2. O Evangelho nos ensina: Pedi e obtereis. Aos mais crentes, porém
desavisados, esse ensinamento poderia significar que para alcançarmos
qualquer objetivo desejado nos bastaria pedi-lo com bastante fé e aguardar
que ele nos fosse concedido. Porém, não é assim que funciona a
misericórdia de Deus. O pedir direciona a ação para o objetivo, reforça a
concentração no caminho a ser seguido até ele, e sua obtenção nos será
concedida a partir do momento em que, por mérito da ação,
proporcionarmos as condições para que isso ocorra. Pedi e obtereis, buscai
e achareis, batei e se vos abrirá, são variações do mesmo tema que relaciona
o querer, o desejar e o agir para obter.
3. Em muitas circunstâncias de nossas vidas, oramos com fervor, pedindo a
Deus a concessão de benesses, mas nada fazemos para caminhar em direção
ao que queremos. Sem o mérito da ação nada se consegue; sob a inércia da
preguiça nada se faz nesse mundo; nada se modifica ou se transforma. Os
milagres nada mais são do que fenômenos perfeitamente explicados pela lei
de Deus, e nada se fará apenas porque assim desejamos.
É costume ouvirmos de certas pessoas afirmações do tipo: Deus há de me
conceder esta graça; tenho fé de que o que eu pedi me será dado, pois o Pai
não desampara a Seus filhos. É verdade, Deus não desampara. Mas não no
sentido falso que costumamos aplicar.
4. Deus abre sempre as portas para aquele que bate, isto é, para aquele que
procura, que se movimenta, que trabalha, que constrói. As oportunidades
são sempre renovadas. Mas sem o trabalho justo, dificilmente elas serão
concretizadas em resultados. Há que se ter dedicação ao que se pretende
para, construindo o caminho, sermos capazes de atingir nossos objetivos.
Outra percepção necessária àquele que se candidata à evolução espiritual é
que não importa o caminho escolhido, sempre teremos o que aprender,
sempre encontraremos as oportunidades para crescer.
5. Às vezes, pensamos não ter obtido o que queríamos. Mas, se analisássemos
com mais cuidado, poderíamos perceber que na realidade obtivemos aquilo
que nos era adequado, que nos era propício, em função das contingências
que escolhemos.
Deus é fonte inesgotável de misericórdia, e proporciona o resultado certo,
mesmo quando escolhemos seguir pelas linhas tortas que traçamos.
A ação é fundamental diante das coisas que desejamos, que pedimos ou
queremos. Na obra da caridade, também assim acontece.
6. Segundo Bezerra de Menezes, o grande benfeitor espiritual, para que algo
seja concedido, há a necessidade primária da dedicação. Demonstrada a
dedicação com a obra desejada, o recurso será providenciado; as
oportunidades serão apresentadas. Os recursos de Deus não são
desperdiçados com aqueles que, apesar de terem grandes intenções, não são
capazes de utilizar os talentos de forma a multiplicá-los pela ação adequada.
Pedir forças, inspiração, proteção, orientação, é a melhor maneira de
iniciarmos a caminhada na direção daquilo que pretendemos.
7. Disciplina e paciência são duas virtudes necessárias que, unidas,
transformam-se em persistência, perseverança, que nos impede de desistir
do caminho quando os resultados nos parecem impossíveis ou inatingíveis.
Saber o que querer e buscar o que se quer com persistência, são fatores que
contam na obtenção dos resultados desejados. Na obra da caridade como em
outras atividades, muitas vezes, somos levados a desistir, a paralisar, quando
os primeiros resultados não são animadores.
Permanecer olhando para o futuro, medir a distância que nos mantém
afastados do ponto que desejamos atingir, pode nos levar a concluir que
nunca conseguiremos o nosso intento, nos fazendo desistir da caminhada.
8. Sempre que assim nos for induzido pensar, olhemos para trás, e veremos
então que, apesar do ponto futuro parecer distante, já caminhamos bastante;
já vencemos outros obstáculos, construindo o caminhar que nos leva ao
topo, em uma sucessão de pequenas etapas.
A felicidade do homem, neste mundo de provas e expiações, não está nos
resultados obtidos. Pois, sempre haverá o que se fazer, e sempre existirá
necessidade de ir além. A felicidade relativa que podemos sentir está nas
oportunidades de aprender e crescer com experiência, vencendo obstáculos
e adversidades, construindo o caminho que nos é próprio.
9. É sempre bom pensar que a felicidade para nós, espíritos em evolução
contínua, é o próprio caminho que construímos e percorremos.
Como Deus está em nós, Deus nos acompanha passo a passo na busca
daquilo que precisamos e nos concede, fruto do mérito adquirido, aquilo que
nos é justo conceder.
Muita Paz!
Meu Blog:
http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br