Matéria da revista de economia Mercado Brasil que contou com a contribuição do diretor-presidente da Humantech, Celso Ricardo Salazar Valetim, que ressaltou a importância da inovação para as empresas e o papel das redes sociais nesse processo.
Inovação no Brasil: desafios e importância para empresas
1. inovação
Apesar de ter crescido nos últimos anos,
o índice de inovação ainda é baixo no Brasil
kamila schneider
A economia
do novo
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2. T odos os dias, milhares de pessoas criam ideias, e a crença em
uma boa ideia as leva a pensar em como alcançá-las, como partir
do ponto A para o B. Esse processo se chama inovação. O conceito,
apesar de muito conhecido, ainda é um mistério para muitos. Mas como
definir algo tão necessário, complexo e que não pode ser tocado?
Basicamente, inovar está relacionado à mudança. Dentro das empre-
sas, é a transformação de ideias criativas em produtos ou ações que
otimizam processos, reduzem custos e geram melhorias.
A importância de inovar
Poucos entendem o que é, realmente, inovar. O economista e dire-
tor-presidente da Humantech Gestão do Conhecimento, Celso Va-
lentim, explica que, por meio da inovação, as empresas conseguem
se diferenciar e avançar na conquista ou manutenção de mercados.
Isso quer dizer que, em um mercado dinâmico e complexo, em que
empresas brasileiras concorrem com produtos e serviços de qual-
quer lugar do mundo, é preciso buscar o novo.
“O investimento em inovação é fator de diferenciação em diversas
frentes, não somente na obviedade que é trazer o lucro e retorno
financeiro ou de mercado. Por meio do investimento e das inova-
ções estão soluções e melhorias que atingem a sociedade. Inovar
movimenta a economia e a sociedade”, ressalta Valentim.
Como surge essa necessidade
De acordo com o consultor em inovação, com MBA em gestão de pro-
jetos pela FGV, Marcelo Castilho, a necessidade de inovar tem relação
direta com o contexto social e econômico que o mundo vive. Hoje, esse
contexto é de insegurança, instabilidade, ampliado por uma competição
econômica acirrada entre os países - impulsionada pelos países emer-
gentes - e as empresas.
“Essa mistura de insegurança, principalmente dos papéis que exercía-
mos no mundo – antes havia um país que ditava regras e hoje isso já
não está tão claro –, e competição absurda criam um clima para valori-
zar a ideia de inovação. Ela é uma saída para lidar com essa hipercom-
petição e incerteza”, diz Castilho, que também é coordenador do curso
de pós-graduação em Inovação da Sustentare Escola de Negócios.
Nessa perspectiva, a inovação se tornou um conceito da moda. Mas
nem sempre é interessante inovar, destaca Castilho. Segundo ele, para
se falar em inovação é preciso antes pensar no oposto: o que é a não
mudança? O que significa ficar onde está?
Para alguns negócios permanecer onde está pode ser interessante, de-
pendendo do contexto que está inserido. “Você pode simplesmente se
adaptar, sem fazer uma mudança. Manter uma rotina e, dependendo,
se dar bem com isso”, ressalta.
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3. inovação
Essa mistura de insegurança (...) e
competição absurda cria um clima para valorizar
a ideia de inovação. Ela é uma saída para lidar
com essa hipercompetição e incerteza”
Marcelo Castilho, consultor em inovação
e MBA em gestão de projetos pela FGV
A inovação no Brasil
WEB: FERRAMENTA O Brasil ainda possui um contexto desfavorável para inovação, apesar
DE INOVAÇÃO do crescimento registrado nos últimos anos, aponta Castilho – de acor-
Segundo Valentim, as redes sociais
do com o boletim “Radar: Tecnologia, Produção e Comércio Exterior”,
são ferramentas eficazes para
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - Ipea, o Brasil cresceu
gerir a inovação. O modelo de
0,05% entre 2005 a 2008 nos indicadores de inovação nas empresas,
colaboração iniciado na rede pelos
resultado aquém das expectativas.
consumidores introduz também
A dificuldade das empresas brasileiras em adequarem a inovação aos
um novo sistema de trabalho que
seus processos vem, principalmente, da história econômica do País,
acelera o ritmo do processo tecno-
fruto de um legado deixado pela época da inflação: a ênfase na pro-
lógico em todos os setores, indica
teção de mercados fechados e a cultura de competir por vantagens.
o especialista, influenciando uma
“Historicamente, o País nunca esteve preparado para o empreendedo-
série de itens competitivos como
rismo. Criou nas empresas um foco muito grande de proteção financei-
inovação, qualidade e fidelização.
ra. Por um lado, isso nos ajudou na crise de 2008, mas, por outro, vai
“A busca de retorno e investimen-
contra a inovação, porque trabalha com o campo do risco calculado. E
tos em pesquisa sobre os hábitos e
essa exposição, de ousar numa posição empreendedora de acertos e
desejos dos consumidores mu-
erros, não existe muito no País”.
dou ao se perceber que milhões
O modelo mental em torno da qualidade é muito forte no Brasil, o
de pessoas testam e melhoram
que de certa forma ofusca o movimento de inovação, explica Cas-
produtos diariamente. Assim, no
tilho. “A inovação é um impulso muito diferente da lógica da qua-
mercado mundial, conseguir definir
lidade. É o impulso do questionamento das coisas, a identificação
o sentimento de clientes e consu-
de passos de rompimento”.
midores, aplicando essa informação
na forma de novos conhecimentos,
torna as empresas mais dinâmicas Em busca do novo
e força a inovação”, diz Valentim.
É fato que as empresas já estão mais cientes de que a inovação não
ocorre da noite para o dia, afirma Valentim, porém, muitas organiza-
ções ainda veem a inovação mais como o centro das despesas do que
como uma área rentável. Para que essa perspectiva mude, é funda-
mental perceber que o processo de inovação de algo maior envolve e
influencia milhares de outras pequenas coisas.
“Sistematizar o processo de inovação auxilia na tomada de decisão
da empresa para priorizar ideias, verificar sua viabilidade de imple-
mentação e transformá-la em projeto de desenvolvimento, incluindo a
inovação aos produtos e processos”, afirma Valentim. Essa avaliação
permite reduzir os riscos de investimentos.
Esse processo exige engajamento: toda a empresa deve participar
dessa mudança. “Nenhuma consultoria consegue mudar você ou
sua empresa, sem que todos queiram, efetivamente, romper o pa-
radigma da inovação”, diz Valentim.
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