A questão da dificuldade de leitura de textos argumentativos no Ensino Médio no Brasil atualmente é o tema de nossa pesquisa. Apoiando-se em vasta teoria apresentada por Aristóteles, Chaïm Perelman, Olivier Reboul e outros pesquisadores da atualidade, cremos que uma análise baseada na Retórica, feita pelos professores de Leitura com seus alunos, pode contribuir para torná-los mais aptos a desenvolver o seu nível de compreensão de textos desta natureza. Pelo reconhecimento de recursos retóricos e estratégias argumentativas que são utilizados para persuadir diferentes auditórios nestes textos, é possível compreender melhor os objetivos de seus enunciadores. Desta forma, os professores podem contribuir para a formação de leitores críticos e também capazes de exercer a arte da persuasão pela palavra.
Palavras-chave: Retórica leitura, texto argumentativo.
Cultura e Literatura indígenas: uma análise do poema “O silêncio”, de Kent Ne...
RETÓRICA: CHAVE DA LEITURA DE TEXTOS ARGUMENTATIVOS
1. 19º COLE “leituras sem margens” /2014
RETÓRICA: CHAVE DA LEITURA DE TEXTOS
ARGUMENTATIVOS
Hélia Coelho Mello Cunha
2. OBJETIVOS:
1- Destacar a importância da Retórica para a
leitura de textos argumentativos escritos.
2- Abordar o uso de recursos retóricos e técnicas
argumentativas na compreensão de textos
argumentativos nas aulas de leitura no Ensino
Médio nas escolas brasileiras atualmente.
3. JUSTIFICATIVA:
A Retórica possibilita o conhecimento de
estratégias argumentativas e recursos retóricos
que tornam possível a adaptação do discurso aos
objetivos visados por seu enunciador.
4. PREOCUPAÇÕES:
1- Abordar nas aulas conceitos como tese,
argumento, figuras, implícitos, objetivos do
enunciador, auditório, estratégias de persuasão.
2- Há pouca atividade de reflexão e crítica nos livros
didáticos utilizados nas escolas. (Marcuschi).
5. "A compreensão é uma questão muito mal
trabalhada em sala de aula. (...) Saber
argumentar e raciocinar criticamente é de
grande importância porque permite trabalhar
com mais profundidade todos os processos
inferenciais e a compreensão como tal".
(Marcuschi, Luiz Ântônio. O Livro Didático de Português: Múltiplos
Olhares - 2 Ed. - Rio de Janeiro: Lucerna, 2003,p. 48 a 61)
6. “No lugar dos termos que caracterizam ao
menos a tradição greco-cristã-cartesiana como
'hipótese', 'indução', 'dedução', 'silogismo',
'falácia', 'sofisma', 'dialética', vemos apenas a
paupérrima subdivisão dos modos de escrever
em 'descrição-narração-dissertação', ao lado, é
claro, de algumas 'orações subordinadas
substantivas objetivas indiretas reduzidas de
gerúndio‘”. (BERNARDO, Gustavo. Redação inquieta. 5.
Ed. Belo Horizonte: Formato Editorial, 2000)
7. Reboul afirma que “a leitura retórica é um
diálogo”. Diante de um texto, o leitor pergunta “Quem
fala?”, "Quando?", "Por quê?" E, principalmente,
“Como?" e “A quem?". Ao responder a quem se fala,
define-se o auditório que se quer persuadir; e; ao
analisar como se fala, o leitor entende o objetivo do uso
das estratégias no texto, portanto, compreendendo a
unidade do discurso, o seu motivo central.
(REBOUL, Olivier.
Introdução à Retórica. São Paulo: Martins Fontes, 1998, p. 90).
8. TÉCNICAS ARGUMENTATIVAS
Chaïm Perelman: argumentação por
exemplos, por ilustrações, por modelo, por
analogia, por comparação, por estatística,
argumento de autoridade, argumento
contra o homem, demonstração pelo
absurdo, argumentação por causa e
consequência, argumentação condicional.
9. RECURSOS RETÓRICOS
FIGURAS RETÓRICAS
“Se o argumento é o prego, a figura é o modo
de pregá-lo”.(Reboul)
Figuras de palavras (trocadilho, derivação),
de sentido metáfora, metonímia, paradoxo, hipérbole),
de construção (antítese, gradação, anáfora),
de pensamento(alegoria, ironia),
de enunciação(personificação; apóstrofe; silepse),
de argumento (prolepse, pergunta retórica, hipotipose).
10. OUTROS RECURSOS RETÓRICOS
TÍTULO
OPERADORES ARGUMENTATIVOS
TEMPOS VERBAIS
INDICADORES MODAIS
IMPLÍCITOS
USO DE PRESSUPOSTOS
SEGMENTAÇÃO
SELEÇÃO LEXICAL
AMBIGUIDADES, POLISSEMIA
11. REBOUL (1998, p.90) diz que “(...) é preciso
negar-se à opção mortal entre retórica da argu-mentação
e retórica do estilo. Uma não está sem
a outra”.
REBOUL, Olivier. Introdução à Retórica. São Paulo: Martins Fontes,
1998.
12. Mestre em Cognição e Linguagem- Universidade
Estadual do Norte-fluminense Darcy Ribeiro (UENF).
Professora de “Retórica nos discursos da atualidade”
(curso de pós-graduação em Literatura, Memória
Cultural e Sociedade) e Leitura e Produção Textual em
curso de Licenciatura em Letras do Instituto Federal
Fluminense,Campos dos Goytacazes, Centro, RJ.
E-mail:heliacoelho14@gmail.com / LINGUA AFI(N)ADA