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TRABALHANDO A SINTAXE A PARTIR DA ANÁLISE DO LIVRO
              DIDÁTICO: “DIÁLOGO LINGUA PORTUGUESA”.
                                                                                  Ivanil Martins


Resumo


          Este artigo tem por objetivo fazer a análise do livro “Diálogo Língua Portuguesa”,
elaborado para alunos do 8º ano (antiga 7ª série), do Ensino Fundamental, tendo como
autores: Eliana Beltrão, Maria Lúcia Velloso e Tereza Gordilho.
          Do livro em questão, primamos por analisar o conteúdo do módulo 05, constantes
nas páginas 142 a 169, que aborda os estudos da sintaxe.


Palavras-chaves: sintaxe, ensino-aprendizagem, livro didático, alunos.




Introdução


Segundo o Dicionário Houaiss, a sintaxe é definida por três vertentes:
                        Na Gramática como estudo das palavras enquanto elemento de uma frase,
                        observando suas relações de concordâncias, subordinações e ordens.
                        Na lingüística, que vê como componente do sistema lingüístico que
                        determina as relações formais que interligam os constituintes da sentença,
                        atribuindo-lhe uma estrutura.
                          E na gramática gerativa que estuda como componente da gramática de
                        uma língua que constitui a realização da gramática universal e que contém
                        os princípios e regras que produzem as sentenças gramaticais dessa mesma
                        língua, através de combinação de palavras e de elementos funcionais
                        (tempo, concordância, afixos etc). E ainda, qualquer conjunto de regras
                        sintáticas que se pode depreender do uso numa determinada época, escola,
                        autor etc. (grifo nosso).


          Dessa forma, procuraremos avaliar no livro didático em questão, nos conteúdos
correlacionados a sintaxe, em especifico o módulo 05, verificando se as propostas
apresentadas pelos autores estão embasadas na Teoria Lingüística Moderna, bem como,
verificando em qual perspectiva os autores se identificam, seja Funcionalista ou Formalista da
língua.   Serão analisados os textos, gêneros textuais expostos no livro e os exercícios
morfossintáticos concernentes ao assunto.
Revendo uma conceituação de Gramática.
         A partir dos anos 80, o ensino de Língua Portuguesa vem passando por mudanças e
reestruturações. Desse marco, podemos citar a obra “O texto na sala de aula”, de João
Wanderlei Geraldi. A partir de então, muitos pesquisadores têm discutido em suas pesquisas a
relação entre Ensino e Gramática.
         Com a implantação dos PCN´s, nos anos 90, configura-se um novo paradigma com
relação ao ensino da Língua Portuguesa. Um trabalho pioneiro é a obra “Porque (não) ensinar
Gramática na Escola” de Sírio Possenti, que enfatiza as polêmicas em torno do Ensino da
Gramática.
         Possenti levanta algumas inquietações ao longo do texto em torno do que é ensinar
língua ou ensinar gramática. Suas colocações são pertinentes, pois, evoca as preocupações e
as fragilidades dos professores de Língua Portuguesa.
         Travaglia acrescenta que antes de se ensinar a gramática é necessária que se entenda
primeiro o que seria saber gramática e o que é ser gramatical. Para ele, gramática é definida
como manual de regras a serem seguidas, convencionada como “Norma Culta” ou “Norma
Padrão”. E ser gramatical é aquele que segue as prescrições/regras da gramática.
         Cabe ressaltar que, na “Norma Padrão” tudo o que foge a essa regra é rotulado como
“errado” ou “não gramatical”, contrapondo qualquer outra variação. Travaglia (1996)
explicita os três tipos de gramática, a saber:
   1) Gramática Normativa: Estuda apenas os fatos da língua padrão, norma essa que se
       tornou oficial, definida como uma espécie de lei que regula o uso da língua em uma
       sociedade.
   2) Gramática Descritiva: Prisma por descrever e registrar uma determinada variedade
       da língua do ponto de vista sincrônico, não desprezando outras variedades da língua e
       não apenas a variedade padrão.
   3) Gramática Internalizada: Estuda os outros dois tipos de gramáticas, dando maior
       ênfase em discorrer sobre a gramática descritiva. (Travaglia, 1996, pp.17 a 20).
         Corroborando com o entendimento de Travaglia, importante se faz destacar as falhas
do Ensino da Língua Portuguesa, pautadas por Perini (2000), no livro “Sofrendo a Gramática
a matéria que ninguém aprende”, que atribui à rejeição em torno do ensino da gramática, com
base nas deficiências/falhas que a inutilizam enquanto disciplina, são elas:
         A 1ª deficiência consiste em o fato de as disciplinas estarem mal colocados nos livros
didáticos, levando em consideração que os professores ao serem questionados pelos alunos
acerca de o porquê é necessário aprender a gramática? ou mesmo, qual a importância da
gramática para a vida? Recebem como resposta que a gramática é necessária para falar, ler e
escrever melhor.
          Nessa concepção não é levado em consideração que ler e escrever com proficiência
estão intrinsecamente ligados ao domínio da língua, fator este preponderante para as
diferentes situações de interação social. (Bakhtin 1992). (Gêneros dos discursos in estética da
criação verbal, 1992).
          A segunda deficiência refere-se à metodologia adotada pelos professores que é
ineficiente: Consiste na idéia de que os professores impregnam nos alunados que, para ser
proficiente na escrita é necessário dominar a gramática. Não levam em consideração o fato de
se os alunos tiverem a prática da leitura dentro e fora da sala de aula, refletirá no processo de
escrita, sem necessariamente se “decorar” regras gramaticais, e por conseqüência esse leitor
terá grandes progressos no avanço de seu vocabulário e maior interação nas práticas sociais.
          Perini enfatiza ainda que, o ensino da gramática na escola não é errado, o errado é a
forma como a trabalhada, tendo em vista que aos mecanismos utilizados pelos professores não
condizem à realidade dos alunados, gerando dessa forma, constantes conflitos internos entre
eles. Pois, se eles não conseguem entender para que serve a gramática, nunca saberão como
ela será útil em suas vidas, em sociedade.
          Para isso, basta que se trabalhe em sala de aula com definições de gramáticas que
sejam compreensíveis aos alunos e que os conteúdos estejam dentro das realidade atuais aos
alunos.
          Dessa forma, os alunos poderiam associar a gramática ensinada em sala de aula com
suas variedades lingüísticas, sabendo discernir que em dados momentos, pode-se escrever
utilizando de gêneros textuais de seu cotidiano, e em outros momentos, será necessário aplicar
as regras gramáticas, intitulada como “Norma Padrão”.




          Analisando a estrutura da sintaxe inserida no livro “Diálogo”


          A primeira observação a ser feita acerca do livro “Diálogo Língua Portuguesa”
concerne à sensibilidade que os autores tiveram em assimilar o título do livro que é “Diálogo”
a todos os compêndios inseridos nos capítulos. Deixando claro que o objetivo é conquistar a
atenção dos jovens, enriquecendo todos os conteúdos com textos que falam a linguagem dos
jovens, repletos de atualidades e diversos gêneros textuais.
          Partindo   desse    pressuposto,    abordam      concomitantemente     a   Estrutura
Formalista/Norma Padrão, que tem como foco abordar as características estruturais da língua,
desprezando qualquer outra forma de apreensão da língua e a Estrutura Funcional/Gramática
Descritiva e Internalizada    que consiste que dá importância ao emprego da linguagem,
valorizando os conhecimentos lingüísticos do falante, sejam elas sócio-cultural e sócio-
histórica. (RODRIGUES; MATTOS, 2007).
          Segundo Halliday (1985), essas duas abordagens se contrapõem dado ao tipo de
orientação que cada uma segue. Para ele, o Formalismo preocupa-se somente em analisar os
acontecimentos da língua somente pela lógica e filosofia, caracterizado pela aplicação das
metodologias de forma sintagmática. Dessa forma, a gramática busca somente a análise
estrutural da língua. Ancoradas nesta concepção, tendem a enfatizar os traços universais da
língua, creditando à sintaxe o centro dos estudos lingüísticos.
          No que tange ao Funcionalismo, Halliday (1985) afirma que essa abordagem busca a
valorização dos estudos descritivos da língua, considerando a semântica como parte
fundamental na análise de texto que são carregados de léxicos de um povo.
          Do módulo 05, alvo de nossa análise, pode-se constatar que os autores optaram por
trabalhar com diversidades de gêneros discursivos, tais como: História em quadrinhos,
reportagens de jornais, tirinhas, propagandas, artigos de opiniões, textos literários, etc. Com
isso, depreendemos que os conteúdos abordados fazem parte da Estrutura Funcionalista da
língua.
          Além da Estrutura Funcionalista, os autores, também fazem uso da Estrutura
Formalista ou Gramática Normativa, aplicados nos exercícios de morfossintaxe, estudando a
língua em seus aspectos semânticos, sintáticos e morfológicas.
          Outra observação que não pode passar despercebida é o fato de os compêndios
estarem “recheados” de comunicação verbal e não verbal, fazendo com isso que os alunos se
interessem pelos textos.
          No primeiro texto do módulo 05, pp. 142 e 143, tem como linguagem verbal o
depoimento de uma jovem, que foi acometida por uma doença “leucemia” e após a vitória
sobre a doença, passou a ser voluntária em uma Casa de Apoio à Criança com Câncer. Consta
ainda, um projeto de redação – Mesa redonda e o conteúdo da sintaxe a ser trabalhado, a
saber: Período composto por coordenação e; pontuação das orações coordenadas.
As linguagens não verbais, presente no texto, são: Foto da adolescente detentora do
depoimento; foto de jovens com mãos e rostos pintados, reivindicando por algum objetivo;
um skate; um olho; uma mão e uma sombra de um homem com o brilho do sol a sua frente.
        Isso demonstra que o texto interage com as figuras, despertando nos alunos o
interesse pela leitura e oportunizando desenvolvimento no processo de letramento.




                   A SINTAXE TRABALHADA NOS EXERCÍCIOS


        Dos exercícios apresentados no livro, elencamos alguns que asseveram a acuidade
dos autores em instigar os alunos, fazendo questionários a partir dos textos propostos na
página, a serem respondidos com próprias palavras, e solicitando ainda, que os alunos
justifiquem suas respostas, despertando nos alunos o senso crítico e a transcreverem
conforme, seus conhecimentos internalizados a partir de suas origens e meio social em que
vivem, conforme exemplos:


         1)   “Na sua opinião, por que a pesquisa sobre os jovens interessa aos: pais?
              Diretores da escola? Políticos? Publicitários?”


        Os diagnósticos desses exercícios oportunizarão ao professor analisar os aspectos
sintáticos/semânticos presentes nas respostas pessoais de cada aluno. Dessa forma, será um
mediador no processo de competência comunicativa dos alunados (Uchôa 2007). Ademais,
esses diagnósticos permitirão “o levantamento de um perfil sociolingüístico dos alunos, o que
servirá de subsídios para elaboração de estratégias pedagógicas e de material didático
adequado (Uchôa apud Bortoni-Ricardo, 2005:59).
        Com relação ao emprego da sintaxe voltada para a abordagem Formalista da língua,
podemos elucidar através do exemplo constante no texto abaixo.




          Alguns voluntários arrecadam dinheiro, e outros distribuem alimentos.


   a) Esse período é composto por duas orações. Separe-as de acordo com o esquema.
                       Identifique o sujeito e predicado das duas orações.
Do exercício em tela, constata-se que exclusivamente está condicionado à abordagem
da sintaxe como estrutura, desprezando a semântica. Com isso, considera-se a língua como
um sistema de relação, ou mais precisamente, um conjunto de sistemas ligados uns aos outros,
cujos elementos (fonemas, morfemas, palavras, etc) não tem nenhum valor independente das
relações de equivalência e de oposição que os ligam).




                                            CONCLUSÃO


                           “Porque a fala, e com ela, indiretamente, o pensamento, é uma
                           habilidade que, em contraste com todas as outras aptidões físicas,
                           não se desenvolve nos indivíduos, mas entre os indivíduos. É com os
                           outros que aprendemos a falar. A linguagem, por assim dizer, é uma
                           rede aberta entre as pessoas, uma rede em que nossos pensamentos e
                           conhecimentos estão inextricavelmente presos”(HEISEMBERG,
                           1996, p.163)


          Em consonância com as afirmações de Heisemberg, concluímos nosso artigo
afirmando que assim como os historiadores dizem que “um povo sem história é um povo sem
passado”, podemos também dizer que um País que não valoriza a língua de um povo está
fadado a ser um País sem história. É através da interação social que o homem se desenvolve,
caracterizando a linguagem como imutável.
          Dentro dessa ótica, os professores têm o papel inexorável de ensinar todas as três
concepções de Gramáticas, Normativa, Descritiva e Internalizada, propiciando aos alunos um
conhecimento sistemático sobre os aspectos que estão presentes em sua experiência social.




BIBLIOGRAFIA


UCHÔA, C.E.F. O ensino da gramática: caminhos e descaminhos. Ed. Lucerna, 2007.
BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa. Brasília. 2001.
TRAVAGLIA L.Carlos. Gramática e interação: uma proposta par ao ensino de gramática no
1º e 2º graus, São Paulo, 1996.
HALLIDAY, M.A.K. . E a visão sistêmico-funcional das relações entre discurso e gramática. 1985.
PERINI.M. Para uma nova gramática do português. São Paulo, Ática, 1985.
GIRALDI. J.W O texto na sala de aula. São Paulo: Ed. Ática, 1996.
Dicionário eletrônico Houaiss

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DIAGNÓSTICO DAS CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM E DE GRAMÁTICA NAS AULAS DE LÍNGUA PO...Fernanda Câmara
 
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Análise da abordagem da sintaxe em livro didático

  • 1. TRABALHANDO A SINTAXE A PARTIR DA ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO: “DIÁLOGO LINGUA PORTUGUESA”. Ivanil Martins Resumo Este artigo tem por objetivo fazer a análise do livro “Diálogo Língua Portuguesa”, elaborado para alunos do 8º ano (antiga 7ª série), do Ensino Fundamental, tendo como autores: Eliana Beltrão, Maria Lúcia Velloso e Tereza Gordilho. Do livro em questão, primamos por analisar o conteúdo do módulo 05, constantes nas páginas 142 a 169, que aborda os estudos da sintaxe. Palavras-chaves: sintaxe, ensino-aprendizagem, livro didático, alunos. Introdução Segundo o Dicionário Houaiss, a sintaxe é definida por três vertentes: Na Gramática como estudo das palavras enquanto elemento de uma frase, observando suas relações de concordâncias, subordinações e ordens. Na lingüística, que vê como componente do sistema lingüístico que determina as relações formais que interligam os constituintes da sentença, atribuindo-lhe uma estrutura. E na gramática gerativa que estuda como componente da gramática de uma língua que constitui a realização da gramática universal e que contém os princípios e regras que produzem as sentenças gramaticais dessa mesma língua, através de combinação de palavras e de elementos funcionais (tempo, concordância, afixos etc). E ainda, qualquer conjunto de regras sintáticas que se pode depreender do uso numa determinada época, escola, autor etc. (grifo nosso). Dessa forma, procuraremos avaliar no livro didático em questão, nos conteúdos correlacionados a sintaxe, em especifico o módulo 05, verificando se as propostas apresentadas pelos autores estão embasadas na Teoria Lingüística Moderna, bem como, verificando em qual perspectiva os autores se identificam, seja Funcionalista ou Formalista da língua. Serão analisados os textos, gêneros textuais expostos no livro e os exercícios morfossintáticos concernentes ao assunto.
  • 2. Revendo uma conceituação de Gramática. A partir dos anos 80, o ensino de Língua Portuguesa vem passando por mudanças e reestruturações. Desse marco, podemos citar a obra “O texto na sala de aula”, de João Wanderlei Geraldi. A partir de então, muitos pesquisadores têm discutido em suas pesquisas a relação entre Ensino e Gramática. Com a implantação dos PCN´s, nos anos 90, configura-se um novo paradigma com relação ao ensino da Língua Portuguesa. Um trabalho pioneiro é a obra “Porque (não) ensinar Gramática na Escola” de Sírio Possenti, que enfatiza as polêmicas em torno do Ensino da Gramática. Possenti levanta algumas inquietações ao longo do texto em torno do que é ensinar língua ou ensinar gramática. Suas colocações são pertinentes, pois, evoca as preocupações e as fragilidades dos professores de Língua Portuguesa. Travaglia acrescenta que antes de se ensinar a gramática é necessária que se entenda primeiro o que seria saber gramática e o que é ser gramatical. Para ele, gramática é definida como manual de regras a serem seguidas, convencionada como “Norma Culta” ou “Norma Padrão”. E ser gramatical é aquele que segue as prescrições/regras da gramática. Cabe ressaltar que, na “Norma Padrão” tudo o que foge a essa regra é rotulado como “errado” ou “não gramatical”, contrapondo qualquer outra variação. Travaglia (1996) explicita os três tipos de gramática, a saber: 1) Gramática Normativa: Estuda apenas os fatos da língua padrão, norma essa que se tornou oficial, definida como uma espécie de lei que regula o uso da língua em uma sociedade. 2) Gramática Descritiva: Prisma por descrever e registrar uma determinada variedade da língua do ponto de vista sincrônico, não desprezando outras variedades da língua e não apenas a variedade padrão. 3) Gramática Internalizada: Estuda os outros dois tipos de gramáticas, dando maior ênfase em discorrer sobre a gramática descritiva. (Travaglia, 1996, pp.17 a 20). Corroborando com o entendimento de Travaglia, importante se faz destacar as falhas do Ensino da Língua Portuguesa, pautadas por Perini (2000), no livro “Sofrendo a Gramática a matéria que ninguém aprende”, que atribui à rejeição em torno do ensino da gramática, com base nas deficiências/falhas que a inutilizam enquanto disciplina, são elas: A 1ª deficiência consiste em o fato de as disciplinas estarem mal colocados nos livros didáticos, levando em consideração que os professores ao serem questionados pelos alunos
  • 3. acerca de o porquê é necessário aprender a gramática? ou mesmo, qual a importância da gramática para a vida? Recebem como resposta que a gramática é necessária para falar, ler e escrever melhor. Nessa concepção não é levado em consideração que ler e escrever com proficiência estão intrinsecamente ligados ao domínio da língua, fator este preponderante para as diferentes situações de interação social. (Bakhtin 1992). (Gêneros dos discursos in estética da criação verbal, 1992). A segunda deficiência refere-se à metodologia adotada pelos professores que é ineficiente: Consiste na idéia de que os professores impregnam nos alunados que, para ser proficiente na escrita é necessário dominar a gramática. Não levam em consideração o fato de se os alunos tiverem a prática da leitura dentro e fora da sala de aula, refletirá no processo de escrita, sem necessariamente se “decorar” regras gramaticais, e por conseqüência esse leitor terá grandes progressos no avanço de seu vocabulário e maior interação nas práticas sociais. Perini enfatiza ainda que, o ensino da gramática na escola não é errado, o errado é a forma como a trabalhada, tendo em vista que aos mecanismos utilizados pelos professores não condizem à realidade dos alunados, gerando dessa forma, constantes conflitos internos entre eles. Pois, se eles não conseguem entender para que serve a gramática, nunca saberão como ela será útil em suas vidas, em sociedade. Para isso, basta que se trabalhe em sala de aula com definições de gramáticas que sejam compreensíveis aos alunos e que os conteúdos estejam dentro das realidade atuais aos alunos. Dessa forma, os alunos poderiam associar a gramática ensinada em sala de aula com suas variedades lingüísticas, sabendo discernir que em dados momentos, pode-se escrever utilizando de gêneros textuais de seu cotidiano, e em outros momentos, será necessário aplicar as regras gramáticas, intitulada como “Norma Padrão”. Analisando a estrutura da sintaxe inserida no livro “Diálogo” A primeira observação a ser feita acerca do livro “Diálogo Língua Portuguesa” concerne à sensibilidade que os autores tiveram em assimilar o título do livro que é “Diálogo” a todos os compêndios inseridos nos capítulos. Deixando claro que o objetivo é conquistar a
  • 4. atenção dos jovens, enriquecendo todos os conteúdos com textos que falam a linguagem dos jovens, repletos de atualidades e diversos gêneros textuais. Partindo desse pressuposto, abordam concomitantemente a Estrutura Formalista/Norma Padrão, que tem como foco abordar as características estruturais da língua, desprezando qualquer outra forma de apreensão da língua e a Estrutura Funcional/Gramática Descritiva e Internalizada que consiste que dá importância ao emprego da linguagem, valorizando os conhecimentos lingüísticos do falante, sejam elas sócio-cultural e sócio- histórica. (RODRIGUES; MATTOS, 2007). Segundo Halliday (1985), essas duas abordagens se contrapõem dado ao tipo de orientação que cada uma segue. Para ele, o Formalismo preocupa-se somente em analisar os acontecimentos da língua somente pela lógica e filosofia, caracterizado pela aplicação das metodologias de forma sintagmática. Dessa forma, a gramática busca somente a análise estrutural da língua. Ancoradas nesta concepção, tendem a enfatizar os traços universais da língua, creditando à sintaxe o centro dos estudos lingüísticos. No que tange ao Funcionalismo, Halliday (1985) afirma que essa abordagem busca a valorização dos estudos descritivos da língua, considerando a semântica como parte fundamental na análise de texto que são carregados de léxicos de um povo. Do módulo 05, alvo de nossa análise, pode-se constatar que os autores optaram por trabalhar com diversidades de gêneros discursivos, tais como: História em quadrinhos, reportagens de jornais, tirinhas, propagandas, artigos de opiniões, textos literários, etc. Com isso, depreendemos que os conteúdos abordados fazem parte da Estrutura Funcionalista da língua. Além da Estrutura Funcionalista, os autores, também fazem uso da Estrutura Formalista ou Gramática Normativa, aplicados nos exercícios de morfossintaxe, estudando a língua em seus aspectos semânticos, sintáticos e morfológicas. Outra observação que não pode passar despercebida é o fato de os compêndios estarem “recheados” de comunicação verbal e não verbal, fazendo com isso que os alunos se interessem pelos textos. No primeiro texto do módulo 05, pp. 142 e 143, tem como linguagem verbal o depoimento de uma jovem, que foi acometida por uma doença “leucemia” e após a vitória sobre a doença, passou a ser voluntária em uma Casa de Apoio à Criança com Câncer. Consta ainda, um projeto de redação – Mesa redonda e o conteúdo da sintaxe a ser trabalhado, a saber: Período composto por coordenação e; pontuação das orações coordenadas.
  • 5. As linguagens não verbais, presente no texto, são: Foto da adolescente detentora do depoimento; foto de jovens com mãos e rostos pintados, reivindicando por algum objetivo; um skate; um olho; uma mão e uma sombra de um homem com o brilho do sol a sua frente. Isso demonstra que o texto interage com as figuras, despertando nos alunos o interesse pela leitura e oportunizando desenvolvimento no processo de letramento. A SINTAXE TRABALHADA NOS EXERCÍCIOS Dos exercícios apresentados no livro, elencamos alguns que asseveram a acuidade dos autores em instigar os alunos, fazendo questionários a partir dos textos propostos na página, a serem respondidos com próprias palavras, e solicitando ainda, que os alunos justifiquem suas respostas, despertando nos alunos o senso crítico e a transcreverem conforme, seus conhecimentos internalizados a partir de suas origens e meio social em que vivem, conforme exemplos: 1) “Na sua opinião, por que a pesquisa sobre os jovens interessa aos: pais? Diretores da escola? Políticos? Publicitários?” Os diagnósticos desses exercícios oportunizarão ao professor analisar os aspectos sintáticos/semânticos presentes nas respostas pessoais de cada aluno. Dessa forma, será um mediador no processo de competência comunicativa dos alunados (Uchôa 2007). Ademais, esses diagnósticos permitirão “o levantamento de um perfil sociolingüístico dos alunos, o que servirá de subsídios para elaboração de estratégias pedagógicas e de material didático adequado (Uchôa apud Bortoni-Ricardo, 2005:59). Com relação ao emprego da sintaxe voltada para a abordagem Formalista da língua, podemos elucidar através do exemplo constante no texto abaixo.  Alguns voluntários arrecadam dinheiro, e outros distribuem alimentos. a) Esse período é composto por duas orações. Separe-as de acordo com o esquema. Identifique o sujeito e predicado das duas orações.
  • 6. Do exercício em tela, constata-se que exclusivamente está condicionado à abordagem da sintaxe como estrutura, desprezando a semântica. Com isso, considera-se a língua como um sistema de relação, ou mais precisamente, um conjunto de sistemas ligados uns aos outros, cujos elementos (fonemas, morfemas, palavras, etc) não tem nenhum valor independente das relações de equivalência e de oposição que os ligam). CONCLUSÃO “Porque a fala, e com ela, indiretamente, o pensamento, é uma habilidade que, em contraste com todas as outras aptidões físicas, não se desenvolve nos indivíduos, mas entre os indivíduos. É com os outros que aprendemos a falar. A linguagem, por assim dizer, é uma rede aberta entre as pessoas, uma rede em que nossos pensamentos e conhecimentos estão inextricavelmente presos”(HEISEMBERG, 1996, p.163) Em consonância com as afirmações de Heisemberg, concluímos nosso artigo afirmando que assim como os historiadores dizem que “um povo sem história é um povo sem passado”, podemos também dizer que um País que não valoriza a língua de um povo está fadado a ser um País sem história. É através da interação social que o homem se desenvolve, caracterizando a linguagem como imutável. Dentro dessa ótica, os professores têm o papel inexorável de ensinar todas as três concepções de Gramáticas, Normativa, Descritiva e Internalizada, propiciando aos alunos um conhecimento sistemático sobre os aspectos que estão presentes em sua experiência social. BIBLIOGRAFIA UCHÔA, C.E.F. O ensino da gramática: caminhos e descaminhos. Ed. Lucerna, 2007. BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa. Brasília. 2001. TRAVAGLIA L.Carlos. Gramática e interação: uma proposta par ao ensino de gramática no 1º e 2º graus, São Paulo, 1996. HALLIDAY, M.A.K. . E a visão sistêmico-funcional das relações entre discurso e gramática. 1985.
  • 7. PERINI.M. Para uma nova gramática do português. São Paulo, Ática, 1985. GIRALDI. J.W O texto na sala de aula. São Paulo: Ed. Ática, 1996. Dicionário eletrônico Houaiss