrecido
solo enriquecido
solo com muita matéria orgânica
Quanto mais matéria orgânica,
mais vida tem o solo, melhor nutrida e
equilibrada é a planta que nele
se desenvolve.
O solo é vivo
O solo é formado por uma enorme diversidade de organismos,
que é chamada de parte viva do solo. Eles se alimentam da
matéria orgânica.
Os organismos do solo trituram e decompõem a matéria
orgânica, tornando seus nutrientes disponíveis para as raízes das
plantas. Fazem mais: fabricam húmus, que torna o solo fofo e
armazena água e nutrientes para as plantas.
Alguns microrganismos que não podem ser vistos a olho nu
(como fungos e bactérias) produzem substâncias que ajudam as
culturas a crescer e se defender de pragas e doenças.
Já os organismos maiores, como as minhocas, formigas e larvas,
constroem pequenos canais ou poros que facilitam a circulação
do ar e da água e a penetração das raízes no solo.
O nitrogênio é retirado do ar por “amigos invisíveis” (as bactérias
que moram nas raízes das plantas que têm vagem, como o
feijão) e dado às plantas. Porém, para que tudo isso aconteça,
é preciso que exista a matéria orgânica no chão, na forma de
cobertura morta.
12
Cuidando do solo
Manter o solo coberto
Uma importante forma de proteger o solo, sua umidade e a
matéria orgânica é fazer a cobertura morta. Além de apresentar
cobertura morta, o solo deve estar sempre coberto com
plantações ou com vegetação nativa, que podem ser chamadas
de cobertura viva.
Não deixe seu
solo exposto
Os raios solares matam a
vida no solo, e o contato
direto com a água lava
os nutrientes.
15
Diversificação de culturas
A diversificação de espécies pode ser feita por rotação, consórcio
de culturas, barreiras vegetais, adubação verde, integração da
produção animal à vegetal e agrofloresta.
Fazemos rotação de culturas plantando diversas espécies no
terreno, numa determinada ordem, e trocando esta ordem de
tempos em tempos.
O consórcio de culturas é o plantio de diferentes espécies
vegetais, simultaneamente numa mesma área. Além de incluir a
associação entre cultivos comerciais, o consórcio pode ser feito
também com leguminosas para adubo verde.
A adubação verde é o plantio de espécies para a produção de
uma quantidade grande de folhas, raízes e galhos (biomassa)
que servirão de matéria orgânica. É um excelente adubo, pois
além de proteger o solo produzirá mais tarde nutrientes para
as plantas.
Falando de um jeito bastante simplificado, as agroflorestas aliam
todas as técnicas anteriores incluindo a preservação das árvores.
Você sabia que
conservar o solo é também
conservar a água?
Água
A conservação do solo está intimamente ligada ao aumento da
disponibilidade de água. Um não existe sem o outro.
Conhecer o caminho que a água percorre facilita se queremos
aumentar sua quantidade e qualidade na propriedade.
A água da chuva pode seguir dois caminhos: infiltrar na terra
ou escorrer por cima dela. A água que infiltra na terra abastece
o lençol d’água subterrâneo, o qual alimenta nascentes, rios e
oceanos.
Já a água que escorre sobre a terra, a enxurrada, provoca erosão
do solo e causa diversos problemas nos córregos e rios, trazendo
transtornos a populações humanas, animais e outros seres vivos.
Cuidando da água
Proteção, preservação e recomposição da vegetação em torno
de nascentes, rios e lagos (matas ciliares);
Plantio em nível;
Cordões de vegetação permanente;
Controle do fogo;
Bacias de captação de enxurradas;
Plantas de cobertura.
VOCÊ SABIA?
Está na lei : topos de morro, (a partir de 2/3 em relação
à base) ;, margens e nascentes de cursos d’água, devem
ser destinados à preservação permanente.
Nas encostas com maior declividade, são mais
indicadas as pastagens ou culturas permanentes,
porque proporcionam maior cobertura e proteção ao
solo, e assim permitem a infiltração da água.
evapotranspiração
escoamento superficial
infiltração
água subterrânea interface
oceano
formação de nuvens
precipitação
água doce
água salgada
18
Sementes
Muitas espécies que usamos na nossa alimentação são nativas
das Américas e foram deixadas pelos indígenas, como por
exemplo: milho, batata, mandioca, feijão, algodão, tomate,
pimenta, amendoim, cacau, abóbora.
Outras foram trazidas de outros continentes, como o trigo e o
arroz, e por centenas de anos são conservadas e melhoradas
pelas famílias agricultoras. Suas sementes são chamadas de
sementes crioulas.
As sementes crioulas não foram modificadas pela indústria
e pela ciência; são sementes que germinam ano após ano,
sem a necessidade de comercialização.
Antigamente parte da colheita era reservada para ser semeada
no próximo plantio. Existia uma variedade muito grande de
sementes adaptadas às mais diversas condições. A quebra
da tradição do cultivo dessas sementes faz com que elas
desapareçam.
Tenha suas próprias sementes,
selecionadas e de vários tipos; elas são a
independência do seu plantio.
Segurança e soberania alimentar
	 A saúde consiste na harmonia do indivíduo como um todo,
com os preceitos e leis da natureza, englobando os sistemas motor,
emocional e mental, numa perfeita inter-relação com o espiritual. A saúde
social e ambiental está no bom relacionamento com a sociedade da
qual se participa: com a família, com as pessoas da escola, do trabalho,
da comunidade e com o meio ambiente. A doença nada mais é que
alterações do estado de saúde do individuo. A doença física é o resultado
do desequilíbrio em vários aspectos, como por exemplo: alimentação
inadequada, vícios, falta de higiene, vida sedentária, perturbações
emocionais, mentais e espirituais.
	 Você sabia que existe uma política de segurança alimentar e
nutricional? O que será que ela diz? Como a agroecologia pode ajudar na
efetivação desta política?
	 Esta política busca entre outras coisas a promoção e a
incorporação do direito a alimentação adequada, o apoio à geração de
emprego e renda, a preservação e a recuperação do meio ambiente e o
respeito às comunidades tradicionais e aos hábitos alimentares locais.
Como a agroecologia dá importância à diversidade da produção de
alimentos na agricultura e à saúde da família agrícola, e está sempre
atenta ao potencial de contaminação dos alimentos e do ambiente pelos
agrotóxicos,   ela é favorável à implantação da segurança alimentar e
nutricional.
	 Portanto, preste bem atenção:
	 Uma boa alimentação começa bem antes do preparo do
alimento. Depende de questões mais complexas como o direito à terra,
à água, às sementes e, principalmente, o conhecimento e as condições
para produzir o alimento. É disso que se trata a soberania alimentar!
	
22
Território da Cidadania do Alto Jequitinhonha
Funivale|Comunicação
Realização
Campo
Centro de Assessoria aos Movimentos Populares
do Vale do Jequitinhonha

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Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
 

Funivale Cartilha Agroecologia

  • 2. O que é Agroecologia? Agroecologia é uma nova proposta para a agricultura. Um novo que também é velho, pois resgata muita informação dos agricultores antigos e dos ensinamentos da natureza. A agroecologia tenta unir a produção de alimentos saudáveis com a preservação de um ambiente equilibrado. Ela busca também uma melhoria na qualidade de vida dos agricultores, da sua comunidade e dos consumidores. Fazer agroecologia é sentir e viver a agricultura no coração, compreendendo a vida a partir de um organismo vivo, seja ele planta, animal ou o próprio ser humano. Com ela aprendemos que o planeta Terra não é o lugar de onde tiramos as coisas para viver e sim o lugar onde vivemos. Esta cartilha é para esclarecer e orientar o produtor rural sobre como se pode trabalhar na propriedade usando os princípios da agroecologia. Textos Fernanda Bernardes de Almeida - FUNIVALE Viviane Cristina da Cunha - IDENE José Murilo Alves de Souza - CAV Sueli Gomes Fernandes - CAMPO VALE Revisão Giovana Souza   Design gráfico e fotos André Mantelli  3
  • 3. A agricultura A agricultura é a atividade mais importante que o ser humano exerce: sem ela as pessoas não se alimentam e não sobrevivem. Infelizmente a agricultura foi modificada ao longo dos anos até chegar ao que chamamos hoje de agricultura convencional. Como assim agricultura convencional? Agricultura convencional é aquela que planta imensas áreas de uma coisa só (monoculturas), que coloca venenos (agrotóxicos, agroquímicos ou defensivos) e adubos químicos nas plantas e no solo e que utiliza grandes máquinas para revolver o solo. Esse tipo de agricultura degrada as terras, diminui a diversidade de plantas e a disponibilidade de água. E na agroecologia? Na agroecologia a agricultura é vista como um sistema vivo, dentro da natureza e rica em diversidade. Relacionam-se vários tipos de plantas, animais, pequenos bichos na terra (microorganismos), minerais e outros habitantes do planeta Terra. Para entender melhor algumas entre esses dois tipos de agricultura, observe o quadro: Aspecto Convencional Agroecológico Trabalha com Partes isoladas Partes integradas, sistemas Combate Sintomas – Maneja – Causas Nutrição vegetal Aduba o solo quimicamente Dá vida ao solo Matéria orgânica Não usa Usa para alimentar a vida e agregar o solo (ar e água) Pragas e doenças Usa agrotóxicos Recupera o solo, usa micronutrientes Variedades Híbridos e transgênicos Adaptadas ao solo e ao clima Culturas Monoculturas Biodiversidade, rotação, adubação verde, consórcios Preparo do solo Lavração profunda Mínimo, plantio direto Mantém o solo Limpo, por meio de Protegido, por meio de capina e herbicidas plantio direto, adensado, consorciado 4 5
  • 4. Princípios da agroecologia Visão holística da natureza Ter visão holística, na agricultura, é observar todas as interações da área, desde os insetos, as plantas, a cor da terra, o que são estes elementos e porque eles estão ali. Observar o que acontece na propriedade como um todo é muito importante quando se pretende manejar um sistema agroecológico. Aliança entre o saber popular e o conhecimento científico Todo conhecimento é importante na construção dos saberes. Agricultor, na agroecologia seu conhecimento é muito importante! Baixa dependência de insumos externos Insumos externos é tudo aquilo que precisamos comprar para o plantio porque não temos em nossa propriedade. Por exemplo: sementes, adubos, máquinas. Na agroecologia tentamos reduzir a necessidade de adquirir estes insumos. Nela usamos recursos que se renovam, e que por isso podem ser sempre utilizados – de preferência, recursos encontrados em locais de fácil acesso. Utilização de técnicas específicas para cada local O ambiente local inclui toda a natureza ao redor de onde vivemos e atuamos, desde as plantas e os animais até a água e a terra. Este ambiente, quanto mais preservado, mais contribui com os cultivos e diminui o nosso trabalho no campo. É mentira esta história de que existe um modelo certo para cuidar da roça. Não tem uma receita de bolo que não possa ser mudada ou melhorada de acordo com os ingredientes que temos. Na propriedade também é assim! Preservação das diversidades biológica e cultural A diversidade é fundamental para o equilíbrio; equilíbrio que garante ausência de doenças nas plantas e nos animais. conhecimento popular conhecimento científico construção dos saberes 7
  • 5. Em um pedaço de floresta temos vários tipos de plantas e animais. Isto é diversidade! E a planta ou o animal de um tipo ajuda o de outro tipo o tempo todo. Vamos diversificar as espécies, melhorar os cultivos, selecionando as sementes mais fortes e espalhando-as misturadas entre si no terreno e ao longo dos anos. Manutenção a longo prazo da capacidade produtiva Capacidade produtiva é o poder que a relação solo-planta possui de produzir uma quantidade desejável continuamente.Essa capacidade geralmente se esgota depois de um determinado tempo. Então ouvimos a famosa frase: “a terra aqui não dá mais como antigamente”. Na agroecologia,a capacidade produtiva não se esgota, não diminui com o tempo. Para isso, reciclamos os nutrientes e a energia da atividade agrícola em vez de introduzir insumos externos. Produção para o consumo interno e para a venda Os alimentos agroecológicos são livres de qualquer tipo de contaminante que ponha em risco a saúde do agricultor, do meio ambiente e do consumidor. Eles não são feitos para abastecer mercados distantes. A colheita variada garante, em primeiro lugar, uma mesa farta para a família do agricultor e, depois, o abastecimento num mercado próximo. Isso deve acontecer, principalmente, através de feiras que aproximam agricultor e consumidor final. Se insetos invadem seus campos, eles vêm como mensageiros da natureza, para avisar-lhes que seu solo está doente. 8
  • 6. Conhecendo o solo O que é o solo? O solo não é apenas a terra, os grãozinhos de areia ou argila. Ele é formado de quatro partes misturadas: o ar, a água, a matéria orgânica e a porção mineral (areia, argila e silte). É importantíssimo manter uma boa estrutura do solo, com torrões não tão duros e que não se desfazem facilmente. Para ter uma boa estrutura temos que ter ar, matéria orgânica, água e a terra propriamente dita em proporção adequada. A matéria orgânica é fundamental para manter a estrutura e a vida do solo. Mas o que é matéria orgânica? A matéria orgânica é a parte do solo composta por qualquer coisa que um dia esteve viva: folhas, raízes, caules, frutas, corpos dos vermes, esterco, entre outros restos vegetais e animais. Esta parte do solo está sempre mudando. Quando uma folha cai ou um animal morre, se decompõe e retorna para o solo em forma de nutrientes. As plantas absorvem estes nutrientes do solo e crescem novamente. solo empobrecido solo enriquecido solo com muita matéria orgânica Quanto mais matéria orgânica, mais vida tem o solo, melhor nutrida e equilibrada é a planta que nele se desenvolve.
  • 7. O solo é vivo O solo é formado por uma enorme diversidade de organismos, que é chamada de parte viva do solo. Eles se alimentam da matéria orgânica. Os organismos do solo trituram e decompõem a matéria orgânica, tornando seus nutrientes disponíveis para as raízes das plantas. Fazem mais: fabricam húmus, que torna o solo fofo e armazena água e nutrientes para as plantas. Alguns microrganismos que não podem ser vistos a olho nu (como fungos e bactérias) produzem substâncias que ajudam as culturas a crescer e se defender de pragas e doenças. Já os organismos maiores, como as minhocas, formigas e larvas, constroem pequenos canais ou poros que facilitam a circulação do ar e da água e a penetração das raízes no solo. O nitrogênio é retirado do ar por “amigos invisíveis” (as bactérias que moram nas raízes das plantas que têm vagem, como o feijão) e dado às plantas. Porém, para que tudo isso aconteça, é preciso que exista a matéria orgânica no chão, na forma de cobertura morta. 12
  • 8. Cuidando do solo Manter o solo coberto Uma importante forma de proteger o solo, sua umidade e a matéria orgânica é fazer a cobertura morta. Além de apresentar cobertura morta, o solo deve estar sempre coberto com plantações ou com vegetação nativa, que podem ser chamadas de cobertura viva. Não deixe seu solo exposto Os raios solares matam a vida no solo, e o contato direto com a água lava os nutrientes. 15
  • 9. Diversificação de culturas A diversificação de espécies pode ser feita por rotação, consórcio de culturas, barreiras vegetais, adubação verde, integração da produção animal à vegetal e agrofloresta. Fazemos rotação de culturas plantando diversas espécies no terreno, numa determinada ordem, e trocando esta ordem de tempos em tempos. O consórcio de culturas é o plantio de diferentes espécies vegetais, simultaneamente numa mesma área. Além de incluir a associação entre cultivos comerciais, o consórcio pode ser feito também com leguminosas para adubo verde. A adubação verde é o plantio de espécies para a produção de uma quantidade grande de folhas, raízes e galhos (biomassa) que servirão de matéria orgânica. É um excelente adubo, pois além de proteger o solo produzirá mais tarde nutrientes para as plantas. Falando de um jeito bastante simplificado, as agroflorestas aliam todas as técnicas anteriores incluindo a preservação das árvores. Você sabia que conservar o solo é também conservar a água?
  • 10. Água A conservação do solo está intimamente ligada ao aumento da disponibilidade de água. Um não existe sem o outro. Conhecer o caminho que a água percorre facilita se queremos aumentar sua quantidade e qualidade na propriedade. A água da chuva pode seguir dois caminhos: infiltrar na terra ou escorrer por cima dela. A água que infiltra na terra abastece o lençol d’água subterrâneo, o qual alimenta nascentes, rios e oceanos. Já a água que escorre sobre a terra, a enxurrada, provoca erosão do solo e causa diversos problemas nos córregos e rios, trazendo transtornos a populações humanas, animais e outros seres vivos. Cuidando da água Proteção, preservação e recomposição da vegetação em torno de nascentes, rios e lagos (matas ciliares); Plantio em nível; Cordões de vegetação permanente; Controle do fogo; Bacias de captação de enxurradas; Plantas de cobertura. VOCÊ SABIA? Está na lei : topos de morro, (a partir de 2/3 em relação à base) ;, margens e nascentes de cursos d’água, devem ser destinados à preservação permanente. Nas encostas com maior declividade, são mais indicadas as pastagens ou culturas permanentes, porque proporcionam maior cobertura e proteção ao solo, e assim permitem a infiltração da água. evapotranspiração escoamento superficial infiltração água subterrânea interface oceano formação de nuvens precipitação água doce água salgada 18
  • 11. Sementes Muitas espécies que usamos na nossa alimentação são nativas das Américas e foram deixadas pelos indígenas, como por exemplo: milho, batata, mandioca, feijão, algodão, tomate, pimenta, amendoim, cacau, abóbora. Outras foram trazidas de outros continentes, como o trigo e o arroz, e por centenas de anos são conservadas e melhoradas pelas famílias agricultoras. Suas sementes são chamadas de sementes crioulas. As sementes crioulas não foram modificadas pela indústria e pela ciência; são sementes que germinam ano após ano, sem a necessidade de comercialização. Antigamente parte da colheita era reservada para ser semeada no próximo plantio. Existia uma variedade muito grande de sementes adaptadas às mais diversas condições. A quebra da tradição do cultivo dessas sementes faz com que elas desapareçam. Tenha suas próprias sementes, selecionadas e de vários tipos; elas são a independência do seu plantio.
  • 12. Segurança e soberania alimentar A saúde consiste na harmonia do indivíduo como um todo, com os preceitos e leis da natureza, englobando os sistemas motor, emocional e mental, numa perfeita inter-relação com o espiritual. A saúde social e ambiental está no bom relacionamento com a sociedade da qual se participa: com a família, com as pessoas da escola, do trabalho, da comunidade e com o meio ambiente. A doença nada mais é que alterações do estado de saúde do individuo. A doença física é o resultado do desequilíbrio em vários aspectos, como por exemplo: alimentação inadequada, vícios, falta de higiene, vida sedentária, perturbações emocionais, mentais e espirituais. Você sabia que existe uma política de segurança alimentar e nutricional? O que será que ela diz? Como a agroecologia pode ajudar na efetivação desta política? Esta política busca entre outras coisas a promoção e a incorporação do direito a alimentação adequada, o apoio à geração de emprego e renda, a preservação e a recuperação do meio ambiente e o respeito às comunidades tradicionais e aos hábitos alimentares locais. Como a agroecologia dá importância à diversidade da produção de alimentos na agricultura e à saúde da família agrícola, e está sempre atenta ao potencial de contaminação dos alimentos e do ambiente pelos agrotóxicos, ela é favorável à implantação da segurança alimentar e nutricional. Portanto, preste bem atenção: Uma boa alimentação começa bem antes do preparo do alimento. Depende de questões mais complexas como o direito à terra, à água, às sementes e, principalmente, o conhecimento e as condições para produzir o alimento. É disso que se trata a soberania alimentar! 22
  • 13. Território da Cidadania do Alto Jequitinhonha Funivale|Comunicação Realização Campo Centro de Assessoria aos Movimentos Populares do Vale do Jequitinhonha